20070929

O Partido do Norte ?

Antonio Cerveira Pinto costuma estar muito atento. Eis algumas notas do seu post sobre a vitória de Menezes:

Não sei, mas seria bom estudar qual o impacto da democracia electrónica --web, blogs, SMS (1)-- na vitória de Luís Filipe Menezes nas Directas que o levaram à direcção do PSD. Não tenho dados neste momento, mas suponho que o éter electrónico, a par do trabalho de sapa persistente do agora novo líder da Oposição, e da eficácia democrática das eleições directas, foram porventura decisivos para que o médico e presidente da Câmara de Gaia adquirisse de forma limpa e transparente as suas novas responsabilidades.

Os barões da Quinta da Marinha e algumas melgas que esvoaçam ao lado de Cavaco não gostaram. É caso para dizer: pois vão ter que adaptar-se, ou criar um novo partido. Até porque, ou muito me engano, ou vamos ter um PSD enérgico, assertivo e proponente na oposição ao governo Sócrates, colocando-se sucessivamente à esquerda deste em matérias sociais de primeiro plano (desemprego, saúde, equilíbrio regional, modelo energético, sustentabilidade e justiça), especialmente consciente da importância cada vez maior do poder local e regional para o equilíbrio e consistência da democracia portuguesa.

Colocando-se ao lado do povo (um populismo q.b.), das regiões e de uma defesa incisiva da integridade social do país, Menezes poderá fazer mossas imprevisíveis no Bloco Central. Se for por aqui, tem um futuro certo pela frente, sem precisar de entrar nas intrigas do Terreiro do Paço e da Pastelaria Garrett no Estoril. Como um tipo do Norte que é, estará porventura melhor preparado para entender algumas questões estratégicas profundas que não entram, nem à força, nos neurónios de José Sócrates. Num certo sentido, é o grão de areia que faltava para fazer mover a roda encalhada do actual regime. Vamos esperar pelos efeitos. -- OAM 250, 29.09-2007, 01:25, 11:59

 

Menezes 1 - Centralismo 0

Como os leitores sabem, o Norteamos não entra em política partidária. No entanto hoje abro uma excepção para me referir à vitoria de Menezes que efectivamente  me alegra.

A esta hora já algumas coisas importantes foram escritas, como este e este comentário do CAA no Blasfemias. Porém quero assinalar que esta vitória representa uma derrota para o Centralismo. Nestas eleições o que esteve em causa, tal como nas eleições Sócrates/Santana ou nas eleições Guterres/Fernando Nogueira era um confronto entre os interesses oligarquicos/elitistas/lisboetas e as bases/populistas do resto de Portugal. Nas anteriores eleições, o Centralismo ganhou aliado ao PS ou ao PSD. O Centralismo não escolhe cores ideológicas. Desta vez, o PSD dos interesses perdeu. Não precisamos de consultar a lista dos Bilderberg nacionais aqui, aqui e aqui para perceber que estes, Joaquim Pedro Aguiar Branco, Durão Barroso, Balsemão, estariam do lado de Marques Mendes. Aliás, como o João Miranda refere bem, não havia ninguem conhecido para entrevistar na sede de Menezes.

Desde que D.João II decidiu centralizar o poder para assegurar as fronteiras do Estado e a expansão ultramarina, as derrostas do Centralismo tem sido escassas.

Por isso hoje é dia de alguma festa: É sempre reconfortante assistir a este discurso de PTCruz e  e a este de JPachecoPereira bem detectados pelo Pedro Morgado.

Será este o caminho para o Norte sair da situação em que está ? Duvído. Como refere aqui o LR, Menezes tem muitos rabos de palha, incoerências e inimigos do status quo de Lisboa para se poder ter grandes espectativas relativamente ao nosso futuro.

 

PS: Não milito em nenhum partido.

Menezes

A vitória eleitoral de Luís Filipe Menezes nas directas do PSD pode ser um passo importante para um entendimento com o PS sobre a Regionalização.

Regionalização a 9.

20070928

O centralismo "obtuso"

O presidente da Câmara do Porto criticou, ontem, o "sistema" que obriga empresas como a Metro do Porto a pedir autorização ao secretário de Estado do Tesouro para pertencer, de forma "inócua", a associações e projectos sem fins lucrativos."

Não é uma alfinetada ao actual secretário de Estado do Tesouro, mas a um sistema centralizado obtuso", disse Rio, referindo que a Metro do Porto aguarda há cerca de dois anos uma autorização para integrar a Associação Porto Digital. O autarca, que falava numa sessão de divulgação do projecto Porto Digital, acredita que a "Metro do Porto irá esperar sentada, porque o secretário de Estado do Tesouro tem muito mais que fazer do que andar a autorizar empresas públicas a entrar em associações sem fins lucrativos".

"O que está em causa é um sistema obtuso em que até uma coisa destas tem de ser autorizada por um Governo em Lisboa", frisou ainda o autarca. Jornal de Notícias.

Debate Intra-Norte: "Quem não é pelo Porto, é contra o Norte"

O Porto não é Norte nem o Norte se circunscreve ao Porto. Pelos vistos, há muito quem ainda não tenha percebido isto e acuse de desnortear aqueles que, dentro do Norte, chamam a atenção para o advento de um portocentrismo que, se não for travado, será bem mais feroz e deletério do que o centralismo lisboeta.

1. Denunciar uma verba de PIDDAC per capita dez vezes superior no Distrito do Porto do que no Distrito de Braga é desnortear?

2. Denunciar a concentração (quase) absoluta das direcções regionais dos serviços da Administração Central no Porto é desnortear?

3. Denunciar uma estratégia de turismo integrado para o Norte que visa promover (quase em exclusivo) a "marca Porto" e fazer do resto do Norte parque para visitas vespertinas é desnortear?

4. Denunciar a tentativa de ligar o Porto a Vigo sem passar pela terceira maior cidade do País, olhando exclusivamente aos interesses das empresas e das populações do Grande Porto é desnortear?

Para não nos desnortearmos de vez, talvez seja pertinente lembrar que a maior paróquia do Norte é, precisamente, o Porto.

20070927

Debate Intra-Norte: O "Portocentrismo" é a consequência natural do centralismo

A propósito disto, parece-me que há quem tenha uma visão um pouco estranha de qual é o papel dos presidentes de câmara num regime centralista.

Hão de me explicar por que motivo é expectável que os presidentes de câmara da Área Metropolitana do Porto (AMP) venham a pedir investimento público para municípios fora da AMP, seja para o Minho, Douro ou Trás os Montes.

No dia em que um Presidente de Câmara de um município pedir ao Governo para não investir no seu município, mas investir noutro, está na hora de se demitir. Pode até ser muito boa pessoa, pode até ser um acto muito louvável, mas está claramente a ir contra um dos seus deveres mais básicos: o de agir sempre no máximo interesse dos cidadãos que representa.
Os Presidentes de Câmara têm como função defender o interesse dos seus munícipes. Não o interesse da sua região ou país. Para isso existe o Governo da República. E se este não é imparcial e distribui benesses sem defender o interesse global, a responsabilidade é só e apenas deste.
Por isso, antes de virem com mais conversas de "Portocentrismo", façam-me o favor de demonstrar em que é que estou errado neste raciocínio. Nunca confundi Política com Filantropia.

Vamos brincar à Regionalização?

Era uma vez, um país. Um país e um povo com menos feitos que defeitos, mas ainda assim um país e um povo.
De Abril de 1928 até meados da última década dos anos 60, foi governado por um ditador chamado António Oliveira Salazar. Este homem (no discurso da tomada de posse) proferiu uma frase que viria a tornar-se célebre: "sei o que quero e para onde vou".
Em Abril de 1974, deu-se uma revolução que entre muitas promessas constitucionais assegurava a criação de regiões administrativas desse país, mas por efeito de uma endémica falta de seriedade dos governantes (democratas...) que a precederam nunca chegou a ser feita. Até hoje.
As consequências desse acto irresponsável resultaram em profundas assimetrias e injustiças entre as demais regiões do país e a capital.
Entretanto, com o advento das novas tecnologias da web, surgiram espaços de cidadania, com sites, fóruns e blogs, etc. E com essa ferramenta fantástica o que fizeram os portugueses que até então se sentiam justificadamente defraudados?
Adivinham? É simples, mas vá lá, vou dar uma ajudinha: uni...ram...-! Não, desculpem, ia enganar-vos. A resposta certa, é : de...su...ni...ram...-se!
E sabem o que aconteceu. Aparolaram-se. Confundiram regionalização, com parocaísmo e mesquinhez. Em benefício do centralismo, misturaram o poder central de Lisboa com o Porto, o Porto com Braga, Braga com Guimarães, Guimarães com Aveiro, Aveiro com Coimbra e por aí fora. Cada um começou a "defender" a sua dama, no mais básico estilo comercial, género Sony, ou "o meu cão (de Braga) é mais bonito do que o teu (que é de Guimarães), ou se na tua terra tens dois hospitais eu cá na minha quero três! E por quê? Por que sim.
Apesar de ter prometido por razões óbvias não voltar a participar no "Norteamos", não resisti, tal o absurdo do teor de alguns dos últimos posts.
Caro José Silva, tenha paciência, mas precisa urgentemente de mudar o nome ao blog. Chame-lhe antes: "Desnorteamos". Sempre será mais coerente.

