20070731

"POST ABERTO AO GOVERNO"

Exmo. Senhor Renato Sampaio
Presidente da Federação Distrital do Partido Socialista-Porto,

Afirmou V. Exa., no Jornal de Notícias de hoje, que o seu papel no Partido Socialista é (entre alguns outros) o de : "fazer a mediação entre os cidadãos e o poder" .

Admitindo que a cidadania que pratica, comporta gente sem vínculos partidários (como é o meu caso), mas que se interessa pela vida social, política e económica da sua região, venho através deste local de cidadania que é "O Norteamos", solicitar-lhe o favor de fazer chegar às mais altas esferas do seu partido (que está no poder) o seguinte:

  • Que não gosto de folclore político, mas que admiro e espero dos políticos, acções com coerência política e muita coragem
  • Que não sinto, dessa Federação suficiente vontade política e força representativa para zelar pelos interesses da região
  • Que, pelo contrário, reparo reforçada a centralização de poderes em Lisboa, com o Norte e o Porto em particular, cada vez mais entregues a si mesmos
  • Que não percebo nem vejo benefícios recolhidos e causas ganhas com a "estratégia" da Federação PS/Porto
  • Que não consigo compreender qual é o ganho, quando se perde alguma coisa, mesmo que seja emprestada (Refiro-me à RTP N)
  • Que não entendo como ainda credibiliza garantias e palavras de pessoas responsáveis pelo esvaziamento do Centro de Produção do Porto da RTP N (Ministro A.Santos Silva e Pres.RTP, Almerindo Marques), deslocando-o para Lisboa, e esquecendo que em Lisboa já estão concentradas 4 estações de TV em canal aberto (duas delas públicas) e quase duas dezenas de canais por cabo. Note-se o belo exemplo de simetria regional...
  • Que me indigna a submissão e o silêncio (ensurdecedor) da Federação PS/Porto, perante o folclore mediático do sistema judicial português apontado para o Porto (com o Apito Dourado), enfatizando prévias acusações e subvalorizando as defesas
  • Que não sei da razão objectiva da não promoção definitiva de debates abertos sobre a Regionalização, considerando que, na prática - para além da Madeira e os Açores - Lisboa, é já uma Região Autónoma e Administrativa, com indícios colonialistas (o que é gravíssimo)
  • Que pessoalmente, não me escondo atrás de V. Exa. para reivindicar o meu descontentamento e que o assumo aqui, abertamente

É possível que tantas dúvidas levantadas sugiram uma grande ignorância da minha parte, caso uma argumentação séria e factual permita concluir que não passam de mera ficção. Mas será preciso prová-lo, caso contrário, então, o ignorante (sem ofensa) será V. Exa., e nesse caso o conselho que lhe dou é que se demita rapidamente porque a sua missão política de representar o distrito falhou.

Rui Valente


PS-Como podemos nós Nortenhos almejar por um Líder, se os que eventualmente o podiam ser só reconhecem dois estilos: berrões (e em bicos de pés) e mudos (modelo Rui Rio, infinitamente sério...).

Norte vai investir na agricultura acima da média nacional prevista

Os investimentos agrícolas na Região Norte deverão representar 335 milhões de euros em 2013, após os sete anos de aplicação do actual quadro comunitário de apoio, em vigor desde o início do ano. Aquele valor traduz um crescimento de 48,8% face ao investimento contabilizado em 2003 e significa um salto superior ao previsto para a média nacional, que na mesma década (2003-2013), apenas crescerá 18%. São dados retirados da versão provisória do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) para a Região Norte 2007-2013, em consulta pública até 15 de Agosto. O documento contém o diagnóstico da situação actual e da definição de objectivos e prioridades que irão orientar a selecção de candidaturas aos novos fundos comunitários - na ordem dos dois mil milhões de euros para o país inteiro e para os sete anos do Programa. A verba específica para a região ainda não é conhecida.
Entre as prioridades definidas, são apresentadas nove fileiras consideradas estratégicas. Vinho, azeite, floresta, leite, qualidade (produtos protegidos) e frutas.
O PDR, tal como está, deverá proporcionar ao sector primário da região um maior peso na economia. Os 894 milhões de euros (VAB) apurados em 2003 deverão subir para 1350 milhões de euros em 2013, com um crescimento de 51%, e, mais uma vez, acima da média nacional (48%).

20070730

sopram bons ventos de Barcelona...

no Porto Canal...

Através do Vida Económica, excelente semanário de informação económica publicado no Porto, fiquei a saber que parte do capital do Porto Canal foi comprado por uma empresa catalã. Agora que a RTPN vai deixar de exibir a única vantagem competitiva que tinha - ser feita a partir do Porto -, é cada vez mais importante o sucesso deste empreendimento televisivo. O investimento catalão, até pelo seu simbolismo, é bem vindo.

Estranha-se é o alheamento dos empresários do norte em relação a esta realidade. Depois, tal como Belmiro de Azevedo, descobrem, da pior maneira (OPA bloqueada pelo Estado sobre a PT), que ser do Norte é uma desvantagem competitiva e notam a falta de poder mediático. Estranha-se mais ainda em Belmiro de Azevedo, sempre tão senhor das suas certezas, ter descurado e, aparentemente, continuar a descurar, este poderoso meio de 'persuasão'. Cá para mim a culpa é o excesso de MBA's: aquilo é tudo muito marketing, muita bolsa e muita finança; esquecem-se de estudar mais sociologia, e, principalmente, ciência política. É aí, na ciência política, que se fazem os maiores negócios; seja aqui na parvónia, seja nos EUA, pátria do capitalismo mais ao menos liberal.

ProvincianismosII

A azul está a conquista do Torneio de Casablanca pelo Belenenses e a vermelho o apuramento do Leiria para a UEFA.

Os três jornais diários desportivos da Nação existem para 3 clubes de futebol, os suspeitos do costume, basta ver as capas de hoje. Sugiro uma ultra-liga a 3 e uma super-liga a 13.

É sobre provincianismos...

José Silva,
Bem que gostaria, tão cedo, de evitar as futebolices, mas como constatará, esse maldito está quase sempre presente na vida dos portugueses e não é tão irrelevante como imagina. Além disso, se o povão (do Porto e de Gaia, mas não exclusivamente) não fosse manipulado pela comunicação social preferencialmente pelo lado pior do futebol, talvez então por esta altura estivesse um pouco mais politizado e combativo. Mas mesmo assim, não nos iludemos nem pensemos que anda a dormir na forma (como parece), porque se lhe for dada voz, talvez tenhámos surpresas agradáveis...
Como sabe, aprecio futebol, mas, como a minha própria intervenção neste blog o comprova, não é por isso que deixo de me preocupar com assuntos mais importantes como é o caso da crise que assola a nossa região e que, afinal de contas, esteve na génese do Norteamos. Como eu, felizmente há muitos mais, mas quantos deles (provavelmente a grande maioria), terão instrução e condições económicas para acederem a um computador e depois à Net? O realismo que evocou, também deve ser considerado por este prisma.
Mas, titulei oportunamente de "provincianismos" este post para, lhe dar mais um exemplo de onde ele realmente nasce, cresce e emana, e como pode potenciar rivalidades insanas nesse "obscuro" mundo que é o futebol ...
Um conhecido jogador do Benfica recentemente transferido para o futebol espanhol, mereceu da parte da televisão pública e privada uma cobertura tão grande e abrangente, que em defesa do direito à preservação da sanidade mental pública não poderá ser excessivo adjectivá-la de: bacôca, parôla, ridícula e esbanjadora.
Foram todos os canais, mas só a SIC, fez um autêntico romance melo-dramático (houve lágrimas e tudo) com a sublimidade do acontecimento, abrindo com ele o jornal da tarde - onde consumiu à vontade 17 minutos numa 1ª. fase e cerca do mesmo tempo pouco a seguir - e fechando o Jornal da Noite também. Observe-se bem: sem o pedirmos nem desejarmos, ficamos todos a conhecer a família completa do jogador em questão, só faltando mesmo saber de que raça e côr seria o cãozinho de estimação da sua avozinha...que também nos foi apresentada.
Não imagino bem quanto a SIC (ou qualquer outra estação de TV) cobrará o 'segundo' por um spot publicitário, mas fazendo um cálculo aleatório a 100,00 € por segundo (deve ser muito mais), multiplicado à meia-hora dedicada ao tema teremos: 1800' x 100,00 € = 180 000, 00 €). Cento e oitenta mil euros de publicidade gratuita feita a um jogador e a um clube, apenas porque se transferiu para outro! Admitindo que o valor acima estimado é ainda assim baixo, podemos extrair uma certeza, que é a de ficarmos a saber que o tempo da SIC pouca valia tem para o desperdiçar desta forma. Um alerta portanto aos residentes que eventualmente tenham negócios do género com a estação e uma boa oportunidade para reclamarem uma boa rebaixa na tabela de preços da publicidade, porque a avaliar pela amostra, o tempo da SIC não vale grande coisa...
Ora, onde reside afinal a importância de assinalar este tipo de situações ligadas ao desporto e ao futebol em particular? Em primeiro lugar, por tudo aquilo que expliquei no parágrafo anterior. Em segundo, por ser um exemplo claro e inequívoco de provincianismo básico e abastardado (que não parte do Norte). Terceiro, para se entender como é diferente o comportamento dos orgãos de comunicação social lisboetas perante um mesmo facto, mas com protagonistas diferentes... Em último lugar, por destacar a sobriedade com que foi noticiada a transferência de outros jogadores de um outro clube (O FCP), por valores bastante mais elevados para clubes estrangeiros de muito maior prestígio (Manchester United).
Pela minha parte e para que não saia já a terreiro alguém a desencantar do "utilitário" baú dos complexos nortenhos, típicas e convenientes invejinhas para com o Sul como razões destes meus argumentos, quero informar desde já que prefiro - apesar de não ser por uma boa razão - a sobriedade informativa (não confundir com omissão) dedicada ao clube da minha afeição, do que a notícia terceiro mundista e pirosa que a capital dedica aos seus símbolos desportivos. Primeiro, porque os nortenhos não são pirosos e depois porque factualmente nessa matéria, os bons, somos mesmo nós. O que é pena, é que confundamos muitas vezes as coisas e insistemos a invertê-las em causas dos nossos problemas. Tanto a montante como a jusante.

