20070630

Blogminho: A Blogosfera ao serviço do desenvolvimento regional

Como se pode lêr aqui a Blogosfera alterou política nacional. Um verdadeiro 5º poder foi criado a partir da participação dos cidadãos.

 

Não podemos no entanto cantar vitória. Decorre o processo contra o autor do Portugal Profundo e Pacheco Pereira defende a responsabilização dos autores de blogues pelos comentários dos seus leitores. Lá por fora, na China e Rússia os blogues são objecto de autorização estatal e nos EUA apesar de livres dificilmente vencem o «mainstream media» conivente.

 

Em Portugal o desenvolvimento regional é uma miragem. Basicamente existe uma cidade Macrocéfala que quer ter 6 milhões de pessoas e autarquias que gerem pequenas realidades e pequenas corrupções como o PovoaOnline e Baixa do Porto relatam.

 

É preciso que a Blogosfera Local e Regional mude também a respectiva política. É preciso mais pesquisa, mais leitores, mais bloggers, maiores audiências subtraídas aos jornais locais, também eles muitas vezes coniventes.

 

Ao nível regional, concretamente a região Norte, também há bastante a fazer. Precisamos de nos conhecer melhor: Litoral e interior, Minho e portuenses, Braga e Guimarães. O Norteamos está cá mesmo para isso, para potenciar o debate Intra-Norte.

 

As elites estão cansadas, os partidos sem credebilidade, a sociedade cívil atarefada em sobreviver. Restam os Bloggers. Mãos à obra !

 

Votos de boa tertúlia.

20070629

Luís Filipe Menezes eleito presidente do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular


O presidente da câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, foi eleito presidente do Eixo Atlântico do Noroeste Peninsular, uma associação transfronteiriça que integra, a partir de hoje, 28 cidades da Galiza e do norte de Portugal.
Luís Filipe Menezes sucede ao alcaide de Vigo, Xosé Sánchez Bugallo.A eleição teve lugar na reunião da Comissão Executiva desta associação, que tem como objectivo fundamental o desenvolvimento económico, social, cultural, científico e tecnológico das cidades e regiões que lhe pertencem. Na reunião foi também decidida a integração, já prevista, de dez novas cidades — as galegas Carballo, Vivieiro, Lalín, Verín e Barco de Valdeorras e as portuguesas Matosinhos, Vila do Conde, Mirandela, Barcelos e Famalicão.As cidades que já integravam o Eixo Atlântico eram nove do norte de Portugal (Braga, Bragança, Chaves, Guimarães, Peso da Régua, Porto, Vila Real, Viana do Castelo e Vila Nova de Gaia) e outras tantas da Galiza (Corunha, Ferrol, Lugo, Monforte de Lemos, Ourense, Pontevedra, Santiago de Compostela, Villagarcia de Arousa e Vigo). Luís Filipe Menezes anunciou que vai apresentar o programa do seu mandato na próxima Assembleia-Geral do Eixo Atlântico, que decorrerá em Gaia, no próximo dia 10 de Julho.O autarca referiu que uma das suas prioridades será reforçar o papel da associação como interlocutor da euro-região Norte Portugal-Galiza, ante os governos de Madrid e Lisboa, assim como das instituições da União Europeia.Nesse sentido, Menezes anunciou já a intenção de pedir, na sua qualidade de presidente do Eixo Atlântico, uma audiência a Durão Barroso, para apresentar à Comissão Europeia a realidade da euro-região do Noroeste Peninsular.A ligação ferroviária entre o Porto e as cidades de Vigo, Santiago de Compostela e Corunha é outra questão que será debatida durante o mandato de Menezes, de dois anos. Luís Filipe Menezes defende que a ligação deverá ser efectuada em velocidade elevada (até 220 quilómetros/hora) e não em alta velocidade (300 a 320 quilómetros/hora), dadas as curtas distâncias entre estas cidades.

Que pólos de competitividade para Portugal I

Segundo um estudo da ONU, em 2015 a Região da Grande Lisboa vai comportar 45,3% do total da população do país, tornando-se na terceira maior capital metropolitana da União Europeia, logo a seguir a Londres e Paris.

Apesar da tónica colocada no desenvolvimento do interior, o certo é que o tempo passa e as soluções teimam em aparecer. A definição estratégica do Modelo de "Pólos de Competitividade" para o país torna-se mais do que nunca decisiva e compete ao Estado o Papel central de dinamização dum Programa Estratégico para uma maior coesão social e territorial do país.

Numa Europa das Cidades e Regiões, onde a aposta na inovação e conhecimento se configura como a grande plataforma de aumento da competitividade à escala global, os números sobre a coesão territorial e social traduzem uma evolução completamente distinta do paradigma desejado.

A excessiva concentração de activos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta "dualidade" de desenvolvimento do país ao longo dos últimos anos.

Por Francisco Jaime Quesado

Favores Pessoais VI

O Governo queria incentivar a denúncia de suspeiras de corrupção / tráfego de influências dentro do funcionalismo público.

A quem é que Emídio Gomes devia ter feito a denúncia neste caso? Ao Primeiro Ministro?

À Judiciária? À Comunicação Social?

Além disso, acho que a ideia era denunciar e não colaborar. É que assim, aprovou um projecto para fazer um favor pessoal a alguém...

Nota: há já uma semana que venho falando no caso. Tenho a sensação que a comunicação social só vai pegar neste assunto a sério quando for para acusar o Emídio Gomes de alguma coisa...

20070628

Barcelos, Braga ou Nine? Subsídios para fazer parar o TGV em Braga

Neste post, José Silva propõe alternativas ao traçado já delineado pelo MOPTC para a Alta Velocidade. A alternativa apresenta, de forma clara, algumas das vantagens de criar um corredor mais litoral, por oposição à ligação interior entre Campanhã e Braga. No entanto, a ideia de colocar a linha de Alta Velocidade no extremo oeste do terceiro maior centro populacional do país não me parece avisada e merecerá sempre a forte oposição das forças vivas do Minho. A RAV tem que passar (e parar) no coração do quadrilátero formado por Braga, Guimarães, Famalicão e Barcelos e, por razões económicas, geopolíticas e demográficas, essa estação terá que localizar-se algures a este de Nine e a oeste de Braga.

Os aditamentos propostos por Pedro Menezes Simões (na caixa de comentários) são mais realistas e servem melhor as necessidades do Minho que os propostos por José Silva. Mas colocar a estação do Minho em Nine (o ponto em que a linha flecte) obrigaria a criar um rede viária que servisse mais cabalmente essa localidade, o que implicaria necessariamente mais investimento público. Se a solução "Braga" se mantiver, a questão das ligações viárias está resolvida. Actualmente, é mais fácil e rápido chegar a Braga a partir de Barcelos, Guimarães ou Famalicão do que a Nine. Além de servir melhor o quadrilátero Braga-Barcelos-Guimarães-Famalicão, a solução "Braga" também permite às populações de Vila Verde, Amares, Póvoa de Lanhoso, Fafe, Vieira do Minho, Esposende, Ponte de Lima, Ponte da Barca e Terras de Bouro chegar à RAV com mais rapidez e conforto.

A solução proposta pelo MOPTC apresenta como grande constrangimento o facto de sobrecargar ainda mais o tráfego da linha ferroviária de Braga. Constrangimento que pode ser ultrapassado através da criação de uma rede efectiva de transportes ferroviários no Minho, capaz de ligar esta região, por vias alternativas, ao Aeroporto Sá Carneiro e ao extremo norte da Àrea Metropolitana do Porto.

Norte no New York Times

Artigos sobre o Porto e Aveiro no New York Times. Falta o Douro, o Minho, Trás os Montes...

Favores Pessoais V

Daniel Campelo tinha de facto razão quando dizia que o processo tinha sido "estranho". Quem sabe o projecto não foi para Ponte de Lima porque o Daniel Campelo não estava interessado em fazer favores pessoais...

