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20111013

Auto-Europa na Maia e licão sobre a história económica recente do Norte de Portugal

Não é o post do ano, mas é sem dúvida o comentário do ano. Mais uma vez o comentador «anti-comuna». É também uma lição para a actual liderança do MPN completamente a leste do que é verdadeiramente o Norte.

Quando a Ford e a VW decidem instalar-se em Portugal, escolheram a zona Vila do Conde/Maia, como local preferido. E tinham um argumento de peso: já havia uma linha de mercadorias que ligava essa zona (incluindo o agora Concelho Trofa) ao Porto de Leixões. Os custos de ligação ao Porto de Leixões eram muito baixos. Além disso, a maioria do IDE alemão estava no Norte, como essa Continental, que agora parece que ficam contentes por ver a empresa em dificuldades, podendo pôr em risco a viabilidade da fábrica no… Norte.

Mas nessa altura, vou lembrar ao meu amigo, sucedeu uma coisa terrível em Setúbal. Havia muita fome. Até houve um chamado “bispo vermelho”, que enquanto comia jaquinzinhos com o Cavaco, lá lhe pedia dinheiros públicos para ajudar aquela zona do país a sair da crise e da fome. Então o governo desviou a Autoeuropa para Setúbal. E sabe qual foi a reacção no Norte? (E mal sabiamos o que nos esperava.) Calamo-nos e compreendemos que a solidariedade nacional implicava abdicar deste investimento para ajudar a combater a fome de Setúbal. Mais tarde, o Gueterres, como uma espécie de pagamento, apoia a instalação da Siemens/Infeneon.

E foi assim que a Autoreuropa e um grupo de fornecedores foi levado para Setúbel, prejudicando o Norte. Norte esse que mal sabia o que lhe esperava. E por alturas em que se decide instalar a Autoreuropa em Setúbal, o Norte começa a sua longa crise, que levará ao colapso do IDE, da saída das multinacionais, em especial do Calçado e Têxtil, que levou á fome, ao desemprego e a uma crise que já leva 20 anos. Nunca essas gentes de Setúbal agradeceram aos nortenhos a solidariedade tida com eles. (Aliás, na mesma senda dos parasitas da madeira e dos Açores, que agora vivem bem acima dos do Norte e ignoram completamente os nossos problemas, tentando é sacar mais. Nesse aspecto, os Açores e a Madeira apenas imitaram aquilo que fez Lisboa desde sempre. Há séculos!)

Nestes vinte anos, muito desemprego, fome, emigração maciça (basta ver que a emigração nestes vinte anos foi alta, sobretudo com gente do Norte, rumo à Suiça, Alemanha, Espanha, França, até Angola e o Brasil, nas últimas ondas emigratórias.) E a fome foi tanta mas envergonhada, que nunca foi o Norte ajudado em nada por Lisboa. Apenas a Elisa Ferreira (mas de um modo completamente disparatado e à moda soxcialista) tentou inverter o rumo dos acontecimentos e tentar amortecer a crise.

Lisboa, desculpe-me o termo, cagou completamente para o Norte e a sua crise estrutural. Aliás, Lisboa, durante as festas da Expo, até gozava com os nortenhos, dizendo que a culpa da crise era deles e dos seus empresários, que gastaram fortunas em ferraris em vez de máquinas. Ignorando completamente, não apenas o sofrimento do norte como um aumento exponencial da pobreza. Pobreza essa, escamoteada por Lisboa, com RSIs, que apenas serviram para as cámaras e juntas de freguesia socialistas, comprarem votos. Não para resolver a pobreza.