Números

"Os maiores valores para as densidades populacionais (população por unidade de superfície do município), em 2005, foram observados na Grande Área Metropolitana do Porto (1567,4 habitantes por km2) e na Grande Área Metropolitana de Lisboa (946,9 hab./km2). Em ambos os casos, a densidade populacional excede largamente a média nacional (114,8 hab./km2) e da União Europeia a 25 países, que era de 117,5 hab./km2 em 2003 (último valor disponível). Importa ainda acrescentar que os quarenta primeiros lugares na hierarquia dos municípios com maiores densidades populacionais são ocupados por treze municípios da Grande Área Metropolitana de Lisboa (num total de dezoito que compõem este agregado) e por treze dos catorze municípios da Grande Área Metropolitana do Porto."

Anuário Estatístico de Portugal 2005, INE

Leituras 20070730

·         ASC pode receber voos nocturnos;

·         Tecnologia INESC Porto vendida a grupo ibérico;

·         Há maçonaria no Norte ? Acho que não. Há, no entanto, outro tipo de interesses, como relata o Pedro Morgado em «Causas do nosso atraso e urbanismo caótico»;

·         Um dos «benfiquistas» lamenta-se novamente aqui. Não seria mais coerente demitir-se ?

·         Outro «benfiquista» acerta: GaiaPorto em pequenos passos;

 

20070729

Abertura ao transito da A7

Está aberto ao transito o ultimo lanço da A7 entre Ribeira de Pena e a A24, ligando assim a cidade de Chaves ao litoral bem como ao Porto.

O que é que ainda falta?
-A4 (mais do que qualquer outra via).
- Ligação a localidades como Cabeceiras de Basto.
- Ligação a Verin para o objectivo desta malha ser cumprido: ligar o Porto à AE das Rias Baixas.
- Resto do IC5.

É pena que as coisas nesta região andem sempre mais devagar, mas pelo menos já se vê um ou outro progresso.

20070728

É sobre justiça...

"instrumentalização do testemunho de Carolina por parte de um elemento da equipa de Morgado"

Esperemos que isto venha a ser isenta e celeremente investigado. Uma coisa deste género seria muito grave, mesmo muito grave ...

Provavelmente precisam de ser norteadas

Caro Rui,

Como funcionário de um departamento comercial de uma empresa do vale do Ave não tenho qualquer problema em vender em Lisboa nem tenho qualquer preocupação com o desenvolvimento regional a Norte. As empresas, sobretudo as grandes, as industriais e de consultoria/serviços não tem qualquer sensibilidade à questão do desenvolvimento regional. O seu futuro não depende do porder de compra dos residentes. Os seus mercados são globais, ibéricos ou nacionais e vão ter com os clientes/vendas estejam elas onde estiverem. Apenas as empresas ligadas a mercados locais, pequeno comércio, turismo/lazer, o «cluster» imobiliário, proprietários de imóveis, saúde e educação privada, delegações locais de grandes empresas, como por exemplo as agencias bancárias, terão interesse no desenvolvimento regional. É fácil de perceber: O seu volume de negócios depende do andamento da economia local e regional. É preciso ter isto presente para não se criar expectativas irrealistas. Assim não deve esperar qualquer interesse pelo Norte de Belmiro ou de Joaquim Oliveira. Eles podem ter interesse como cidadãos mas não como gestores/empresários. Nunca irão subordinar as suas decisões empresariais a estas questões e por isso metade da Sonae está sedeada em Lisboa e surge então o Global Notícias. O mesmo não se passa ou não se deveria passar com o outro tipo de empresas. Provavelmente precisam de ser norteadas.

Entrevista de António Marques (AIMinho) ao JN

Apesar de regionalista de aviário, tipo frango com 3 anos («É necessária a regionalização». Há cerca de três anos, era absolutamente contra; «Fui um dos que assumidamente mudaram») António Marques acerta. Eis os tópicos mais interessantes.

«No Norte as pessoas unem-se para protestar, mas não para apresentar soluções

«Acho que não, porque não há liderança a Norte e, pior, há uma fragilidade da rede institucional na região. Os actores são convidados a desunirem-se - há um subsídio para aqui, um programa acolá, uma iniciativa ali… Qualquer Poder faz isso deliberadamente - dividir para reinar. As autarquias não se entendem, nem as associações, as universidades só agora começam a trabalhar em conjunto, as empresas não trabalham com as universidades, as universidades acham que os empresários não estão lá… Além da ausência de liderança, conjugada com a fragilidade da rede institucional, o processo de descentralização parou. Está moribundo, ou aliás, está ao contrário fecham Urgências, Centros de Saúde, serviços regionais, o que tem implicações muito negativas.»

«E, depois, os investimentos têm de estar todos muito ligados - o TGV, o aeroporto de Sá Carneiro, a rede logística, o metro do Porto, o Instituto Ibérico, em Braga... Tem de haver o casamento entre um conjunto de políticas e o ordenamento do território

«O TGV tem de parar, naturalmente, no Sá Carneiro, e não quero acreditar que a paragem seja em Campanhã - só se for para, em vez dos passageiros da Galiza ficarem no Porto, irem para o novo aeroporto... Como é possível falar da ligação Galiza-Norte de Portugal se não potenciarmos o Sá Carneiro? Como é possível falarmos em TGV e aeroportos se não cosermos isto tudo? Não é possível tamanha incompetência da parte do Governo. Os acessos têm de estar todos integrados e ligados, como nos países civilizados e desenvolvidos.»

20070727

Hoje em Vigo.....

Hoje em Vigo vi o que espero ver na nossa região daqui a uns anos: um pequeno grupo de manifestantes a protestarem em frente à delegação da Xunta da Galiza de Vigo. E a manifestação estava a ser devidamente coberta pela TV Galiza...

Claro que o que quero ver aqui no Norte não é a Xunta da Galiza nem a TV Galiza propriamente ditas..

Renovada, a Portela pode receber 20 a 25 milhões de passageiros

Declarações de João Ribeiro da Fonseca ao Diário Económico. A ler na edição de hoje em papel. Resumo disponível aqui e aqui.

A realçar da entrevista:
- Que o ministro Mário Lino apenas o consultou na véspera da apresentação do aeroporto da OTA. "Eram 19 horas quando me recebeu. Não houve tempo para nada."
- Que nunca foi avaliada a optimização da Portela (que permitiria entre 20 a 25 milhões de passageiros), e as obras que lá se fazem são "remendos e mais remendos". "Não há planeamento".
- Que "Figo Maduro é um espaço a aproveitar", e que deveria apstar na "construção modular de um aeroporto no Montijo".
- Que "o assunto é grave e tem provocado um forte movimento de manipulação da opinião pública para defender a inevitabilidade da OTA", e que "para chegarmos à conclusão que a Portela vai esgotar-se nos próximos anos, seria preciso demonstrá-lo (…) com um estudo sobre a Portela".
- Que "mais tarde se fosse preciso um aeroporto maior, o que levaria muitos anos, Alcochete seria o terreno ideal. Para isso bastaria reservar o espaço para esse efeito."