48 Municipios em ruptura...

O ANUÁRIO ESTATÍSTICO DOS MUNICÍPIOS Portugueses/2005, apresentado ontem em Lisboa numa iniciativa da Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas (CTOC), deixa claro que a situação financeira das autarquias está longe de ser a melhor. Desde logo, os 307 municípios analisados orçamentaram uma receita total de 11 506 milhões de euros mas só cobraram 7305 milhões de euros. Como a despesa total comprometida era de 9640 milhões de euros, 32 por cento acima das receitas cobradas, as câmaras acabaram por pagar apenas 6894 milhões de euros, menos 2746 milhões de euros que terão de ser pagos nos anos seguintes.Para esta diferença entre receitas e despesas, os autores do estudo indicam que “há os orçamentos empolados com inscrição de receitas sobreavaliadas ou com níveis elevados de incerteza na cobrança”. Daí que 142 autarquias tenham uma despesa corrente comprometida superior à receita corrente liquidada. Vila Nova de Gaia, Lisboa e Sintra estão no topo dessa lista.A partir dos relatórios e contas aprovados nas assembleias municipais, o estudo identifica que 227 câmaras não têm dinheiro para fazer face às dívidas de curto prazo. E Lisboa lídera o ‘ranking’, com uma falta de 317,4 milhões de euros para cumprir aqueles compromissos.Com base na situação financeira das autarquias em 2005, concluem que, à luz da nova Lei das Finanças Locais, 101 municípios ultrapassam, em 2006, o limite da sua capacidade de endividamento.
AUTARQUIAS COM MAIOR DIFERENÇA ENTRE RECEITAS COBRADAS E DESPESAS
1 – V.N.GAIA: - 73.574.071 euros
2 – LISBOA: - 73.104.665 euros
3 – SINTRA: - 68.155.714 euros
4 – AVEIRO: - 44.611.966 euros
5 – FUNDÃO: - 43. 858. 316 euros
6 – MAIA: - 36.743.864 euros
7 – FUNCHAL: - 33.398.656 euros
8 – S.M.FEIRA: - 30.121.583 euros
9 – GUARDA: - 29.818.268 euros
10 – F. DA FOZ: - 29.733.678 euros
A notícia é muito pertinente e dá que pensar! Gondomar é a autarquia mais endividada 113%(Relação entre o valor da dívida e a capacidade de endividamento) e V.N.Gaia é a que apresenta maior diferença entre receitas cobradas e despesas... Esclarecedor...

Traçado litoral Porto-Minho-Vigo

Introdução

Neste momento o traçado Porto-Minho-Vigo previsto consiste no prolongamento do Alfa-Pendular Porto-Braga por um novo canal a norte desta cidade até Ponte de Lima e Valença (azul escuro no mapa). Porém, julgo que esta decisão do actual governo central deveria ser revista, tal como o foi a OTA. Este artigo é uma análise detalhada do ponto 6 deste artigo e propõe um traçado mais litoral (não confundir com linha à beira da costa), maximizando a utilização de canais ferroviários existentes, resolvendo o problema da passagem no ASC e sendo bastante mais barato do que o traçado do MOPTC.

Pressupostos

· Apesar de pessoalmente ter várias reservas ao «Keynesianismo do Betão» e às PPP, não vou questionar nesta fase a oportunidade e validade da ligação ferroviária prevista; Aliás, o Norteamos não pretende discutir ideologia ou avaliar a capacidade dos empreendedores portugueses. Para estes temas remeto para os blogues Destreza das Dúvidas (Braga), Blasfemias (Porto) e Empreender (Braga);

· Também não questiono se a ligação a Vigo é mais ou menos importante que a ligação a Madrid ou Lisboa;

· Este artigo tem presente o «Peak Oil», o facto de o transporte rodoviário custar 5 vezes mais do que o marítimo e 2,5 vezes mais que o ferroviário em termos de tonelada/km;

· Que a região Norte continuará a ser produtora de produtos transaccionáveis, físicos, para a Europa, sendo necessário transportes competitivos;

· Os transportes de mercadorias do Norte para a Ibéria, sul de França e norte de Itália serão mais competitivos em ferrovia, sendo que nos restantes destinos europeus o transporte marítimo será mais barato; Ao nível dos passageiros, as viagens em ferrovia dentro da Iberia ocidental tenderão ganhar competitividade à alternativa aerea em termo de preço e comodidade: «El tren de alta velocidad desbanca al avión en los viajes de negocios en la Península»;

· TGV (+300 km/h) não existe; Existe sim CVE (+200 km/h), tal como o AP actual;

· É altamente desejável que o CVE Porto-Minho-Vigo pare no ASC: «Rui Moreira pede a Rio para fazer TGV parar no aeroporto Sá Carneiro»

· Linha Vermelha do Metro do Porto é um erro de planeamento que está a ter procura e satisfação dos clientes inferior à esperada; Consta-se que há estações entre o ASC e Vila do Conde em que o Metro para, ninguem saí e ninguem entra...

Traçado alternativo Litoral (azul claro no mapa):

· Troço Valença - Caminha:, Modernização da linha actual junto ao rio Minho;

· Troço Caminha - Viana do Castelo (Meadela): Novo canal, sendo necessário provavelmente a construção de tuneis;

· Troço Viana do Castelo (Meadela) - Barcelos: Modernização do actual troço linha do Minho;

· Troço Barcelos – Póvoa Varzim norte (Estela): Novo troço, que poderia eventualmente aproveitar parte da antiga linha Povoa-Famalicao;

· Troço Póvoa Varzim norte (Estela) – Vila do Conde sul (Árvore): Novo troço, variante à actual linha Vemelha do Metro do Porto, evitando a circulação do CVE pela zona urbana das cidades da foz do Ave. O Metro do Porto passaria a ser descontínuo e apenas circularia entre o sul de Vila do Conde e o Norte da Póvoa do Varzim.

· Troço Vila do Conde sul (Árvore) - Aeroporto: Com a desactivação da linha Vermelha, este troço, plano e rectilíneo, passaria a ser usado no CVE. No termo deste troço seria efectuada então a ligação de poucas centenas de metros ao ASC;

· Troço Aeroporto-Campanhã: A ser executado poderia ser tal como António Alves o demonstra aqui, usando o ramal de Leixões, actualmente às sem uso.

Braga

Pela posição na hierarquia de cidades a Norte, pelo peso demográfico, e pela importancia politico-económica que tem, Braga e também Guimarães, não podem ficar fora do efeito estruturante que a este investimento ferroviário provoca. Porém há que encontrar um equilíbrio entre esta necessidade e a rentabilidade do investimento. Efectivamente o traçado interior, que passa por Braga é bastante mais caro do que o traçado litoral. Então a solução que proponho é precisamente ligar de forma propriada Guimarães e Braga a Barcelos também por ferrovia, com um traçado, frequência, velocidade e preços que tornem a utilização competitiva. Este novo troço de cerca de 25 km, tem vindo a ser estudado pelas respectivas autarquias, tem um custo inferior por Km ao da linha de velocidade elevada e atravessa zonas densamente povoadas por empresas e população, garantindo procura.. Este novo serviço, a que chamaria Transminho carece de maior detalhe em termos de percurso dentro das cidades de Braga e Guimarães, assim como eventuais ligações a Vizela e Lousada (linha do Douro) a escassos 30 km. Assim Braga não teria paragem do CVE, mas em contrapartida passaria a ser o centro de uma nova linha ferroviária (assinalada a verde no mapa).

Outras questões

· Tal como está previto no traçado Porto-Braga.Vigo, poderão circular nesta alternativa o CVE, comboios sub-urbanos e de mercadorias; Aliás, seria necessário criar uma linha da CPPorto entre o Porto e Barcelos ou Viana, à semelhança das ligações Porto-Braga, Porto-Guimarães e Porto-Aveiro. Seria precisamente este novo braço Porto-Barcelos ou Viana que asseguraria o transporte até ao troço descontínuo do Metro do Porto que sobreviveria entre Vila do Conde e Póvoa do Varzim

· Toda esta proposta (Porto-Minho-Vigo e Transminho) baseia-se em bitola europeia, podendo de raiz efectuar um investimento definitivo. Dada a proximidade entre o Aeroporto e o Porto de Leixões a ligação de mercadorias também seria executada em bitola europeia.

