20111017

Netos de ex-presidente da GOL, filhos de importante ex-governante a estudar no Porto

É isso mesmo. Vivem nos arredores do Porto e estudam no Porto. Não é difícil adivinhar de quem se trata. Fugindo da ribalta ? Mero acaso ? Para ter boas notas ? Preparando o futuro, porque o Norte vai voltar a ter poder ?

20111013

Auto-Europa na Maia e licão sobre a história económica recente do Norte de Portugal

Não é o post do ano, mas é sem dúvida o comentário do ano. Mais uma vez o comentador «anti-comuna». É também uma lição para a actual liderança do MPN completamente a leste do que é verdadeiramente o Norte.

Quando a Ford e a VW decidem instalar-se em Portugal, escolheram a zona Vila do Conde/Maia, como local preferido. E tinham um argumento de peso: já havia uma linha de mercadorias que ligava essa zona (incluindo o agora Concelho Trofa) ao Porto de Leixões. Os custos de ligação ao Porto de Leixões eram muito baixos. Além disso, a maioria do IDE alemão estava no Norte, como essa Continental, que agora parece que ficam contentes por ver a empresa em dificuldades, podendo pôr em risco a viabilidade da fábrica no… Norte.

Mas nessa altura, vou lembrar ao meu amigo, sucedeu uma coisa terrível em Setúbal. Havia muita fome. Até houve um chamado “bispo vermelho”, que enquanto comia jaquinzinhos com o Cavaco, lá lhe pedia dinheiros públicos para ajudar aquela zona do país a sair da crise e da fome. Então o governo desviou a Autoeuropa para Setúbal. E sabe qual foi a reacção no Norte? (E mal sabiamos o que nos esperava.) Calamo-nos e compreendemos que a solidariedade nacional implicava abdicar deste investimento para ajudar a combater a fome de Setúbal. Mais tarde, o Gueterres, como uma espécie de pagamento, apoia a instalação da Siemens/Infeneon.

E foi assim que a Autoreuropa e um grupo de fornecedores foi levado para Setúbel, prejudicando o Norte. Norte esse que mal sabia o que lhe esperava. E por alturas em que se decide instalar a Autoreuropa em Setúbal, o Norte começa a sua longa crise, que levará ao colapso do IDE, da saída das multinacionais, em especial do Calçado e Têxtil, que levou á fome, ao desemprego e a uma crise que já leva 20 anos. Nunca essas gentes de Setúbal agradeceram aos nortenhos a solidariedade tida com eles. (Aliás, na mesma senda dos parasitas da madeira e dos Açores, que agora vivem bem acima dos do Norte e ignoram completamente os nossos problemas, tentando é sacar mais. Nesse aspecto, os Açores e a Madeira apenas imitaram aquilo que fez Lisboa desde sempre. Há séculos!)

Nestes vinte anos, muito desemprego, fome, emigração maciça (basta ver que a emigração nestes vinte anos foi alta, sobretudo com gente do Norte, rumo à Suiça, Alemanha, Espanha, França, até Angola e o Brasil, nas últimas ondas emigratórias.) E a fome foi tanta mas envergonhada, que nunca foi o Norte ajudado em nada por Lisboa. Apenas a Elisa Ferreira (mas de um modo completamente disparatado e à moda soxcialista) tentou inverter o rumo dos acontecimentos e tentar amortecer a crise.

Lisboa, desculpe-me o termo, cagou completamente para o Norte e a sua crise estrutural. Aliás, Lisboa, durante as festas da Expo, até gozava com os nortenhos, dizendo que a culpa da crise era deles e dos seus empresários, que gastaram fortunas em ferraris em vez de máquinas. Ignorando completamente, não apenas o sofrimento do norte como um aumento exponencial da pobreza. Pobreza essa, escamoteada por Lisboa, com RSIs, que apenas serviram para as cámaras e juntas de freguesia socialistas, comprarem votos. Não para resolver a pobreza.

E foi assim, ao longo destes vinte anos. O Norte sofreu uma crise de tal forma, que houve muita fome, emigração (olhe eu também emigrei) e pobreza escondida. Mas os nortenhos têm um grande defeito, neste tipo de regime parasita, implantado por Lisboa. Quem não chora, não mama. E o Norte, em vez de ter bispos vermelhos, em vez de ter manifes contra os governos, e muito barulho a pedir, tentou resolver a crise como pode e sabe. Muitos emigraram. Outros empobreceram. E muitos outros lutaram gloriosamente para sairem da crise. O sector do calçado e do Têxtil são o maravilhoso exemplo, de gente que acreditou em si e investiu muito. Mesmo quando os resultados não eram tão expressivos como eram necessários. E quanto esta gente arranhava a terra, os merdinhas de Lisboa diziam que o calçado e o têxtil não tinha futuro. (Ainda de vez em quando se vêm essas piadas, gozando com os sapatos que se produzem aqui. Muitos diziam mesmo que era melhor pagar subsidios de desemprego aos nortenhos que trabalharem para ganhar um salário mínimo.

Mas talvez, a ausência de um Estado interventor tenha sido a sorte do Norte. O calçado cresceu e mudou. O têxtil também. Quase sozinhos, a remar contra a maré. Ninguém reconhecia o esforço enorme destas gentes, muitas delas sem patuá para se mexerem na corte parasita de Lisboa, mas bastante trabalhadores, humildes e esforçados. O Norte era gozado pelos parasitas a sul. Até nos chamam bimbos. Mas são estes bimbos que estão a vencer a batalha pela competitividade, em mercados dificeis e fortemente concorrenciais. Não pedem fecho de fronteiras, nem subsidios á exportação ou IVAs reduzidos. Pedem que os deixem trabalhar, que se lhes mudem as leis do trabalho, que se acabe com o parasitismo de Lisboa.

E são estes bimbos que estão agora a tirar Portugal da crise. os de Lisboa só se queixam que vão perder a mama! Pudera! Trabalhar é coisa que custa e parece que no sul, muitos não gostam. Ainda na Segunda-Feira, um ex-funcionário da JM, agora a trabahar por conta própria, disse-o na cara dos inteligentes do Sul que vão ao Prós & Contras pedir mais mamas.

É a vida!

Agora, o parasitismo continua bem vivo:

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=511563

Ou seja, enterraram mais uns milhões valentes (desviando dinheiros do Norte) para tentarem ajudar os Alentejanos. E claro, os investimentos da Embraer foram para o Alentejo por causa deste tipo de políticas. E claro, alguns tontinhos vão dizer: vêm? Nós no Alentejo exportamos componentes de avião. Pois.

