20101126

A Zona de Congressos do Porto




Apesar de ser leigo em Urbanismo, Turismo de Negócios e Arquitectura, aproveito a oportunidade que se cria com o aparente recuo da CMPorto na construção de um novo Centro de Congressos nos jardins do Palácio de Cristal/Pavilhão Rosa Mota, para deixar uma sugestão: Criar a Zona de Congressos do Porto. Objectivos:
  • Integrar funcionalmente e paisagisticamente o Centro de Congressos da Casa de Vilar, Pavilhão Rosa Mota e Centro de Congressos e Exposições da Alfandega; É crítico que se criem especializações para cada um dos edifícios e seja prático percorrer a distância máxima entre os extremos (cerca de 800 mts);
  • Evitar mais betão armado promovido pela lisboeta ParqueExpo, à custa de endividamento camarário pago pelos contribuintes actuais e futuros;
  • Trazer os turístas que habitualmente visitam a zona histórica para dentro dos jardins do Palácio de Cristal;
Características:
  • Ligação pedonal entre os 3 edifícios, com ou sem passadeira rolante, com ou sem cobertura; Exemplos: Ponte Henderson Waves em Singapura e a via pedonal sobre Leith Street em Edimburgo;
  • Eventualmente criar também ciclovia;
  • Eventualmente fazer chegar o electrico histórico ao interior dos jardins do Palácio de Cristal;
  • Eventualmente criar um miradouro no cimo do pavilhão Rosa Mota, como o Stockholm Globe Arena.
São apenas ideias que tem que ser estudadas por especialistas.

20101118

Sector BSNT (de Lisboa) continua a explorar o sector BST (do Norte)

Segundo o INE, o Índice de Preços no Consumidor registou, em Outubro, uma variação homóloga de +2.3%. Segundo os meus cálculos, essa variação tem a seguinte “distribuição de responsabilidades”:
A “festa” continua, portanto! Depois queixem-se…


Caro dr
Vitor Bento,


Em primeiro lugar gostaria de o felicitar: Considero a sua tese o acontecimento económico do ano em Portugal. Efectivamente ter detectado evidências da exploração/abuso que o SNT exerce há mais de 20 anos sobre o ST é para mim o acontecimento do ano. Saliento que eu próprio já tinha detectado e escrito algo idêntico há alguns anos, embora sem fundamentação analítica e empírica, que designo de «Drenagem» (aqui e aqui).


Em segundo lugar gostaria de questiona-lo se já reflectiu nas implicações territoriais da sua tese. É que efectivamente o SNT está localizado em Lisboa e o ST está localizado sobretudo a Norte.


Em terceiro lugar gostaria de questiona-lo sobre as implicações futuras da sua tese. Atendendo à insustentabilidade do modelo de crescimento do SNT, baseado em patrocínio Estatal, em endividamento e prejuízo do ST que nas actuais circunstâncias necessita de ser apoiado, é inevitável que o PIB per capita de Lisboa tenda a diminuir nos próximos anos, ao contrário do PIB per capita das restantes regiões nacionais.


O dr Vitor Bento teve a amabilidade de me responder:

Caro José Silva,

Quando escrevi sobre o assunto não pensei nas implicações regionais que refere, mas, entretanto, já me tinham chamado a atenção para esse efeito. Valendo-me apenas das aparências (i.e. sem uma análise objectiva da situação), tendo a pensar que tem razão.

Sendo assim, é estranho que a “gente do Norte” não tenha sido mais activa a contestar o modelo. E que tenha até, nalguns casos, sido protagonista dos incentivos ao modelo… E a Universidade?


20101102

O vício das obras e o estado de negação sobre a sua utilidade

O magnífico texto de Pedro Figueiredo mostra quanto errado está a mentalidade de todos nós relativamente à construção civil e obras públicas. Desde o governo com as suas obras coloniais à volta de Lisboa até aos autarcas portuenses: O de Gaia, o do Porto, com o seu proposto novo pavilhão de congressos ao lado de 3 existentes (Palácio de Cristal, Alfandega, Seminário de Vilar) e o de Matosinhos, com a construção de um centro tecnológico em cima do molhe do porto de Leixões. Também a UP/FEUP confunde a criação de emprego, valor acrescentado, novos projectos sustentáveis com a construção de edifícios. É natural. A FEUP desde que deixou ter vocação tecnológica e passou a envolver-se em «empreendedorismos e afins» até charlatães procurados pela PJ dão (ou deram) lá palestras. Poderia falar do inútil metro para a Trofa, que nem a actual presidente da autarquia o quer, ou no actual plano nacional de barragens que apenas serve para tornar rentável o mau investimento nas eólicas. Mas não vale a pena. O que se passa é que o sector da construção civil e obras públicas tem em Portugal um peso no PIB 50% acima média da UE. Portanto há excesso de operadores no mercado que buscam encomendas decrescentes devido ao stock acumulado de obras/edifícios/construções/infra-estruturas e também devido à conjuntura financeira. Se a este cenário de stress acrescido juntarmos as comissões que naturalmente se praticam entre compradores, vendedores e facilitadores, chegamos facilmente a obras/projectos mal pensados, desnecessários e insustentáveis como Pedro Figueiredo relata. Depois o custo de exploração ou a externalidades negativas de tanto património público e privado dá cabo da rentabilidade das famílias, empresas e organismo do Estado. Isto obviamente explica porque é que o Estado está como está e porque vai ficar pior quando chegar o FMI ou afins. Obviamente que andamos todos viciados em obras e ignoramos as consequências da sua insustentabilidade. Para último fica sempre a reabilitação do economicamente viável. Mais um caso: Requiem pela linha de Leixões.
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