· Os tram-train actualmente previstos para a linha Vermelha poderiam ser na mesma usados na linha Transminho;

· A norte do paralelo que passa por Árvore e Trofa, a alternativa litoral serve exactamente o mesmo número de residentes (400 000 pessoas) que o traçado do MOPTC por Braga.

Vantagens

· Devido à orografia, o traçado litoral é mais barato que o traçado do MOPTC, permitindo o extra Transminho;

· Oportunidade de corrigir o erro de planeamento do Metro do Porto que foi o lançamento de linha Vermelha, reduzindo assim o deficit de exploração, de uma linha cuja rentabilidade e satisfação está abaixo das expectativas;

· Coloca o ASC no percurso proveniente do Minho e Galiza, evitando o seu esvaziamento;

· O canal litoral permite a construção de uma nova linha de sub-urbanos (Porto-Barcelos/Viana);

· O traçado litoral permite mais canal-horário para o transporte de mercadorias do que a alternativa do MOPTC por Braga;

· As expectativas de transporte ferroviário em Vila do Conde/Póvoa do Varzim e acesso ao CVE por Braga e Guimarães não seriam goradas;

· Provavelmente maior volume de negócios para os concorrentes das PPP;

Prós:

· Pessoas colectivas (empresas, imobiliários, autarquias, etc) e individuais em Viana do Castelo, Barcelos e Guimarães

· Eventualmente ACP e Metro do Porto;

· Operadores do ASC (Ana, Tap, Ryanair, etc) pois garantiriam mais passageiros galegos;

· «Cluster» ferroviário: Fornecedores (Transdev, Efacec Transportes, Siemens, Bombardier, etc) e Operadores (Máquinistas CP, candidatos às PPPs);

· Comissão de Utentes da Linha Vermelha do Metro do Porto.

Contra

· Eventualmente Pessoas colectivas (empresas, imobiliários, autarquias, etc) e individuais em Braga;

· MOPTC;

· «Cluster» Rodoviário (Combustível rodoviário, concessionários de auto-estradas, empresas de transporte de passageiros e mercadorias, etc)

Como diz o participante Ventanias: «Um melhor (Norte de) Portugal é possível».

PS: Este artigo tem seguimento aqui: Porto-Minho-Vigo com muita cidadania.



20070627

Discutir o Norte e o Porto - Não aos Calimeros!

Sinceramente não gosto de ouvir este tipo de discussão. Parece que estamos a "resolver os problemas da criança". Há sempre um ar de paternalismo dos de fora quando se dispõem a perder algum do seu precioso tempo...
Para mim é óbvio que, sem prejuízo de reconhecer que é gritante a injustiça em tudo o que diz respeito a distribuição dos dinheiros públicos, o problema do Porto e do Norte tem que ser resolvido pelas pessoas do Norte.
Chateia-me muito , por exemplo, ver desempregados e trabalho infantil em fábricas com Ferrari estacionados à porta.
Chateia-me ver as assimetrias entre as pessoas e o fosso entre ricos e pobres a aumentar. E isso nota-se particularmente nesta região, aquela onde há Mercedes e casas espectaculares, coisas que não são compatíveis com os fracos índices que enchem as primeiras páginas dos jornais.
Chateia-me que só se fale do Porto e se esqueça dos distritos de Viana, Braga, Vila Real e Bragança, além do interior do distrito do Porto.
Chateiam-me as lutas de galos, entre Rui Rio e Luis Filipe Menezes, entre Pinto da Costa e Rui Rio, entre todos aquelas que fizeram aquela triste figura durante a Porto 2001.
Chateou-me que a Porto 2001 não tivesse consequências em termos de aumento da procura cultural que se pretendia e que isto continue a ser uma aldeia, um bidé, onde ninguém se entende e parece que todos têm a preocupação de derrubar o que está no poder.

Aceitei colaborar com este blogue na esperança de que se possa estabelecer um novo paradigma na defesa do desenvolvimento do Norte.
Que acabem os calimeros, os pintos da costa (na sua vertente pseudo-política), os loureiros (na sua vertente caciqueira).
Que o Porto deixe de ser egoista e fale em nome destes milhões de pessoas que habitam entre Valença e Montesinho, entre Ovar e Foz Coa. Isto é que é o Norte!
Que deixemos de nos apresentar como "a segunda cidade" com ambições provincianas de ser como a capital, o que nunca acontecerá. Nós somos uma metrópole europeia, a maior metrópole do Noroeste Peninsular e podemos ser o polo de atracção de uma população de mais de 7 milhões. Lisboa é nossa aliada, porque não é do nosso campeonato! É a capital do nosso país, por sinal a mais bonita capital da Europa.

Aqui há gente com imenso valor, que já deu muito a Portugal. Temos que tirar as palas que nos cegam e arrepiar caminho.

Há uma solução...

Plataforma Logística de Valença..Para quem e para quê?

Em Valença do Minho, será instalada uma das 14 plataformas logísticas do plano Portugal Logístico. Tratar-se-á da maior plataforma logística transfronteiriça do país, com 40 hectares.

Numa primeira análise, pode-se dizer que é uma localização bem pensada, afinal de contas estamos na presença da fronteira mais concorrida e nível de passageiros e a segunda mais movimentada a nível de mercadorias, de toda a fronteira entre Portugal e Espanha. Estará às portas da Galiza, que é um dos grandes destinos das nossas exportações, bem como da zona industrial do Porrinho. Para além destes factores ainda há o Comboio de Alta Velocidade que, até ordens em contrario, efectuará paragem nesta vila minhota, boas acessibilidades rodoviárias, já existentes, e proximidade de três portos: Leixões, Vigo e Viana.

No entanto, em diversas idas ao terreno e em conversas com diversas instituições chaves da região, deparamo-nos com o seguinte cenário.

A nível ambiental, a plataforma será instalada no coração da Rede Natura 2000 do estuário do Rio Minho, e a sua parte expansível, a ser construída, será construída bem em cima duma zona húmida, a Zona Húmida do Arão.

Temos outro problema, prendido com a falta de mão-de-obra. A nova zona industrial de Valença, a zona industrial de Vila Nova de Cerveira, bem como os novos “Feira Nova” instalados na zona têm fortes problemas de mão-de-obra. A região, para além de ter uma elevada taxa de emprego, está também muito próxima da Galiza onde os salários são a realidade que conhecemos.

Por fim, a pouco mais de 15 km está já em construção a PLISAN, uma plataforma logística com 400 hectares, na vila de Salvaterra, a 2km de Monção, e será a segunda maior infra-estrutura do género em Espanha. Que convivência entre as duas plataformas? Concorrência? Articulação?

Ninguém em Valença sabe ao certo o que é “isso da logística e das plataformas”. A única opinião que a Câmara teve no processo foi acerca da localização exacta. Quanto às características da plataforma como potencial empregador e potencial poluidor, e do seu interior está tudo no segredo dos deuses do MOPTC.

Afinal, esta plataforma tem ou não razão de ser?

Favores Pessoais IV

Emídio Gomes críticou as benesses atribuídas ao IKEA. Críticou ainda, o pedido de "favor pessoal" do Ministro Manuel Pinho, de "aprovarmos, sem condições nem restrições, um projecto que implica um centro comercial, que é o dobro do NorteShopping, e fazermos as acessibilidades”. Tudo à custa do erário público.


Emídio Gomes criticou. Criticou e... aprovou tudo. Sem restrições.

O DESEMPREGO E A REGIÃO NORTE

A região Norte perdeu no 1º trimestre do ano cerca de 19 mil postos de trabalho, face igual período de 2006, segundo os dados divulgados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). De acordo com o relatório trimestral Norte Conjuntura, o emprego na região diminuiu até Março 1,0 por cento em termos homólogos, em contraciclo com os indicadores nacionais, que revelam um crescimento de 0,2 por cento deste indicador no período. O Norte foi assim a região portuguesa cujo emprego sofreu em termos homólogos a queda mais acentuada do 1º trimestre.
A população desempregada da região Norte, estimada pelo INE, aumentou 6 por cento em termos homólogos, tendo esse aumento sido totalmente explicado pelo número de mulheres desempregadas (mais 11,2 por cento), a par de um ligeiro recuo do desemprego masculino (-0,6 por cento).