Mas olhe que no Norte ninguém protesta contra os investimentos no Alentejo. Sabe porquê? Porque no Norte existe uma coisa chamada amor a Portugal e consideramos Portugal, todo o território. Há muitos parasitas que acham que Lisboa é Portugal e o resto paisagem e terra de bimbos.

Mas não estiquem muito a corda, que vos pode sair bem caro. Se o Norte sai da crise sem ajudas de Lisboa, também poderá começar a mostrar a Lisboa que acabou-se o regabofe. E é só para lembrar a alguns espertinhos, que sem a água e a energia do norte, Lisboa fica como Marraquexe. É só para lembrar alguns, esquecidos, que são egoístas e ingratos.

Não foram os nortenhos que pediram à Autoeuropa para vir para o Norte. Foi mesmo a joint-venture que decidiu vir para o Norte. Foram os americanos e os alemães que decidiram. E não foi apenas por causa da linha ferroviária existente. Mas sobretudo a fama do tecido empresarial do Norte que lhes dava garantias de fornecimentos a tempo e horas, amigo. Foi por haver já então, empresas no Norte, muitas delas alemãs, que lhes davam garantias de uma produtividade acima da Europa. Foi por haver uma Grundig (agora Bosch) em Braga, onde se produzem milhões de auto-rádios. Uma Continental-Mabor em Lousado, Famalicão, onde se prodiam pneus de alta qualidade. Foir por haver uma Philips, uma Quintas & Quintas, Saltano, uma Soécia, etc. etc. Que eram produtores industriais e potenciais fornecedores da nova fábrica

Foi a Associação Luso-Alemã que mostrou aos gajos da Ford e da VW, que o Norte de Portugal era o ideal. Em Setúbal não havia produtores industriais na área. Apenas desempregados, bons metalúrgicos, é certo, mas sem experiência a produzir para os mercados internacionais e habituados á exigências e standards da indústria autoimóvel

Até lhe vou dizer mais, amigo. Quando a Intel quis instalar-se em Portugal (que mais tarde deu a ideia aos socialistas em instalarem uma fábrica de memórias em Vila do Conde) foi no Norte. Mas as autoridades de Lisboa foram tão parasitas, chulas e badalhocas (sim este é o termo, cambada de FDP) que queriam obrigar os gajos a instalarem-se no sul. Eles desistiram e nem Norte, nem sul nem o raio que os parta a todos os parasitas de Lisboa. Esta mania de quererm decidir, a regra e esquadro, os projectos industriais, deu em barraca. Uma vergonha a forma como Lisboa lidou com esse potencial grande investimento americano.

É por isso, que sempre que lembro dos chulos em Lisboa, apetece-me explodir e chamar-lhes aquilo que eles sempre foram: chulos, azeiteiros e parasitas. Até esse investimento, que poderia ajudar imenso Portugal, foi embora por causa da aplicação de fundos comunitários no sul. PQP a todos! Burros que nem uma porta. Depois, enfim, o IDE industrial quase secou, com Lisboa mais preocupada em promover o imobiliário, que a Expo foi isso mesmo: um grande negócio para a especulação imobiliára.

Aliás, a localização da Autoeuropa foi um grande erro. Que foi reconhecido pelos americanos e que os fizeram desfazer a joint venture, deixando a VW com a fábrica nas mãos. Com a saída da Ford, muitos investimentos que se instalaram em Portugal voaram como os da Delphi, por exemplo.

E a Autoreuropa foi-se mantendo por Portugal por mero acaso e teimosia dos alemães. (Que tinham razão, como veio a demonstrar que a grande maioria dos componentes vão do Norte para Setúbal.) Chegou a ser equacionado o seu fecho, até há bem poucos anos, face à capacidade produtiva quase sempre abaixo dos 50%, mesmo com o esforço meritório dos seus trabalhadores, que mostraram estar à altura da fábrica. Nisso há que bater palmas aos trabalhadores da Autoeuropa, que conjuntamente com os alemães e os próprios fornecedores, foram os herois para impedir o encerramento da Autoeuropa.

Mas a localização foi um tremendo erro. Se eles tivessem instalado a fábrica onde foram aconselhados a abrir, estariam mesmo no centro dos seus principais fornecedores, podendo ter uma cadeia de produção mais rápida, JIT mais eficiente e até a qualidade mais alta. Onde eles foram aconselhados a abrirem a fábrica ficavam a meia dúzia de kms. dos pneus, dos auto-rádios, das lâmpadas, dos componentes para motores, etc. Mas depois, claro, os subsidios falaram mais alto. E mesmo assim quase que fecharam as portas. O primeiro local seria mais competitivo. Isso é a verdade dos factos.

20110604

Missões do MPN/PDA no novo cenário politico

Apresento de seguida o inevitável «trabalho de casa» do MPN (ou outros que venham a surgir) no contexto politico, económico, financeiro e social dos próximos anos.

Em primeiro lugar uma declaração de interesses: Sócrates já esta derrotado e o PSD de PPCoelho já ganhou. Ainda bem. Agora o voto útil a Norte e o meu voto amanha e´ no MPN/PDA, apesar de todas as reticencias que coloco a certos militantes e simpatizantes.

Desenganem-se todos os que acreditam que com o PSD de PPC haverá alterações substanciais a Norte. De facto, não haverão.

O PSD tem 2 metades:

  • O PSD de Lisboa que é um instrumento das oligarquias, do PSI20, dos sectores «rent-seeeking», da economia dos bens e serviços não transaccionáveis e dos mercados e negócios protegidos pelo Estado;
  • O PSD distrital, oposto, que se baseia, no capitalismo industrial, regional, shumpeteriano (http://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Schumpeter), na economia dos bens e serviços transaccionáveis, das PMEs, na concorrência , na exportação.

Não vale a pena falar do PS e CDS pois são partidos da economia mafiosa ligadas ao fornecimento do Estado e a população inactiva ou menos dinâmica. O PCP e BE pois são partidos tribunícios sem aspiração de governar.

Ora historicamente, o PSD inclina-se sempre para os interesses da oligarquia de Lisboa. Como já se pode vislumbrar do curriculum (http://verdadeirolapisazul.blogspot.com/) de PPC, apesar das imposições da Troika contra o sector BSNT, é muito provável que se mantenha o «status quo».

