A estupidez dos nossos burocratas é tanta, e o seu centralismo tão instintivo, que estes decidiram que o novo tratado europeu deveria ter a designação da cidade portuguesa que menos beneficiaria da publicidade (principalmente depois da "Estratégia de Lisboa").
Dir-se-ia até que é uma atitude provinciana de auto-amesquinhamento: Lisboa é bem mais famosa do que eles pensam.
Seria, portanto, muito mais útil para o nosso país que outra cidade tivesse a honra de acolher este tratado. Concordo com CAA, Coimbra é a cidade que mais proveito poderia tirar da situação. Porto, Braga (e talvez Évora) também.
O 4ª Dimensão decidiu avançar com um abaixo-assinado para que a designação do próximo tratado europeu seja "Tratado do Porto". Como eles já tomaram a iniciativa, o melhor é estarmos todos no mesmo barco e lutarmos por esta solução, do que nos dividirmos a pedir outros nomes. Aqui está o link para a subscrição. Enviem por mail para os vossos conhecidos.
10 comentários:
Numa altura em que se realiza a cimeira dos ministros dos negócios estrangeiros da UE em Viana do Castelo, penso que essa questão é bastante pertinente. Mas eu remeteria esse tratado para uma cidade média portuguesa, como Évora, que já foi palco de decisões no passado. Mas em Guimarães também não ficaria mal. No Porto não...Embora tenha menons publicidade do que Lisboa, quando comparado com outras cidades, tem toda a publicidade...
Acho que também vou criar uma petição para que se chame tratado de Braga...
Não querem Lisboa, mas foram logo buscar a 2ª maior cidade (e provavelmente a segunda mais conhecida). Porque não pegar numa qualquer cidade que ninguém conhece do interior?
É que de "Tratado de Lisboa" para "Tratado do Porto" (ou mesmo de Braga ou Coimbra) a diferença não é muita...
A vossa luta não é pela descentralização, mas sim para que o Porto passe a ser o centro.
Caro Rui Carlos Gonçalves,
Os criadores da petição escolheram o Porto por ser a sua cidade. É a que mais lhes interessa. Tem toda a legitimidade para tal.
Aceito o mesmo de lisboetas, sem qualquer problema.
O que não aceito é que figuras de estado, que devem defender o interesse nacional, confundam o interesse nacional com o interesse dos lisboetas.
Esgrimam-se argumentos, explique-se porque uma cidade é melhor que outra. Todas as cidades devem ser postas em pé de igualdade, e escolhida a melhor. Isso é a democracia.
Mas o que se passou foi o que o Sr. defendeu noutro blogue: "Lisboa tem um motivo para ser o nome escolhido, é a capital."
Deve Lisboa ser privilegiada por ser a cidade sede de Governo? Ou, pelo contrário, todas as cidades têm igual direito a ver os seus interesses representados pelos órgãos democraticamente eleitos?
"Mas o que se passou foi o que o Sr. defendeu noutro blogue: "Lisboa tem um motivo para ser o nome escolhido, é a capital."
Deve Lisboa ser privilegiada por ser a cidade sede de Governo? Ou, pelo contrário, todas as cidades têm igual direito a ver os seus interesses representados pelos órgãos democraticamente eleitos?"
Não, não deve ser Lisboa privilegiada por ser a capital. Mas este critério tem uma coisa de bom, é objectivo e torna a escolha simples.
Mas é curioso que os mais críticos desta situação sejam as pessoas do Porto (pelo menos é o que me parece), quando o Porto, devido à sua condição de "capital do Norte", esta numa situação privilegiada em relação a (quase) todas as outras cidades que não Lisboa.
Concordo que existe uma centralização excessiva, mas poucos vejo defender uma verdadeira descentralização, a maior parte quer apenas que a sua cidade seja privilegiada. E acabaram de o demonstrar ao pedirem que o tratado se chamasse "Tratado do Porto". Se eu fosse governante e me pedissem isso, a primeira coisa que eu dizia é que, se querem mesmo a "descentralização", então escolham uma pequena cidade e não a 2ª mais importante do país.
Como já referi, isto parece mais uma tentativa de alterar o centro e não de descentralização.
"Não, não deve ser Lisboa privilegiada por ser a capital. Mas este critério tem uma coisa de bom, é objectivo e torna a escolha simples."
É um critério inaceitável. Imagine o que era ter um chefe de estado que, em caso de dúvida, decidia sempre a favor do Porto. Era igualmente objectivo e simples.
Até o sorteio é um método mais justo, pois permite distribuir privilégios por todos. Mas num país democrático, as decisões devem ter em conta os interesses de todos, e devem procurar não só maximizar o bem comum, como garantir que o benefício criado é distribuído equitativamente. O critério "Capital" não só não permite 1º, como é completamente oposto ao 2º.
"Mas é curioso que os mais críticos desta situação sejam as pessoas do Porto (pelo menos é o que me parece), quando o Porto, devido à sua condição de "capital do Norte", esta numa situação privilegiada em relação a (quase) todas as outras cidades que não Lisboa."