Fusão Porto-Gaia, Romanos, Dinarmaqueses e Japoneses

Poís é António. Eu não quero ser a vanguarda intelectual que sabe mais que o Povo. Mas vejamos, este mesmo Povo portuense e gaiense é aquele que consome toneladas da tal informação e conhecimento futebolístico, que várias vezes aqui referi e da qual não sou adepto. Um verdadeiro Pão e Circo (*) dos tempos modernos. Entretano os povos primitivos do reino da Dinamarca e do Japão avançam com as suas fusões de autarquias e reorganizações territoriais como se pode ler aqui e aqui. O Povo do Porto e de Gaia, estão na vanguarda europeia, sabem bem o que querem e não se deixam manipular por ninguém, como provam todas as estatísticas do desenvolvimento...

 

(*): Pão e Circo, uma maneira de contentar a população oferecendo comida e diversão, dessa maneira obliterando o espírito crítico e a capacidade ativista e contestadora

Sondagem

"O grosso dos habitantes da Área Metropolitana do Porto (AMP) - 70 por cento - recusa uma eventual fusão entre as cidades do Porto e de Vila Nova de Gaia. Este é o dado mais relevante de uma sondagem realizada pelo IPOM - Instituto de Pesquisa de Opinião e Mercado, para o Porto Canal, que hoje à noite será debatido nesta estação de televisão por cabo."

In Público

"É completamente falso" que a Portela esteja esgotada

"O antigo presidente da PGA Portugália, João Ribeiro da Fonseca, defende que a capacidade do aeroporto da Portela não estará esgotada nos próximos anos e que até agora não foi feito nenhum estudo para avaliar as reais capacidades da infra-estrutura aeroportuária de Lisboa."

in Público online

EMPREEENDEDORISMO, VERSUS ESTADO

Uma questão que muito me intriga e leva a torcer o nariz à iniciativa privada como alternativa credível ao Estado para o desenvolvimento regional e social do país é, entre outros aspectos, o carácter egocêntrico - quase genético - dos seus protagonistas.

Todos sabemos, que o lucro e apenas o lucro é a motivação exclusiva orientadora das acções do empresariado. Questões de ordem social e humana raramente merecem apontamento de relevo na agenda dos seus investimentos deixando (consciente ou inconscientemente) para o Estado essa tarefa, talvez por terem assimilada a ideia que é a este que compete resolvê-las.

Daí, não perceber muito bem o entusiasmo desta nova vaga de partidários em torno do empreendedorismo como alavanca capaz de superar as tarefas mais vocacionadas para o Estado, sobretudo num país onde a população está económica e socialmente muito carenciada. Não o esteve, é certo, em termos de burocratas e foi asfixiada por números excedentários de funcionários públicos sem que tal traduzisse um melhor serviço público, mas o problema foi precisamente esse (excesso de tachos).

A iniciativa privada tem de funcionar naturalmente e pode servir em muitos casos como um óptimo complemento às funções reservadas ao Estado, mas na essência, não tem perfil cívico nem ético para o substituir. De mais a mais, num país como o nosso, onde os padrões de civismo deixam tanto a desejar e o oportunismo é quase epidérmico, não estou a ver quais seriam os benefícios.

EXEMPLO DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

De Belmiro de Azevedo a Américo Amorim (empresários do Norte, de sucesso), nenhum deles foi capaz de investir na Comunicação Social a sério. O primeiro, tem o "Público" (sediado no Porto, mas dirigido na capital) e depois tem a Rádio Nova, que deixou parar no tempo. Na Televisão, nada. E todos sabemos a importância que teria para a região se o tivesse concretizado, com a mesma habilidade que semeou hiper-mercados e telemóveis. Amorim, ainda foi pior.

Hoje, no JN, vem a notícia de mais um homem do Norte (mas pouco preocupado com ele), de seu nome Joaquim Oliveira e dono da Controlinveste, grupo que engloba o JN, Diário de Notícias, 24 horas, O JOGO, TSF e Sport TV, apostado em lançar no mercado mais um jornal generalista, agora gratuito, o "Global Notícias".

Pois é, aqui está o paradigma das vantagens da iniciativa privada: sucesso económico-financeiro sim, mas quase todo concentrado na região de Lisboa, à excepção do jornal "O Jogo" que tem sede no Porto mas mesmo assim não abdica de publicar uma edição especial para o Sul (não fosse o diabo tecê-las)...

Com estes exemplos, não sei porque razão havemos de acreditar nas mais valias da livre inicitiva para o desenvolvimento regional, a não ser para os bolsos dos seus autores. Na melhor das hipóteses, imaginando um quadro imprevisível em que o Norte viesse a tornar-se rico e próspero, nem mesmo assim acredito que conseguisse passar o limiar da subalternidade, face à influência do 4º. poder metastizado na capital






Leituras 20070728

·         Reorganização administrativa e territorial: Alternativas à Regionalização que passam pela fusão de concelhos. Eu também prefiro esta alternativa;

·         Gestão do sistema de ensino a partir de Lisboa: Escola de VN Gaia recebe quadro interactivo quando o prioritário seria o aquecimento no Inverno;

·         Para os adeptos dos tiros nos pés: ETA e Resistência Galega no Norte de Portugal;

·         Americanos em Matosinhos via Efacec; É interessante verificar a economia privada em desenvolvimento. Não precisa de poderes públicos. Mas os mais liberais não podem ser ingénuos. Se o estado central quiser concentrar na região de Lisboa as Efacecs ou Biais, por sinal os maiores investidores privados nacionais em I&D, consegue. As provas são a deslocalização da sede da EDP, metade da banca e metade da PT, do Porto para Lisboa, nos últimos 20 anos. Também é real a ameaça de deslocalização do «cluster» dos componentes automóveis. Por isso, os mais liberais ou anti-estado devem preocupar-se mais com a manipulação que o Centralismo exerce do que o eventual desperdício de uma administração pública regional ou de uma super-autarquia.

20070726

Metro Braga- Guimarães

Amanhã será notícia no Jornal de Notícias (via Para quando a nossa revolução?):

«Afinal, as cidades de Braga e Guimarães poderão vir a ser ligadas através de metro de superfície. A novidade foi, hoje, apresentada pelo presidente de câmara de Braga no final da última reunião do executivo camarário antes das férias. Segundo Mesquita Machado, o estudo do metro de superfície está a ser equacionado no âmbito do projecto do Comboio de Alta Velocidade (TAV) pela Comissão de Coordenação da Região Norte (CCRN). “O metro de superfície é para ser incluído no Plano de Desenvolvimento Regional e pretende potencializar a rede rápida de comboio canalizando para o TAV, dois eixos citadinos importantes”.
O JN conseguiu apurar que este estudo ainda está numa fase embrionária e em cima da mesa estão todas as hipóteses. No entanto, a que está a ganhar mais força é a reabilitação da ligação ferroviária entre Braga e Guimarães, adaptando-o numa rede de metro superfície e que não terá muitas paragens. A ideia base será sempre “ter esta rede a andar à volta do TGV”, mas alargando a outros horários até “para ser mais facilmente rentabilizada”.
Para já, não há prazos nem financiamentos associados, mas a equipa que está a estudar esta possibilidade, espera que as primeiras carruagens estejam a circular na mesma altura do comboio rápido. Sem resposta fica, para já, a possibilidade de alargamento do metro às cidades de Famalicão e Barcelos.
Sem dar mais pormenores sobre o estudo, Mesquita Machado aproveitou para desenvolver mais o projecto do TAV. Segundo o autarca, haverá duas fases distintas: uma primeira que irá ligar a estação de Campanhã no Porto à actual estação de Braga, saindo daqui para a nova estação a construir perto da cidade e desta para Vigo; numa segunda fase a ligação será entre o Aeroporto Sá Carneiro e a nova estação e desta para Vigo. A ligação entre o Aeroporto e a cidade Invicta será feita pelo metro já existente.
»

Desta notícia emergem três tópicos que gostaria de realçar:

1. Os políticos do Minho estão finalmente sensibilizados para a importâncias da construção de uma ligação ferroviária entre Braga e Guimarães. É o primeiro caso em que, com suficiente evidência, a discussão na blogosfera precedeu a agenda dos políticos do Minho;
2. A notícia deixa entender que, ao contrário do que vinha sendo referido, a estação do Aeroporto Sá Carneiro será a principal estação do Porto (deixando de parar em Campanhã);
3. Está decidido que a alta velocidade pára em Braga, afastando definitivamente a ideia de que Braga poderia ficar à margem do TGV;

Importam-se de repetir?