Adesão ao MMS: Um futuro para o Norteamos e seus leitores ?

Recebi agora mesmo o link para o Movimento Mérito e Sociedade, que se pretende consituir como partido político. Procuram responsáveis regionais. Será esta uma forma de os participantes e leitores do Norteamos passarem à acção ? PF comentar.

Debate Intra-Norte: Visão do Minho sobre o Porto

Ou melhor, a opinião de Cesar Gomes sobre o Porto:

O Porto é uma cidade de duas caras! Bajula-se para os investidores por ser uma cidade rica, prospera, moderna, que é o centro de 3 milhões de pessoas (mas fornece apenas os dados (PIB, poder de compra, etc) do concelho do Porto, bla bla. Mas quando se representa para a União Europeia, ou para o Governo é: ai e tal porque o NORTE é pobre, precisa de investimento, não tem condições, não recebemos nada e como o Porto, que também está em crise, está no centro da região invista-se no Porto que já serve a região!

Há mais de dez anos que o Porto não pára de receber grandes investimentos, mas o resto do Norte anda à migalhas.

Porra até quando é que o Minho e Trás os Montes vão dormir! A estratégia é a mesma à anos! Porque será que o Minho e os Trás os Montes estão pobres? Não é muito difícil de compreender. O crocodilo do Porto é sempre o mesmo, é a segunda cidade mais rica de Portugal, e continua-se a queixar...

O Norte é pobre porque o Porto passa a vida a dizer que é o centro do Norte, e ele é que deve receber investimento deixando MAIS UMA VEZ O NORTE AINDA MAIS POBRE. QUEM PRECISA DE INVESTIMENTOS NÃO É O PORTO MAS SIM O RESTANTE NORTE.

O Porto é mais centralista que Lisboa.

Todos os burros comem palha

Uma semana volvida, nada. Nada de nada. Nem um desmentido, nem uma correcção, nem uma carta, nem um postalinho... A notícia que caiu como uma bomba no meio dos meus sentidos parece ter caído como uma pena, suavemente, nas costas e nas cabeças de quem tinha obrigação de se indignar como eu me indignei.

Uma semana depois, perante a passividade geral, continua a ser verdade que o Metro Sul do Tejo custa em média 15 mil euros por dia, com cada carruagem a transportar em média 4 pessoas por viagem. Repito que são números de uma notícia que já tem uma semana. Uma semana depois, pode o custo ser maior ou já ter falecido algum dos utentes habituais...

Descontando esta tal semana a mais, os primeiros quatro meses de funcionamento do percurso Corroios-Cova da Piedade já custaram ao erário público quase dois milhões de euros. Claro que só estamos a falar dos custos de funcionamento, que a notícia era omissa no que toca a custos da construção.Que ninguém me peça piedade num caso destes. Fosse Corroios em Gaia ou a Cova da Piedade em Matosinhos e uma semana depois esta notícia permaneceria plena de actualidade. Todos os burros comem palha...
Por Manuel Serrão, no JN.

MOPTC lê Norteamos

Este comentário de Ana Paula Vitorino «havendo também a hipótese de ser feita uma linha inteiramente nova do Sá Carneiro a Braga», na prática, corresponde à proposta de traçado litoral do CVE Porto-Minho-Vigo.

 

Outras leituras:

20070926

Regionalismo e paroquialismo

Este texto foi publicado em 15 de Março de 2007 no Regionalização. Continua mais actual que nunca.

A região Norte tem 4 milhões de habitantes, o distrito do Porto tem mais de 2 milhões e cresce. O Grande Porto tem uma área de influência de mais de 3 milhões de habitantes.

Os trasmontanos e bracarenses que escolham. O Porto por sí só é suficiente para ser uma região autónoma. O Norte sem o Porto não sobrevive.

Esse discurso do centralismo do Porto é uma das mais bem sucedidas mentiras postas a circular pelos inimigos da regionalização. As principais vozes que se ouvem em defesa do Douro e Minho até são ligadas ao Porto. Quem tem defendido a reabilitação da Linha do Douro, do Comboio moderno para Vigo que atravessará o Minho? Quem tem berrado em defesa da indústria do Ave? Quem tem feito coro em defesa do desenvolvimento turístico do vale do Douro?

Infelizmente, tanto no Minho como no Douro não têm faltado autarcas que se vendem rapidamente por um prato de lentilhas. O fecho da Linha do Douro do Pocinho à Barca, da Linha do Corgo de Vila Real em diante, da Linha do Pocinho a Duas Igrejas, assim como a da Amarante ao Arco de Baúlhe, são exemplos eloquentes da pusilaminidade de muitos autarcas do Douro e Trás-os-Montes que trairam as suas populações por 10 reis de mel cuado.

Tenho a certeza que a maioria dos portuenses não se incomodaria se colocassem a capital noutro sítio qualquer (por mim pode ser Braga, pelo significado histórico e até devido às minhas origens familiares, mas qualquer outra me serve).

A regionalização implicará necessariamente uma outra ordem e não a cópia do pior que existe neste momento - Lisboa. Um modelo que se apoia na multipolaridade que é característica da Região Norte. Deve adoptar-se o funcionamento em rede, com as valências distribuidas. Por exemplo: transportes e economia no Porto, indústria em Braga, Cultura em Guimarães, agricultura e turísmo em Vila Real, pescas em Matosinhos. Outras hipóteses podem ser apontadas.

Aqui existem vários centros de excelência: Porto, Braga, Guimarães, Vila Real e até Aveiro se esta cidade decidir juntar-se ao Norte. Repare-se que se traçarmos um raio de 60 km com centro no Porto englobamos na sua circunferência um conjunto de grandes e dinâmicas cidades portuguesas. Por aqui não existe um eucalipto que tudo seca em volta como acontece no sul.

O peso demográfico do Grande Porto é suficiente para garantir o papel desta metrópole em qualquer modelo. Mesmo que existam tiques centralistas qual será melhor: um centralismo a 400 km de distancia e de costas voltadas para o Norte, ou um a 50/100 km e com grandes afinidades, até pela imensa mole de naturais, com o Minho, o Douro e o Vouga?

Decidam-se: para o Porto basta que a área metropolitana vote sem margem para dúvidas na regionalização que ela far-se-á pelo menos na Grande Área Metropolitana do Porto. Não haverá governo capaz de aguentar a pressão política a menos que se disponha a enfrentar uma revolta. A partir desse dia será insustentável manter o Porto na menoridade política. Quem quiser vir atrás que venha. Acabaram-se os tempos das contemporizações. A hora é de acção. Caminhemos juntos!

P.S. - Algo perfeitamente estéril é o paroquialismo que ainda reina a Norte. Uma das sub-regiões com maiores problemas económicos e desemprego é a do Cávado. Sim, a que tem Braga como centro. No entanto é raro ouvir-se uma voz de Braga no combate pela autarquia do Norte. Ainda vivem no tempo do Silva Pais. O seu móbil é o combate aos agitadores (agora chamam-lhes "centralistas") do Porto. Há quem à distância se delicie com isso.

E fazem muito bem...

Os pais e encarregados de educação dos alunos do 1º ciclo de Merufe, Monção, admitiram hoje matricular os filhos na Galiza, Espanha, caso não seja rapidamente autorizada a sua transferência para a freguesia vizinha de Barbeita.

...além do galego aprenderão castelhano, algo que lhes será muito útil no futuro.

A devida homenagem

Mário Ferreira, empresário portuense, tem feito mais pelo Douro nos últimos anos do que todos os presidentes de câmara da região juntos. Se não fosse ele, e a sua visão empreendedora que abriu o Douro ao mundo, localidades como Barca D'Alva, Pocinho, Pinhão e outras já nem sequer existiriam depois de terem sido abandonadas pelos poderes fácticos do centralismo: CP, REFER, EDP, etc.

A conivência dos agentes políticos da região com a política do facto consumado executada pelos braços do poder central já é proverbial.

Mário Ferreira espera há anos que o poder central lhe permita construir um grande empreendimento turístico na Rede. Há vários anos que tudo está empastelado nas gavetas da burocracia debaixo do silêncio ensurdecedor dos agentes locais.