A economia lisboeta que tem uma bolha imobiliária (valor do m2 40% acima da media nacional), que se especializou em deficit comercial externo via delegações de multinacionais la instaladas e em BSNT, que concentra 40 % do endividamento privado não bancário, que tem um PIB per capita artificialmente acima da media da UE, que concentra a imensa maioria das sedes e serviços centrais da administração central, deveria ser aquela que mais iria sofrer com a crise. São eles que estão a viver acima das possibilidades e não o resto de Portugal

Porem como as oligarquias e o Estado de Lisboa vivem há séculos de parasitagem colonial e há décadas de parasitagem regional, sabem bem manobrar a politica e lançar os políticos certos para defender os seus interesses. E portanto encontraram em PPC uma via para manter o «status quo». O apoio a economia dos BSNT, lucrativa porque sem concorrência, parasitadora, alimentada pelos contribuintes, mudara´ de sabor e ate poderá fazer alguma cura de emagrecimento, mas os beneficiários serão os mesmos. Com PPC acabara o beneficio `a oligarquia pela via das obras publicas e fornecimentos intermédios ao Estado Central e começara´ o beneficio `a mesma oligarquia via privatização parcial ou total de serviços públicos da saúde, educação e segurança social, ainda que seja disfarçado de salvação de Estado Social.

Ora em tudo isto, o padrão vai manter-se. A oligarquia lisboeta dos BSNT continuara a explorar a economia do BST, com Vitor Bento denuncia no seu livro «No´ Cego da Economia».

Na pratica, a única constante politica nos últimos 100 anos, com um interregno de alguns anos depois do 25 de Abril, tem sido o domínio dos oligarcas lisboetas da economia BSNT sobre a politica nacional. Desde o condicionamento industrial em que o Norte ficou com o que Lisboa não queria, ate `a aposta na economia de serviços que deslocalizou do Porto para Lisboa sedes de instituições ca´ haviam ate `as recentes propostas para obras por todo o pais financiadas por PPP organizadas por lisboetas apoiantes de PPC.

Enquanto a economia BST, regional, industrial, shumptereana, sustentavel estiver representada politicamente pelo PSD distrital, na hora H, este será sempre preterido pelos interesses do PSD lisboeta. E quando o PSD distrital toma o poder dentro do PSD, a oligarquia lisboeta muda-se para o PS, como aconteceu com Guterres/Nogueira ou como aconteceu com Sócrates/Santana.

Como os resultados de amanha confirmarão, o PSD ganhara´ a Norte, excepto talvez na Lisboa do Norte (Braga) e o PS e CDU ganharão a sul excepto Algarve e Madeira. Ora esta previsão, vai confirmar minha tese.

Onde entra o MPN neste jogo?

O MPN tem sido um partido tribunício de critica ao centralismo e reclamação por investimento publico. Limita-se ao populismo anti-centralista, uma espécie de bloco de esquerda do Norte.

O MPN tem que perceber efectivamente a sociologia politica e económica se quer efectivamente defender o Norte (eu ainda tenho duvidas sobre isso). Tem que perceber como e que as oligarquias lisboetas criam o rotativismo politco-partidário que as beneficia.

O MPN tem que munir-se de intelectualidade para poder formular uma estratégia para desviar os votos, poder politico, simpatizantes e militantes do PSD distrital. Reclamar contra o TGV, aeropostos, ferrovias, falta de regionalizações entre outros, de nada serve dado que são apenas sintomas de um modelo em funcionamento. Se não forem essas as parasitagens serão de certeza outras. O que verdadeiramente se passa e que os votos do Norte são usados para defender os interesses da oligarquia e massas lisboetas. Este é o problema nº 1.

Perante este desafio, de efectiva compreensão dos mecanismos de representação politica da oligarquia lisboeta , apesar de ter subscrito quase todos os feeds do PDA/MPN, desde que Francisco Fialho abandonou o movimento, não tenho ouvido Anacoreta Correia, nem Cristina Barbot, nem iniciativas para ouvir intelectuais independentes a Norte como seja Rio Moreira ou Pedro Arroja ou lisboetas como Vítor Bento, nem propostas baseadas na inteligência online acumulada em blogues como a Baixa do Porto, Regiões, O António Maria, Geoscopio, Desmitos, etc. No MPN há demasiados lutadores das scuts, empreendedorismo social, produtores de vídeo, vendedores de seguros e por muito meritória que sejam as suas acções e reclamações, não conseguem ver o problema em toda a sua profundidade. E portanto nunca encontrarão uma solução ou proposta ganhadora por falta de correcto diagnostico do problema.

O «upgrade» do MPN também é uma urgência. é que de forma inesperada o assunto independência do Norte será um tema a estudar com profundidade nos próximos 5 anos. E terá que ser o MPN a pensar nele.

O cenário é este: O nível de endividamento externo de Portugal é muito grande e os próximos anos serão duros a tentar equilibrar as contas (embora haja soluções que ainda não foram exploradas como seja incentivar a redução da economia informal via redução de impostos). Ora nos percalços que irão existir neste caminho, num mundo e Europa indisponível para compreensões, haverá sempre a tentação da celebre renegociação da divida, sobretudo por quem não esta habituado a sacrifícios, nem a emigrar, nem a fazer pela vida: precisamente a economia e cidadaos lisboetas, beneficiários do status quo actual. Ora os maiores credores do Estado Português são precisamente… os bancos e fundos espanhóis. Ora com o PSEO pró-autonomia em queda e o PP tradicionalmente castelhanista em ascensão é muito provável que em Madrid se aceite uma renegociação da divida a troco de uma federação Ibérica ou afim. Os Migueis de Vasconcelos do sitio do costume irão aceder, porque é esta a lógica secular deles: Mais um esquema para viver acima das possibilidades durante uns anos. Ora neste cenário, altamente provável a 5 anos, mas para o qual ainda não tenho ideias formadas, o MPN e o Norte terá que ter uma proposta concreta.

Pelas razoes que apresentei, independentemente do resultado que obtenha amanha, o MPN tem novas e exigentes missões pela frente.

20110525

Será que Portas vai pedir a Rio para travar as PPP no Porto ?