20070626

Prós e Contras "Porto" - Resumo Final

O programa de "Prós & Contras" apenas teve "Prós". Ou apenas "Contras". Não havia visões alternativas para a cidade. Não havia ninguém do poder central. Não havia interlocutores. O Porto estava a ser debatido, mas apenas entre os portuenses. O Porto não tem com quem dialogar. Não adianta lamuriar. Não há ninguém para ouvir. O Porto apenas ao Porto interessou (espero que ao Norte "alargado" também). É sintomático. Apenas os portuenses são capazes de "levantar" outra vez o Porto. Mais ninguém o fará.

Dúvido que Luis Filipe Menezes não tenha sido convidado. Se o foi, recusou o convite. Compreendo. A marca "Porto" é má para um político com ambições a liderar o poder central (Rui Rio é uma excepção). Nem seria propício estar a debater questões regionais. Ao primeiro ataque ao poder central, todos se lembrariam da famosa "frase"...

O programa inicia-se com uma peça jornalística sobre o Porto. O sotaque é claramente portuense. Normalmente costuma ser um "ruminanço" galaico-português. Pela raridade do acontecimento, não consigo deixar de me recordar do post do Júlio Silva Cunha.

Rui Rio
Assume a diferença entre o Porto e o Norte. Afirma que o Norte tem problemas muito superiores aos do Porto, e decorrem do tecido económico industrial. O Porto é central para a competitividade do Norte. Sem competitividade no Porto, dificilmente há competitividade no Norte.
Disse ainda que "precisamos é de um governo em Lisboa com uma dimensão nacional, e não apenas preocupado com o que o rodeia até 100kms".

Tendo em conta Júlio Silva Cunha, a criação de riqueza está dependente da existência das cidades. Neste sentido Rui Rio tem razão, o Porto é muito importante. Só que o Norte é multipolar, ao contrário da região de Lisboa. É uma rede de cidades. Sem dúvida que o "quadrilátero urbano" minhoto e Aveiro têm um papel a desempenhar. Costumo dizer que o Porto é o coração, Braga e Aveiro os pulmões, e as outras cidades são outros órgãos relevantes. Sem o coração não há vida, mas sem pulmões também não se vai longe.

Belmiro de Azevedo
Põe o dedo na ferida. O Estado Central não é parcial perante as empresas. Favorece umas em detrimento de outras. Critica que se favoreça os investimentos estrangeiros face aos portugueses. É burocrático. E é permeável aos interesses dos que frequentam o Terreiro do Paço. O Governo não consegue ver a 100kms de distância porque está refem dos interesses económicos instalados na Capital. Pede imparcialidade.

Põe o dedo na ferida outra vez. Ao exemplificar com a falta de descentralização, mostra o erro de base em Lisboa: em igualdade de circunstâncias, centraliza-se. A opção devia ser a inversa.

Coloca mal a questão da OPA à PT. Diz que o Governo defendeu Lisboa. Não é verdade. Defendeu os interesses de grupos económicos e gestores de Lisboa. Esses ganharam. Lisboa-cidade, tal como todo o país, perdeu.

Ridiculariza, juntamente com Rui Moreira, o suposto investimento privado no novo aeroporto de Lisboa: "iniciativa privada em que o privado não corre riscos...não é iniciativa privada. É financiamento privado. Mas mais vale recorrer a dívida pública."

Ludgero Marques
Pouco disse de novo. Falou da concentração de investimentos em Lisboa após 98, e retirada do Porto dos departamentos com capacidade de decisão.

Não foi claro ao transmitir uma das suas principais ideias: que o Porto está numa relação periférica em relação a Lisboa. Isto é verdade. É por causa do péssimo serviço público da TAP (que se atrasa quase sempre). Não é possível a um empresário do Norte ir a uma reunião a Lisboa, por pequena que seja, e não perder um dia de trabalho, e pagar mais do que pagaria por ir a Paris.

Rui Moreira
Foi bastante esclarecido. Rejeitou o conceito de "capital do Norte". Falou no erro estratégico que foi afirmação do Porto como capital como contraposição ao poder centralizador crescente de Lisboa. De facto, o resto do país (quem mais perdeu) não se reviu no discurso da bipolarização. O Porto devia ter falado no resto do país. Mais, depois da derrota no referendo da regionalização, devia ter lutado pela descentralização prometida. Não o fez. E esta não só não aconteceu, como foi invertida. O "Não" fez os centralizadores sentiram-se legitimados. E este Governo é o mais centralizador de sempre.

Fala ainda no centralismo insustentável e anti-democrático: "hoje quando alguém no Porto fala de um tema nacional, dizem logo "porque é que este tipo do Porto fala de um problema nacional?""

Defende que as vantagens de Portugal no Noroeste Peninsular são o ASC e o Porto de Leixões. E o Estado não pretende fazer ligações do "TGV" a essas infraestruturas. Afirma que o QREN é dinheiro das regiões pobres, e não pode sair destas para financiar projectos de infraestruturas para as regiões ricas. Afirma ainda que com esta máquina politico-partidária, o país não muda, A solução é a regionalização.

A meu ver, o que aconteceu foi que o resto do país preferia uma "capital neutra" a duas "capitais" em luta pelo poder. O resultado não foi o esperado. Lisboa não é, nem nunca poderia ser, uma capital neutra. Só há capitais neutras quando o poder político e o económico não coincidem. Perderam todos - Lisboa, Porto e Portugal (o coração funciona, mas respira mal, os rins estão a falhar e o fígado já não funciona...).

Luís Portela
Fez o apelo ao empreendedorismo portuense, e a que cada um faça o seu papel. Defende a coopetição entre regiões como modelo de desenvolvimento. Cooperar para competir melhor com os outros. O caminho é pelo conhecimento, pela qualificação, e pela ambição.

Lobo Xavier
Fala nos maus protagonistas do Porto de há 20 anos atrás, que desprestigiaram a região e a luta pela regionalização.

De forma subtil, fez a afirmação mais incómoda da noite para Lisboa e Porto:
"Mas, por outro lado, não temos nada a reinvindicar nada de Lisboa. O Porto não quer ser igual a Lisboa com funcionários e serviços públicos. Quero um Porto cuja qualidade de vida resulte das características naturais e históricas do Porto - o empreendedorismo, a independencia do Estado. (...) As pessoas do Porto já não estão sempre a contrapor com o funcionalismo, e com a subsidiação"

Jornalista (não apanhei o nome)
"Foram as cidades que fizeram a europa, não os países. O país não funciona se as suas cidades não funcionarem." Mais uma vez me lembra este post.

Emílio Perez Touriño
"A experiência de cada país é diferente. Mas o processo de autonomizção em Espanha tem sido coroado de êxito. Nada do que se passou em Espanha se teria passado sem as autonomias. Para toda a Espanha de 2ª velocidade, as autonomias permitiram a mobilização de capacidades e de recursos. Necessitamos de um Estado forte que assegure o equilibrio social e territorial, mas a autonomia que permita a mobilização de energias."

Paulo Gomes
Assustador. Mostrou qual é problema dos burocratas. À primeira crítica começou logo a defender o "suserano". Belmiro criticou a lentidão na aprovação dos projectos do turismo no Douro. Ele respondeu que estava tudo muito bem. Que no Algarve não havia atrasos. Que existem os projectos classificados PIN.

É engraçado. Os projectos PIN ("de interesse nacional") passam à frente de todos os outros. Os que não são PIN ficam sempre para trás. Se os projectos no Algarve são PIN e no Douro não, ficamos a saber que o Algarve (rico) é prioritário e o Douro (pobre) não. Claramente o Estado não é imparcial. Em vez de reclamar, Paulo Gomes acha muito bem, pois o licenciamento está a ser revisto (é verdade, sei com conhecimento de causa). Mas no entretando, o Douro pode ficar ainda mais pobre. Confirma-se tudo o que eu disse sobre a diferença entre um burocrata e um político regional.

Resto do Programa
Depois disto, passamos à discussão de questões puramente municipais. Quem é que concebeu este programa? Só faltou discutir o edifício transparente. Valha-nos Deus...