Mário Ferreira espera há anos que os políticos da região promovam a construção duma escola de turísmo e hotelaria na região porque segundo ele, e lucidamente bem, não faz sentido ter que recrutar mão-de-obra para os seus empreendimentos no Porto ou em Lisboa quando na região há escassez de emprego qualificado. Para tal já disponibilizou terrenos e assegura financiamento. Segundo sei, até hoje nada aconteceu.

Pouca sorte tem tido a indústria turística do Minho porque ainda não teve o seu Mário Ferreira. A atitude dos políticos minhotos perante o centralismo é a mesma que a dos do Douro e Trás-os-Montes. Basta ver como foram calados e comprados, ainda recentemente, no caso das urgências hospitalares em acelerado processo de fecho.

Em defesa duma ligação...

"... ferroviária moderna entre o Porto e a Galiza"

Será um comboio tipo TGV entre Porto e Vigo um investimento rentável? Claro que não! Para percorrer os escassos 150 km que separam estas duas cidades do noroeste peninsular é evidente que um comboio do tipo TGV seria uma absoluta irracionalidade económica. Os comboios TGV têm um carácter complicado: fazem-se pagar caro, exigem (em regime de exclusividade) uma dispendiosa via de alta qualidade, detestam curvas e adoram rectas. Para se sustentarem precisam de largos milhões de passageiros anuais. Enfatizo: um comboio TGV para percorrer 150 km é uma idiotice. Para percorrer os cerca de 700 km que separam Lisboa de Madrid (via Badajoz) é, pelas mesmas razões apresentadas acima, uma idiotice em todo semelhante. Ainda por cima quando nos dizem que a mesma via será partilhada por comboios de mercadorias. Só se estiverem a falar de comboios que transportem contentores do tipo carga aérea. Comboios pesados de mercadorias, com os normais contentores utilizados na rodovia, ferrovia e transporte marítimo, provocam um tal desgaste e deformação nas vias que tornam a manutenção das mesmas, para permitirem as velocidades atingidas pelos TGV, de tal modo onerosa que as torna economicamente inviáveis. Não esqueçamos que estamos a falar de velocidades no intervalo 300-350 km/h.

Nos últimos tempos tem-se falado muito sobre TGV's sem se perceber muito do que se fala e confundido conceitos. Entre Porto e Vigo nunca, na verdade, esteve previsto um comboio do tipo TGV (300-350 km/h) mas sim um tipo de comboios com uma velocidade mais baixa, mais económicos, mais flexíveis, mais versáteis e 4 vezes mais baratos. Comboios que são normalmente classificados como comboios de velocidade elevada (200-250 km/h), dotados ou não dum sistema basculante que lhes permita obter ganhos de velocidade em traçados sinuosos. Comboios em tudo semelhantes aos nossos comboios de pendulação activa (CPA 4000), comercialmente conhecidos como os "Alfa Pendular". Ora, uma linha destas características entre o Porto e a Galiza, que sirva o aeroporto de Pedras Rubras, a região de Braga-Barcelos, a cidade de Viana e que percorra a distância entre Porto eVigo em não mais de uma hora, além de ser uma verdadeira necessidade estratégica para o Norte será também economicamente sustentável. Coisa que o pretenso TGV Lisboa-Madrid nunca será. Provam-no os números publicados no relatório do Observatório do Tráfego Transfronteiriço entre Portugal e Espanha, referente ao ano de 2003 (os últimos números conhecidos). Analisemos então os números da fronteira de Valença e daquelas -rodoviária do Caia e ferroviária de Marvão-Beirã– que seriam servidas pelo TGV Lisboa-Madrid.
Número de pessoas que entraram por via rodoviária (2003):
  • Pela fronteira de Valença entraram em Portugal um total de 7 944 720 pessoas. Delas, 2124 288 eram turistas* e 5 820 432 eram excursionistas*.
  • Pela do Caia, fronteira que serve a auto-estrada Lisboa-Badajoz, entraram um total de 2 598 304 pessoas sendo 781 292 turistas* e 1 817 012 excursionistas*.
Se considerarmos que as entradas serão iguais às saídas, temos um tráfego total em Valença de quase 16 milhões de pessoas e no Caia de pouco mais de 5 milhões de pessoas.
* Turistas são os que pernoitam pelo menos uma noite e Excursionistas são os que entram e saem no mesmo dia.
Tráfego por por via ferroviária-número de pessoas (2003):
  • Por Marvão Beirã, fronteira por onde circula o Comboio-Hotel entre Lisboa e Madrid, tivemos um tráfego total (entradas mais saídas) de 76196 pessoas no ano de 2003.
  • Por Valença, fronteira por onde circula o comboio Porto-Vigo, tivemos um tráfego total (entradas e saídas) de 34410 pessoas no ano de 2003.
O serviço ferroviário que actualmente serve o eixo Porto-Vigo é um serviço com qualidade terceiro-mundista, que gasta 3 horas para fazer 150 km e tem horários e tarifários absurdos. Não é minimamente competitivo com a rodovia. Mesmo nas actuais circunstâncias seria possível fazer muito melhor. É de admirar como, mesmo assim, ainda é utilizado por mais de 34 mil pessoas anualmente.

O serviço Lisboa-Madrid, embora os tempos conseguidos sejam fracos, é efectuado por um bom comboio nocturno (composições Talgo 200) que oferece, na sua classe mais elevada, um serviço de excelência que inclui além dum camarote duplo privado, com WC completo e duche, jantar e pequeno-almoço já incluídos no preço do bilhete.
Tráfego por via aérea-número de pessoas (2003):
Entre Lisboa e Madrid tivemos um movimento total de 669 402 passageiros.
No tráfego aéreo não considero o tráfego entre Porto e Madrid/Barcelona e entre Lisboa e Barcelona porque nestes percursos, devido à distância envolvida, o comboio nunca será competitivo com avião.
Resumo:
Pela fronteira de Valença tivemos um tráfego anual de 15 923 850 pessoas (rodovia e ferrovia) e nas fronteiras que servem Lisboa (Aeroporto,Caia e Marvão-Beirã) tivemos um tráfego anual de 5 942 206 pessoas (rodovia, ferrovia e avião). A diferença de tráfego entre estes dois eixos é de cerca de 10 milhões de pessoas favoráveis a Valença.
Um serviço ferroviário moderno, rápido e de qualidade entre Porto e a Galiza tem um enorme potencial. Os números não mentem.

Os que nos dizem que um comboio moderno entre o Porto e a Galiza não é economicamente rentável, fazem-me lembrar aqueles que utilizavam o argumento que, durante décadas, foi usado para justificar a falta de vontade para construir um sistema de metro no Porto: o subsolo era rochoso e impossível de trabalhar para fazer túneis. Lembram-se?

Perante estes números, oficiais e disponíveis no Sítio Internet do Ministério das Obras Públicas, eu quero é que me justifiquem, e muito bem, o TGV Lisboa-Madrid através do Alentejo e com saída por Badajoz. A ligação Porto-Vigo com comboios de velocidade elevada (200-250 km/h), usada tanto por comboios de passageiros como por comboios de mercadorias, pelo contrário, justifica-se plenamente.

É evidente que o governo central se prepara para deixar cair a ligação em caminho-de-ferro moderno entre Porto e Vigo e construir apenas a ligação Lisboa-Madrid por Badajoz. Isso, aliado à construção do aeroporto da Ota, será muito gravoso para a economia desta região. O Norte de Portugal deve levantar-se e impedir mais este inadmissível delírio centralista. É o futuro das novas gerações desta região que o exige. É tempo de dizer basta!

António Alves

P.S. Esta posta foi publicada por mim no Baixa do Porto no já longínquo dia 30 de Outubro de 2005. Se a secretária de estado me tivesse lido poupava-se às figuras tristes que tem feito ultimamente, principalmente no que respeita ao comboio Porto-Vigo.

Região de Turismo do Norte

Este texto foi inicialmente publicado nesta caixa de comentários. Após algumas pequenas revisões (principalmente no ponto 7), fruto da discussão que entretanto se gerou. Peço desculpa pela extensão do texto.

Embora eu compreenda as preocupações com a constituição de uma Região de Turismo Norte, com funções de promoção interna e externa, bem como de intervenção no território (face às actuais regiões de turismo sem promoção externa), discordo delas por várias razões:

1- O maior problema na promoção externa do turismo portugues é o excesso de marcas, que limita significativamente a eficácia da promoção. Mais marcas = mais confusão = menos turistas para todos.

2- Numa lógica interna, não é pela promoção ser feita pela Região de Turismo A ou B que deixamos de reconhecer que existe uma região Minho. Como não creio que alguém esteja a pensar em deixar de promover o Minho internamente, penso que esta questão não se coloca.