Em 2008:
«Rui Rio diz que caminho seguido por Sócrates (investimento público) é «errado» «Não é a política correcta, em termos de investimento público, fazê-los todos agora, todos em força, e secar o crédito às empresas», defendeu o autarca. «Por isso, sublinhou, «temos de ser muito selectivos, mas não me pergunte se hei-de fazer a linha A ou B, este investimento ou aquele». O vice-presidente do PSD criticou ainda o rumo que o Governo está a seguir, considerando que, com a actual política, o país não pode ter esperança»

Não olhes para o que digo, olha para o que faço:
A requalificação do Pavilhão Rosa Mota resulta de uma parceria público-privada entre a Câmara do Porto, a Associação Empresarial de Portugal (AEP), a Parque Expo, o Pavilhão Atlântico e o Coliseu do Porto. Está prevista a construção de 4 volumes no exterior: um restaurante, uma torre para descarga de gases, um espaço para conferências de menor dimensão e o pavilhão de congressos para 1.200 pessoas. O projecto corresponde a um investimento total de 19 milhões de euros, suportados pela autarquia através de um empréstimo bancário (10 milhões de euros), pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (cerca de 6 milhões) e pelo consórcio adjudicatário (3 milhões).
Portas contra a espiral de PPP:
Ao procurar sintetizar as prioridades de manifesto com mais de 140 medidas «importantes», Paulo Portas frisou que um governo CDS «travará a espiral das PPP».

Portas encontra-se com Rio: Será que Portas vai pedir a Rio para travar as PPP no Porto ?

Claro que não. Votem nestes 2 e depois queixem-se.

PS: António, não está esquecido. E terei que escrever antes de 5 de Junho.

20110518

Chapéus há muitos seu palerma !

O que levou o PSD Porto a apoiar PPCoelho em vez de PSLopes foi uma questão de tachos. Parece que nas eleições de 2006 PSLopes terá imposto figuras fora dos distrito do Porto nas listas de deputados do distrito. Se o PSD POrto tivesse apoiado PSLopes, provavelmente este teria ganho a Sócrates em 2009 e hoje Portugal não estaria na bancarrota. Entretanto parece que o PPC fez agora o mesmo que fez PSLopes em 2006...

Menezes para proteger os tachinhos dos seus apoiantes afirma: «Luís Filipe Menezes diz que fusão do Porto com Gaia é prematura». Como dizia o lisboeta Eurico da Fonseca: Nascer, viver e morrer no meio de brutos é triste. Ou então, «Chapéus há muitos seu palerma !»

Qualquer observador minimamente informado, percebe que qualquer assunto «fusão/redução da administração pública» é imediatamente aceite pelo eleitorado e que é uma oportunidade para concretizar a devolução de poder administrativo para fora de Lisboa, via Regionalização tradicional ou alternativas inovadoras. Laje sugere-o, a Troika FMI/UE/BCE obriga, António Costa prepara o mesmo em Lisboa e já começou a pedir a metropolitanização de competências da administração central. A nossa pseudo-elite provinciana é a última a ler as entrelinhas.

Esperemos que seja o presidente da CMPorto Rui Moreira a fundir formalmente Porto e Gaia (e eventualmente outros) ou a passar para a JMPorto competências autárquicas que afectam o desenvolvimento económico (PDM conjunto, transportes, promoção turística, etc).

20110512

Argumento para votar no PDA/MPN em vez do PSD

Nogueira Leite (PSD) afirma que o Estado foi capturado por grandes grupos ligados ao sector dos bens e serviços não transaccionáveis sedeados em Lisboa. Tem toda a razão. Porem, como se explica que Nogueira Leite faça parte da administração de um desses mesmos grupos ? Qual a credibilidade deste apoiante de Passos Coelho ao criticar um comportamento que ele próprio beneficia ? Que confiança se pode ter no PSD ? É de facto intrigante.

Também intrigante a ausência do MPN neste tipo de questões, deixando-se arrastar para a populismo anti-centralista.

A crise actual é uma crise da economia dos bens e serviços não transacionáveis e «crony capitalism» lisboeta. O Norte está a salvar-se e vai continuar a salvar-se, se (e um grande se) a elite lisboeta não conseguir engendrar em tempo útil novos esquemas para exercerem a sua actividade secular: explorar colónias ou o resto de Portugal.

Vejamos 2 exemplos:

Reorganização da administração não central - A Troika quer fusão de autarquias e freguesias; «António Costa quer uma "autarquia metropolitana" para gerir a região»; Lisboa prepara-se para ser a 1º região piloto e os míopes Rio e Menezes desdenham a fusão de autarquias. Para quê o MPN insistir na defesa da Regionalização quando se prepara a uma região piloto em Lisboa por via da fusão de autarquias ? Não andaremos a desprezar pássaros na mão para sonhar com um bando a voar ? Não estaremos novamente a perder oportunidades e a ser ultrapassados pelas estratégias lisboetas? Há que ler as entrelinhas, perceber o que se está a passar e «placar» já com contraproposta que nos beneficie e sem possibilidade de rejeição. Seria exactamente propor uma região piloto à volta do Porto via fusão de autarquias (ou apenas a respectiva gestão), fusão de empresas municipais ou subida de certas competências para empresas metropolitanas (com é o caso da Lipor), tal como Lisboa vai avançar após 5 de Junho.

Investimentos ferroviários - O regime lisboeta quer um TGV Lisboa-Madrid inútil: «o sítio das exportações portuguesas esta a norte e quer-se avançar com uma linha de mercadorias que está a sul». O PSD já está a adaptar o discurso, aceitando-o a custo comportável. O MPN ainda está na fase de reclamar um TGV Porto-Vigo, como no tempo da abundância de crédito barato. Ora, em vez de TGV Porto-Vigo, o que o MPN deveria propor eram investimentos ferroviários «low-cost/high-value» (usando a expressão de outro «culto» urbano da nossa praça) como contrapartida à aceitação do TGV Lisboa-Madrid de baixo custo. Fazer «upgardes» nos traçados actuais, minimizando investimentos em novos troços e criando serviços de passgeiros Porto-Aeroporto-Nine-Barcelos-Viana-Vigo ou Braga-Barcelos-Viana-Vigo ou Viana-Barcelos-Braga-Guimarães-Vizela-Felgueiras-Amarante-Régua ou criar intermodalidade da linha de Leixões junto ao hospital de S.João no Porto ou Leixões-Barca d'Alva-Espanha (tursimo e mercadorias) ou Porto-Lisboa (mercadorias) pela linha do Oeste reformulada. Insistir na mega empreitada TGV Porto-Vigo revela desconhecimento das nossas verdadeiras necessidades e é um frete à economia dos bens e serviços não transaccionáveis e ao «crony capitalism» lisboeta.

