Este texto foi publicado em 15 de Março de 2007 no Regionalização. Continua mais actual que nunca.
A região Norte tem 4 milhões de habitantes, o distrito do Porto tem mais de 2 milhões e cresce. O Grande Porto tem uma área de influência de mais de 3 milhões de habitantes.
Os trasmontanos e bracarenses que escolham. O Porto por sí só é suficiente para ser uma região autónoma. O Norte sem o Porto não sobrevive.
Esse discurso do centralismo do Porto é uma das mais bem sucedidas mentiras postas a circular pelos inimigos da regionalização. As principais vozes que se ouvem em defesa do Douro e Minho até são ligadas ao Porto. Quem tem defendido a reabilitação da Linha do Douro, do Comboio moderno para Vigo que atravessará o Minho? Quem tem berrado em defesa da indústria do Ave? Quem tem feito coro em defesa do desenvolvimento turístico do vale do Douro?
Infelizmente, tanto no Minho como no Douro não têm faltado autarcas que se vendem rapidamente por um prato de lentilhas. O fecho da Linha do Douro do Pocinho à Barca, da Linha do Corgo de Vila Real em diante, da Linha do Pocinho a Duas Igrejas, assim como a da Amarante ao Arco de Baúlhe, são exemplos eloquentes da pusilaminidade de muitos autarcas do Douro e Trás-os-Montes que trairam as suas populações por 10 reis de mel cuado.
Tenho a certeza que a maioria dos portuenses não se incomodaria se colocassem a capital noutro sítio qualquer (por mim pode ser Braga, pelo significado histórico e até devido às minhas origens familiares, mas qualquer outra me serve).
A regionalização implicará necessariamente uma outra ordem e não a cópia do pior que existe neste momento - Lisboa. Um modelo que se apoia na multipolaridade que é característica da Região Norte. Deve adoptar-se o funcionamento em rede, com as valências distribuidas. Por exemplo: transportes e economia no Porto, indústria em Braga, Cultura em Guimarães, agricultura e turísmo em Vila Real, pescas em Matosinhos. Outras hipóteses podem ser apontadas.
Aqui existem vários centros de excelência: Porto, Braga, Guimarães, Vila Real e até Aveiro se esta cidade decidir juntar-se ao Norte. Repare-se que se traçarmos um raio de 60 km com centro no Porto englobamos na sua circunferência um conjunto de grandes e dinâmicas cidades portuguesas. Por aqui não existe um eucalipto que tudo seca em volta como acontece no sul.
O peso demográfico do Grande Porto é suficiente para garantir o papel desta metrópole em qualquer modelo. Mesmo que existam tiques centralistas qual será melhor: um centralismo a 400 km de distancia e de costas voltadas para o Norte, ou um a 50/100 km e com grandes afinidades, até pela imensa mole de naturais, com o Minho, o Douro e o Vouga?
Decidam-se: para o Porto basta que a área metropolitana vote sem margem para dúvidas na regionalização que ela far-se-á pelo menos na Grande Área Metropolitana do Porto. Não haverá governo capaz de aguentar a pressão política a menos que se disponha a enfrentar uma revolta. A partir desse dia será insustentável manter o Porto na menoridade política. Quem quiser vir atrás que venha. Acabaram-se os tempos das contemporizações. A hora é de acção. Caminhemos juntos!
P.S. - Algo perfeitamente estéril é o paroquialismo que ainda reina a Norte. Uma das sub-regiões com maiores problemas económicos e desemprego é a do Cávado. Sim, a que tem Braga como centro. No entanto é raro ouvir-se uma voz de Braga no combate pela autarquia do Norte. Ainda vivem no tempo do Silva Pais. O seu móbil é o combate aos agitadores (agora chamam-lhes "centralistas") do Porto. Há quem à distância se delicie com isso.
4 comentários:
Tem razão, António. Mas o Porto está nesta situação como a mulher de Cesar.
JSilva
"Tenho a certeza que a maioria dos portuenses não se incomodaria se colocassem a capital noutro sítio qualquer"
Este é o argumento típico quando se sabe que a decisão já está tomada.
Pedro, acredito no AAlves. Os verdadeiros defensores do Norte no Porto, não querem que este seja capital. Percebem que é preferível prescindidr de qualquer capitalidade do que atrasar a mudança.
Pedro, acredite no AAlves !
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