3- A criação de uma Região de Turismo do Minho, na lógica do que se supõe virem a ser as competências propostas pelo Governo para as regiões de turismo (promoção interna + externa) resulta numa total falta de escala desta região. O norte actualmente não tem fundos para se promover correctamente na Polónia ou Escandinávia. A RTMinho não passaria de Espanha, se quisesse usar bem o seu dinheiro.

4- A notícia tem um erro evidente: ninguém gasta 100M€ para promover uma região. Seria o Norte a gastar mais que Espanha inteira. Os 100M€ são para intervenção no território. Recordo-me do último programa lançado pelo Governo (Programa de Intervenção do Turismo)). No Minho as entidades "interessadas" protestaram que o dinheiro não lhes estava disponível. O que é falso. Está-lhes tão disponível como a qualquer outra região, embora haja pequenas bonificações para os chamados "Pólos Turísticos" (se alguém quiser ajuda a concorrer pode-me contactar). Provavelmente não será diferente no Programa a lançar pela CCDRN.

5- A constituição de uma Região de Turismo do Minho é particularmente injusto para a do Norte. A ADETURN (actualmente responsável pela promoção externa do Norte) tem gasto 1/3 do seu orçamento na atracção de low cost. Certamente que o Minho tem beneficiado com isso. Continuaria a beneficiar da promoção da nova Região de Turismo do Norte, mas sem para isso contribuir.

6- O Minho tem identidade e tem potencial para vir a ter marca própria. Antevejo que Braga se venha a tornar a 3ª cidade de "city break" em Portugal. E deverá começar a trabalhar para isso. Só que confundir potencial de longo prazo com potencial de curto prazo poderá ser um erro crasso. Braga terá notoriedade quando o Porto for um destino city break consolidado, o que se verificará em 10-15 anos. Até lá, o Minho crescerá por associação à área turística do Porto. Não vejo o benefício do Minho em ficar fora da rota de 2Milhões de turistas anuais em rápido crescimento. É melhor forma do Minho ganhar notoriedade no curto prazo. Depois, estará em condições de fazer o "spin-off" em termos de marca. E ao contrário do afirmado, o resto do Norte precisa do Minho para escala em termos de conteúdo. O Norte, sem o Minho, não tem hoje conteúdo para uma semana.

O mesmo se passa em Lisboa. Lisboa promove o Oeste, o Ribatejo/Templários, Sintra,... todos eles teriam conteúdo para ter a sua marca, tal como o Minho. Mais, todos eles querem ter a sua marca. Mas todos eles compreenderam que só têm a ganhar em vender-se como região de Lisboa. O resultado é que ao fim de uma década, o Oeste começa a afirmar-se com identidade própria no exterior. Mas ainda é vendido pelas agências de viagem como região de Lisboa. Se tiverem dúvidas, consultem o Plano Estratégico do Turismo de Lisboa: http://www.tlx10.com.pt/ (está em baixo neste momento, espero que seja temporário)

7- (revisto) A questão mais questionável é a necessidade de promover a marca Porto. A marca Porto serve para Porto+Douro, pois é no Douro que se faz o Vinho do Porto. Mas não serve para o Minho, Trás os Montes e Aveiro. A marca "Porto" como dominante só é adequada na primeira fase de uma estratégia a 4 fases:

  • I - "Porto". Marca única. Criar grande notoriedade a partir da marca mais conhecida.
  • II - "Porto-Norte de Portugal". Dupla marca. Transferir a notoriedade do Porto para uma marca mais agregadora.
  • III- "Porto - Norte de Portugal" + "Norte de Portugal". Começar a usar a marca Norte como marca agregadora.
  • IV- "Porto - Norte de Portugal" + "Norte de Portugal - Douro" + "Norte de Portugal - Minho"... Introduzir a utilização de submarcas.
  • V- "Porto - Norte de Portugal", "Douro - Norte de Portugal", "Minho - Norte de Portugal",... Invertter a lógica da marca chapéu, que passa a ser usada como submarca. As marcas regionais (ex. Minho) são usadas de forma individual, sendo a marca "chapéu" (norte) usada efeitos de cross selling e ideia de continuidade / coerencia do destino.

Ora, actualmente a promoção assentava em "Porto - Norte de Portugal". Estamos portanto na segunda fase. É certo que a primeira fase nunca foi efectivamente concretizada. Ainda assim, não é evidente que se deva voltar atrás, desperdiçando o que já existe da marca "Norte". O caminho é fortalecer as duas marcas. Isto é, manter a fase II durante os próximos 3 anos, e mais 2 de fase III. Nos mercados estratégicos (Espanha, Reino Unido, França e Alemanha) deveriamos pensar na fase IV.

8- Actualmente, as regiões de turismo tendem a promover, nos seus postos de turismo, a sua própria mini-região. A capacidade de cross selling da região é nula. Mas os turistas que querem conhecer o norte inteiro, querem recomendações do norte inteiro, e deverão regressar ao seu país com a sensação de que não viram tudo.

9- Na última vez que estive num posto de turismo, vi a recepcionista a recomendar a visita a Guimarães e Lamego. Não vejo o que ganha o Minho se as recomendações passarem a ser Vila Real e Lamego... Da mesma forma, o Minho não ganha em que as "press tours" (visitas guiadas pela região a jornalistas, patrocinadas pelas Regiões de Turismo de promoção externa) do Norte deixem de incluir o Minho. Nem o Norte ganha muito com isso.

10- O Norte precisa de um produto turístico coerente, homogéneo. A organização deve ter em conta que o turista não visita apenas o Porto e o Douro. Visita o Minho. Visita Aveiro. Visita Trás os Montes. Convém uma estratégia comum.

11- Os meus comentários não invalidam que deva existir uma estratégia para cada sub-região, e que as entidades privadas e municipais de cada distrito devam ter uma palavra a dizer na definição (e financiamento) dessa estratégia. E que a estratégia definida tenha em conta que há locais onde o sector privado tem maior capacidade (ex. Porto) que noutros (ex. Douro). O Estado deve actuar onde os privados não o fazem, e não o contrário. A democracia assim o exige.

No espaço de um ano, o salário médio em Lisboa aumentou 63 euros, de longe a maior subida de todo o país. Um lisboeta trabalhador por conta de outrem ganhava, no final do segundo trimestre deste ano, 937 euros, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística. No outro extremo, a região Norte, cada pessoa levava para casa 647 euros - mais 11 euros do que um ano antes. Em pior situação estão os algarvios, já que o salário médio tem mergulhado. Em doze meses, perderam 47 euros na folha de vencimentos.
...

E a capacidade de atracção de mão-de-obra qualificada por parte da capital é cada vez maior, acrescentou Couto dos Santos, vice-presidente executivo da Associação Empresarial de Portugal (AEP). "O país está cada vez mais centralizado, no que toca à tomada de decisões, ao investimento e à atracção de recursos humanos e de elites". A perda de jovens qualificados preocupa especialmente a AEP. "Os bons técnicos saídos das universidades do Norte vão trabalhar para o estrangeiro ou para Lisboa. Aqui ficam os recursos pouco qualificados", cujo salário é inferior, disse.

Se as decisões do Governo contribuem para a disparidade salarial, entende Couto dos Santos, também os líderes da região têm responsabilidade. "Não há união nenhuma, as elites estão concentradas nas suas paróquias e rapidamente se deixam levar para Lisboa e se calam".
...


no JN

Começa a ser cada vez mais impossivél negar o que está à frente de todos nós. Vou ficar à espera das medidas dos responsaveis... mas decerto que a vergonha vai continuar. Acho que devíamos fazer o mesmo que a TAP, contratar gestores estrangeiros!

Região de Turismo do Norte: Um Requiem ao Minho

Entende a Comissão de Coordenação da Região Norte (e alguns minhotos aplaudem) que nem a magnifiência do Parque Nacionalda Peneda Gerês, nem a monumentalidade histórica de Guimarães, nem a vastíssima riqueza arquitectónica de Braga, nem o enorme valor cultural de Ponte de Lima, nem a magistral etnografia de Viana do Castelo justificam marca própria. E eis que o Minho mais não será que um apêndice dessa marca chamada Norte Porto cuja aposta se centrará assumidamente no Douro, no Douro e no Douro.

E, perante isto, o que nos reservam as forças vivas do Minho para além de um enervante silêncio, pontuado aqui e ali por uma ou outra voz dissonante? Nada.

Dirão que foram levados no engodo? Impossível.

O intento de arrastar os fundos de todo o Norte para a promoção da marca "Porto" está bem anunciado nas páginas do JN: «Neste contexto, a futura Região de Turismo do Norte - que irá contar com um investimento de 100 milhões de euros para a promoção da região - pretende utilizar a marca "Porto" em todos os seus destinos e afirmar-se como a quarta grande marca turística portuguesa, depois do Algarve, Lisboa e Madeira.»