O problema das elites do Norte é que andam sempre atrás dos acontecimentos. É preciso criatividade para se atingir propostas credíveis e geradoras de confiança e voto.

PS: Ainda não sei se voto no PSD para assegurar o fim de Sócrates ou arrisco no PDA. É que apesar de confiar nos militantes «patsies» do MPN, há muitos militantes interesseiros por lá (os que queriam criaram uma ONG para angriar capital para actividades financeiras e que depois oportunamente se converteram em políticos).




20110420

Lição de «sociologia económica»: Diferenças Norte-Sul

Não conheço estudos actualizados sobre a actividade rent seeking em Portugal (e confesso-me um bocado preguiçoso para agora ir à procura) mas lembro-me de um, feito por uma instituição financeira internacional, que na altura chegou a haver ecos em Portugal. (Não se se voluntariamente, porque era um documento restrito de uma casa de investimentos, se não me falha a alcoólica memória. E esse apontava as causas da falência a prazo de Portugal (como veio a suceder, curiosamente), pois em Portugal estava-se a promover as actividades rent-seeking em detrimento das actividades produtivas rumo ao mercado. (Isto na altura do consulado guterrista.) Depois surgiu um outro estudo, este público, feito em Portugal, por portugueses, em que mostraram claramente que a generalidade dos lucros gerados em Portugal pelo sector empresarial estava nas actividades rent seeking.

Em Portugal aquele que mais escreveu com visibilidade sobre este tema foi o Abel Mateus que mais tarde viria a influenciar muito a política económica do governo do Durão Barroso e este confiou a este economista a tarefa vital de criação de uma Autoridade da Concorrência em Portugal, com poderes para tentar inverter o declinio económico de Portugal.
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Vários outros autores tugas escreveram sobre o assunto, um deles conhecido na blogosfera, o Luciano Amaral e outros como a Conceição Castro, que versaram alguns estudos sobre o assunto. Mais tarde voltarei a estes dois autores porque me interessa realçar algumas coisas nos seus trabalhos.

Vamos lá descrever o que é sistema económico parasita de Lisboa. Começo com umas citações de um conhecido banqueiro tuga, tido como o Tio Patinhas de Lisboa e verdadeiro dono de Portugal. Ou pelo menos, um dos seus principais e influentes agentes económicos:

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“O presidente do BES defende que Portugal deve apostar nos transportes, uma afirmação feita ontem na apresentação dos resultados semestrais que caíram 6,8%.

Na apresentação de resultados, Ricardo Salgado – que já vinha com uns slides preparados – defendeu os projectos de construção da rede de TGV que ligará Portugal a Espanha e do Novo Aeroporto. Portugal, diz, respondendo às questões do jornalistas, Ricardo Salgado, “vai desenvolver-se através da aposta nos serviços e estes estarão inevitavelmente associados aos transportes”. Alertou para o facto de só Madrid ter um PIB maior de que o português e de isso se agravar se não se construir a rede de TGV. Pelo que o Governo deve avançar com a realização, “tão cedo quanto possível”, destas obras.”
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In http://economico.sapo.pt/noticias/ricardo-salgado-diz-que-tgv-e-aeroporto-devem-avancar_66218.html
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“Presidente do BES defende aposta nas renováveis e exclui opção pelo nuclear”

O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, defendeu hoje que o “desenvolvimento económico equilibrado” do país, em termos energéticos, deve passar pela aposta nas renováveis e excluiu a via do nuclear.”
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In http://www.apren.pt/noticias/detalhes.php?id=161

Depois destas citações, algumas noticias para enquadrar as actividades económicas deste conhecido banqueiro.

“O presidente executivo do Banco Espírito Santo (BES) anunciou esta tarde que votou com a maioria pela venda da Vivo à à Telefónica.”
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In http://www.ionline.pt/interior/index.php?p=news-print&idNota=67199

Num encontro ontem realizado com jornalistas Ricardo Salgado, presidente do BES negou que o grupo Espírito Santo esteja a preparar uma contra OPA em resposta à avançada pela Sonae no início desta semana. O responsável mantém-se porém ao lado do Conselho de Administração da PT na declaração de que esta OPA é hostil e reafirma a convicção de que o valor oferecido por acção é baixo.

Citado por vários meios de comunicação social portugueses, Ricardo Salgado esclareceu que a liderança de uma empresa de telecomunicações não faz parte da vocação do GES, apesar de considerar a posição do Banco na empresa um activo estratégico. ”
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In http://tek.sapo.pt/noticias/negocios/ricardo_salgado_nega_que_o_bes_esteja_a_prepa_876062.html
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“O presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, disse esta segunda-feira que vê «com muito interesse» a eventual entrada da brasileira Oi no capital da PT, empresa onde o banco é um dos principais accionistas.”
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In http://www.agenciafinanceira.iol.pt/empresas/portugal-telecom-pt-oi-brasil-ricardo-salgado-agencia-financeira/1208982-1728.html
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“A Sonaecom defende que o Governo, ao preferir o projecto da Portugal Telecom, tem agora uma “especial responsabilidade”, ficando “publicamente ainda mais comprometido” em assegurar que a PT será competitiva no mercado nacional das telecomunicações.
A operadora de Paulo Azevedo reage assim ao chumbo da desblindagem dos estatutos na assembleia geral, num comunicado divulgado segunda-feira. A Sonaecom frisou que a sua oferta não chegou “verdadeiramente ao mercado”. No entanto, a operadora continua a acreditar que “do ponto de vista de criação de valor para os accionistas da PT, para os consumidores e para o país, a nossa proposta era seguramente melhor”.”
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In http://mobile.economico.pt/noticias/sonae-aponta-responsabilidade-ao-governo-na-opa-da-pt_47303.html

