20070906

A imprensa, o centralismo e a educação

Obviamente concordo e preocupo-me com o teor dos posts abaixo, sobre os defeitos do centralismo no que toca ao relevo dado pelos meios de comunicação social a tudo o que não é a capital (salvo no que respeita a fogos e a crimes... bem entendido).

Apenas quero acrescentar que, creio, há um factor estrutural por detrás disto; a educação (ou a falta dela). Vivo neste momento num país que tem pouco mais de 450 mil residentes (o Luxemburgo). No entanto, o principal jornal diário tem uma circulação superior a 120 mil exemplares. Em Portugal, esses níveis de circulação de jornais são impensáveis, apesar de haver perto de 10 milhões de residentes.

O defeito só pode estar no sistema de ensino. Não se educam as pessoas para quererem saber o que se passa no País e na sua região ou cidade. É grave e o preço será alto.

É também bom que nos lembremos destes factos simples sobre a ineficácia do nosso sistema de ensino, quando as notícias nacionais são dominadas pelas ineficiências do centralizado sistema que distribui os professores pelas escolas e que vai deixando alguns milhares sem colocação. É bom que nos lembremos que os professores também são autores do actual estádio do sistema de ensino. E bem assim os pais. E todos nós.

Se não tomarmos consciência da gravidade deste estado de coisas, o futuro só nos trará mais do mesmo. Se tomarmos consciência, não poderemos continuar passivamente imobilizados. Teremos de nos organizar, de protestar e de combater para alterar. Cabe ao Porto um papel determinante nessa luta; não é impunemente que se reclama a qualidade de segunda cidade do País.

É possível um Portugal melhor. Basta querer.

2 comentários:

sguna disse...

No entanto, Portugal tem 3 (TRÊS) jornais desportivos DIÁRIOS!!! Temos o país que merecemos, não?!

José Carrancudo disse...

O problema principal está exactamente do sistema educativo, que está a criar gente ignorante e iletrada, nos últimos 25 anos. O mecanismo disso ficou exposto no nosso blog: primeiro, não se ensina a ler; segundo, não se desenvolve a memória. Os resultados ultrapassam todas as expectativas.

Quanto aos meios de comunicação social, o seu papel principal é criar um espaço virtual para a actuação política. Veja, por exemplo, esta publicação. Por isso é que recebem bom dinheiro. O resto é secundário.

Com efeito, gente pouco educada não consegue nem quer saber dos assuntos sérios, nem dá valor à educação - o círculo fechou-se.

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