E foi assim, ao longo destes vinte anos. O Norte sofreu uma crise de tal forma, que houve muita fome, emigração (olhe eu também emigrei) e pobreza escondida. Mas os nortenhos têm um grande defeito, neste tipo de regime parasita, implantado por Lisboa. Quem não chora, não mama. E o Norte, em vez de ter bispos vermelhos, em vez de ter manifes contra os governos, e muito barulho a pedir, tentou resolver a crise como pode e sabe. Muitos emigraram. Outros empobreceram. E muitos outros lutaram gloriosamente para sairem da crise. O sector do calçado e do Têxtil são o maravilhoso exemplo, de gente que acreditou em si e investiu muito. Mesmo quando os resultados não eram tão expressivos como eram necessários. E quanto esta gente arranhava a terra, os merdinhas de Lisboa diziam que o calçado e o têxtil não tinha futuro. (Ainda de vez em quando se vêm essas piadas, gozando com os sapatos que se produzem aqui. Muitos diziam mesmo que era melhor pagar subsidios de desemprego aos nortenhos que trabalharem para ganhar um salário mínimo.

Mas talvez, a ausência de um Estado interventor tenha sido a sorte do Norte. O calçado cresceu e mudou. O têxtil também. Quase sozinhos, a remar contra a maré. Ninguém reconhecia o esforço enorme destas gentes, muitas delas sem patuá para se mexerem na corte parasita de Lisboa, mas bastante trabalhadores, humildes e esforçados. O Norte era gozado pelos parasitas a sul. Até nos chamam bimbos. Mas são estes bimbos que estão a vencer a batalha pela competitividade, em mercados dificeis e fortemente concorrenciais. Não pedem fecho de fronteiras, nem subsidios á exportação ou IVAs reduzidos. Pedem que os deixem trabalhar, que se lhes mudem as leis do trabalho, que se acabe com o parasitismo de Lisboa.

E são estes bimbos que estão agora a tirar Portugal da crise. os de Lisboa só se queixam que vão perder a mama! Pudera! Trabalhar é coisa que custa e parece que no sul, muitos não gostam. Ainda na Segunda-Feira, um ex-funcionário da JM, agora a trabahar por conta própria, disse-o na cara dos inteligentes do Sul que vão ao Prós & Contras pedir mais mamas.

É a vida!

Agora, o parasitismo continua bem vivo:

http://www.jornaldenegocios.pt/home.php?template=SHOWNEWS_V2&id=511563

Ou seja, enterraram mais uns milhões valentes (desviando dinheiros do Norte) para tentarem ajudar os Alentejanos. E claro, os investimentos da Embraer foram para o Alentejo por causa deste tipo de políticas. E claro, alguns tontinhos vão dizer: vêm? Nós no Alentejo exportamos componentes de avião. Pois.

Mas olhe que no Norte ninguém protesta contra os investimentos no Alentejo. Sabe porquê? Porque no Norte existe uma coisa chamada amor a Portugal e consideramos Portugal, todo o território. Há muitos parasitas que acham que Lisboa é Portugal e o resto paisagem e terra de bimbos.

Mas não estiquem muito a corda, que vos pode sair bem caro. Se o Norte sai da crise sem ajudas de Lisboa, também poderá começar a mostrar a Lisboa que acabou-se o regabofe. E é só para lembrar a alguns espertinhos, que sem a água e a energia do norte, Lisboa fica como Marraquexe. É só para lembrar alguns, esquecidos, que são egoístas e ingratos.

Não foram os nortenhos que pediram à Autoeuropa para vir para o Norte. Foi mesmo a joint-venture que decidiu vir para o Norte. Foram os americanos e os alemães que decidiram. E não foi apenas por causa da linha ferroviária existente. Mas sobretudo a fama do tecido empresarial do Norte que lhes dava garantias de fornecimentos a tempo e horas, amigo. Foi por haver já então, empresas no Norte, muitas delas alemãs, que lhes davam garantias de uma produtividade acima da Europa. Foi por haver uma Grundig (agora Bosch) em Braga, onde se produzem milhões de auto-rádios. Uma Continental-Mabor em Lousado, Famalicão, onde se prodiam pneus de alta qualidade. Foir por haver uma Philips, uma Quintas & Quintas, Saltano, uma Soécia, etc. etc. Que eram produtores industriais e potenciais fornecedores da nova fábrica

Foi a Associação Luso-Alemã que mostrou aos gajos da Ford e da VW, que o Norte de Portugal era o ideal. Em Setúbal não havia produtores industriais na área. Apenas desempregados, bons metalúrgicos, é certo, mas sem experiência a produzir para os mercados internacionais e habituados á exigências e standards da indústria autoimóvel