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Ou seja, Ricardo salgado é apenas um dos rostos das políticas económicas que em Portugal são prosseguidas há anos em Portugal, que está estabelecido em Lisboa. Podemos estender outros rostos que depois surgem ligados a outras actividades rent seeking promovidas em Portugal, via as famosas Parcerias Público privadas, como por exemplo o Grupo Mello ou até mesmo a Teixeira Duarte, por exemplo.
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Que políticas económicas são essas? São políticas rent seeking, cujas actividades geram rendimentos a determinados capitalistas, que fogem às regras de mercado livre, concorrenciais e abertas. São na generalidade actividades fomentadas por políticos influenciados por lobbies fortemente poderosos, tanto licitamente (financiamento de campanhas políticas legais, dispensa de quadros para exercerem actividade política, forte cruzamento entre actividades económicas e políticas, como caso mais evidente em Portugal, figuras como Miguel Frasquilho, o Manuel Pinho ou até mesmo o Noguera de Leite) como ilicitamente, através da corrupção política. (Ver caso dos sobreiros, envolvendo o próprio BES).
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Estas actividades económicas rent seeking podem também ser vulgarmente conhecidas como actividades fora da alçada do mercado aberto, livre, concorrencial e regulado. Vulgarmente também se designam Bens e Serviços NÂO Transaccionáveis em contraponto aos transaccionáveis ou concorrenciais. E são actividades quase sempre assentes em políticas económicas de governos pouco transparentes, como são o caso dos portugueses. Em Portugal as actividades rent seeking estão quase todas sedeadas em Lisboa, mesmo que parasitagem o resto do país. Um exemplo evidente é o da Brisa, uma empresa que declara lucros (e valor acrescentado bruto) em Lisboa mas sobrevive sem cobrar uma única portagem na capital.

As citações e estas noticias servem para mostrar como funciona Lisboa. O líder do BES promove políticas económicas que criam actividades rent sekking e chega a influenciar positivamente os designios estratégicos do Estado, como no caso do TGV ou do novo aeroporto.


Se em Lisboa e arredores predominam as empresas das actividades rent seeking (como a Brisa, o BES, o BCP, Mellos, etc) no Norte e Centro do país predominam as actividades que sobrevivem a produzir e vender bens e serviços em mercados abertos, livres e concorrenciais. Temos como exemplo, as empresas têxteis, de calçado, metalomecánica, etc. Empresas como a Iberomoldes ou até mesmo Sonae Industria concentram aí as suas actividades e estão bastante dependentes dos mercados abertos e livres para sobreviverem. Denotam quase sempre uma rentabilidade dos capitais próprios baixa, custos de financiamento mais altos, em contraponto às actividades rent seeking, que protegidas pelo poder político, pelos monopólios, oligopólios ou pela falta de regulação, acedem a financimentos mais baratos. E rentabilidades mais altas, quase sempre garantidas pelo Estado.

Este sistema económico promovido por Lisboa tem mesmo raízes culturais e sociológicas profundas. As actividades económicas rent seeking são promovidas normalmente por partidos de esquerda (porque gostam de promover o controlo político, o crescimento do Estado e mesmo o controlo económico da sociedade), partido esses que são sempre ou quase sempre maioritários no Sul e em especial em Lisboa. No Norte, ao contrário, como a própria cultura e relações sociais promovem o espirito livre, empreendedor e crente na funcionamento do livre mercado (basta contrapôr as ideias de um Paulo Azevedo ao de um Ricardo Salgado), na iniciativa privada e na concorrência. Por isso, tradicionalmente o Norte é conservador e de direita (ver alguns trabalhos do Villaerde Cabral) ao passo que Lisboa e arredores, é essencialmente de esquerda e estatista. E parasita. E isto não é assim há apenas recente, tem raízes históricas muito profundas, que até há cerca de 140/150 anos atrás levou a um profundo debate em Portugal, sobre as diferenças entre o Norte e o Sul.

Trabalhos académicos como este, Rent-Seeking and Economic Growth: Western Europe and East Asia: the Cases of Portugal and Taiwan, 1950-2007 , do Luciano Amaral são importantes para perceber as razões do declinio e falência de Portugal, depois de terem quase destruído o resto do pais, em especial o Norte, que paga a chulice de Lisboa. (Aceder aqui: http://apebhconference.files.wordpress.com/2009/09/amaral1.pdf )

Esta actividade parasita, corrupta e “progressista” estará na origem de todas as grandes crises portugueses dos últimos 200 anos. Mas o que importanta entender é o seguinte. A esquerda promove as actividades rent seeking, também por corrupção profunda dos partidos políticos, mas também pela ideologia. Segundo alguns seus ideólogos, como é preciso promover o crescimento económico tem-se que usar o Estado. Aliás, o próprio António Guterres chegou a usar o chamado “modelo social de emprego” para justificar a criação de muitos empregos no Estado, de promover vastas obras públicas através das chamadas PPPs, porque, na sua ideia, como o sector privado não conseguia crescer o suficiente para criar empregos altamente remunerados, teria que o Estado fazer um pressing sobre as empresas, promovendo aumentos salariais muito acima dos aumentos da produtividade. escusado será dizer que este governo de Sócrates apenas continua esta ideologia que promove o rent seeking e a corrupção.

Mas o mais triste foi isto. Os governos do PS, apoiando-se até nas teses dos sindicatos da função pública (sindicatos corruptos, bastante corruptos), sempre promoveram fortes aumentos salarais, bem acima do que os sectores de actividade de bens transaccionáveis, crentes que assim em concorrência com os salários do sector privado, subiriam artificialmente os salários dos sectores abertos á concorrência, acabando por eliminar as empresas que “nem sequer conseguem pagar o salário minimo”.
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Estas políticas idiotas promovidas por Lisboa (e seus partidos dominantes, PS, PCP e BE), ao invés de puxarem pelo tecido produtivo real, apenas o afundaram. Nada como até saber que esta ideologia corrupta e parasita até é tese de autores estrangeiros. Trabalhos como este, How costly is rent-seeking to diversification: an empirical approach (aceder aqui: http://www.cerdi.org/uploads/sfCmsContent/html/333/waldemar.pdf ) até são baseados na experiência portuguesa.
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Portanto, hoje o Norte de Portugal tem que levantar a voz contra Lisboa. Novamente, como no passado. Porque, Lisboa culturalmente, politicamente,e até sociologicamente sempre foi e sempre será corrupta e parasita. É assim desde pelo menos os Descobrimentos. Por isso é que Lisboa e os seus partidos políticos mais influentes são estatistas e promovem actividades rent seeking. E por isso é que os partidos políticos portugueses são quase 2socialistas”. Por isso é que o CDS e o PSD são bastante semelhantes ao PS, PCP e até BE. Porque são partidos bastante dominados pelo próprio eleitorado tradicional, já de si parasita. E quanto menos parasita o seu eleitorado, menos estatista. O CDS é menos estatista quanto menos o seu eleitorado tradicional depende dos dinheiros públicos. Assim como o PSD. O PSD é o partido mais liberal entre os 5 porque tem no seu eleitorado tradicional uma importante franja do Norte. Senão, até se poderia pintar de rosa, que passava bem pelo PS, fundado pelo Soares. E, por isso, não é de estranhar que o PS acabe por ser poiso de muita gente de direita (tanto de ex-salazaristas, como o Freitas do Amaral ou até mesmo o Veiga Simão) como até o PS goste tanto de parte dos nossos capitalistas tradicionais.
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Espero que este longo texto tenha servido para perceber melhor o porquê que o Norte só poderá ser rico e livre no dia em que se desembaraçar das gentes de Lisboa, em especial suas élites corruptas, bem patentes na atribuição de casas camarárias, que foram entregues a jornalistas, como B. Bastos ou até a “empresários” como aquele tipo do CDS e da bola, o Duque. E ainda é mais interessante que esta corrupção generalizada se tenha estendido da direita à esquerda, pois se começou com o Abecassis continuou até pelo menos aos tempos do João Soares.
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Os do Sul pensam que as actividades da bola são representativas do nosso tipo de élite. Mas não o são. E até como prova interessante do quanto são diferentes no Norte, até o Presidente da Càmara do Porto “deu-se ao luxo” de desprezar os mentecaptos da bola para ser eleito duas vezes.