A Juventude Popular de Esposende, sempre expedita na defesa da (sua) moral e dos (seus) bons costumes, diz que «devem ser privilegiados os espaços de proximidade, como sejam os cafés ou bares em detrimento de espaços de grande aglomeração de pessoas, nomeadamente discotecas». E acrescenta que «as pessoas preferem ter os seus filhos no café das suas localidades do que em discotecas».
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Os jotinhas têm razão. As discotecas são locais nauseabundos onde se fumam coisas esquisitas e há demasiado suor a escorrer pelos corpos. Já os espaços de proximidade têm um ambiente muito mais convidativo para uma tertúlia sobre a homilía do domingo que passou, sobre a última colecção da Gant ou sobre os horrores anti-natura da sociedade pôs-moderna, temas que certamente preenchem as conversas dos jovens conservadores da praia de Braga.
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Eu vou mais longe: sugiro aos jotinhas que opinem também sobre a qualidade da música que passa nas discotecas. Estou certo de que as pessoas preferem ter os filhos a ouvir João Pedro Pais e André Sardet do que essas inglesadas horríveis a bombar...
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Publicado no Avenida Central

Contas Regionais definitivas 2004

"Em 2004, as regiões com crescimento real superior à média nacional (PIB: 1,5%) foram as Regiões Autónomas da Madeira (4,1%) e dos Açores (2,2%), a região de Lisboa (2,2%) e o Centro (1,9%); pelo contrário, apresentaram aumentos em volume inferiores ao país, as regiões do Norte (0,9%), do Alentejo (0,4%) e do Algarve (0%). A FBCF nacional cresceu, em termos nominais, 2,7% face a 2003, para o que contribuíram a Região Autónoma da Madeira, o Alentejo, o Centro e o Norte. A região de Lisboa apresentou o nível de vida mais elevado do país em termos de Rendimento Disponível da Famílias per capita, 28% acima da média nacional, ao contrário do Norte com o nível mais baixo (apenas 84% da média nacional)."

Fonte: INE

Cidade de Porto-Gaia

Uma notícia antiga, mas que vale a pena ter presente.

«O deputado eleito pelo círculo do Porto Paulo Rangel e o lisboeta e director do Público José Manuel Fernandes responderam, anteontem à noite, à "provocação" corporizada na pergunta "Centralismo: Lisboa, rival ou aliada?", que serviu de mote à quarta conferência do ciclo Olhares Cruzados sobre o Porto, organizada pelo Público e pela Universidade Católica, com moderação a cargo de Rui Moreira.

Contra eventuais expectativas de uma luta de argumentos em volta do recorrente "centralismo lisboeta", as ideias avançadas pelos dois oradores "encaixaram-se" e complementaram-se. Paulo Rangel defendeu que "o Porto não pode, não deve nem tem que contar com Lisboa" para o que quer que seja, devendo pensar-se por si só como cidade no contexto ibérico e europeu; José Manuel Fernandes centrou o seu discurso nos malefícios do "paquiderme" que é a administração pública, que a todos prejudica e para cujo emagrecimento e agilização é possível e desejável a "aliança" entre todos, designadamente entre Lisboa e Porto.

Rangel avançou com uma ideia que não é nova, mas que retomou com redobrado vigor: a fusão dos concelhos do Porto e Gaia, único "projecto mobilizador" para afirmação da cidade que poderia, inclusive, ir um pouco mais longe, congregando também Matosinhos. Seria a forma de ganhar "massa crítica" e erguer um pólo urbano poderoso, com mais de meio milhão de habitantes e 210 quilómetros quadrados, "uma construção positiva que não era feita contra ninguém" e que teria inúmeras vantagens, desde a redução de custos administrativos até à gestão integrada de dois centros urbanos, já praticamente unidos.

Até chegar à proposta de fusão, Rangel começou por desvalorizar o interesse da guerra contra o "centralismo", porque este "sempre existiu e vai perdurar", e cujas manifestações mais recentes são os projectos da Ota e do TGV, igualmente questionados pelo director do Público.

A aposta de Rangel é a da afirmação de uma cidade do Porto alargada e reforçada, inserida no que chamou "Iberolux", definido como um conjunto de cidades ibéricas em regime de cooperação integrada e respeitador das identidades e das diferenças de cada uma das urbes. Um modelo que implicaria uma solução multipolar, feito de uma rede de cidades médias inspirada no modelo holandês, com valências diversas e complementares e, obviamente, contrário ao centralismo que privilegia Lisboa, com "todo o país estruturado e infra-estruturado em volta da capital", à maneira da Grécia antiga "ou de João Cravinho".

José Manuel Fernandes começou por desvalorizar a muito criticada, a norte, concentração de investimentos na capital e optou por desancar no "inimigo comum" de Lisboa, do Porto e de toda a gente, e obstáculo principal ao bom desempenho da economia portuguesa: a "paquidérmica" administração pública portuguesa. "Um monstro que cresce e multiplica-se" e que tem afloramentos absurdamente irracionais, como é, entre outros, o caso de a maioria dos funcionários do Ministério da Agricultura se concentrar em Lisboa. [...] Emagrecer o "paquiderme" e pô-lo a andar é, portanto, o grande desafio do país, um desiderato consensual entre oradores e assistência.»

Carlos Romero, Público, 7-1-2006

Pois claro! :->

"Saldanha Sanches põe o dedo na ferida ao afirmar que uma das principais causas da impunidade da corrupção é a relação de proximidade entre os autarcas e os magistrados do ministério público, incluindo relações familiares entre o magistrados do ministério público e pessoas próximas dos autarcas (o mandatário financeiro, por exemplo). Mas atenção, isto só acontece na província ..."

Com a devida vénia, João Miranda no Blasfémias

P.S.- Os negritos são da minha autoria

20070725

AXIOMAS III

Caro Pedro M. Simões,

Deixe-me dar um toque de humor ao "Norteamos" e permita que conte uma história já velhinha parecida com um axioma.

Um homem vai na rua, cruza-se com outro que o saúda e diz:
-Bom dia senhor!
O homem desconfiado, começa a pensar: mas o que é que ele quererá dizer com senhor?!
Então, começa a fazer associações do tipo: Senhor? Ora deixa cá ver. Senhor? Humm! Senhor... dos Passos, paços do concelho, conselho de ministros, ministros da guerra, Guerra Junqueiro e vai por aí fora, até que chega a pápas, associa-as a bébé, bébé a leite, leite a vaca e vaca a côrno.
Deste rebuscado raciocínio, o homem concluiu que o outro - que só o quis cumprimentar - o tinha insultado.

Contei esta pequena história só para explicar o que valem os axiomas, ou seja: nada! Cada um constrói os axiomas que lhe dão mais jeito. O que conta são os factos. E os factos são o que escrevi no meu post anterior. Depois, àcerca das guerras Norte/Sul, seria importante saber quem as iniciou e quem lhes deu mais lastro, se Pinto da Costa se os seus adversários do Sul com muito mais apoios e poder mediático.

Quanto ao resto, P.C., tem toda a legitimidade para associar o F.C.Porto ao Norte, porque até prova em contrário, é nesta região que o Porto correctamente se situa, onde aliás reside a grande maioria dos seus simpatizantes. E se P.Costa., se sente (como diz) acossado, é porque andam há muito a fazer dele um objecto de caça. Além disso, a forma como se refere a Pinto da Costa, revela que também já o "condenou" há muito. Mas, há que ser paciente porque ainda restam os tribunais e a justiça que apesar de muito doente ainda vai funcionando...

Pela minha parte, dou por encerrado este capítulo pois não quero futebolizar demais este blog.

E, viva o Sporting!

Todos nós acreditamos no pai Natal...