Até lhe vou dizer mais, amigo. Quando a Intel quis instalar-se em Portugal (que mais tarde deu a ideia aos socialistas em instalarem uma fábrica de memórias em Vila do Conde) foi no Norte. Mas as autoridades de Lisboa foram tão parasitas, chulas e badalhocas (sim este é o termo, cambada de FDP) que queriam obrigar os gajos a instalarem-se no sul. Eles desistiram e nem Norte, nem sul nem o raio que os parta a todos os parasitas de Lisboa. Esta mania de quererm decidir, a regra e esquadro, os projectos industriais, deu em barraca. Uma vergonha a forma como Lisboa lidou com esse potencial grande investimento americano.

É por isso, que sempre que lembro dos chulos em Lisboa, apetece-me explodir e chamar-lhes aquilo que eles sempre foram: chulos, azeiteiros e parasitas. Até esse investimento, que poderia ajudar imenso Portugal, foi embora por causa da aplicação de fundos comunitários no sul. PQP a todos! Burros que nem uma porta. Depois, enfim, o IDE industrial quase secou, com Lisboa mais preocupada em promover o imobiliário, que a Expo foi isso mesmo: um grande negócio para a especulação imobiliára.

Aliás, a localização da Autoeuropa foi um grande erro. Que foi reconhecido pelos americanos e que os fizeram desfazer a joint venture, deixando a VW com a fábrica nas mãos. Com a saída da Ford, muitos investimentos que se instalaram em Portugal voaram como os da Delphi, por exemplo.

E a Autoreuropa foi-se mantendo por Portugal por mero acaso e teimosia dos alemães. (Que tinham razão, como veio a demonstrar que a grande maioria dos componentes vão do Norte para Setúbal.) Chegou a ser equacionado o seu fecho, até há bem poucos anos, face à capacidade produtiva quase sempre abaixo dos 50%, mesmo com o esforço meritório dos seus trabalhadores, que mostraram estar à altura da fábrica. Nisso há que bater palmas aos trabalhadores da Autoeuropa, que conjuntamente com os alemães e os próprios fornecedores, foram os herois para impedir o encerramento da Autoeuropa.

Mas a localização foi um tremendo erro. Se eles tivessem instalado a fábrica onde foram aconselhados a abrir, estariam mesmo no centro dos seus principais fornecedores, podendo ter uma cadeia de produção mais rápida, JIT mais eficiente e até a qualidade mais alta. Onde eles foram aconselhados a abrirem a fábrica ficavam a meia dúzia de kms. dos pneus, dos auto-rádios, das lâmpadas, dos componentes para motores, etc. Mas depois, claro, os subsidios falaram mais alto. E mesmo assim quase que fecharam as portas. O primeiro local seria mais competitivo. Isso é a verdade dos factos.

20090924

A capital do «Crony Capitalism»

During the last 20 years, “Greenspan and Bernanke introduced crony capitalism to the West, which is leading to a lost decade(s),” Jim Rogers writes.

Wikipedia: Crony capitalism is a pejorative term describing an allegedly capitalist economy in which success in business depends on close relationships between businesspeople and government officials. It may be exhibited by favoritism in the distribution of legal permits, government grants, special tax breaks, and so forth.

O neo-liberalismo interesseiro transformou-se em «Crony Capitalism». A capital portuguesa do «Crony Capitalism» é Lisboa e o partido que mais o pratica é o PS, obviamente.

O Capitalismo tem que deixar de ser «Crony». Este deveria ser o cobjectivo de todos os partidos, incluindo o BE e PCP.

O Norte também o tem, embora de reduzida dimensão face a Lisboa: Mota-Engil, Soares da Costa, JP Sá Couto, etc.