É por isso que o José Silva do Norteamos destaca duas importantes situações interessantes. O euro é a moeda que serve o Norte e não o sul. O euro beneficia os produtores (tanto na Alemanha como no Norte de Portugal) e prejudica os parasitas, seja na Grécia ou em Lisboa. Por isso o Norte deve fazer tudo para se manter no euro, embora eu já sei que os corruptos e os parasitas de Lisboa vão fazer tudo para sairmos do euro. Outra situação que ele bem defende, é o Norte evitar que a escumalha parasita de Lisboa queira centralizar cada vez mais os centros de decisão políticos, eliminado cada vez mais estruturas intermédias de poder.
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E outro pequeno comentário.
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Não é por acaso que o BPI do Ulrich até fez estudos para combater as loucuras de Lisboa e o Tio Ricardo fazia slides bonitos de apoio ás loucuras megalómanas do Sócrates. Isto não é apenas simbólico, é todo um comportamento de que tipo de élites predomina no Norte. E quem diz um Ulrich, diz um Paulo Azevedo, por exemplo. Exemplos de gente que quer viver sem ter o Estado e a mão parasita por detrás dos seus ombros.
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Acho que os do sul, que tanto usam o Bimbo da Costa e alguns seus lambe-botas como tentativa de simbolizar o Norte, deviam pôr os olhos num Vale e Azevedo fugido ou num Flipe Vieira que enriquece demasiado fácil para acreditar na lisura de todas as suas actividades empresariais. Meditem e deixem-se de palermices da bola, porque apenas são expressões de primarismo básico.
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Uma coisa é certa. Em Lisboa a inveja por ferraris ainda hoje se nota em muitos comnetários dos “inteligentes do sul”. mas isso, meus amigos, é problema das vossas conscièncias, não dos empresários nortenhos de sucesso. Esses, merecem bem os ferraris que detêm, pois ao contrário da propaganda sulista, quase sempre são adquiridos sem sequer dever um tostão a um trabalhador. Mas isso, claro, que custa aos invejosos do sul admitir.

Só gostaria de complementar os textos com esta ideia. Quanto mais Lisboa se afunda, mais o Norte se levanta, pois quanto menos actividade parasita do Sul é implementada em Portugal, mais espaço sobra para o tecido produtivo do norte, quase todo na produção de bens e serviços transaccionáveis, rumo á exportação. Por isso não me surpreende muito que as exportações estejam a crescer outra vez bastante, pois as políticas de austeridade sobre o Estado e sobre Lisboa, apesar do continuar do arrastão fiscal, acaba por dar espaço á iniciativa privada.

Por «anti-comuna» aqui: http://blasfemias.net/2011/04/20/sintese-da-execucao-orcamental-2/#comment-352560

PS: Este post é essencialmente dedicado aos lideres do MPN. Alguns deles, apesar de economistas, escrevem que o Norte está em crise. Começo a achar que o objectivo de alguns desse lideres não é a política mas sim outro tipo de negócios. Se os objectivos fossem mesmo o sucesso na política não estariam tão errados.

20110409

Breve e casual comentário

Caros Bartolomeu, Douro, Ventanias.

Obviamente que abandonar o euro é um disparate para o Norte de Portugal e uma grande tentação para Lisboa.

Como referi em 2008 (O FMI "já cá está". O Norte salvou-se. http://norteamos.blogspot.com/2008/11/o-fmi-j-c-est-o-norte-salvou-se.html) todos os últimos 2 anos e os próximos 10, foram/são inteiramente previsíveis. A economia dos bens e serviços não transaccionáveis concentrada em Lisboa, o crony capitalism (ver wikipedia) praticado pelo poder político de Lisboa e o artificial nível de vida que esta região beneficia, era e é insustentável e tinha/terá que acabar. E agora todos eles tem que sofrer as consequências do «modelo de negócio» que escolheram ao longo dos últimos 30 anos. Era o que faltava agora o resto de Portugal ir em salvação de Lisboa.

Por outro lado a economia dos bens e serviços transaccionáveis centrada a Norte e Centro que tem sido sugada pelo sector não transaccionável, como demonstrou Vitor Bento no seu livro «Nó cego» tem estado a recuperar, como eu previ em 2088, como o blogue do consultor Carlos P Cruz Balancedscorecard tem relatado e como se atesta com o recorde de exportações do porto de Leixões em Janeiro último.

Sair agora do euro é uma estratégia típica de Lisboa, milenarmente habituada a viver de esquemas. Se o Norte alinhar neste esquema é apenas revelador da nossa incapacidade de perceber as tendências e construir a nossa estratégia vencedora.

Até o Socrates já percebeu que agora o que está a dar são as exportações e as empresas do regime já se estão a adapatar. A Mota Engil já criou a ME Indústria e Inovação... Apenas as supostas elites do Norte é que ainda não perceberam... E andam as seitas infiltradas no partido do Norte a encaminhar os «patsies» para se criarem bancos... ah ah ah. Enfim, não vão lá...

Ignorem a nossa realidade e o que para nós é o melhor, alinhem com os comentadeiros e tudólogos de Lisboa, apoiem outra vez as suas decisões como o não à regionalização de 1998, e depois queixem-se.