Consideração finais (pessoais)
Muita parra e pouca uva. Conseguiu fugir da tradicional lamúria e reinvindicação face à cidade de Lisboa. As baterias apontadas foram ao poder central. Apelou-se ao empreendedorismo, à não dependência do Estado, à qualificação. Mas também à descentralização e independência do poder político. O diagnóstico não é novo. Mas foram ideias soltas, não integradas. São tijolos, mas não um edifício. Estou certo que cada um dos entrevistados conseguiria melhor, se tivesse mais tempo de antena para explanar ideias. Uma coisa é clara - não há uma visão mobilizadora para a região, nem uma estratégia (indicativa) definida.

Mas, vendo por outro prisma, havia lá uma semente em agitação. O Porto deixou de pedir investimentos. É um óptimo sinal. Não me pareceu que todos eles tivessem isto claro, mas a ideia começa a estar lá: "não queremos que façam nada, queremos que nos deixem fazer, e queremos imparcialidade do Estado..."

De qualquer forma, os blogues estão muito à frente destes debates televisivos. Sem dúvida.

"Independança"


Tal como se previa, Alberto João começa a dar passos largos em direcção à sua via catalã. É o resultado do centralismo bafiento e opressivo. Uns vão comprar gasolina e ter filhos a Espanha; outros sonham com a Galiza; os mais afoitos reivindicam mais independência.

Favores Pessoais III

Subsídios atribuídos ao IKEA: Isenções fiscais. Segurança social. Aprovação de um centro comercial enorme (o dobro do Norteshopping). Construção das acessibilidades para esse centro comercial. Isto, para "criar" 100 a 200 empregos.

Quais empregos criados? As empresas concorrentes ao IKEA irão fechar. Têm custos superiores. Porque são menos eficientes? Não, porque pagam segurança social e impostos, que serão utilizados para subsidiar o IKEA.


Todos nós pagamos segurança social. Podíamos pagar menos, mas como o IKEA não precisa de pagar a Segurança Social dos seus trabalhadores, tal não é possível. Talvez até nos tenhamos que reformar mais tarde...

A Sonae, quando fez o NorteShopping, teve que criar todas as acessibilidades na envolvente da Rotunda AEP. Teve que ver aprovado o seu projecto tendo em conta o interesse público. Paga Impostos, que vão servir para fazer as acessibilidades para um Shopping concorrente, aprovada graças a "favores pessoais".

Por algum motivo sou contra toda a subsidiação directa do Estado às empresas.

Mais uma vez se prova que as situações mais "estranhas" não são nem da "província", nem das autarquias. Vêm por "favor pessoal" directamente do Estado Central. Ah, e investimento público destes no Norte (ou em qualquer outro lugar de Portugal): Não, obrigado!

Portocentrismo III

"Rui Moreira vai mal quando desvaloriza o projecto de ligação ferroviária do Porto/Noroeste à Galiza. Está a ser portocêntrico e a desbaratar a solidariedade duma cidade importantíssima para esta batalha como é Braga e do resto do Minho, para quem esta obra é a única oportunidade de grande investimento na região."

Esta afirmação parte da ideia que o investimento público é bom e que o desenvolvimento de uma região pode ser alavancado com mega projectos de obras públicas. Nesta lógica, imagino que os mega investimentos públicos em Lisboa podem ser considerados positivos para o país. Sim, porque são públicos e porque são um "grande investimento na região".

No fundo, o que nos afastaria das políticas de investimento público massivo na região da capital, seriam apenas uns 300 e poucos kilómetros!

Não acredito que a receita lisboeta possa ser aplicada ao resto do país;

1-O peso (volume) dos votos das regiões periféricas é inferior ao da capital.

2-O poder político tende a concentrar o investimento público em áreas próximas do centro de decisão.

3-A questão de desvalorizar o tgv Porto-Galiza tem por base a experiência do que foi nos últimos anos, o investimento público realizado a norte das portagens de Alverca! O investimento público tem por base uma análise das necessidades privadas realizada por um conjunto de burocratas. Esse clamor não é sentido (ao que parece) pela grande parte do empresariado nortenho. Estes costumam ser os melhores auscultadores das necessidades privadas.

Devemos avançar com mais este projecto, tendo por base a ideia de que o que está em causa é a salvação do norte ou ao inverso, a sua irremediável decadência? Um projecto de transportes ferroviários incorpora tal dicotomia salvífica?

Tenho dúvidas. E quanto a Rui Rio ganhar os debates, bem...duvido que alguém neste blogue seja inquilino da CMP!

Portocentrismo II - Perguntas que ficam

Será que o tgv Porto-Vigo, pode e deve parar em Braga?

O volume de tráfego com destino a Braga justifica tal paragem?

Uma viagem tão curta justifica uma paragem a 50 quilómetros do destino final?

O critério duração de viagem, não sairá prejudicado com uma paragem do tgv em Braga?

O aeroporto e o porto de Leixões são as duas estrutras de transportes que "justificam tal investimento" numa óptica do decisor público. Numa lógica de interligação de uma rede de transportes ibéricos, será que a cidade de Braga é um ponto de paragem obrigatório para uma estrutura rápida como o tgv?

O grosso do volume turístico transfronteiriço é montado em estrutras de transportes mais ligeiras (automóvel particular) ? Braga possui más ligações à Galiza?

Portocentrismo

A linha de comboio rápido entre o Porto e a Galiza será construída em bitola ibérica e assim continuará por muitos e bons anos; a putativa linha de "TGV" entre Lisboa e Porto será construída já em bitola europeia.
Sendo assim, existirá uma incompatibilidade técnica objectiva entre entre estas duas vias. A menos que se compre material circulante de eixos ajustáveis (que exige elevado investimento e que não me parece provável até pelo volume de tráfego previsto) quem vier de Vigo e pretenda seguir para sul terá que fazer um transbordo obrigatório em Campanhã.
Na primeira fase, estou crente que nem sequer será adquirido material circulante novo para a Ligação a Vigo. Serão utilizados os comboios pendulares que actualmente circulam na Linha do Norte que após a construção do "TGV" Lisboa- Porto ficarão disponíveis.
Como já demonstrei aqui, existe já hoje a possibilidade de ligar a actual rede ferroviária ao Aeroporto Sá Carneiro a um custo baixo. o ASC ficaria assim rapidamente ligado directamente pela ferrovia tanto a Vigo como às regiões de Coimbra e Guarda. Esta é que devia ser a reivindicação imediata.
Rui Moreira vai mal quando desvaloriza o projecto de ligação ferroviária do Porto/Noroeste à Galiza. Está a ser portocêntrico e a desbaratar a solidariedade duma cidade importantíssima para esta batalha como é Braga e do resto do Minho, para quem esta obra é a única oportunidade de grande investimento na região.
É por estas e por outras que Rui Rio bate qualquer dos pretendentes por KO.

Comissariado Político

Aquela coisa que pareça ser o vice-presidente da CCRN, é real ou é apenas de "brincadeirinha"?
Eu não confundo a CCRN com o seu conjunctural vice-presidente. Acho a CCRN pior que o dito. Mas aquela figura lembrou-me as piores imagens dos comissários políticos soviéticos.

Follow the leader. Toda a crítica será esmagada.

O cargo de presidente da CCRN não é político. É apenas um cargo tarefeiro próprio dos funcionários partidários que estão na prateleira dourada esperando pelo salto para a grossa política.

Se os orgãos políticos dependem muito da leitura que o seu respectivo titular faz das competências atribuídas, então no caso da CCRN, pelo passado e pelo presente, o caminho só pode passar pelo encerramento de tal estrutura burocrática-administrativa. Nem as competências justificam a sua existência, nem os sucessivos intérpretes-titulares têm estaleca para tais funções. Na verdade eles são um erro de "casting" - são originários de séries B!

A frase da noite pertence ao meu pai;

"Não votava no presidente da CCRN nem para varredor da minha rua!"

Eu nem vou citar os anteriores presidentes...

Actualização: Por lapso indiquei que a figura em causa era o presidente da CCRN. É errado, era o vice-presidente.