" O secretário de Estado do Tesouro revelou também uma realidade que o Governo promete alterar. A comunicação social estatal representa, apenas, 6% do sector empresarial do Estado, mas o esforço orçamental com este sub-sector representa 32% de todo o esforço financeiro do Estado. Mais do que aquilo que é despendido para os transportes que consomem 30% desse esforço, mas representam 25% do sector"

in JN

Guerras Norte Sul

Gémeas abrem guerra Norte-Sul "De repente, surgem no caso de corrupção desportiva "Apito Dourado" duas irmãs gémeas a personalizar uma guerra Norte-Sul"

"Do outro lado, Ana Maria Salgado Curado, acusada pela irmã e pelo pai de, por alegada debilidade mental, apoiar o lobby do Norte envolvido no caso, pela mão de Pinto da Costa."

"(...) transformando-o num confronto Porto-Benfica. Ou Norte-Sul."

In Diário de Notícias

Pergunto-me qual será a ideia de defender que os clubes representam politicamente as regiões do país. Sinceramente, os meus amigos nortenhos dizem não ter nada a ver com esta guerra (mesmo os adeptos do FCP), e o mesmo dizem os meus amigos lisboetas (mesmo os benfiquistas). Não sei se nas redacções de jornais as coisas são diferentes...

Mas este tipo de raciocínio não é inocente. Basta um pouco de matemática para compreender:

Axioma Jornalístico I

Disputa FCP vs. SLB = Guerra Norte vs. Sul

Logo: FCP = Norte; SLB = Sul

Axioma Jornalístico II

Estado Central = Lisboa (nota: não sou eu que faço esta associação; normalmente são os defensores do centralismo ou aqueles que dizem que este não existe)

Logo: Crítica ao Estado Central = Crítica a Lisboa = Inveja / Rivalidade a Lisboa

Juntando os 2 axiomas temos a Lei do Estereótipo do Regionalista

Regionalista = Crítica ao Estado Central = Rivalidade a Lisboa (= Guerra Norte vs. Sul) = Rivalidade ao Benfica = Adepto do FCP (= Nortenho)

Pode-se resumir facilmente por, Regionalista = Portista. Este é o estereótipo que nos tentam colocar todos os dias. O estereótipo simétrico seria dizer que o Centralismo não é mais que Benfiquismo no Poder. Não vamos por aí. No poder político seguramente não é. Já no poder jornalístico...os exemplos falam por si.

Nota 1: Por regionalista entende-se quem defende o desenvolvimento harmonioso do território.

Nota 2: Os nossos adversários farão tudo para reforçar este estereótipo. Aos regionalistas sobram duas opções: ou contrariar o estereótipo (abstendo-se de falar de futebol quando se fala de desenvolvimento regional), ou reforçá-lo (por ter a consciência de não estar a fazer nada de errado ou reprovável). A inclusão do tema futebol num país normal não teria qualquer problema. Na situação em que vivemos, temo que tenha apenas como resultado o fortalecimento dos nossos adversários. Deverá ser feito com especial cuidado e de forma inatacável. E de preferência para denunciar a futebolíte dos outros...

Nota 3: Associar FCPorto e Norte é precisamente o que Pinto da Costa tenta fazer quando se vê acossado. Concerteza não fará isso para proveito da região...

"Futebol, também ajuda a medir a democracia"

O despudor é tanto, que já o tomam por padrão normativo.
Agora, é Luís Marinho, director da RTP, a dizer: "é inevitável um certo centralismo" (JN de hoje).
Tudo o que possa esvaziar de poder o Porto e o Norte (não confundir Porto com todo o Norte, mas não se sonegue a relevância que tem para a Região), por mais ínfimo que ele seja, é encarado com a maior naturalidade. Aliás, dizer e fazer mal ao Porto, tornou-se já um hábito, quase uma moda. Como os criminosos nunca assumem os seus actos, chamam "complexados" aos que reagem ao crime e o denunciam.

A avaliar pela originalidade das expressões do Sr.Luís Marinho, àcerca das queixas de Narciso Miranda sobre a recente transferência do noticiário da noite da RTP N para Lisboa, podemos deduzir o incómodo que este de tipo acções de cariz "indiscutivelmente democrático" lhe provocam. Referiu também: "alguns estão com medo de perder o palco, mas isso não vai acontecer" .

Luís Marinho, reconhece implicitamente que o "palco" (como ele chama à televisão) é muito importante e por isso o reforça e concentra na capital, mas descansa os parôlos cá do Norte com garantias verbais de lhes oferecer uns pózinhos de visibilidade... Só que, confunde centralismo com proporcionalidade, se considerada a respectiva importância de cidades como Lisboa e Porto (a tal desconcentração de que reza a Constituição). Por confundir tão primariamente as situações é que considera inevitável o centralismo.

Para compôr o ramalhete, declara que "fazer informação, não é andar atrás de certas notícias",
mas esquece-se do sectarismo, da avidez de abutre com que a RTP nos serve os "Apitos Dourados" e as alegadas ligações de Pinto da Costa à corrupção desportiva. Casualmente, inocentemente (sublinhe-se), perde o apetite de rapina e "esquece-se" de nos informar quando se trata de praticar o constitucional direito ao contraditório sobretudo se este beneficiar a imagem dos visados.

Em termos de informação meramente desportiva (se é que tal existe), "respeita" a ordem natural das coisas e brinda-nos metodicamente com esta esta sequência: Benfica, Sporting e quando calha, o F.C. Porto. Ou seja, inverte a lógica das prioridades, colocando o 1º.classificado e campeão em terceiro, o segundo (Sporting) em segundo e o terceiro (Benfica) em primeiro (à naúsea). Naturalmente, e apesar desta arbitrariedade informativa, a RTP não comete o erro de deixar acumular demais estes critérios a fim de evitar que o balão lhe rebente por excesso de "ar" e então, de quando em vez (muito contrariada) lá abre a informação desportiva com o FCPorto...

É por estes e muitos outros motivos, que sempre considerei pertinente a inclusão pontual do tema "futebol" neste espaço e procurei sensibilizar os demais participantes para a superação das eventuais rivalidades clubísticas. Além de que, o Futebol Clube do Porto (goste-se ou não) tem sido a instituição nacional que mais tem contribuído para a visibilidade da cidade e do do próprio país

Leituras 20070725

·         Reorganização administrativa e territorial: De círculos eleitorais distritais para regionais. Pois, faz todo o sentido.

·         Quimonda (Vila do Conde) passa a maior exportador nacional;

·         Guimarães, Paredes e Espinho no topo da poluição urbana;

·         «O projecto de uma central-piloto para produzir electricidade a partir da energia das ondas nos molhes do Douro foi cancelado» por falta de 3,5 M€;

·         DST (Braga) com projecto eólico no Brasil;

·         Se a economia mundial tem estado em crescimento, a Portuguesa anémica e o Norte em recessão, o que acontecerá por cá se o dollar cair, as bolsas cairem e se ocorrer um novo 11 de Setembro ?

20070724

Democracia manca

A nova lei da televisão proíbe aos possíveis futuros governos regionais a posse de canais próprios. Isto apesar do Estado Central possuir vários canais.

Lei da Televisão
Artigo 12.º
Restrições

1 - A actividade de televisão não pode ser exercida ou financiada por partidos ou associações políticas, autarquias locais ou suas associações, organizações sindicais, patronais ou profissionais, directa ou indirectamente, através de entidades em que detenham capital ou por si subsidiadas, salvo se aquela actividade for exclusivamente exercida através da Internet e consista na organização de serviços de programas de natureza doutrinária, institucional ou científica.

2 - A actividade de televisão não pode ser exercida por entidades detidas por autarquias locais ou suas associações, salvo se aquela actividade for exclusivamente exercida através da Internet e consista na organização de serviços de programas de natureza institucional ou científica.


Constituição da República

Artigo 236.º
(Categorias de autarquias locais e divisão administrativa)

1. No continente as autarquias locais são as freguesias, os municípios e as regiões administrativas.

2. As regiões autónomas dos Açores e da Madeira compreendem freguesias e municípios.

3. Nas grandes áreas urbanas e nas ilhas, a lei poderá estabelecer, de acordo com as suas condições específicas, outras formas de organização territorial autárquica.

4. A divisão administrativa do território será estabelecida por lei.

Vantagem competitiva



Num país em franco envelhecimento, cuja taxa de fertilidade feminina já não é capaz de substituir as gerações, ter uma população jovem - das mais jovens da Europa - é uma vantagem competitiva. O Noroeste (em especial a Área Metropolitana do Porto), única região que ainda cresce naturalmente segundo o último censo populacional, tem neste campo um urgente trabalho a fazer: formar e fixar todo este valiosíssimo capital humano. A formação está garantida pelas 3 grandes e excelentes universidades: Braga, Porto e Aveiro. Para fixar não pode contar com o "governo". Este insiste em "deslocalizar" tudo o que cheire a função, emprego ou simples tarefa qualificada que esteja sob sua alçada para a região de Lisboa. O recente esvaziamento funcional da RTP Porto é mais um exemplo disso. Também é drenando o nosso futuro que nos condenam à subalternidade.

