Toda a minha argumentação, ao longo destes posts, se baseia no pressuposto de que não é possível criar dinheiro a partir do nada. Note-se que produzir riqueza é uma coisa, criar dinheiro é outra. Esta afirmação pode parecer desnecessária, de tão auto-evidente que é. Infelizmente não é desnecessária.
Decorre da afirmação que, uma vez que não é possível criar dinheiro, o dinheiro que o Governo aplica nos planos Anti-Crise tem de vir de algum lado. E só há 3 opções: impostos, dívida, ou emissão de moeda.
Uma vez que a emissão de dívida corresponde a impostos futuros e a emissão de moeda* produz inflação (o que equivale a um imposto "oculto"), temos que gastos públicos correspondem sempre a aumento de impostos.
Assim, o que é que sucede quando o Governo decide apoiar de forma indiscriminada todas as empresas que estão em dificuldades? Bem, está a aumentar a carga fiscal para todas as outras que são eficientes. Ou seja, está a desviar recursos de empresas eficientes para empresas ineficientes, reduzindo assim a capacidade de criação de riqueza da economia e portanto prolongando a crise.
Tendo isto em conta, o Governo deverá reservar a sua intervenção apenas para as situações que possam ter impacto macro-económico ao nível nacional / regional. Neste sentido aceita-se, por exemplo a intervenção na Quimonda, sob pena de se criar uma profunda crise social na região e deteriorar ainda mais a nossa já fortemente deficitária balança de pagamentos. Mas não se pode deixar de realçar que este caso apenas comprova que a política de atracção de grandes projectos de investimento directo estrangeiro é profundamente errada, pois gera subsidio-dependências das quais o país fica sistematicamente refém.
*Em todo o caso, esta última opção não está (felizmente) ao dispôr de Portugal.
4 comentários:
Caro PMS,
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Prega e pregamos aos peixes. Os governos sabem isso tudo.
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"A mentira á a forma de relação com o outro que tem por finalidade dominá-lo, sendo a dominação produzida atavés da perpetuação de uma ficção, a de que o outro mantém a sua liberdade, mas sendo obrigado a exercê-la numa situação que é falsa. A subtileza da mentira está no facto de aqueles que estão em posição de poderem mentir atingirem os seus objectivos de subordinação dos que não sabem que estão a ser enganados, sem precisarem de recorrer à violência física para estruturarem essa subordinação."
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Trecho de "Dim das Ilusões/Ilusões do Fim" de Joaquim Aguiar.
Os governos talvez saibam. Mas não o sabe a população.
E os governos, particularmente nas alturas de crise, limitam-se a tomar as medidas que o povo acha que são as mais adequadas.
Por isso, para que as políticas sejam melhores, precisamos também de um povo mais informado. O povo ainda não descobriu que o Estado dá com uma mão o que tira com a outra. Inevitavelmente.
Posso confirmar que o Pinho afirmou que não podia dizer a verdade ao país, no episódio que relatei no início de 2009.
A verdade é um bem valioso e quem não a usa é burro.
Caro PMS,
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"Os governos talvez saibam. Mas não o sabe a população."
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Sim, tem toda a razão!!!
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