Posts de ontem (25.06.2007)

Caso alguém não tenha oportunidade de ler os posts de ontem (que não do Prós e Contras), ficam aqui os links:

E Serralves fica na Galiza? - António Alves

Rui Moreira: Entre o mito e os pés de barro - José Silva

O referendo como instrumento não democrático - Pedro Menezes Simões

Favores pessoais e Favores pessoais II - Pedro Menezes Simões

Prós e Contras 1:22

·         Este modelo de debate não funciona. A Blogosfera é mais construtiva;

·         Houve demasiada latitude de temas, desde a cultura ao comércio, a Lisboa, a Galiza. Muita parra e pouca uva;

·         Os convidados são sempre os mesmos. Vi por lá o CAA, mas não falou;

·         O tema da drenagem consciente de Lisboa sobre o resto de Portugal não foi suficientemente abordado;

·         Rio acabou por manipular novamente: Por de trás da política social está um grande desinteresse relativamente às reivindicações do Norte. Ele melhor do que ninguém sabe o que tem que fazer para um dia chegar a ministro no Terreiro do Paço. E o Porto é meramente um campo de tiro.

·         Conclusão: Este debate não trouxe nada de novo.

 

PS: Paulo Gomes, ilustre estatístico, é melhor como professor do que como propagandista.

Prós e Contras - Porto XVII

Perto do fim, apenas algumas questões menores, que não considerei importante relatá-las.
Cito apenas Belmiro de Azevedo: "Para renovar a cidade, é preciso fazer intervenções bloco a bloco. Expropriando senhorios e proprietários quando necessário. Ninguém vai fazer requalificação para depois viver entre casas velhas, com 5 metros de frente e ruas de 4 metros."

Fim da emissão. Para consultar todos os textos publicados no Norteamos, usar o índice na caixa à direita. O programa ficou disponível quase na íntegra (o importante está cá).
Boa noite. Amanhã é dia de trabalho. O Porto precisa.

Nota final: o "Prós e Contras" podia começar um bocadinho mais cedo. Não se aceita que um programa destes, numa televisão pública, seja emitido entre as 23h e a 1h30m. Quem trabalha dificilmente consegue acompanhar o programa.

Prós e Contras - Porto XVI

Presidente da associação de comércio tradicional do Porto
Considera que a criação de cidades à volta do Porto (os shoppings) e que são um movimento artificial feito pelos promotores comerciais, e que os empresários deviam deixar o negócio das mercearias, drogarias, etc. aos pequenos comerciantes, que também precisam de viver.

(nota pessoal: discurso contra a concorrência, a pedir o proteccionismo do Estado ou a compaixão dos empresários. Não acho que o caminho seja por aqui. E nem se apercebeu que o problema é a redução populacional no centro da cidade. É por causa desta mentalidade imobilista que os seus problemas existem. Para quando lojas abertas quando as pessoas normais não trabalham?).

Prós e Contras - Porto XV

Rui Moreira
"O ASC tem Já foi anunciado pelo Governo Português que quem construir a OTA fica com o ASC (via ANA). Portanto, fica sem concorrência. E na linha de TGV à Galiza, este não passa no ASC. E no Norte só temos 2 vantagens de infraestruturas em relação à Galiza, o Aeroporto e o Porto Leixões. Sem ligações a estas infraestruturas, não há ligação Corunha-Porto, há ligação Corunha-Lisboa. Não existe sequer uma estratégia de transportes no país.

Isso do QREN é uma ficção. A verbas destinam-se às regiões mais empobrecidas. Mas quando fazemos infraestruturas (OTA), o dinheiro sai das regiões pobres para fazer a infraestrutra. O dinheiro não cresce.

Defendo regionalização como modelo acelerado de descentralização. Depois, a lei eleitoral não vai mudar. Com esta máquina politico-partidária o país não vai mudar. Só sobra a regionalização."

Para mim, investimento privado em que o privado não corre riscos...não é iniciativa privada. É financiamento privado. Mas mais vale recorrer a dívida pública"

Prós e Contras - Porto XIV

O que faz a cidade para potenciar a marca Porto? - FCF

Rui Rio
"A marca Porto é das coisas mais fortes que temos. Temos que conseguir captar eventos de grande visibilidade internacional para captar a marca "Porto" (nota pessoal: apoiado, mas não é só com o Circuito da Boavista...). O êxito em 2005 do Circuito da Boavista foi de tal ordem que a FIA decidiu fazer aqui em 2007 o mundial de turismo. E vamos ter a xxx race, que vai ser transmitida pela CNN. Mas para mim, os 3 estrangulamentos são o problema social, a reabilitação da baixa (projecto com impacto na economia regional e nacional - e este governo ainda não percebeu a importância disto para a competitividade da região, nomeadamente o turismo), e a mobilidade urbana.

Eu fui presidente do Eixo-Atlântico. Também dizia o melhor do mundo do Norte, quando falava com os jornais espanhóis. A Espanha teve uma taxa de desemprego de 20% nos 80's e 90's, quando fez a sua reconversão industrial. Levam-nos uns anos de avanço.

(...) Não podemos estar à espera de lideranças. Precisamos é de um governo em Lisboa com uma dimensão nacional, e não apenas preocupado com o que o rodeia até 100kms."

Prós e Contras - Porto XIII

Luís Portela:
Algumas universidades do norte, principalmente do Minho, e algumas empresas, têm cruzado conhecimento com muito sucesso. O que tem sido alentado pela CCRD-N, que se tem empenhado nisso.

Há 25 anos, José Maria Pedroto, quando o FCP não era campeão há muitos anos, disse: "Para o FCP ser campeão não basta ser melhor que os clubes de Lisboa, tem que ser muito melhor. E o FCP foi campeão muitas vezes nos últimos 20 anos." Temos que ser melhores, não que Lisboa, mais que as empresas do país A, B, C...

Prós e Contras - Porto XII

Ludgero Marques
"O Norte industrial, que liderou a recuperação do país após a revolução, tem sido mal tratado. Não faz sentido importar indústria. Temos que criar a nossa indústria. No Norte apenas 26% da população tem o 12º ano ou mais. É preciso requalificação de pessoas. O Norte acaba também por estar extremamente afastado de Lisboa. Precisamos de atenção ao nosso aeroporto, com outras áreas, nomeadamente quanto à informação (Nota: Já agora, rever os horários da TAP, para não falar dos atrasos).

Porque motivo a RTP, no monte da virgem, não permite a organização de programas lá. (e vai ser pior, porque vai centralizar em Lisboa). E tem que ser no Porto como em outras áreas do Porto."

Prós e Contras - Porto XII

Belmiro de Azevedo
"O Porto é uma capital política, sem poder político. Grande revoluções aconteceram no Porto. Mas se formos verificar as decisões do Estado Central, as decisões são sempre favoráveis a quem frequenta o Terreiro do Paço - Cimentos, Adubos, Refinarias...

Mesmo na nossa OPA (Sonaecom-PT), o Estado optou por Lisboa? Porquê? Contra tudo o que era expectável, a decisão foi a favor dos interesses de Lisboa e contra o Porto. O Governo tinha a possibilidade de mostrar que nem tudo é decidido a favor dos interesse instalados em Lisboa.

Porque motivo esteve o ASC a ser gerido de forma a ser quase impossível atrair turistas? Assistimos diariamente a declarações de que os projectos turísticos a sul vão ser despachados rapidamente. No Douro estão todos encravados?

(...) Sem actividade económica não há riqueza para distribuir por ninguém. É importante aproveitar as oportunidades que existem para o país todo. As câmaras apenas servem para resolver os problemas administrativos dos próprios municípios. Para além disso, não faz sentido ter campeões nacionais fictícios.

(...) A única capital que existe com capacidade de tomar decisões é Lisboa, disso não faz sentido fugir."