Nem eu, nem CAA defendemos a solução Porto como a melhor. Parece-me que no longo prazo Coimbra e Braga têm mais a ganhar. Mas foram portuenses os primeiros a lançar a petição. Como em Portugal não se ponderam prós e contras, prefiro garantir que pelo menos esta proposta é analisada.
"Concordo que existe uma centralização excessiva, mas poucos vejo defender uma verdadeira descentralização, a maior parte quer apenas que a sua cidade seja privilegiada. E acabaram de o demonstrar ao pedirem que o tratado se chamasse "Tratado do Porto"."
Não há mal algum em pedir que a sua cidade seja privilegiada. Isto não é uma questão de altruísmo. É uma questão de legitimidade. Também não vi nenhum Lisboeta a pedir para ser "Tratado de Viseu". Também não estava à espera. O centralismo não é o que os lisboetas fazem ou querem. É o que os representantes do Estado decidem. Eu não critico os que beneficiam da centralização, mas os que a praticam.
A questão aqui é que as escolhas têm que ser transparentes, e ter em conta o bem comum e a distribuição passada de privilégios. No caso em concreto vai-se escolher a cidade que menos beneficiará da publicidade.
Se criar uma petição para ser em Braga, eu assino e publico no Norteamos.
"Se criar uma petição para ser em Braga, eu assino e publico no Norteamos."
Por que razão? Para não ser sempre a cidade portuguesa mais conhecida a dar o nome ao tratado? Tal como já referi, por essa ordem de ideias não faz sentido pensar em "Porto" ou "Braga".
Já agora, pegando no exemplo de "Maastricht", não foi "Amesterdão" que lhe deu o nome, mas também não foi "Roterdão" ou "Haia"... É que Maastricht se não fosse o tratado, poucos a deviam conhecer, as outras acho que não é bem assim (e isto também responde ao seu comentário noutro blog).
Pois eu sou portuense e dispenso estas paroladas. Dêm lá o nome que quiserem ao tratado. Para mais um tratado que será um amontoado de letra morta. Tal como a estratégia de Lisboa que - lembram-se? - nos haveria de colocar à frente dos Estados Unidos no que concerne a inovação, I&D e competitividade económica. Pois, pois...
A União Europeia, da qual sou adepto idefectível, marcará passo enquanto não enveredar convictamente pela Europa das Regiões, eleger democraticamente todos os seus orgãos de governo e deixar de ser dirigida por um comité de burocratas estatistas, centralistas e manipulados pelos governos dos estados-nação mais poderosos.
Na minha opinião, isto é um assunto sem qualquer importância. Não é o nome da cidade num qualquer tratado que fará alguma diferença. Alguém, por esse mundo fora, sabe onde fica Tordesilhas?
Pelo menos esta discussão teve um mérito: fiquei a saber porque razão Lisboa é sistemática e permanentemente priviligiada nas mais variadas vertentes em relação a todas as outras cidades do país. Como os nossos governantes, desde há séculos, que não primam pela inteligência e velocidade de raciocínio, sempre que pretendem fazer qualquer investimento, desenvolver qualquer programa, gastar o dinheiro das várias pimentas que ciclicamente desaguam na ocidental praia (a lusitana e a galega), organizar qualquer evento desportivo, cultural ou outro escolhem Lisboa. Escolhem porque é a capital, um critério objectivo e fácil que não exige grandes pensamentos nem racionalizações complexas e elaboradas. Mesmo à medida do que os nossos governantes, proverbialmente burros, precisam. E eu que li tantos manuais de ciência política, tantas análises fiz, tantos neurónios queimei a tentar encontrar uma razão que explicasse este centralismo secular, serôdio, provinciano e incompetente do estado português, não cheguei lá. Grande nabo que eu sou! flagelar-me-ei indefinidamente. Obrigado Rui Carlos Gonçalves por me fazeres ver a luz!
P.S. O 4ª dimensão é um blogue ligado ao PS-Porto, que anda pelas ruas da amargura e é incapaz de ter qualquer ideia política minimamente interessante.
Caro António Alves
Concordo consigo! Tem toda a razaõ... Enquanto o Porto tiver este tipo de estigmas não cresce e não se emancipa por si só! Parece uma guerinha dos futebóis... Não interessa o nome, interessa o conteudo e mais a mais, como voc~e bem disse o 4ª dimensão é um blogue do PS Porto, que anda pela rua da amargura!!! Não é conveniente misturar alhos com bogalhos...
O Norte precisa de um debate sério com temas que interessem aos portuenses, bracarenses, vimaranenses e outros mais... Mas temas sérios e que ajudema a potenciar uma economia saudável e a crescer... O Norte não precisa deste "bairrismo" de nomes ...
"Por que razão? Para não ser sempre a cidade portuguesa mais conhecida a dar o nome ao tratado? Tal como já referi, por essa ordem de ideias não faz sentido pensar em "Porto" ou "Braga"."
Apenas porque acho que Braga tem mais a ganhar. Braga tem potencial turístico internacional. Linda-a-Velha, não. Para publicitar o que não precisa de publicidade, então bem pode ficar em Lisboa.
Enviar um comentário