Porque o Norte não é o Porto. Porque o Porto não é o Norte. Porque o Porto não precisa do Minho para se promover. Porque o Minho tem identidade, tem história, tem gente, tem força e tem potencial, junto-me a Henrique Moura e a todos quantos lutam para não deixar morrer o Minho.

[versão integral aqui]

20070925

Regionalização ... porque não nos esquecemos!

Por muito que o Governo a tenha arrumado para o canto das promessas para a próxima legislatura, por muito que a sociedade civil se mantenha abúlica , a regionalização é um desafio que muitos dos que acreditam que perdemos por viver num país exageradamente centralizado terão dificuldade em esquecer. Até porque o exemplo galego, mesmo aqui ao lado, está sempre a mostrar-nos o quanto andamos a desperdiçar. A história que se segue é demonstrativa disso.

Na última sexta-feira, a Consellería da Cultura do Governo galego decidiu convidar os grupos de teatro e programadores do Norte de Portugal para uma reunião de trabalho, em Santiago de Compostela. Coisa que, diga-se, nunca o nosso ministério da Cultura fez. A reunião serviu como porta de entrada para uma feira em que os produtores das duas regiões serão convidados a exibir o seu trabalho a potenciais interessados e para explicar as condições que o Governo galego oferece para actuarem na região.

O que mais perturbou a comitiva nacional não foi o facto de perceber que a Galiza paga metade do cachet dos grupos portugueses que actuem lá e faz o mesmo aos galegos que venham actuar a Portugal. Também não foi o facto de perceber que a rede de salas da região está perfeitamente organizada. O que não podia deixar de suscitar discussão, foi a confissão pública dos responsáveis galegos da dificuldade de encontrar do lado de cá da fronteira interlocutores similares para estruturar o intercâmbio entre os grupos das duas regiões.

O ministério da Cultura até tem uma delegação no Norte, sedeada em Vila Real, mas como os portugueses sabem e os galegos descobriram, não passa de um escritório de burocratas, sem autonomia ou orientação própria. Restou-lhes contactar o responsável do Instituto Camões na Galiza, que com alguma boa vontade e um total desconhecimento do tecido cultural do Norte, lá tentou ajudar no que pôde.

Com histórias destas, fica fácil de perceber por que há quem tenha a a ideia fixa da regionalização.

David Pontes

Embora concordando no geral com David Pontes, estou cada vez mais convicto que uma simples regionalização não servirá para nada. Quando vier, virá tão mitigada e tão atrasada que será um desperdiçar de esperanças. Estou cada vez mais convicto que a única solução para o Norte terá que ser uma verdadeira autonomia ao estilo da Madeira e Açores. Autonomia política, legislativa, orçamental e fiscal. A Galiza aí está para o provar.

20070924

Porquê

"Mário Lino garante que ainda não há decisões sobre concessão da futura travessia do Tejo

O ministro das Obras Públicas, Mário Lino, garantiu hoje que ainda não há decisões sobre a concessão da futura terceira travessia do Tejo, pelo que considerou "prematura" a discussão sobre o eventual pagamento de indemnizações à Lusoponte."

Em 2006 a situação era esta:

"Os principais concorrentes do comboio, automóvel e barco, perderam tráfego. A Lusoponte perdeu cerca de 1,1% do tráfego médio diário mensal na Ponte 25 de Abril. A queda na Vasco da Gama foi de 1%, de acordo com números da Estradas de Portugal. Desde 2002 que esta concessionária não perdia tráfego."

Eu não visito Lisboa há mais de um ano. Por isso pergunto: A ponte Vasco da Gama atingiu ou está perto de atingir os limites do tráfego? Qual é a necessidade?

Recordo-me do ano em que a Ponte foi construida, o investimento de obras públicas em Lisboa foi igual a todo o investimento no resto do país. Como já não bastasse isso, parece que o local onde a ponte foi construída não foi o exactamente o melhor. Eu tenho culpa disso? Porquê que têm todos os contribuintes que pagar as perdas da Lusoponte? Não sei quem é que assina estes contratos... sem dúvida os interesses do país estão a ser bem salvaguardados.

Presidente do Conselho de Reitores de Coimbra acusa Mariano Gago de favorecer o Instituto Superior Técnico

Já o sabíamos. É o umbiguismo elevado ao extremo do compadrio e amiguismo. Para ler aqui.

Região de Turismo de Aveiro deixa de fazer parte do Turismo da Região Centro

"A Associação de Desenvolvimento do Turismo na Região Centro (ADTRC) extinguiu a agência de promoção turística - incluída nos seus estatutos - e promoveu a constituição da Associação para a Promoção do Turismo na Região Centro de Portugal - Turismo Centro de Portugal (TCP). Duas das principais regiões de
turismo, a da Serra da Estrela e da Rota da Luz, já se desvincularam da ADTRC e recusam--se a fazer parte da nova TCP."
- DN Online
Não me parece que a desvinculação da "Rota da Luz" (Região de Turismo de Aveiro) seja inocente. Agora que não faz parte da Região de Turismo do Centro, estão criadas as primeiras condições para que venha a fazer parte de uma futura Região de Turismo do Norte.

Tendo em conta o post anterior, esta notícia vem mesmo a propósito.

20070921

Região de Turismo Norte

O Norte precisa de Aveiro para ganhar ainda mais conteúdo turístico relevante. Aveiro precisa do Aeroporto do Norte e estar integrado nos circuitos turísticos que partem do Porto. Enquanto uns se mostram preocupados por ficar numa região de turismo maior, provavelmente em Aveiro desesperam por ficar de fora.

Qual a vossa opinião? Deveria Aveiro ficar numa Região de Turismo Norte (falo apenas de turismo)? Que vantagens e desvantagens. Por favor indiquem de que cidade / região escrevem.

"Região de Turismo do Norte vai fazer desaparecer o Minho"

"O presidente da Região de Turismo Verde Minho (RTVM) veio ontem contestar a estratégia apresentada pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) para o turismo, que sublinha a necessidade de criação da Região de Turismo do Norte.
Henrique Moura promote continuar a bater-se pela Região de Turismo do Minho e adverte que o plano divulgado por Carlos Lage vai fazer desaparecer o Minho.«Uma única Região de Turismo para o Norte é esquecer que o principal destino dos portugueses, depois do Algarve, é o Minho e este passar a integrar o Norte é fazê-lo desaparecer, pura e simplesmente», afirma."

Se existisse uma única Região de Turismo no Minho, se existisse efectiva coordenação entre as regiões de turismo no norte, se o Minho fosse um destino internacional válido per si (pelo contrário, apenas Porto+Douro+Minho tem dimensão mínima / conteúdo para o turismo internacional), se a Região de Turismo tivesse meios de financiamento para realizar um trabalho de fundo, se o Plano da CCDRN ignorasse as especificidades do Minho,..., se isso tudo, eu até concordaria com ele.

Mas não. O Minho tem várias Regiões de Turismo (Alto Minho, Baixo Minho, Guimarães,...), não existe coordenação nem entre elas nem com as outras, o Minho atrai fundamentalmente turistas nacionais e galegos (e não é graças à Região de Turismo que os atrai) , tem meios financeiros muito limitados (dão para mais do que salários?), e o Plano da CCDRN divide o norte em 4 subregiões, uma das quais é o Minho.

As Regiões de Turismo não têm funcionado da melhor forma. São muitas, muito dispersas, muito pequenas e com muito pouco dinheiro. Por algum motivo o Governo vai mudar o enquadramento destas instituições.

O Minho já existia antes das Regiões de Turismo. E continuará a existir depois. É relevante para um turista se a região de turismo é do Minho ou é do Norte? Seria delirante pensar o contrário. Daí que a questão não é se o Minho "desaparece" se não tiver a sua região de Turismo própria. A resposta é evidente.

Henrique Neto, preocupado em manter caixinhas, esquece o mais importante: qual o modelo institucional que é mais eficaz para o Minho e como garantir que nesse modelo o Minho tem voz relevante. Seguramente que esse não é o actual modelo.

Leituras 20070921

Chaves-Verín: Eurocidade é para avançar. passado dia 13, na localidade de Verín (Espanha), diferentes dirigentes e/ou representantes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), Eixo Atlântico, Deputación de Ourense e as Câmaras de Chaves e Verín participaram naquela que foi a primeira reunião de trabalho com vista à implementação do projecto. No encontro, foram definidas as linhas de actuação para a criação de um espaço de colaboração, “que visa proporcionar a Chaves e Verín novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento económico, quer através da captação de fundos comunitários e investimentos privados”.