Paulo Gomes
"Todos os PIN merecem uma Via Verde. (nota pessoal: e ou outros, merecem ficar à espera?!? Há filhos e enteados? Para que seja mais rapido para uns, é mais lento para outros). Os processos estão a ser revistos. Acredito que a Via Verde vai ser mais a regra que a excepção"

PORTO em directo Parte II

EMILIO PEREZ TORIÑO
Galicia aproveitou a politica de cooperação, fundos europeus... Renovação de infraestruturas, apostas em auto estradas, portos...
Renovação, aposta na educação e infraestruturas são estas as chaves de sucesso da Galiza nestes últimos tempos!
Nesta linha de modernização, há uma inovação e capacidade de empreender....
Existem relações muito boas com o Governo Português e com o Norte de Portugal! Esta comunidade de trabalho está a impulsionar um projecto muito importante que é a linha de alta velocidade entre Galiza e Norte de Portugal!
Até 2013 há a prioridade de construir esta ligação de alta velocidade e isso é muito importante para a dinamização da euroregião Norte de Portugal/Galiza!
Trabalhar juntos, colocar em marcha a cooperação entre universidades, a política de desenvolvimento ambinetal, para ganhar espaços e obter oportunidades...
Nada teria sido possível na Galiza, sem a autonomia da Região...

20070625

E Serralves fica na Galiza?

"Com este museu, o país fica mais rico e Lisboa uma cidade melhor. Antes, o roteiro da arte contemporânea acabava em Madrid. A partir de hoje, começa aqui", considerou o primeiro-ministro, na inauguração do museu Berardo.

Com a primeira frase concordo sem qualquer esforço: o país fica mais rico e Lisboa uma cidade melhor. Agora aquela do roteiro "balha-me Deus!". Serralves fica com certeza na Galiza. Enfim... é um parolo português que chegou a ministro e se auto promoveu a "engenhêro". Com gente desta nem vale a pena perder tempo com "Prós e Contras".

Prós e Contras - Porto XI

Há 10 anos dizia que a Galiza olhava para o Norte como uma potencia a seguir. O que se passou entretanto?

Emilio Perez Touriño.
Temos procurado por o assento na cooperação social, no empreendedorismo e na inovação e conhecimento. Temos muito boas relações com Portugal. (...) O comboio de AV teve impactos significativos em Espanha nas relações entre regiões, p.e. Madrid e Sevilha. Cremos que o mesmo se passe entre a Galiza e Portugal. O projecto das euroregiões permite formar uma região com 7M habitantes. Mas temos que passar de uma cooperação de 1ª geração para a 2ª geração: projectos conjuntos de investigação, acordos entre universidades, esforços conjuntos e repartidos para ganhar e cooperar. Muito mais nos une que nos separa.

A experiência de cada país é diferente. Mas o processo de autonomizção em Espanha tem sido coroado de êxito. Nada do que se passou em Espanha se teria passado sem as autonomias. Para toda a Espanha de 2ª velocidade, as autonomias permitiram a mobilização de capacidades e de recursos. Necessitamos de um Estado forte que assegure o equilibrio social e territorial, mas a autonomia que permita a mobilização de energias.

Muito obrigado. Estou certo que temos um bom caminho a percorrer junto."

Prós e Contras 23:51

Já tinha ouvido falar sobre Fátima Ferreira. Mas nunca pensei que estivesse ao nível do Manuel Luis Goucha ou Merche Romero... Enfim. Não há qualquer conclusão ou interligação de temas, apesar dos intervenientes de qualidade e assuntos abordados. Até agora o balanco que faço é Blogosfera 1 – Debate 0.

Prós e Contras - Porto X

Rui Rio:
"Temos que clarificar o significado do Porto. Belmiro de Azevedo fez a SONAE, na Maia, LM em Matosinhos e SMF. RM, em SJM,... Temos de enquadrar toda esta regiao, e o Porto é a capital desta região. Mas nós estamos aqui a falar dos problemas de Portugal. Portugal está em crise. Mas cada região sofre a crise de forma particular. Aveiro, Porto, Braga, Guimarães, são fortemente industrializados. Temos que crescer 3% para não criar desemprego. O Estado, gasta 79% dos custos administrativos da I&D em Lisboa e 6,5% no Norte. Para sair da crise, isto tem que mudar."

Nuno Portas
"Vim para VNGaia, para conhecer o Norte. Há que dizer que em Espanha, Madrid é a região que cresce mais. E tem regionalização. Madrid (3 milhões) tem a mesma dimensão da região de Lisboa (3 milhões). E o Porto tem a mesma dimensão, a uma distância de 50 kms (3 milhões). O Norte tem um passado de agricultura e indústria que demora a mudar. Quando falo na cidade, falo na cidade dos 3M, ou pelo menos na cidade do 1,5M. (...) Mas a Galiza também se afasta..."

Prós e Contras - Porto IX

(infelizmente não consegui apanhar a intervenção do Prof. Marques dos Santos, e esta também não está completa)
Reitor da UFP

A DREN representa 65% dos estudantes do ensino básico e secundário (acho que foi isto).
O Porto hoje só tem um cluster em que vale a pena investir. É nas universidades. Na formação. No conhecimento.

Jornalista (não apanhei o nome)

O Porto hoje não é uma cidade, é uma marca. O Norte é uma invenção do Sul. Sabem porque existe um salão árabe, num palácio neoclássico - o palácio da Bolsa. A resposta está na casa da música. Quando o Porto acredita, quando o Porto é liberal à Porto (não há Chicago), quando sonha, as coisas acontecem. O Porto tem que ser pensado no contexto do país. O país tem que pensar nas cidades. Foram as cidades que fizeram a europa, não os países. O país não funciona se as suas cidades não funcionarem.

"Existe nos jornais uma lamúria permanente de que o Porto está em decadência." FCF

Jornalista 2 (também não apanhei o nome)
"Existe um problema de Lisboa em relação ao resto do país. O Porto e o resto do país não estão a conseguir impôr a Lisboa uma descentralização do país. O Norte e Centro que mais produzem para o país a seguir em Lisboa, são também as regiões menos produtivas.


Lisboa e Funchal absorvem 52% do crédito do país. O Porto só 11%. Se calhar não conseguimos por culpa nossa, porque deixamos Lisboa ter esse poder. Mas existe um problema de desertificação do país. Lisboa é, em paridade de poder de compra, a região mais rica da península ibérica."

Prós e Contras - Porto VIII

Lobo Xavier
"O resto do país não compreendeu bem o que eram assimetrias regionais e os problemas da centralização. Isto porque o debate teve maus protagonistas, no Norte. Os paladinos da descentralização e da regionalização, há 20 anos, não eram aos olhos do país figuras que cativassem o país.
Mas, por outro lado, não temos nada a reinvindicar nada de Lisboa. O Porto não quer ser igual a Lisboa, com funcionários, serviços públicos. Quero um Porto cuja qualidade de vida resulte das características naturais e históricas do Porto - o empreendedorismo, a independencia do Estado.
(...) O Porto foi quem mais sofreu com a mudança de paradigma económico. O poder central tem a função de compensar os desequilíbrios, e não o tem feito com suficiente veemência. Hoje não vê pessoas a reclamar serviços públicos para o Porto. As pessoas do Porto já não estão sempre a contrapor com o funcionalismo, e com a subsidiação".

Prós e Contras - Porto VII

Luís Portela
"Gostaria de ver um Porto mais competitivo no contexto internacional, como Barcelona, Manchester, Milão, Lyon. As fronteiras estão abertas nos dois sentidos. Não somos competitivos porque cada um tem que fazer a sua parte. As empresas têm que investir mais, as universidade...temos que apostar na qualidade, rigor, inovação.

Estamos sempre a pensar em Lisboa. Não faz sentido. Lisboa é a mais bonita capital europeia. Precisa de regiões fortes. O Porto precisa de uma capital forte. Lisboa devia competir com Madrid, Copenhaga... A divisão só faz sentido no futebol. Tem que haver maior cooperação e competição entre as regiões".

Prós e Contras - Porto VI

"É difícil trazer portuenses aos debates, sejam em Lisboa ou no Porto. Há ou não culpas na cidade?" Fátima Campos Ferreira

Rui Moreira
"Há culpas na cidade e na região. Os portuenses evitam debater os assuntos. As pessoas não estão habituados a aparecer. A mim é normal marcar uma reunião com um fornecedor, e este aparece-me em Lisboa. Há uma mania de chamar o Porto capital. O Porto é um prestígio à procura de poder. A seguir às nacionalizações, o poder era bipolar. O Porto acreditava que o país bipolar iria tornar-se um país multipolar. Mas o país foi transformado num país unipolar. Tanto o poder central como o económico.

