A proposta do PS Matosinhos para a expansão do Metro até ao IKEA não é mais do que a continuação dos "favores pessoais" ao Ministro Manuel Pinho.
Claramente o PS Matosinhos é vassalo dos poderes centrais dominados pelo clientelismo. Foi incapaz de defender os interesses da região quanto à gestão do Metro do Porto e quanto à discussão das novas linhas. Mas para fazer uma linha que apenas beneficia uma empresa privada, já se põem em bicos de pés. Volto a dizer, investimento "privado" deste tipo, não queremos para nada...
O Estado Central já decidiu: vai acabar a fazer uma linha à borla para o IKEA. Mas usará um processo deveras rocambulesco. Primeiro pede ao PS Matosinhos para o reinvindicar. Afirmará então o Governo que é um investimento desnecessário, e que é preciso fazer uma avaliação económico financeira. Pouco tempo depois, sem que se faça o estudo, o "magnânime" governo cederá às "pretensões do norte", para incentivar o "desenvolvimento da região". Isto integrado num pacote global de investimentos em que se incluirão os investimentos vitais para o país, situados para os lados do Tejo. Entretanto, o "Metro de Braga" (nada de "minho" no nome...) terá que ser adiado. "É tempo de contenção, e não há dinheiro para tudo..."
No Minho acusarão o Porto de Portocentrismo. No Grande Porto virá a frustração face aos poderes locais. Em Bragança continuarão a emigrar para Espanha. Em Lisboa surgirão as profecias de "grandes derrapagens" e estações às moscas.
Passado uns anos, o resultado estará à vista. Das derrapagens em Lisboa pouco se falará. A falar, são culpa dos construtores. No Metro do Porto, são culpa dos portuenses e dos políticos corruptos que estes insistem em eleger. O Estado Central lavará daí as suas mãos. Nem queria fazer o investimento, apenas "confiou" nas reinvindicações locais. A nova linha, vazia, será apenas mais um exemplo de que os nortenhos não se sabem governar. Os opinion makers não se cansarão de o repetir durante 3 ou 4 anos. Todo o comentário nortenho a um investimento nacional receberá como resposta um olhar de desprezo e a afirmação "não fizeram a vossa linhazinha de metro - já têm a vossa quota parte. Façam o favor de ficar calados".
O Governo adiará outra vez o "Metro de Braga". Falará nas contenções orçamentais necessárias, dos custos com as SCUTs (na região pobre do Algarve) e o Metro do Porto e do Mondego. Antes é necessário reavaliar o modelo de construção, bla, bla, bla.
Depois virá o referendo à regionalização. Em resultado deste caso, no Minho falarão em Portocentrismo. No Porto, na falta de qualidade dos políticos locais. Em Lisboa, dos políticos nortenhos que não querem aturar. No IKEA, o dinheiro a pingar e a não pagar impostos. No Terreiro do Paço, todos felizes com o resultado pessoal dos seus favores pessoais. E Portugal a afundar-se.
6 comentários:
caro Pedro,
não é só o "autarca" de Matosinhos, o actual chefe do PS distrital, Renato Sampaio, é o arquétipo do mais rastejante e acrítico seguidismo às determinações do centralismo governativo. Se o governo diz mata, ele grita a plenos pulmões esfola; se o governo disser que o Porto está bem, ele ribombará que no Porto se vive no melhor dos mundos.
sobre a questão do metro e para a resolução do problema da saturação do canal senhora da hora - dragão existe uma solução racional e óbvia:
http://www.porto.taf.net/dp/node/711
Caro Pedro,
Os políticos locais do Norte têm, de facto, muito pouca qualidade. Mas isso sucede porque para conseguirem algo têm que fazer o jogo de Lisboa e dos partidos.
A Regionalização será um forma objectiva de se conseguir aumentar a qualidade dos políticos regionais e de os tornar mais independentes das direcções e das directivas nacionais dos partidos.
Por outro lado, defender a regionalização não pode silenciar alguns dos óbices que ela implica. No Norte, o pior de todos é, de facto, o PortoCentrismo e não adianta acusarmos de serem anti-regionalização todos quantos o combatem e denunciam.
Quanto ao Metro no Minho, o nome é o menos importante. Se se optar por fazer ligação por comboio até Guimarães, parece-me que o Metro será de Braga. Se, por outro lado, se optar pelo Metro até à cidade berço, então o Metro será do Minho. Nada relevante isto.
Excelente Pedro ! Temos que seguir a sua sua profecia e denuncia-la.
PMorgado,
O que faz fala é Braga falar contra o Portocentrismo no Norte e contra o Centralismo de Lx. O problema é Braga cala-se e só o Porto protesta !
Já há em Braga quem fale contra o centralismo de Lisboa:
http://avenidacentral.blogspot.com/2007/07/abaixo-o-provincianismo-ii.html
http://avenidacentral.blogspot.com/2007/05/braga-e-servio-pblico-de-televiso.html
http://avenidacentral.blogspot.com/2007/05/jamor-ou-no-eis-questo.html
Só para citar alguns exemplos nas mais variadas áreas.
Por outro lado, em termos políticos a força de Braga é quase inesxistente. Não há políticos com carisma, capazes de ter voz nacional.
O Porto fala mais porque depende menos de Lisboa. Braga ainda tem que se ajoelhar perante os senhores da capital para conseguir umas esmolas...
Pedro Morgado, creio que não me fiz entender. Diga-se que sempre defendi que a luta contra o Portocentrismo é essencial para o sucesso da regionalização, e considero estar no grupo dos que sempre a denunciaram.
Mas por vezes o que parece "portocentrismo" não é mais que o restultado das políticas faraónicas e do clientelismo centralista, em virtude das formas que o Estado Central encontra para não assumir os seus maus investimentos e da estratégia de dividir para reinar.
A linha do IKEA é desnecessária e é fruto dos "favores pessoais" do ministro manuel pinho. Mas a culpa do mau investimento recairá sobre os políticos locais (que se limitaram a agir como marionetas). O Estado Central sai ileso. Os politicos nortenhos (e populações que os elegeram) saem desprestigiados.
Entretanto, a "linha IKEA" será elevado pelas marionetes a investimento regional e o "metro do minho" rebaixado a investimento local (Braga) pelo Estado Central, por um simples jogo de palavras. Escolhe-se o investimento que foi elevado a interesse regional - "linha IKEA".
Em Braga surgirão acusações de Portocentrismo. Neste caso, serão completamente injustas, pois foi tudo uma orquestração do Estado Central. O Norte fica dividido em acusações internas.
Mas é tudo um falso Portocentrismo. É somente centralismo encapotado.
Percebido :) Não tinha ficado com essa ideia quando li o texto.
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