"O Plano de Ordenamento do Parque Natural de Montesinho, em discussão pública até 17 de Outubro, está a ser contestado pelos municípios de Bragança e Vinhais e respectivas juntas de freguesia, por ser “demasiado restritivo e proibicionista”. O Plano é ainda contestado por proibir, concretamente, a instalação de parques eólicos. A construção de barragens e açudes para abastecimento de água e uso agrícola ou florestal fica condicionada, mas não é interdita, o que poderá deixar uma porta aberta à construção da barragem das Veiguinhas."
Nota: Esta é a altura para protestar. Temos até dia 17 de Outubro.

Bragança procura apoio para Ecocidade. A Câmara Municipal de Bragança lançou um concurso público para ajuda à pré-instalação de um Centro de Inovação e Elaboração do Plano Estratégico para a Ecocidade.

"Sónia Araújo é a partir de hoje à noite co-apresentadora do programa ‘Luar’, na TV Galícia, a par com Xosé Ramón Gayoso e Neves Rodríguez. O formato, que vai para o ar à sexta-feira, em horário nobre, há 16 anos, “tem uma base musical muito forte”, como explicou ao CM o realizador do programa Manolo Abad. O mágico Luís de Matos tem encantado os galegos com a sua presença semanal no‘Luar’. "Queremos ampliar o leque de convidados portugueses “.A aposta na Língua Portuguesa foi aliás uma das razões que levou a que a produção convidasse a apresentadora do ‘Praça da Alegria’ na RTP 1, para ser co-apresentadora do ‘Luar’, que apenas na última semana ficou em segundo lugar na tabela de audiências espanhola."


Removida a última grande lixeira do Douro Património Mundial.

Região de Chaves aposta no combustível alternativo. Biodisel reduz emissão de dióxido de carbono em 75%. Três empresários de Chaves abriram a primeira empresa de transformação de óleos alimentares usados em combustível.

20070920

Leituras 20080920

·         Europa desafia Portugal a avançar já com as regiões;

·         Uma via possível para a reorganização administrativa do Continente: Círculos eleitorais para a AR: Distritos para NUTS3 ?

·         Vale do Sousa: Actividades de enriquecimento curricular e aproximação cultural com a Galiza;

·         Arcos de Valdevez: Homem morre após ambulância ter estado parada por ordem da BT; Se houvesse governo regional ou qualquer coisa parecida, já teriam rolado cabeças. Assim, as responsabilidades diluem-se até chegar a Lisboa.

·         Para os adeptos da independência do Norte de Portugal: Ameaça de Global Balkans e guerra no Médio Oriente, fim da Bélgica, ingleses e escoceses favoráveis à independência da Escócia, o que já sabemos de Espanha, e os vários movimentos secessionistas dos EUA. Continuo a achar que o Norte não precisa de independências, mas sim mais auto-governo e maturidade.

·         Low cost forçam mudanças e ameaçam OTAs, Alcochetes, TAPs, ANAs e outros monopolios dos estados centrais: Alitália cede metade do aeroporto de Milão a low costs,  Easyjet equaciona rotas internas em Portugal, eventualmente o Porto-Lisboa, «matando» à nascença o CVE respectivo, novo aeroporto de Atenas, uma espécie de OTA, é tão caro que lá não pousam low costs. Mais argumentos para Portela+N, sem OTAs nem Alcochetes, portanto. É preciso continuar atento a isto.

20070918

Política de turismo do norte com cem milhões de euros até 2013

"A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN) apresentou hoje a política para o desenvolvimento do turismo na região, uma iniciativa inédita em Portugal que contará com cem milhões de euros de fundos comunitários até 2013.

Esta verba é canalizada através do Programa Operacional Norte do QREN, o Quadro de Referência Estratégico Nacional, que enquadra os fundos comunitários para o período 2007-2013, e "uma parte significativa" será destinada ao desenvolvimento do turismo no Vale do Douro, disse o presidente da CCDRN, Carlos Lage.

"Penso que somos pioneiros ao propormos uma política de turismo regional", disse Carlos Lage, defendendo a necessidade de ser criada a Região de Turismo do Norte, com uma política de turismo regional para "responder à ausência de uma política de turismo para o norte do país"."Temos um diagnóstico, uma estratégia e uma política de turismo para a região", frisou o presidente da CCDRN, defendendo que a elaboração desta política pretende "contribuir para regenerar a economia regional". Para Carlos Lage, a política regional de turismo "já deveria existir há muito tempo", considerando ser "quase criminoso" não ter sido ainda devidamente aproveitado o potencial turístico da região norte.

(...) A CCDRN pretende que o norte do país seja "uma das regiões de maior crescimento turístico" em Portugal, assumindo-se como um destino de excelência
histórico-cultural, além de se tornar no primeiro destino enoturístico nacional. O norte do país deverá ainda tornar-se no primeiro destino de turismo de natureza e rural em Portugal.

Para atingir estes objectivos, foi definida uma estratégia centrada no lema "Uma região — Quatro destinos", que divide o norte do país nos destinos Minho, Porto, Trás-os-Montes e Douro.No início de 2008, segundo Carlos Lage, a CCDRN estará em condições de divulgar as condições de acesso aos cem milhões de euros que se pretende que mudem a face do turismo no norte do país até 2013."

Comentário 1: Uma boa notícia para o Norte. Já não era sem tempo.
Comentário 2: Não deveria apresentar isto apenas quando já pudesse também divulgar as condições de acesso?

Porque será que a produtividade do Norte é menor do que a de Lisboa ?

Na sequência do post da EA, deixo alguns comentários:

 

1. Produtividade = Valor da produção por hora de trabalho (Wikipedia). Portanto, não confundir com quantidade física de trabalho produzido... É preciso ter em conta o valor do trabalho produzido, o preço do bem ou serviço vendido, e portanto o sector económico onde se actua ! Produtividade está então ligada à rentabilidade de um negócio... Isto é muito importante. Bill Gates não trabalha 24 horas por dia, mas provavelmente é um dos trabalhadores mais produtivos do mundo... Belmiro, idem.

 

2. O Norte é a 4ª região menos produtiva da Europa a 15. Interessante é que na região mais produtiva (rentável) per capita da Europa a 15 (Luxemburgo), cerca de 30% dos seu trabalhodores não nortenhos... Portanto, também não há genética ou raça ou outras variantes «suevas» a influenciar a produtividade ...

 

3. A Produtividade é medida pelo PIB regional sobre população activa. Ora se este PIB estiver sub-avaliado por causa da economia informal/sub-facturação, o PIB per-capita fica sub-avaliado. Isto é uma pista para explicar porque é que no Norte existem muitos VW, BMW, Audis, Mercedes e afins na posse da classe média...Esqueçam o esteriotipo dos Ferraris de Felgueiras... Nota: Uso regularmente VW Passat.

 

4. Mas importante é explicar como Lisboa é mais produtiva que o Norte. O próprio post já refere que «a crescente concentração da população e actividade económica em torno das capitais pode, a longo prazo, constranger o crescimento económico geral». É uma primeira explicação. Mas a essencial é que o Estado Central conduz(iu) uma política micro-económica que delibeadamente favoreceu a região de Lisboa, concentrando lá as actividades que nos últimos 20 anos da conjuntura económica, globalização e adesão ao Euro, se anteviam de maior rentabilidade/produtividade:

·         A Auto-europa e esforço para que cluster dos componentes para automóveis migre para sul;

·         Serviços financeiros e telecomunicações, por natureza abrigados da concorrência internacional, que migraram do Porto para Lisboa pelas mãos de Cavaco Silva e que não querem cá regressar como demonstra a OPA estatalmente abortada sobre a PT;

·         A actividade editorial, comunicação social e publicidade, também abrigada da concorrência internacional, tem sido drenada quer devido à acção de empresas públicas (NTV, RTP-Porto, obstáculos ao arranque do Porto Canal), quer devido a decisões de privados (JN pré-Joaquim Oliveira, back-office do Público sedeado em Lisboa, compra de editoras portuenses por Paes do Amaral, etc);

·         O sector turístico, também protegido da concorrência asiática, onde o Estado Central continua a beneficiar os agentes do sector de Lisboa, como António Alves aqui refere;

·         O sector da I&D, actividade sofisticada pela sua própria natureza, onde 70% dos subsídios estatais se concentram na região da capital, assim como os 19 laboratórios do Estado;

A maior produtividade de Lisboa, não se deve às especiais capacidades dos lisboetas, como todos intuimos. Deve-se sim à melhor antecipação do futuro económico que os agentes de Lisboa realizam e à capacidade que tem de manipular o Estado Central em benefício próprio. Com todas estas medidas de apoio aos sectores mais produtívos e rentáveis na zona de Lisboa é natural que a produtividade deles seja maior que a nossa. Por cá ficam os sectores que tem que concorrer com os salários chineses ou afectados por um euro em valorização. Algumas excepções são uma gota no oceano.   