O Porto pretendeu combater isto, afirmando-se como uma capital. O Porto devia ter falado contra a centralização. Quem mais sofre a centralização até é quem está em Lisboa. Não é culpa dos Lisboetas. (...) O Porto perdeu uma corrida, na qual não se devia ter metido. O Porto devia ter falado pelo resto do país. O sonho do Porto ser capital do Noroeste peninsular não vai acontecer. Temos que ter um discurso diferente.

No dia seguinte ao referendo da regionalização, o Porto devia ter batalhado pela descentralização. Quem fez campanha pelo Não, disse que depois viria a descentralização. Não aconteceu. E este Governo agora centralizou e concentrou. Está insustentável. E hoje quando alguém no Porto fala de um tema nacional, dizem logo "porque é que este tipo do Porto fala de um problema nacional?"

Prós e Contras - Porto V

Ludgero Marques
"Porto é a capital do Norte que permitiram que ela fosse. Mas o Porto precisa de encontrar outras soluções para se potenciar como uma grande cidade. (...) Depois de meados de 90, o Norte começou a ficar fora dos investimentos no país. Não fixamos riqueza no Norte. Culpa do poder centralizador do Governo. E cada vez com mais intensidade.

Retiraram do Porto todos os departamentos com alguma capacidade de decisão. A própria CCDR-N (verão antiga), em tempos uma escola de formação de ministros, acabou por desaparecer. Quer dizer, a escola deixou de existir. Depois, os grandes investimentos do país, desde 98 (Expo), foram todos feitos em Lisboa. Que criaram riqueza e atraíram empresas.

Depois, é dificilimo ir do Porto a Lisboa. É caríssimo ir e vir. Deixamos de aparecer em Lisboa. Só se vê lisboetas nos debates na televisão. Ou portuenses lisbonizados. O poder devia estar no Norte, centralizado no Porto. Porque para nos internacionalizarmo-nos temos que ter dimensão."

Prós e Contras - Porto IV

Belmiro de Azevedo
"O Porto é uma cidade produtiva. Lisboa é uma cidade produtiva e administrativa. Por isso as médias não são comparáveis. Depois, existe uma economia informal desigualmente distribuída no país. Houve uma deslocação do sector primário e secundário para o terciário. Mas o que importa é onde estão as O investimento em Portugal é feito com extrema rapidez para os estrangeiros e extrema lentidão para Portugal. É o parolismo nacional. (...)Depois, porque não se manteve o INE no Porto? Porque se centralizou em Lisboa e não no Porto? Porque não no Pinhão?"

"Mas a facilidade de comunicações não significa que seria melhor estar em Lisboa?" - Fátima Campos Ferreira

"Bem, nesse caso fica tudo em Lisboa. Ficamos só com uma mega-cidade".

PORTO Em directo

Quando há mudanças agrada-se a uns e desagrada-se a outros, é normal...
Se fosse pelo que é escrito nos jornais eu teria perdido as duas eleições, mas como foi a população a votar, eu ganhei na primeira e reforçei na segunda!
RUI RIO - Presidente CMP


Retiraram do Porto um conjunto de entidades como o INE, que poderia perfeitamente estar aqui, ou noutro sitio, porque em Lisboa? Parece que só existe Lisboa e o resto é paisagem!
BELMIRO DE AZEVEDO - SONAE

O Poder centralizador de Lisboa...
Onde se planta o dinheiro é onde ele acaba de nascer... OS grandes investimentos foram todos plantados em Lisboa! Gastamos um dinheirão para ir a Lisboa!
Outra questão: - a capacidade de aparecer... só se vê lisboetas nos debates ou Portuenses lisbonizados...
Temos de ter dimensão
LUDGERO MARQUES - AEP

Há culpas na cidade, na região e as pessoas do Porto evitam debater os assuntos com os seus colegas... Tem a ver com a criação de hábitos...
O Porto é um vestigio à procura do Poder! citando Miguel Veiga
O País está a ser transformando num pais unipolar, não só o poder central mas o poder económico...
O Porto afirmou-se como a capital do Norte... O centralismo aterrou em Lisboa no Terreiro do Paço... O Porto não se deveria ter envolvido nesta corrida!
Hoje em dia preferia qualquer regionalização! Arrependo-me de ter votado contra a regionalização... Este governo é profundamente concentrador... e centralizador... Ou somos capazes de ter um discurso afirmativo
RUI MOREIRA - ACP

Eu gostaria de ver um Porto mais forte, mais dinâmico e mais competitivo!
As fronteiras estão abertas... As empresas tem investir mais, as universidades também, rigor e inovação - só assim o norte pode ser mais competitivo!
Lisboa é a mais bonita capital europeia... também é importante para o Porto ser uma cidade competitiva... Na vida real esta separação norte/sul não faz sentido... Alguma competição mas sobretudo deve haver cooperação para que o país possa sair beneficiado!
LUIS PORTELA - BIAL

CONVIDADOS DA ASSISTÊNCIA

O resto do país não compreendeu bem as assimetrias regionais! O combate contra issto teve maus intervenientes e péssimos protagonistas no Norte - Não temos nada que reivindicar a Lisboa... O Porto não quer ser como Lisboa! - António Lobo Xavier

Ainda temos muito tempo... As universidades unidades e a trabalhar em cooperação... Não tenho essa visão tão negativa! É necessário mais concentração de esforços - Reitor da Católica

Salvado Trigo (Universidade Católica) - Um fraco Rei faz fraca a fraca gente... Enquanto não mudarmos as mentalidades... O cluster das universidades é onde o Porto deve apostar! O Pais anda completamente distraido! Competitividade... O pais está desalentado e desorientado...

Carlos Magno (jornalista) - O Porto não é uma cidade é uma marca...
Quando o Porto tem ousadia, liga pouco a criterios economicistas e sonha e avança, quando isso acontece, o Porto é vencedor!
Quanto mais discutirmos o Porto menos ele vale! Perdoe-me mas para mim o Porto para mim é uma marca...

Uma equipa joga aquilo que a outra deixa jogar...O que me parece é que o Porto e o resto do Páis não estão a saber impor a Lisboa o seu jogo...
Lisboa e Funchal juntos conseguem absorver 52% do crédito e no entanto são as que tem mais poder de compra per capita!!!
Fico preocupado e vejo que Lisboa é mais rica que Madrid e Barcelona! O Porto aparece em 26º lugar... alguma coisa está mal aqui....- Jorge ... Jornalista

Temos de encarar isto como toda esta Região (Porto, Maia, Trofa, Vila da Feira, etc...)! A região Norte é uma zona fortemente industrializada, todos aqui temos condições para ajudar o Norte de Portugal... Nós não conseguimos resolver este problema sózinhos!!! O estado em I&D gasta com os departamentos do Estado 79% em Lisboa e 6,5% no Porto...
Temos de caminhar no sentido correcto... Ainda bem que no Porto controlamos as contas... - Rui Rio

Nuno Portas - (Arquitecto) - O complexo dos catalães em relação a Madrid! a área do Norte é exactamente igual a nível de dimensão à àrea de Lisboa, são 2 milhões... A cidade de Lisboa perde população... O Norte herda um tipo de mão de obra de trabalho que marca por muito tempo....

Prós e Contras - Porto III

Rui Rio
"Uma coisa é o Norte, outra coisa é o Porto. O Porto é a segunda cidade do país. Se nós dizemos que estamos a insultar o resto do País. O interior do país tem os mesmos problemas do país, mas exponenciado. A região mais industrializada liberta mais mão-de-obra para o desemprego. Daí que o Norte tenha os problemas exponenciados. O Porto cria competitividade para o Norte. É por isso que é a capital do Norte. O importante é que o aumento da competitividade do Porto permita aumentar a competitividade do Norte. Não vejo outra forma (sem o Porto) para o Norte se desenvolver".
Leituras recomendadas