20110326

O Norte e o TGV

«Neste momento de penúria financeira impõe-se reequacionar estrategicamente toda a questão da nova rede ferroviária e estabelecer definitivamente aquelas que devem ser as nossas prioridades: a estruturação do eixo estratégico para Portugal que vai da Corunha à cidade de Setúbal – o Eixo Atlântico do qual faz parte a ligação Porto-Braga-Vigo; e o escoamento de mercadorias para a Europa via eixo Irun–Salamanca. Para as mercadorias, num país com as nossas limitações financeiras, a melhor opção será recuperar, reformular e modernizar as ligações já existentes: Linha da Beira Baixa, Linha da Beira Alta (com um novo ramal Aveiro-Viseu) e Linha do Douro (que liga Leixões a Salamanca). Urge criar um plano estratégico para a mudança da bitola ibérica para a bitola padrão das linhas europeias»

Ler mais aqui

20101126

A Zona de Congressos do Porto




Apesar de ser leigo em Urbanismo, Turismo de Negócios e Arquitectura, aproveito a oportunidade que se cria com o aparente recuo da CMPorto na construção de um novo Centro de Congressos nos jardins do Palácio de Cristal/Pavilhão Rosa Mota, para deixar uma sugestão: Criar a Zona de Congressos do Porto. Objectivos:
  • Integrar funcionalmente e paisagisticamente o Centro de Congressos da Casa de Vilar, Pavilhão Rosa Mota e Centro de Congressos e Exposições da Alfandega; É crítico que se criem especializações para cada um dos edifícios e seja prático percorrer a distância máxima entre os extremos (cerca de 800 mts);
  • Evitar mais betão armado promovido pela lisboeta ParqueExpo, à custa de endividamento camarário pago pelos contribuintes actuais e futuros;
  • Trazer os turístas que habitualmente visitam a zona histórica para dentro dos jardins do Palácio de Cristal;
Características:
  • Ligação pedonal entre os 3 edifícios, com ou sem passadeira rolante, com ou sem cobertura; Exemplos: Ponte Henderson Waves em Singapura e a via pedonal sobre Leith Street em Edimburgo;
  • Eventualmente criar também ciclovia;
  • Eventualmente fazer chegar o electrico histórico ao interior dos jardins do Palácio de Cristal;
  • Eventualmente criar um miradouro no cimo do pavilhão Rosa Mota, como o Stockholm Globe Arena.
São apenas ideias que tem que ser estudadas por especialistas.

20101118

Sector BSNT (de Lisboa) continua a explorar o sector BST (do Norte)

Segundo o INE, o Índice de Preços no Consumidor registou, em Outubro, uma variação homóloga de +2.3%. Segundo os meus cálculos, essa variação tem a seguinte “distribuição de responsabilidades”:
A “festa” continua, portanto! Depois queixem-se…


Caro dr
Vitor Bento,


Em primeiro lugar gostaria de o felicitar: Considero a sua tese o acontecimento económico do ano em Portugal. Efectivamente ter detectado evidências da exploração/abuso que o SNT exerce há mais de 20 anos sobre o ST é para mim o acontecimento do ano. Saliento que eu próprio já tinha detectado e escrito algo idêntico há alguns anos, embora sem fundamentação analítica e empírica, que designo de «Drenagem» (aqui e aqui).


Em segundo lugar gostaria de questiona-lo se já reflectiu nas implicações territoriais da sua tese. É que efectivamente o SNT está localizado em Lisboa e o ST está localizado sobretudo a Norte.


Em terceiro lugar gostaria de questiona-lo sobre as implicações futuras da sua tese. Atendendo à insustentabilidade do modelo de crescimento do SNT, baseado em patrocínio Estatal, em endividamento e prejuízo do ST que nas actuais circunstâncias necessita de ser apoiado, é inevitável que o PIB per capita de Lisboa tenda a diminuir nos próximos anos, ao contrário do PIB per capita das restantes regiões nacionais.


O dr Vitor Bento teve a amabilidade de me responder:

Caro José Silva,

Quando escrevi sobre o assunto não pensei nas implicações regionais que refere, mas, entretanto, já me tinham chamado a atenção para esse efeito. Valendo-me apenas das aparências (i.e. sem uma análise objectiva da situação), tendo a pensar que tem razão.

Sendo assim, é estranho que a “gente do Norte” não tenha sido mais activa a contestar o modelo. E que tenha até, nalguns casos, sido protagonista dos incentivos ao modelo… E a Universidade?


20101102

O vício das obras e o estado de negação sobre a sua utilidade

O magnífico texto de Pedro Figueiredo mostra quanto errado está a mentalidade de todos nós relativamente à construção civil e obras públicas. Desde o governo com as suas obras coloniais à volta de Lisboa até aos autarcas portuenses: O de Gaia, o do Porto, com o seu proposto novo pavilhão de congressos ao lado de 3 existentes (Palácio de Cristal, Alfandega, Seminário de Vilar) e o de Matosinhos, com a construção de um centro tecnológico em cima do molhe do porto de Leixões. Também a UP/FEUP confunde a criação de emprego, valor acrescentado, novos projectos sustentáveis com a construção de edifícios. É natural. A FEUP desde que deixou ter vocação tecnológica e passou a envolver-se em «empreendedorismos e afins» até charlatães procurados pela PJ dão (ou deram) lá palestras. Poderia falar do inútil metro para a Trofa, que nem a actual presidente da autarquia o quer, ou no actual plano nacional de barragens que apenas serve para tornar rentável o mau investimento nas eólicas. Mas não vale a pena. O que se passa é que o sector da construção civil e obras públicas tem em Portugal um peso no PIB 50% acima média da UE. Portanto há excesso de operadores no mercado que buscam encomendas decrescentes devido ao stock acumulado de obras/edifícios/construções/infra-estruturas e também devido à conjuntura financeira. Se a este cenário de stress acrescido juntarmos as comissões que naturalmente se praticam entre compradores, vendedores e facilitadores, chegamos facilmente a obras/projectos mal pensados, desnecessários e insustentáveis como Pedro Figueiredo relata. Depois o custo de exploração ou a externalidades negativas de tanto património público e privado dá cabo da rentabilidade das famílias, empresas e organismo do Estado. Isto obviamente explica porque é que o Estado está como está e porque vai ficar pior quando chegar o FMI ou afins. Obviamente que andamos todos viciados em obras e ignoramos as consequências da sua insustentabilidade. Para último fica sempre a reabilitação do economicamente viável. Mais um caso: Requiem pela linha de Leixões.
Leituras recomendadas