 

6. A solução para o aumento da produtividade a Norte passa por resolver a questão da economia informal e por perceber que a Estrategia é uma componente importante nas decisões individuais, das organizações e das regiões. Cabe a cada um de nós, a cada momento, compreender a economia e conseguir evoluir as capacidades profissionais, competencias empresariais e especialização regional para sectores que a cada momento permitam elevadas margens de venda e portanto alta produividade. Falta Norte, portanto.

 

PS: O artigo do JN, sem o enquadramento que aqui dei, parece a vergonhosa propaganda anti-Norte da época pré-Joaquim Oliveira. O JN precisará de uma actualização norteadora ? Podemos ajudar.

20070917

Maconde

A Maconde transformou-se numa fritadeira de gestores. Depois de Pais de Sousa, que saiu no início do ano, ainda por lá andou Maria Cândida Morais.

É neste contexto que um ministro, Manuel Pinho, e um secretário de Estado, Castro Guerra, aparecem a promover um acordo entre a empresa e a banca, que além da reestruturação financeira que já estava negociada, contempla a entrada de sete milhões de euros de dinheiro fresco para financiar a actividade corrente e, ao que tudo indica, a saída de alguns dos sócios do primeiro MBO e a entrada de gestores no capital, com o apoio das capitais de risco do Estado.

Percebe-se a preocupação do Governo com a situação de crise da região Norte, a mais atingida pelo processo de ajustamento à globalização. A Maconde ainda emprega perto de 600 trabalhadores e tem impacto na região.

O Norte está a passar por uma crise que não fica muito a dever à crise da região de Setúbal nos anos 80 e 90. É natural que o Governo se preocupe com isso. Mas não é com intervenções casuísticas nas empresas e pressões sobre os bancos que o problema se resolve. Pelo contrário, são balões de oxigénio e sinais errados para o mercado. Mas parece que o desnorte já começou. - Luisa Bessa, texto na íntegra no Jornal de Negócios

Mais do que de intervenções casuísticas, precisamos de forte investimento na qualificação da população. Precisamos de atracção de investimento estrangeiro qualificador (mas sem distorção dos mecanismos da concorrência, vulgo "favores pessoais" ao IKEA), e que possam ser âncoras no desenvolvimento de sectores / "clusters". Precisamos de intervenção social de fundo. Precisamos de distribuição equitativa dos empregos públicos qualificados. De níveis de impostos adequados. De menos burocracia, decisões mais rápidas e mais conhecedoras da realidade local. De menos custos de contexto.

NORTE E CENTRO SÃO OS MENOS PRODUTIVOS...

Não há, em nenhum país da União Europeia a Quinze, uma única região com menor capacidade para criar riqueza do que o Centro e o Norte de Portugal e, logo a seguir, o Algarve e os Açores. Nem sequer as regiões gregas, com quem Portugal se vinha a comparar nos últimos anos. Os dados datam de 2004 (os últimos disponíveis), mas a disparidade deverá ser hoje ainda maior, já que Portugal tem crescido abaixo da média europeia. E, nos próximos anos, o desenrolar de acontecimentos deverá deixar o país ainda mais longe dos parceiros europeus, já que aproveitará menos as políticas de coesão comunitárias do que, por exemplo, a Grécia, indicam estimativas preliminares da Comissão Europeia.
O documento confirma que o Norte é a quarta região mais pobre dos Quinze e que a produtividade (a capacidade de criar riqueza, medida dividindo o Produto Interno Bruto pelo número de trabalhadores) é a segunda pior - só suplantada pelo Centro do país. A produtividade das regiões Centro e Norte não ultrapassa os 47% da média dos 27 países - nem sequer chega a metade, diz o Quarto Relatório da Coesão. No outro extremo está o Luxemburgo - o país é tão pequeno que só tem uma região -, com 182% da média.Ultrapassados por 3 paísesDuas décadas depois da adesão à União Europeia e aos subsídios comunitários, seria de esperar que Portugal se comparasse mais de perto com os seus parceiros de longa data do que com os doze países que aderiram nos últimos anos. A verdade é que, hoje, três desses países (Chipre, Malta e Eslovénia) e duas regiões (Budapeste e Praga, as capitais da Hungria e República Checa) são mais produtivos do que o Norte e o Centro de Portugal. Só Lisboa se distingue nesta lista dos países mais pobres está em primeiro lugar, com uma produtividade de 78% da média dos 27. Sobre a disparidade entre uma capital e o resto do país, e sem se referir directamente a Portugal, diz o relatório de Coesão que "a crescente concentração da população e actividade económica em torno das capitais pode, a longo prazo, constranger o crescimento económico geral". Reflexo disso é o aumento da disparidade entre as regiões nacionais, destacada pela Comissão. "As disparidades alargaram-se entre 1995 e 2004", sobretudo durante a primeira metade da década.
De facto, Portugal será um dos países que menos aproveitará os 21 mil milhões de euros de subsídios, até 2013. Estima a Comissão que, até lá, crescerá 3,1% acima do que cresceria se não beneficiasse deste dinheiro, o que compara com os 3,5% da Grécia, os 6% da Eslováquia e os 9% da República Checa - países que rapidamente se aproximam do nível de vida português.
Um mau cenário para o País! O Norte sofre as consequências de erros consecutivos dos governos da nação e necessita urgentemente de reflectir na sua situação económica e na sua capacidade de criar e gerar riqueza...

20070916

Linha do Minho - Que competitividade??

Mesmo com a grande falta de investimento, a Linha do Minho consegue ser competitiva em diversos percursos, noutros consegue ser um hino ao automóvel.

a-) Viana - Valença: 50 km; 40 minutos;2,9€ (nas linhas de urbanos 50 km paga-se bem menos, mas mesmo assim, podemos considerar este percurso bem competitivo)

b-) Viana - Porto: 85 km (?), 1h30; 7€...Não vale a pena, pela A28 faz-se em metade do tempo e os custos são menores.Para quando a electrificação da Linha do Minho??

Para quando a modernização das estações e dos comboios para que todos possamos usufruir dos mesmos??É urgente, uma ligação mais rápida entre Valença e o Porto, suprimindo algumas estações, tipo Famalicão, Trofa ou Ermesinde (Já para isso acabaram com os regionais para o Porto, obrigando as pessoas a irem de urbano e a trocar em Nine).

Claro que com a Alta Velocidade, os investimentos ferroviários no Alto Minho não deverão passar dumas substituições de carris, ou de remoção de linhas "2" de algumas estações para impedir cruzamentos, como tem sido até agora..

20070915

Nota de pessimismo....

Portugal sempre viveu controlado pelos que orbitam à volta do poder. Desde a batalha de S. Mamede, em 1126, em que os nobres portucalenses convenceram D. Afonso Henriques a prender a Mãe e revoltar-se contra Castela, aos outros nobres que em 1385 convenceram o Mestre de Avis a lutar em Aljubarrota, ao irmão do Rei D. Duarte que o convenceu a investir na Escola de Sagres, a semente dos Descobrimentos, aos nobres que convenceram o Rei D. João IV na restauração, em 1640, àquela minoria que quis a república em 1910. No tempo de Salazar, algum tempo depois, também era uma elite próxima do poder que influenciava as decisões em seu proveito próprio. Não consta que o Ditador tenha alguma vez enriquecido. Já mais recentemente temos a acta finança gerada após a reabertura da Bolsa, os negócios das nacionalizações, os favores, as influências, inventam-se necessidades (aeroportos, Euro, TGV, Expo98, America’s Cup…).
Enriquecer, em Portugal, é sinónimo de influenciar decisões políticas em proveito próprio.
Por isso uma regionalização como deve ser (i.e. aquela que dá às regiões o controlo efectivo dos seus recursos), dificilmente terá pernas para andar.

20070914

Tejo e IPC

O Tejo e o Poder de Compra em Portugal vão ambos na mesma direcção: Lisboa e arredores. Eis o que diz o INE num estudo revelado hoje:

·         O município de Lisboa apresenta o indicador per capita do poder de compra mais elevado em Portugal. Situa-se nos 216, ou seja, o poder de compra dos lisboetas mais que duplica o da média nacional. Oeiras (173,3), Porto (164,3) e Cascais (157,1) são os outros municípios com poder de compra bem acima da média.

·         Se são apenas 43 os municípios que tem poder de compra acima da média, em 17 municípios o poder de compra per capita era inferior a 50% da média nacional. estão sobretudo na região Norte, em particular nas sub-regiões do Tâmega (Resende, Ribeira de Pena, Cinfães, Celorico de Basto e Baião) e do Douro (Freixo de Espada à Cinta, Sernancelhe, Carrazeda de Ansiães, Tabuaço e Armamar) mas também do Cávado (Terras de Bouro) e do Alto Trás-os-Montes (Vinhais). Neste conjunto, incluiam-se ainda Vila Nova de Paiva e Aguiar da Beira, no Dão-Lafões; Nordeste e Corvo nos Açores; e Alcoutim no Algarve.