Alberto João Jardim e Regionalização

"Alberto João Jardim é o político mais esperto deste País. Ninguém como ele sabe perceber as lacunas da centralização e explorar a má consciência de quem nos tem governado.Tudo o que Jardim faz tem um objectivo muito definido: mais poder e, sobretudo, mais dinheiro. Quando Jardim brada por autonomia isso quer dizer mais fundos para a Madeira; se Jardim ralha com Lisboa o significado é “ou me deixam fazer o que eu quero ou levam mais”; quando Jardim, a propósito da Lei do Aborto, fala em ‘vida’ e ‘moral’ a tradução literal é: "dêem-me mais dinheiro!"

Jardim é um produto típico do centralismo, o seu efeito secundário mais figurativo. É o maior aliado da manutenção desse sistema que o criou e acarinhou como uma espécie de mascote refilona. Se, por utopia, a Regionalização acontecesse, o fim do ‘folclore Jardim’ seria a sua primeira consequência. "

CAA, no Correio da Manhã (redireccionado do Blasfémias)

Eu não podia estar mais de acordo. Subscrevo.

A quem de direito e para os amantes da Constituição

Se alguém disser publicamente que o Estado português é compulsivamente incumpridor, que mente, omite, maltrata e engana os seus concidadãos, poderá, à luz da Constituição da República ser penalizado e acusado por injúria?

Vejamos:

O Artº.9º. (Tarefas fundamentais do Estado) manda:

Alínea g) Promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional, tendo em conta, designadamente, o carácetr ultraperiférico dos Arquipélagos da Madeira e dos Açores

Neste caso, não cumpre e mente particularmente em relação ao Norte de Portugal que está, como é constatado por tudo e por todos, mais atrasado que nunca.

O Artº.39º., (Regulação da Comunicação Social) manda:

Alínea b) A não concentração da titularidade dos meios de comunicação social

O Estado não obedece à lei, antes a contraria, porque detém 3 canais, todos eles titulados e dirigidos a partir Lisboa com a particularidade de serem mais arbitrários do que os próprios canais privados sedeados na capital. Com a rádio e os jornais é quase o mesmo.

Alínea f) A possibilidade de expressão e confronto das diversas correntes de opinião

As correntes de opinião confrontam-se quase sempre no mesmo local (Lisboa) e com protagonistas assimilados pelo centralismo imperante que não espelham a realidade do fenómeno político, económico e social do todo nacional.

Artº.58º. (Direito ao Trabalho), manda:

Alíea 1) Todos têm direito ao trabalho

Alínea 2) Para assegurar o direito ao trabalho, incumbe ao Estado promover:
a) A execução de políticas de pleno emprego

Aqui também não está a cumprir, face à constatação do aumento galopante do desemprego e à total ausência de uma política de pleno emprego, acentuadamente no Norte do país.

Artº.64 (Saúde)

Alínea 1 e 2) Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a promover e a defender, através de um serviço nacional de saúde (Onde pára ele?) universal e geral tendo em conta as condições económicas e sociais do cidadão, tendencialmente gratuito (nota-se!..).

Maltrata os cidadãos. Sem mais comentários.

O que por fim pergunto, é o seguinte: alguém de boa fé acredita que é a sociedade civil que vai resolver aquilo que o Estado não é capaz? Os "empresários" do Vale do Ave e dos Ferraris não serão concerteza? E os outros, a nova vaga, onde raio estão e quando decidem despontar para ajudar a solucionar os problemas sociais do país?

Menos Estado, melhor Estado dizem. E eu também digo: mais e melhores empresas e empresários! Só que o quadro actual não é nada entusiasmante...é apenas fogo de artifício.

Por isso, estou à vontade para afirmar: o Estado Português, não respeita a Constituição, não é pessoa de bem e será o primeiro e último responsável, pela perda de coesão nacional ou pelo eventual ressurgimento de partidos separatistas. Pouco tem feito de consistente pelo progresso do país e dos cidadãos, mas empenha-se a caprichar na tentativa acelerada e inconsciente de o transformar numa manta de retalhos de gente revoltada.

Post aberto às entidades competentes

Se alguém disser que o Estado Português é desleal para com os seus cidadãos, que omite, mente, esquece, maltrata e divide, poderá à luz da Constituição da República Portuguesa, ser acusado por injúria

Mais aeroporto...

Em conversa com um elemento da direcção do aeroporto hoje ficamos a saber que:

- Os aeroportos galegos não são uma ameaça e são alvo de um centralismo muito mais elevado do que o aeroporto do Porto, o que faz com que companhias aéreas como a Ryanair não vinguem em aeroportos espanhóis (excepto Girona).

- A Ryanair é um sucesso no aeroporto do Porto Francisco Sá Carneiro (Nova designação), prova disso é que nos próximos dois/três anos, a ryanair pode vir a ter 17 destinos diários a partir da cidade invicta.

- O novo aeroporto de Lisboa nunca será uma ameaça, desde que o aeroporto do Porto continue a trabalhar como tem trabalhado. Alem disso nenhum nortenho irá apanhar um avião lá em baixo, sabendo que existe o mesmo destino no Porto. No máximo, Lisboa será uma concorrente, tal como é a Portela e os aeroportos galegos.

- A grande ameaça para o aeroporto, é sim, o comboio de Alta Velocidade se não efectuar paragem no mesmo.

Alguma destas coisas nós já sabíamos..mas agora são confirmadas

20070723

Leituras 20070724

·         Outro blogue do PS Porto em campanha blogosferica; Deve ser do Plano Tecnológico...

·         Reorganização administrativa e territorial: Problemas das regiões não homogéneas; As 5 regiões no Continente é um mito dos anos 60 ou 70, quando foram concebidas;

·         Debate Intra-Norte: Aveiro, Braga e Bragança querem o mesmo tratamento que o Porto ao nível do transporte urbano;

·         A futura escassez de jet fuel justifica comboios de velocidade elevada;

·         Independentistas do Norte teriam dura luta com estes: «Claro que eu sei que estes porcos ibéricos do Norte, são um grupelho de traidores à Pátria que não representam o Verdadeiro Povo do Norte, Povo Valoroso do qual tenho orgulho de que façam parte da Nação portuguesa». Entretenham-se.

Este é um mapa muito sintético para que se possa dizer com absoluta certeza por onde passará o TGV. No entanto desde que foi tomada a decisão de o fazer passar próximo de Braga que ele terá necessariamente que seguir por Ponte de Lima e o mais normal é fazê-lo passar próximo da autoestrada e do gasoduto que já seguiu a mesma lógica. Se compararem com o troço do antigo caminho de ferro e como só terá hipóteses de parar em Braga e Valença mas não na mesma viagem de certo, este trajecto tem muito mais lógica porém para Ponte de Lima é só prejuizo. Por outro lado aquela inflexão para o aeroporto também não sei como será possivel, mas é a informação que existe. Quem souber mais que diga.
Como já disse num comentário este troço Ponte de Lima-Vigo vai ser objecto de um concurso próprio por se tartar de uma zona fronteiriça, ter uma maior comparticipação por parte da C.E. A Sul de Ponte de Lima caberá ao governo português fazer o projecto e apresentar a devida candidatura ao apoio comunitário.
Olhando para a orografia vesse claramente que não haveria outra solução porque a linha antiga faz uma inflexão para Viana do Castelo a partir do túnel do Tamel que não teria qualquer lógica num traçado que se quer com o minimo de quilometragem.

Num consultório médico hipotético qualquer...