20090202

Apesar da macroeconomia o forçar, Portugal não abandonará o Euro

portugal contemporâneo: União política

Ricardo Arroja especula sobre a saída de Portugal do Euro. Há uma razão que me leva a não acreditar neste cenário. É que quem seria beneficiado seriam os sectores produtores de bens e serviços transaccionáveis, o Norte, Centro, Algarve e Madeira e prejudicados as regiões geradoras de importações onde se situam as sedes de multinacionais, concretamente, Lisboa. Ora seriam os agentes económicos residentes nas primeirias que iriam enriquecer e os da capital emobobrecer. Porém, o poder político e mediático é completamente inverso. Lisboa põe e dispõe. Abandonar o Euro seria para eles um tiro no pé. Os agentes económicos extra-Lisboa são milhares de PMEs demasiadamente fragmentadas para pensarem em conjunto, quanto mais defenderem uma política enconómica (saída do Euro) que as beneficie.
É muito mais fácil Lisboa voltar a vender soberania do que abdicar da vida acima das possibiildades.
A não ser que a saida do Euro seja em pacote dos PIGS, um cenário de gestão controlada da política económica nacional a partir de Bruxelas, é muito mais provável.

20090123

O que é mais instável ? O Capitalismo ou a credibilidade dos Economistas

Este artigo de um economista marxista americano é muito importante. Todos nos esquecemos da instabilidade do Capitalismo. Esta crise vem relembrar que o Capitalismo é o melhor, mas que não é perfeito. E provavelmente a solução não será mais Regulação, mas sim compreender as fragilidades e reduzir as expectativas. E revela ainda que os economistas são menos científicos e credíveis do que o possível e desejável, mesmo sabendo que a Economia é uma ciencia social. O oportunismo é vergonhoso, diz o autor.
(...)«So complete was the academic mainstream's embrace of neoclassical economics that very few students learned about capitalism's instability. Courses in business cycles, once staples of the economics curriculum, largely vanished. The Bush government's economists were products of economics educations that incapacitated them to cope with today's massive capitalist crash. Thus, they failed to see, let alone prevent, the crash, waited too long to act as the crash unfolded across the latter part of 2007 and 2008, and proposed one half-baked and ineffective government policy after another since mid-2008. The economists gathered by Obama exemplify the same incapacitated generation.
The profession's shameful history of opportunism may be best illustrated by the January 2009 annual meeting of the supremely mainstream American Economics Association (AEA). Late 2008 had seen big businesses get trillions in government bailouts. Leading mainstream economists at the AEA meeting cravenly announced the errors of their former ways and advocated return to Keynesian economics. Neoclassical economists saw their careers jeopardized and acted quickly. New York Times reporter Louis Uchitelle even applied the religious term "conversion" to the paper by Harvard's Martin Feldstein. Like many born-again Christians, though, born-again Keynesians will no doubt backslide at the first sign of financial-sector stabilization.
To sum up, repeated oscillations between neoclassical and Keynesian economics in defining mainstream economics reveal the profession's opportunistic subservience to business needs. (...)
PS: O que tem isto a ver com o Norte ? Necessita-se de «thinktank» regional para os assuntos economicos, envolvendo associações empresariais e faculdades de economia.

20090108

As razões pelas quais os Planos Anti-Crise do Sócrates e de Durão Barroso apenas servirão para piorar a crise IV

Quando no post anterior me referia à existência de pessoas que acreditam que é possível criar dinheiro, talvez não tenha sido claro sobre a quem me referia. Referia-me... a Sócrates, Durão Barroso, e a todos os seguidores do keynesianismo.

Que se diga que até considero as conclusões do Keynesianismo podem ser úteis para gerir um contra-ciclo económico (que não resulte em 1º grau de uma crise de excesso de crédito), desde que se tenha sempre em conta que o Keynesianismo tende a referir-se a efeitos de curto prazo. Ao contrário do que dizia Keynes, no longo prazo não "estamos todos mortos". O longo prazo é 1,2,3, 5 anos, e somos nós que cá estaremos para pagar.

O Keynesianismo tem como pressuposto não declarado (portanto, uma falha na teoria) que é possível criar dinheiro através da simples impressão de moeda. Como já vimos antes, isso gera inflação (aquele "monstrinho" que faz com que o dinheiro desvalorize face a todos os bens, isto é, que o nosso salário dê para comprar menos coisas).