·         O município de Lisboa concentrava cerca de 11% do poder de compra nacional, apresentando Sintra e Porto um peso também importante (4,1% e 3,6%, respectivamente).

·         Para além destes, mais 20 municípios concentravam pelo menos 1% do poder de compra do país: 13 localizados nas sub-regiões Grande Lisboa, Península de Setúbal e Grande Porto e, ainda, Coimbra, Braga, Funchal, Guimarães, Leiria, Santa Maria da Feira e Vila Nova de Famalicão.

Nota: Não me parece que o custo de vida (compras de hipermercado, transportes, saude, etc) sejam mais caros em Lisboa do que no resto do país.

 

Contra o TGV

Chegou-me por email a mensagem seguinte. Pedem para publicar.

Apenas uma nota: Podemos questionar o TGV, mas não devemos questionar o CVE, a modernização ferroviária nacional e sobretudo a mudança para bitola europeia, como abundantemente temos referido no Norteamos.

«Há uns meses optei por ir de Copenhaga a Estocolmo de comboio. Comprado o bilhete, dei comigo num comboio que só se diferenciava dos nossos Alfa por ser menos luxuoso e dotado de menos serviços de apoio aos passageiros.

A viagem, através de florestas geladas e planícies brancas a perder de vista, demorou cerca de cinco horas.

Não fora ser crítico do projecto TGV e conhecer a realidade económica e social desses países, daria comigo a pensar que os nórdicos, emblemas únicos dos superavites orçamentais, seriam mesmo uns tontos. Se não os conhecesse bem perguntaria onde gastam eles os abundantes recursos resultantes da substantiva criação de rique z a .

A resposta está na excelência das suas escolas, na qualidade do seu Ensino Superior, nos seus museus e escolas de arte, nas creches e jardins-de-infância em cada esquina, nas políticas pró-activas de apoio à terceira idade. Percebe-se bem porque não construíram estádios de futebol desnecessários, porque não constroem aeroportos em cima de pântanos nem optam por ter comboios supersónicos que só agradam a meia dúzia de multinacionais,

O TGV é um transporte adaptado a países de dimensão continental, extensos, onde o comboio rápido é, numa perspectiva de tempo de viagem/custo por passageiro, competitivo com o transporte aéreo.

É por isso, para além da já referida pressão de certos grupos que fornecem essas tecnologias, que existe TGV em França ou Espanha (com pequenas extensões a países vizinhos). É por razões de sensatez que não o encontramos na Noruega, na Suécia, na Holanda e em muitos outros países ricos. Tirar 20 ou 30 minutos ao Lisboa-Porto à custa de um investimento de cercade 7,5 mil milhões de euros não terá qualquer repercussão na economia do País.

Para além de que, dado hoje ser um projecto praticamente não financiado pela União Europeia, ser um presente envenenado para várias gerações de portugueses que, com mais ou menos engenharia financeira, o vão ter de pagar.

Com 7,5 mil milhões de euros pode construir-se mil escolas Básicas e Secundárias de primeiríssimo mundo que substituam as mais de cinco mil obsoletas e subdimensionadas (a 2,5 milhões de euros cada uma), mais mil creches inexistentes (a 1 milhão de euros cada uma), mais mil centros de dia para os nossos idosos (a 1 milhão de euros cada um).

Ainda sobrariam cerca de 3,5 mil milhões de euros para aplicar em muitas outras carências, como a urgente reabilitação de toda a degradada rede viária secundária.

CABE ao Governo REFLECTIR.

CABE à Oposição CONTRAPOR.

CABE AOS CIDADÃOS MANIFESTAREM-SE!!!

CABE À TUA CONSCIÊNCIA REENCAMINHAR OU DEIXAR FICAR .»

"Alguém perdeu o juízo" - MST

Artigo brilhante de Miguel Sousa Tavares, no Expresso (Junho 2007)

"Houve tempos - na fase terminal do governo Guterres, depois no governo Barroso e a seguir no governo Santana Lopes - em que uns espíritos iluminados propuseram fazer atravessar o mapa de Portugal de TGV em todas as direcções. Sábios dos transportes discutiram animadamente se o plano do TGV devia ser em E, em T deitado ou em H tombado. (...) Cautelarmente, escrevi umas coisas contra estes delírios, mas, no fundo de mim mesmo, nunca me preocupei muito, porque sempre confiei que alguém teria senso, assim que começassem a fazer contas. E esperava-se, obviamente, que fizessem contas.

Veio o governo Sócrates e o mergulho de cabeça no buraco da OTA obrigou a rever, correspondentemente, a grandiosidade ferroviária anunciada. Manteve-se o Porto-Lisboa, manteve-se o Lisboa-Madrid, e tudo o resto foi à vida. Mesmo assim, sobretudo em relação à linha Lisboa-Madrid,há dados que permanecem sem resposta. Por exemplo, e o mais importante: quem serão os passageiros da linha, visto que, nos estudos do governo para justificar a OTA, verificamos que nem um passageiro está previsto que passe a trocar o avião pelo comboio. Ou seja, ou o TGV é um fiasco total ou é um sucesso - mas, neste caso, grande parte dos argumentos sobre o esgotamento da Portela perdem razão de ser, visto que cerca de 11% do seu tráfego actual poderá, em condições normais, ser desviado para o TGV.

Ou o governo se ‘esqueceu’ propositadamente do efeito do TGV nos estudos sobre a OTA, para melhor a impingir, ou o governo se prepara para se lançar numa gigantesca operação financeira ferroviária para a qual não prevê que haja passageiros.

Sem conhecer quaisquer estudos sobre o assunto, a minha previsão é que o Lisboa-Porto corresponde a uma necessidade evidente e que, bem gerida, pode ser uma linha rentável. Mas Madrid jamais o será. Tenho ouvido técnicos, governantes e até o primeiro-ministro dizerem, em tom científico, que "Portugal não pode ficar fora da rede europeia de alta velocidade". E ponto final: ninguém lhes pergunta porquê, qual a razão por que não pode. Será uma questão de orgulho nacional, uma exigência de Bruxelas? Porque será que um país como a Suécia - imensamente mais rico, mais desenvolvido, com um sector exportador muito mais forte e até um território muito mais extenso - vive bem sem TGV e nós não?

Mas, enfim, por princípio há que acreditar que quem governa sabe o que está a fazer - até prova em contrário. Para meu espanto, porém, acabo de ler que o governo (...) anunciou que um bilhete Lisboa-Madrid no TGV vai custar 100 euros, um preço que ela afirma ser "altamente competitivo, sobretudo face à aviação comercial". E o espanto deriva de três razões: primeiro, ficar a saber que o preço visa apenas garantir que a exploração da linha não será deficitária, mas não tem qualquer veleidade de, nem a longuíssimo prazo, conseguir amortizar um euro que seja do imenso investimento público a realizar; segundo, que este preço é mais caro do que o que se pratica para igual distância em todos os países europeus que têm TGV, o que quer dizer que em Portugal, com menor poder de compra, as pessoas pagam, quase sempre, mais caros os serviços públicos - e o próprio governo já assume este absurdo e esta incompetência como uma fatalidade incontornável, mesmo para o futuro; e, finalmente, o que me espanta ainda é constatar que, ao contrário do que diz a secretária de Estado, 100 euros para fazer a ligação de comboio de Lisboa a Madrid é mais caro 20 a 50% do que os preços praticados numa companhia aérea regular e mais do dobro dos preços numa «low cost». E, mesmo assim, não está garantido - antes pelo contrário - que a exploração não resulte em prejuízo.

Em resumo, o governo propõe-se: a) fazer um investimento público brutal, de que jamais se espera poder amortizar um cêntimo; b) praticar preços mais caros que serviços congéneres no estrangeiro e mais caros que a concorrência aérea; c) e, mesmo assim, teme-se que o serviço seja deficitário, porque, muito provavelmente, não haverá procura que o sustente.

Ou eu estou a ver tudo mal ou alguém perdeu o juízo. Domingo passado, por exemplo, o primeiro-ministro inaugurou, com pompa e circunstância, um novo troço do Metro Sul do Tejo, o qual, como sempre, demorou a construir muito mais do que o previsto e custou muito mais, uma pequena fortuna. Quarta-feira, o primeiro dia útil do novo troço, não houve passageiros. Comentário do responsável pela exploração do Metro: "O novo troço não tem grande utilidade". Como?"

20070913

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