14h50m: Doente A chega à consulta, acompanhado por 2 familiares.
15h00m: Hora da consulta. Enfermeira / recepcionista avisa que está um pouco demorado.
17h00m: Entra mais um doente. Doente A protesta com a demora. Enfermeira responde que os outros estavam à frente, não há nada a fazer. Doente A replica que isso deveria ser problema do consultório. O médico sabia à partida que tipo de consultas ia fazer, e tem experiência suficiente para saber quanto tempo demora cada consulta.
18h00m: Doente A é finalmente atendido. Total tempo de espera: 3 horas.
18h:30m: Fim da Consulta

Preço da consulta = 50€
Perda de rendimento pela ida à consulta = 7,5€ x 4h x 2 pessoas * 1,3 (encargos patronais) * 1,2 (margem de lucro do empregador) = 80€
Custo total da consulta: 130€

Podia ser uma história hipotética. Não é. Acontece todos os dias. Às vezes ainda se espera mais. Já aconteceu a mim, à minha família, aos meus amigos. Conheço a quem aconteça isto todos os meses. Nos consultorios médicos raramente há respeito pelo tempo das pessoas. No privado é mau. No público consegue ser pior ("para quem é, bacalhau basta"...). É o preço a pagar pela limitação do número de médicos imposta pela sua "Ordem".

Se os médicos portugueses não estiverem dispostos a mudar isto, o resultado será a entrada en massa de médicos espanhóis e ucrânianos. Com a vantagem de que não morremos enquanto esperamos. Nem ficamos mais pobres.

Gastronomia Minhota é a favorita dos portugueses

Um estudo feito pela Região de Turismo Verde Minho (RTVM), com maior incidência no litoral do país, revelou que a gastronomia minhota é a preferida dos portugueses. Há, por isso, intenções de explorar melhor esta "galinha de ovos de ouro", dando "armas" aos restaurantes do Baixo Minho para que regressem às origens, consolidando a "marca" regional. Como guia para esta estratégia, está já concluído o primeiro livro de receitas locais, algumas com cerca de 200 anos, com depoimentos até da antiga cozinheira de Salazar.

São três acções, desenvolvidas no último par de anos, com um único objectivo o de ajudar a restauração a modernizar-se, aproveitando os seus "pontos fortes". Com fundos comunitários, foi elaborado o referido estudo, que se designa de "Perfil do Consumidor da Gastronomia e dos Restaurantes" e que confere à comida tradicional do Minho a "marca mais vincada". A par do livro de receitas, da autoria da professora Emília Leite, a estrutura de promoção turística fez ainda uma caracterização dos estabelecimentos da restauração regional, sobretudo os recomendados pela RTVM. Os resultados globais são reveladores o português elege, como preferencial as iguarias minhotas, seguidas da comida alentejana e transmontana.

De acordo com o presidente da RTVM, Henrique Moura, "um levantamento do receituário era essencial".E, no livro agora editado, resultado de uma pesquisa exaustiva por várias freguesias, há muitos segredos desvendados. Emília Leite encarregou-se de ouvir as guardiãs das relíquias culinárias mais antigas, ajudada por autarcas. "Também optei por ir a lares de terceira idade, onde recolhi muitas receitas", revelou, contando que entrevistou, pouco tempo antes da sua morte, a cozinheira que serviu António Salazar até aos seus últimos dias. "Ela estava num lar em Amares e, segundo o que contou, ele comia bacalhau em quase todas as refeições", contou a autora.

Para Agostinho Peixoto, braço direito do presidente, e responsável pela coordenação dos estudos, pretende-se também acabar com uma certa "incultura" gastronómica quer do cliente, quer do proprietário de restaurante, micro empresa familiar, onde "muitos ainda pensam que os funcionários não precisam se formação, pois eles ensinam tudo o que têm a ensinar".

No Jornal de Notícias

Ver ainda a notícia sobre o III Congresso dos Caminhos de Santiago, que se irá realizar em Viseu nos dias 15 e 16 de Setembro

Festas Populares

Em Pamplona, nas festas de San Fermín (visitadas por 1milhão de pessoas todos os anos) existe o prémio "Guri del Año", outorgado a um estrangeiro que se destaca em defesa da internacionalização das festas. Não é à toa que esta festa é tão conhecida.

Não deveríamos fazer o mesmo nas nossas festas distintivas: Porto (S. João), Braga (S. João), Viana (Romaria da Sra. da Agonia), Ponte do Lima (Vaca das Cordas e Feiras Novas), ...?

20070722

Permuta de Professores

Com o fim de ajudar milhares de professores que se encontram deslocados, um professor de Aveiro está a finalizar a criação de uma página de permutas de locais de trabalho de professores. Este site permitirá aos professores deslocados encontrar uma escola mais próxima da sua residência. www.permutas.pt.vu
O objectivo é que os professores deslocados se inscrevam!

Consultar ainda o despacho que regulamenta as ditas permutas entre professores - Portaria 622-A/92 de 30 de Junho.

Favores Pessoais VII

A proposta do PS Matosinhos para a expansão do Metro até ao IKEA não é mais do que a continuação dos "favores pessoais" ao Ministro Manuel Pinho.

Claramente o PS Matosinhos é vassalo dos poderes centrais dominados pelo clientelismo. Foi incapaz de defender os interesses da região quanto à gestão do Metro do Porto e quanto à discussão das novas linhas. Mas para fazer uma linha que apenas beneficia uma empresa privada, já se põem em bicos de pés. Volto a dizer, investimento "privado" deste tipo, não queremos para nada...

O Estado Central já decidiu: vai acabar a fazer uma linha à borla para o IKEA. Mas usará um processo deveras rocambulesco. Primeiro pede ao PS Matosinhos para o reinvindicar. Afirmará então o Governo que é um investimento desnecessário, e que é preciso fazer uma avaliação económico financeira. Pouco tempo depois, sem que se faça o estudo, o "magnânime" governo cederá às "pretensões do norte", para incentivar o "desenvolvimento da região". Isto integrado num pacote global de investimentos em que se incluirão os investimentos vitais para o país, situados para os lados do Tejo. Entretanto, o "Metro de Braga" (nada de "minho" no nome...) terá que ser adiado. "É tempo de contenção, e não há dinheiro para tudo..."

No Minho acusarão o Porto de Portocentrismo. No Grande Porto virá a frustração face aos poderes locais. Em Bragança continuarão a emigrar para Espanha. Em Lisboa surgirão as profecias de "grandes derrapagens" e estações às moscas.

Passado uns anos, o resultado estará à vista. Das derrapagens em Lisboa pouco se falará. A falar, são culpa dos construtores. No Metro do Porto, são culpa dos portuenses e dos políticos corruptos que estes insistem em eleger. O Estado Central lavará daí as suas mãos. Nem queria fazer o investimento, apenas "confiou" nas reinvindicações locais. A nova linha, vazia, será apenas mais um exemplo de que os nortenhos não se sabem governar. Os opinion makers não se cansarão de o repetir durante 3 ou 4 anos. Todo o comentário nortenho a um investimento nacional receberá como resposta um olhar de desprezo e a afirmação "não fizeram a vossa linhazinha de metro - já têm a vossa quota parte. Façam o favor de ficar calados".

O Governo adiará outra vez o "Metro de Braga". Falará nas contenções orçamentais necessárias, dos custos com as SCUTs (na região pobre do Algarve) e o Metro do Porto e do Mondego. Antes é necessário reavaliar o modelo de construção, bla, bla, bla.

Depois virá o referendo à regionalização. Em resultado deste caso, no Minho falarão em Portocentrismo. No Porto, na falta de qualidade dos políticos locais. Em Lisboa, dos políticos nortenhos que não querem aturar. No IKEA, o dinheiro a pingar e a não pagar impostos. No Terreiro do Paço, todos felizes com o resultado pessoal dos seus favores pessoais. E Portugal a afundar-se.

Fim de tréguas

Um dia destes, o Presidente da República passará por cá: encher-nos-á de elogios, dirá que a cidade é maravilhosa, que tem tudo para ser um caso de sucesso, o que cai sempre bem. Desabafará, com ar paternal, que só é pena que a gente não se entenda. Apelará ao espírito de iniciativa e defenderá que aponta a colaboração entre as empresas e as universidades como a poção mágica para sairmos da nossa crise. Para conter algum eventual protesto, e se lhe faltar a imaginação, poderá sempre imitar os nossos ministros e afirmar que aqui no Porto até se come muito bem. Afinal, essa expressão tem algo de freudiano, porque revela aquilo que eles querem... Que a gente coma e cale. Não haja dúvidas que o discurso resulta. É que continuamos a comer, graças a Deus, enquanto nos vão (e nos vamos) calando.

22.07.2007, Rui Moreira in Público

Este texto de Rui Moreira, escrito no Público de hoje, vem ao encontro daquilo que temos discutido aqui nos últimos tempos. Eu por mim estou pronto. Não tenho a relevância social e política nem, talvez, a preparação necessárias, mas o primeiro que avançar tem aqui um militante empenhado.

Se calhar está na hora de no Norte se pensar em convocar as cortes.

