20070925

Regionalização ... porque não nos esquecemos!

Por muito que o Governo a tenha arrumado para o canto das promessas para a próxima legislatura, por muito que a sociedade civil se mantenha abúlica , a regionalização é um desafio que muitos dos que acreditam que perdemos por viver num país exageradamente centralizado terão dificuldade em esquecer. Até porque o exemplo galego, mesmo aqui ao lado, está sempre a mostrar-nos o quanto andamos a desperdiçar. A história que se segue é demonstrativa disso.

Na última sexta-feira, a Consellería da Cultura do Governo galego decidiu convidar os grupos de teatro e programadores do Norte de Portugal para uma reunião de trabalho, em Santiago de Compostela. Coisa que, diga-se, nunca o nosso ministério da Cultura fez. A reunião serviu como porta de entrada para uma feira em que os produtores das duas regiões serão convidados a exibir o seu trabalho a potenciais interessados e para explicar as condições que o Governo galego oferece para actuarem na região.

O que mais perturbou a comitiva nacional não foi o facto de perceber que a Galiza paga metade do cachet dos grupos portugueses que actuem lá e faz o mesmo aos galegos que venham actuar a Portugal. Também não foi o facto de perceber que a rede de salas da região está perfeitamente organizada. O que não podia deixar de suscitar discussão, foi a confissão pública dos responsáveis galegos da dificuldade de encontrar do lado de cá da fronteira interlocutores similares para estruturar o intercâmbio entre os grupos das duas regiões.

O ministério da Cultura até tem uma delegação no Norte, sedeada em Vila Real, mas como os portugueses sabem e os galegos descobriram, não passa de um escritório de burocratas, sem autonomia ou orientação própria. Restou-lhes contactar o responsável do Instituto Camões na Galiza, que com alguma boa vontade e um total desconhecimento do tecido cultural do Norte, lá tentou ajudar no que pôde.

Com histórias destas, fica fácil de perceber por que há quem tenha a a ideia fixa da regionalização.

David Pontes

Embora concordando no geral com David Pontes, estou cada vez mais convicto que uma simples regionalização não servirá para nada. Quando vier, virá tão mitigada e tão atrasada que será um desperdiçar de esperanças. Estou cada vez mais convicto que a única solução para o Norte terá que ser uma verdadeira autonomia ao estilo da Madeira e Açores. Autonomia política, legislativa, orçamental e fiscal. A Galiza aí está para o provar.

8 comentários:

Jose Silva disse...

Pois é.

sguna disse...

Políticos precisam-se!

Anónimo disse...

Porque é uma coisa que faz falta ao norte, para que haja desenvolvimento sem ser em lisboa, para tornar o nosso país mais justo, mais forte economicamente.

visitem o meu blog:
wwwbragablog.blogspot.com
Sérgio Gonçalves

Rui Valente disse...

Pois é António Alves, como sempre, pensa para a frente e bem. A questão reside em medir com precisão a genuidade do inconformismo dos nortenhos e saber se alguma vez conseguirão acabar com o complexo mercantilesco de "o meu carro é maior que o teu". Por outras palavras: a minha região é mais importante que a tua!
É preciso muita mais união e maturidade política do que a que temos.

Anónimo disse...

Sérgio: Não funciona!!!

Anónimo disse...

Afinal funciona...

Rui Rocha disse...

A Galiza é e será nos próximos anos um exemplo para nós..

Anónimo disse...

"Estou cada vez mais convicto que a única solução para o Norte terá que ser uma verdadeira autonomia ao estilo da Madeira e Açores. Autonomia política, legislativa, orçamental e fiscal. A Galiza aí está para o provar."

Concordo plenamente
Mas ha algum movimento e partido a trabalhar nisso?

Infelizmente não, ninguém tem tempo ou vontade para fazer isso.
Assim, resta-nos chorar e resmungar pela net, que já é melhor que não fazer nada.

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