20090108

Monetaristas, Keynesianistas, Austriacos e Marxistas: A importância destes assuntos para o Norte

Um comentário ao post anterior de PMS, tornou-se, mais uma vez, num artigo.
PMS, há que fazer uma precisão relativamente ao seu 3º parágrafo.
O Keynesianismo falha porque não percebe que o crescimento económico induzido pelo investimento público será pago cedo ou tarde pelos contribuintes. Ainda ontem Pedro Arroja o explicava. Estes deixam de poder usar os impostos noutro tipo de investimentos provavelmente mais reprodutivos.
Quem acredita no crescimento económico a partir de dinheiro criado do nada são os Monetaristas, M Friedman, a corrente neoliberal. Estes pensavam (e se calhar ainda pensam) que a emissão de moeda sem prévia poupança era inócua. Pelos vistos apesar de se ter iniciado nos anos 70, este ciclo acabou. Ainda ontem, como relata e bem o CCZ, o estado alemão não conseguiu colocar dívida pública no mercado. Isto é muito grave. Alguem sabe quando são os próximos leilões de dívida pública portuguesa ?
Na minha opinião, estes acontecimentos dão cada vez mais razão à escola Austríaca de pensamento económico e a aos economistas Marxistas. «The adherents of Marxian economics, particularly in academia, distinguish it from Marxism as a political ideology, arguing that Marx's approach to understanding the economy is intellectually valuable per se, independent of Marx's advocacy for revolutionary socialism or the inevitability of proletarian revolution.» Este é o meu caso.
Deixo aqui artigos recentes sobre as críticas ao desvio ao Capitalismo, quer da escola Austriaca, quer da Marxista:
Tudo isto é importante para o Norte. Novamente, Lisboa vai-nos governar na direcção errada. Passou as últimas décadas a governar segundo o padrão neo-liberal, financiarizando a economia, gerando endividamento externo crescente e apostando nos sectores de bens e serviços não transaccionáveis lá sediados (em vez das PMES exportadoras a Norte). Agora descobriu o Keynesianismo, com as suas encomendas públicas aos fornecedores lisboetas habituais pagas por todos os contribuintes. A Norte é preciso ter opinião sobre estes assuntos:
  • Dr Rui Moreira, não está na altura de organizar um «think tank» ?
  • Que tal imitar a missão do INTELI que se assunme sem complexos como tal ?
  • Caro professor Alberto Castro, que tal parar de fazer fretes propagandisticos ao seu amigo macroeconomista fo governo e começar a analisar estes temas ?

6 comentários:

PMS disse...

Tem razão, foi uma imprecisão. O monetarismo é que acha que se cria dinheiro a partir do nada.

Mas o facto é que os governantes, pelo keynesianismo, gastam dinheiro como se não tivessem de o vir a pagar.

O engraçado é que Keynes não defendia nada disto.

"True, the New Deal meant public works programmes that Keynes had long advocated in response to the slump in Britain. It was common sense to put idle resources to work. Savings otherwise not invested and workers otherwise left unemployed, could create valuable public assets if government took the initiative.

US Keynesianism, however, came to mean something different. It was applied to a fiscal revolution, licensing deficit finance to pull the economy out of depression. From the US budget of 1938, this challenged the idea of always balancing the budget, by stressing the need to boost effective demand by stimulating consumption.
(...)
After dining with a group of Keynesian economists in Washington, in 1944, Keynes commented: “I was the only non-Keynesian there.”"

http://www.ft.com/cms/s/0/d6383b40-dce1-11dd-a2a9-000077b07658.html
(para ler sem registar procurar o título no google)

CCz disse...

Caro José,

Já reparou na conjugação da explicação do artigo "Capitalism's Crisis through a Marxian Lens" com a justificação do governo português para não baixar impostos?
.
Sob a luz das ideias do governo português: ainda bem que o capital não paga salários mais elevados ... pois isso induziria mais importações!!!
.
Go figure

Jose Silva disse...

Carlos,

Os macroeconomistas assumem que a estrutura económica é imutável. Os micro-economistas são shumpeterianos.

Isto leva a que haja raciocínios automáticos e errados por parte dos primeiros.

Nada que não se resolvesse com brainstorming ou lateral thinking...

CCz disse...

José,

Se viermos a ter inflação a dois dígitos, quem anda a comprar as obrigações emitidas pelos estados não vai entrar pela «madeira adentro» e perde dinheiro, muito dinheiro?
.
Ou será que não têm confiança em nenhum outro instrumento financeiro e assumem essa perda expectável como um custo da guarda do dinheiro?
.
Pergunta o ignorante

Jose Silva disse...

Como diz a escola austriaca, usando a lógica, podemos antecipar os acontecimentos. Este excesso de massa monetária recentemente criado e com a nova a criar, vai provocar a desvalorização da moeda ou das obrigações. É inevitável, lógico e histórico.

Portanto mal o dinherio comece a chegar à economia real iremos ter inflacção e os investimentos alternativos serão ouro e TIPS, obrigações indexadas à inflacção.

A não ser... a não ser que os Estados arranjem um esquema para evitar as consequências, por exemplo controlo administrativo de de certos preços...

Vitor Silva disse...

"Portanto mal o dinherio comece a chegar à economia real iremos ter inflacção e os investimentos alternativo"

e não pode ser que as pessoas comecem mesmo a poupar? talvez seja um wishfull thinking ingénuo mas consigo ver algum paralelismo desta ideia com o facto de os bancos não estarem a reduzir os empréstimos.
A coisa pelos vistos está mesmo má e convém arrumar um bocado a casa antes de nos atirarmos para a próxima bolha...

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