Este governo acredita no Keynesianismo. Resta realçar que, uma vez que os salários desvalorizam mas não os bens duráveis, a inflação é particularmente prejudicial para as camadas mais pobres da população. E chamam-lhe socialismo...

20090106

O Paradoxo de Sócrates

Sócrates afirmou ontem que irá "salvar todas as empresas que puder" desde que sejam "sólidas". O "paradoxo de Sócrates" é que empresas sólidas não precisam de ser salvas (caso contrário, não seriam sólidas).

Das duas uma, ou Sócrates vai dar apoios a empresas que não precisam, derivando no "paradoxo de Leontief", ou desvirtuar a livre-concorrência a favor das empresas menos eficientes.

Em qualquer dos casos o resultado será o mesmo: redução da competitividade média do tecido económico português. Ora, isso não resulta em emprego e criação de riqueza. Resulta em desemprego e pobreza. Paradoxalmente

Paradoxo de Leontief

Quando o Governo argumenta com os fundos europeus como uma vantagem da construção do TGV e do Novo Aeroporto de Lisboa, não consigo deixar de pensar no Paradoxo de Leontief:

"Leontief demonstrou que pode acontecer por vezes que um País que receba uma transferência de outro, se a aplicar mal, acabe por ficar mais pobre em vez de mais rico, como aconteceu connosco e com os espanhóis com o ouro das Américas ou, em tempos mais modernos, com a "dutch desease" nos anos 60".

O mesmo se aplica ao plano anti-crise. Os Governos gastarão mais dinheiro e nós ficaremos todos mais pobres.

20090105

As razões pelas quais os Planos Anti-Crise do Sócrates e de Durão Barroso apenas servirão para piorar a crise III

Toda a minha argumentação, ao longo destes posts, se baseia no pressuposto de que não é possível criar dinheiro a partir do nada. Note-se que produzir riqueza é uma coisa, criar dinheiro é outra. Esta afirmação pode parecer desnecessária, de tão auto-evidente que é. Infelizmente não é desnecessária.

Decorre da afirmação que, uma vez que não é possível criar dinheiro, o dinheiro que o Governo aplica nos planos Anti-Crise tem de vir de algum lado. E só há 3 opções: impostos, dívida, ou emissão de moeda.

Uma vez que a emissão de dívida corresponde a impostos futuros e a emissão de moeda* produz inflação (o que equivale a um imposto "oculto"), temos que gastos públicos correspondem sempre a aumento de impostos.

Assim, o que é que sucede quando o Governo decide apoiar de forma indiscriminada todas as empresas que estão em dificuldades? Bem, está a aumentar a carga fiscal para todas as outras que são eficientes. Ou seja, está a desviar recursos de empresas eficientes para empresas ineficientes, reduzindo assim a capacidade de criação de riqueza da economia e portanto prolongando a crise.

Tendo isto em conta, o Governo deverá reservar a sua intervenção apenas para as situações que possam ter impacto macro-económico ao nível nacional / regional. Neste sentido aceita-se, por exemplo a intervenção na Quimonda, sob pena de se criar uma profunda crise social na região e deteriorar ainda mais a nossa já fortemente deficitária balança de pagamentos. Mas não se pode deixar de realçar que este caso apenas comprova que a política de atracção de grandes projectos de investimento directo estrangeiro é profundamente errada, pois gera subsidio-dependências das quais o país fica sistematicamente refém.

*Em todo o caso, esta última opção não está (felizmente) ao dispôr de Portugal.

20090102

As razões pelas quais os Planos Anti-Crise do Sócrates e de Durão Barroso apenas servirão para piorar a crise II

Imagine o caro leitor que está com dificuldades financeiras porque se assumiu um crédito à habitação com um valor demasiado elevado face ao seu rendimento. O que faria nesta situação? Provavelmente tentaria cortar nos gastos não essenciais ou eventualmente procuraria alguma forma de obter um rendimento extra (um 2º trabalho, um freelance, ou até um biscate).

Mas não se fosse o Sócrates ou o Durão Barroso. Para estes, a solução é telefonar à Cofidis e pedir mais dinheiro emprestado.