Leituras 20070722

  • Debate Intra-Norte: PS Matosinhos quer agora metro no IKEA (Público de hoje); Devem estar a pensar que iremos comprar moveis de metro, não ? É favor reclamar contra o Portocentrismo;
  • Reorganização administrativa e territorial: O caos das divisões actuais. Palavras para quê.
  • Alunos de Braga e Aveiro premiados nos EUA
  • Turismo radical em Ribeira de Pena; O Douro tem potencial para o turismo de aventura e desportos náuticos. A Régua está a 6 horas e poucos euros da juventude de Londres ou Paris via transporte público...Empreendedores precisam-se...
  • «A trégua», de Rui Moreira no Público de hoje;

Mais dupla ética, para os mais distraídos

20070721

Ainda o traçado Porto-Minho-Vigo

Comentário de MMT à minha proposta aqui publicada:

 

Proposta muito interessante, se a fizermos coincidir parcialmente com a área de vizinhança da A24. Onde houver compatibilidade de parâmatros, em termos de raios de curvatura e perfil longitudinal, parece-me aqui que há possibilidade de equacionar mesmo um traçado para velocidades superiores a 250 Km/h, sobretudo nas zonas mais planas, a Sul do Rio Lima (nas zonas de orografia fácil, não há grande diferença entre construir para 350 Km/h ou 250 Km/h, desde que o movimento de terras (aterros e desaterros) seja ela por ela.

Poder-se-á aqui discutir Braga sacrificada em benefício de Barcelos + Viana do Castelo, embora o "arco ferroviário" (concêntroco) de Guimarães a Barcelos, procure em certa medida reequilibrar este aparente afastamento da capital do Minho. Relativamente a esta "concêntrica" - aliás, devo aqui dizer que é algo que deveria sempre existir, independentemente deste traçado (ou do da RAVE, concorrente com a A3) vierem a ser uma realidade nos próximos anos, na medida em que há uma carência nítida de uma via férrea distribuidora de Guimarães a Barcelos, intersectando o eixo Porto-Galiza, assim como as antenas secundárias provenientes do Lousado e de Nine.

Ainda no tocante a Braga, este traçado apresenta uma outra vantagem: é a questão de evitar o problema da nova estação de Braga, na medida em que o moderno terminal que existe, é de topo, e não serve para uma linha directa à Galiza, senão em reversão - coisa que é inaceitável num caminho de ferro moderno do séc.XXI (já nos basta a Figueira da Foz, que nunca mais fazem uma curva directa, de união das linhas do Oeste e Beira Alta, e põem uma estação moderna, de passagem). A não ser que a RAVE preveja um túnel urbano em Braga (coisas no "segredo dos Deuses").

A passagem em Sá Carneiro é incontornável. Ela também está prevista pela RAVE, se bem que numa fase posterior a 2013 (com a construção do troço Campanhã-Aeroporto-Nine).

Aqui eu equacionaria antecipar desde já este troço, assim como (sem prejuízo à ligação a Campanhã), o assentamento da 2a via na Linha de Leixões, para qual a mesma se encontra preparada desde a sua construção (não é necessário alargar a plataforma nem sequer mexer nas obras de arte - elas já comportam 2 vias), e fazer um pequeno troço, desde as proximidades de Leixões até ao Aeroporto. Isto porque, tal como no novo aeroporto de Lisboa (independentemente da sua localização), seria também importante que a valência suburbana lá chegasse, aqui com uma vantagem estratégica extraordinária, de rebatimento de tráfegos locais para TODAS as radiais a Norte do Porto, e ainda oferecer uma ligação regional directa apontada ao Fouro, via concordância de S.Gemil e Ermesinde.

A complementar esta modernizada linha de Leixões ligada ao Aeroporto, o que faria falta em acessibilidades ao Grande Porto. Simples: fazer com que esta linha abraçasse também a margem esquerda do Douro. Com um novo troço de Contumil ao Sul de Gaia (Valadares ou imediações de Espinho), comportando necessariamente uma segunda travessia ferroviária do Douro possuindo QUATRO vias. Duas de tráfego suburbano local e outras duas de longo curso, preparadas para acomodar três carris e duas bitolas 1435mm/1668mm em simultâneo, possibilitando assim o desafogar definitivo da Ponte de S.João, sobretudo para que existisse uma "família" de serviços de Alta Velocidade oriunda de Sul, dirigida a Campanhã via Contumil, ou até mesmo mais outra, evitando Campanhã, e diringindo-se dorectamente ao terminal ferroviário de Porto-Sá Carneiro, onde teria o seu término e correspondência (ou continuidade por intermédio de material circulante bi-bitola) para o "Eixo Atlântico".

Parabéns pela proposta!

MMT

 

PS: No meu comentário eu falo num traçado maioritáriamente paralelo à A24. Óbviamente que osto é um engano, porque eu estava a referir-me à A28! (Nova auto-estrada Porto-Viana-Caminha-Valença, por ora sob regime de SCUT).

Moderação nos ímpetos, persistência na acção

O Portugal, como o sentimos ontem e hoje, na sua dimensão octocentenária, criou-se por aglutinação, já que Afonso Henriques e seus descendentes lá conseguiram agregar esta faixa litoral até ao sul sempre com uma largura semelhante ao Norte e todos ficaram satisfeitos.
Sendo centralistas, como todo o poder o é, tendo transferido a capital para Sul, levaram consigo o efeito centrípeto, o poderio das ordens, o poder do paço real, o poder de esbanjar, o poder de dar luzimento a si mesmos. É isto que caracteriza o poder e o poder está desde então associado a Lisboa.
As nossas gestas descobridora e mercantil reforçaram sobremaneira o seu brilho, a sua condição central, difusora de cultura mas economicamente concentracionária. Do Mondego para cima a influência positiva de Lisboa nunca foi muito relevante mas a negativa é acentuada até pela apatia, pela sua intervenção minimalista.
Só a escolarização geral, embora limitada no tempo, promovida de modo contraditório por Salazar e diga-se, a sua única política louvável, levou a criar um espírito de unidade até aí presumivelmente mais ténue. E o seu propósito era de certo esse, de reforçar o espírito nacionalista.
Por razões políticas após o 25 de Abril criou-se uma divisão norte-sul que, porém, nunca ninguém assumiu como tendo possibilidades e desejos de ser definitiva, antes assentava num princípio de solidariedade que nunca abandonou os protagonistas dessa época. O Norte ajudou a estabilizar o País sem nada pedir em troca.
A manutenção do modelo agrícola de subsistência, a depreciação do valor da produção agrícola, o abandono dos campos, a economia industrial de mão-de-obra intensiva levou a que o Norte, quando estes fenómenos se acentuaram com a integração europeia, visse o valor do seu produto per capita a perder no cômputo nacional.
O mal-estar gerado em quem se acha a alma da nação, e não tem benefícios que se lhe comparem, reverte de novo para factores de índole psicológico que determinam que agora surjam idealistas de um Norte justiceiro, motor de todas as causas nobres, a se misturarem com nostalgias de um Norte às direitas, sempre atrasado no seu passo histórico.
O deslumbre de um brilhantismo da capital perante um regresso à secular apatia do Norte, parece que só entrecortada pelo roncar dos Ferrari do Vale do Ave, faz alguns gritar de raiva quando para si olham.
Estes primarismos, resultado do quanto nos custa olharmos para nós mesmos, sabe-se por onde começa mas não onde acaba, ou antes, não leva a lado nenhum. Os ímpetos incontrolados de quem faz do comentário um escape ou um divertimento são disso uma evidente manifestação.
A inoperância dos governos em detectarem a tempo os problemas resultantes da alteração dos padrões produtivos, a que há décadas se sabia que o Norte inexoravelmente haveria que ser submetido, por efeito da alteração de outros paradigmas em que assentam as sociedades mais evoluídas, é a única razão da actual situação.
Porém todos nós temos a nossa quota-parte de culpa, dado que o clima político é sempre por nossa vontade a favor de politicas imediatistas e não o é a favor do necessário processo de reorganização de toda a administração pública, que se deveria conjugar com a criação de poderes regionais que nele participassem.
Este deveria ser o primeiro passo para poder influenciar os factores que determinarão a adaptação a novos padrões produtivos. Nenhum gestor fará milagres se tiver uma herança caótica e nesta questão não podemos vender o negócio e mudar de ramo. Temos de trabalhar com aquilo que temos e ir mudando sem tentar atropelar as leis a que estes processos estão submetidos.
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