Como quase todos sabemos (infelizmente nem todos), em termos pessoais esse é o passo fatal antes do "sobre-endividamento", palavra bonita que significa falência / bancarrota. Com as empresas e os países não é diferente.

Mas essa é a solução que Sócrates, Durão Barroso, e Obama-Bush preconizam. Acham que uma crise de crédito se resolve com a emissão massiva de mais crédito. É evidente em si mesmo que tal é um grande disparate.

Mas no caso de países, existe um efeito colateral. Não, não me refiro às famílias e empresas. Para todos os efeitos, esses são o próprio Estado, pois são os contribuintes que pagarão as más decisões dos países. Beneficiam no curto prazo, mas no ano seguinte terão de suportar os problemas em dobro.

Refiro-me às empresas que efectivamente têm projectos economicamente viáveis, e que deixarão de ter qualquer acesso ao crédito bancário, uma vez que este estará todo a ser desviado pelos Governos para gastos públicos com a desculpa de que servem para "revitalizar" a economia. Há muito que os economistas bem-informados (e as pessoas de bom senso) sabem que "abrir e fechar buracos" não cria emprego. Apenas desvia recursos de projectos criadores de riqueza para tapar os buracos nas contas públicas criados pelos projectos... de abrir e fechar buracos.

20081212

QUE FUTURO PARA O NORTE?

O distrito de Braga é o terceiro do país onde faliram mais empresas em 2008, de acordo com os dados divulgados ontem pela AIMinho. Apenas Lisboa e, sobretudo, o Porto - onde fecharam mais de 800 empresas este ano - ultrapassam a região minhota. Nos primeiros nove meses do ano, 15 por cento das empresas que abriram falência no país situavam-se no distrito de Braga.Mas a AIMinho alerta que esta acaba por ser a região onde este cenário de crise tem mais impactos, uma vez que é o distrito onde o número de empresas falidas tem mais peso face ao total de empresas existentes. Ao todo, 440 firmas faliram este ano em Braga, o que representa 1,5 por cento do total da região. Neste quadro assume especial relevo o sector têxtil, principal sector da actividade e empregador da região, especialmente no vale do Ave. A associação defende, perante este quadro, a criação de um fundo de reestruturação de empresas para apoiar as unidades com viabilidade económica e o desenvolvimento de um plano de apoio específico para o Norte.

O aumento do número de falências no distrito de Braga tem tido também reflexos num crescimento do desemprego. Os dados da AIMinho apontam para a existência de uma taxa de desemprego real na região que ultrapassa os 11 por cento.Os últimos dados oficiais, que datam de Setembro, indicam que o número de trabalhadores inscritos nos centros de emprego ascendia a 41 mil, mais 700 pessoas do que no mês anterior. Desde o início do ano, há mais 2500 desempregados no distrito de Braga, fruto do encerramento de mais de 400 empresas e da reestruturação de outras firmas.

20081211


Na sequência do post anterior, da Espectadora Atenta, aqui fica a tabela disponibilizada pelo INE.

De referir que a média é construída na base dos 27 países membros e não na zona Euro.

Somos claramente os mais pobres a usar o euro.

Talvez o mais grave de tudo é a tendência a piorar.

Face a isto quero dar os meus parabéns às nossas elites, pelo excelente trabalho que têm feito a liderar este país!

20081008

Défice e Divida Externa

Será que com esta crise financeira mundial, que encontra um Portugal (leia-se famílias e governo) fortemente endividado e com um défice da balança de pagamentos de 10% do PIB (leia-se "os portugueses consomem mais do que produzem"), o problema do défice e dívida externa vão finalmente passar a estar na agenda política?

Até quando vai o país tentar manter um nível de vida artificial através do crédito? É que nos EUA isso não resultou e a "almofada" de pertencermos ao Euro não vai durar para sempre.

20080923

Matrix (1999)

"Oracle: I'd ask you to sit down, but, you're not going to anyway. And don't worry about the vase.

Neo: What vase? [Neo turns to look for a vase, and as he does, he knocks over a vase of flowers, which shatters on the floor]

Oracle: That vase.

Neo: I'm sorry...

Oracle: I said don't worry about it. I'll get one of my kids to fix it.

Neo: How did you know?

Oracle: Ohh, what's really going to bake your noodle later on is, would you still have broken it if I hadn't said anything?"

BP e CEPSA baixam preço da gasolina em 8 cêntimos uma semana depois do Ministro da Economia pedir para as petrolíferas baixarem os preços.

20080916

Dá-me licença que invista?

Portugal é, segundo o Banco Mundial, o 128º país do mundo (em 181) onde é mais difícil obter licenças de construção*. Porque será que não crescemos?

*Nota: Suponho que isto não tenha qualquer relação com a existência de corrupção entre o sector imobiliário e o político. Não dará jeito a alguém que seja necessário que as empresas "mexam uns cordelinhos" para que as licenças apareçam?

20080719

Objectivo 2015

Qualquer que seja o próximo Governo, deveria ter como objectivos mínimos do Ministério das Finanças:
  • Reduzir anualmente o peso da despesa pública no PIB em 1p.p. (pontos percentuais)
  • Reduzir anualmente o défice em 0,5p.p. do PIB até atingir um superavit orçamental de 1p.p. (que será de 0% em caso de conjuntura económica desfavorável)
  • Decorre das duas anteriores que o nível de impostos terá de reduzir-se anualmente em 0,5p.p. do PIB.
  • Reduzir anualmente a dívida pública em 1,5p.p.

20080718

Crise em Portugal é resultado de factores estruturais domésticos

A crise internacional não é a principal causa para o ritmo de crescimento lento que Portugal irá continuar a apresentar durante este ano e o próximo, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI).

"A deterioração do ambiente económico global está a limitar a retoma portuguesa, mas os problemas fundamentais da economia são domésticos: défice externo e público elevados, endividamento muito alto das famílias, empresas e Estado e um substancial diferencial de competitividade", lê-se num documento publicado ontem.


O PS responde que o Governo segue políticas para reduzir o défice externo. Resta saber quais são elas. É que o efeito do aumento de impostos (que reduz o nível de consumo, e consequentemente o das importações, e que impele as empresas a procurar mercados externos) é anulado pelo aumento da despesa do Estado e dos sectores não transaccionáveis.

E as acções de diplomacia económica, que foram uma iniciativa bem sucedida, têm abrandado agora que os problemas internos (eleitorais) começam a despontar.

20080520

O Governo de Petrogal


Manuel Pinho pediu à Autoridade de Concorrência (AdC) para investigar a existência de cartelização nos preços de combustíveis. Mas o problema, a existir, não é de cartelização, é de concentração: existe uma empresa com 50% do mercado (a Galp) e cujo preço funciona como referência para todos os concorrentes. Logo, estes não têm necessidade de combinar aumentos de preços entre si.

Neste cenário, os apelos à AdC para que encontre um cartel não são mais do que uma "manobra de diversão" por parte de um governo que é conivente com a concentração no mercado. É este governo que, sendo accionista da Galp, permitiu a aquisição por esta de mais de 40 postos de abastecimento da Esso em Portugal. E é este governo que continua a não acatar a mais importante recomendação da AdC, que vai no sentido de liberalizar o licenciamento de postos de abastecimento nos hipermercados (são os postos que actualmente praticam os preços mais baixos no mercado).

Não se pode amar dois corações ao mesmo tempo. E o governo que apela à AdC para que esta proteja o consumidor, é o mesmo governo que, como legislador e accionista da Galp, tudo faz para proteger o negócio desta empresa.

20080411

Ao cuidado dos parolos que nos governam e manipulam

Perante o discurso do licenciado por correspondência José Sócrates, vale a pena ler «a face de um Profeta», hoje no New York Times: At the age of 77, Mr. Soros, one the world’s most successful investors and richest men, leapt out of retirement last summer to safeguard his fortune and legacy. Alarmed by the unfolding crisis in the financial markets, he once again began trading for his giant hedge fund — and won big while so many others lost.
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