20090116

Máfias instaladas em Lisboa

Depois de ler este artigo:

«— a tríade de Macau (Coelho, Vitorino, Canas, Nabo, Santos Ferreira, Vara, Manuel Frasquilho, etc.) tomou de assalto o Partido Socialista, rasgou a sua cartilha social-democrata em nome de todos os panfletos sobre globalização e enriquecimento rápido que conseguiu tragar, montou uma rede de cumplicidades entre todos os sectores pesados da economia e da finança portuguesa: empresas públicas, empresas privadas de obras públicas, transportes e comunicações, e energia, e finalmente... bancos!
Se montarmos o organigrama de toda esta teia de ligações fortes entre o poder político democrático (protagonizado aqui por uma força partidária aparentemente consolidada) e a burguesia burocrática, unindo cumplicidades a deveres, deveres a patrocínios, patrocínios a cartelização, cartelização a manipulação das super-estruturas do Estado, manipulação a corrupção do regime em múltiplas e decisivas instâncias, teremos imediatamente o retrato de uma subversão em larga escala do actual regime constitucional.
A tríade de Macau não só meteu o PS no bolso —rindo-se como Judas Santos Silva se ri das suas velhas convicções de esquerda—, como ameaça neste preciso momento, e no decorrer de toda a presente crise, meter o regime político português no bolso.
A gula macaísta é tanta, e a nossa distracção tão lamentável, que ninguém reparou ainda até que ponto a Mota-Engil e a Brisa (para não falar de ANA, da Refer, da REN, na EDP, RTP, PT, etc.) ameaçam tornar-se, com bons argumentos, num Estado dentro do Estado. A primeira tomou conta da Lusoponte com dinheiro emprestado pelo semi-falido BCP (salvo com dinheiro público da Caixa Geral de Depósitos), que entretanto voltou a endividar-se, correndo os riscos por conta do contribuinte, sob a benção ignara do papagaio Sócrates. O lavar de roupa suja em volta do actual presidente da Lusoponte, Ferreira do Amaral (descendente da velha burguesia burocrática que serviu Salazar e Caetano), não poderia aliás ser mais oportuna do ponto de vista dos interesses da Mota-Engil. O objectivo da Mota-Engil parece-me claro:
  • controlo das futuras três travessias do estuário do Tejo;
  • construção-exploração do aeroporto de Alcochete;
  • gestão dos principais aeroportos nacionais;
  • construção da Terceira Travessia do estuário do Tejo;
  • controlo dos principais portos do país, começando pelo ampliado terminal de contentores de Lisboa;
  • exploração comercial dos combóios de Alta Velocidade.
Se verificarmos em que consórcios a Mota-Engil e Brisa se associam, ficaremos com o mapa completo da grande ofensiva da tríade Macau e das suas reais intenções.
Aquilo que Salazar precisou de fazer em ditadura —i.e. dar uma certa protecção às forças fáticas do regime, mantendo a independência nacional em banho-maria— talvez seja possível em democracia... desde que a democracia engula, claro está, esta transfiguração do Partido Socialista. Se o PPD-PSD continuar como está, é isto que irá suceder. Hesitar na criação dum novo partido de esquerda, conhecidos que são os dados do problema, parece-me um erro, que não irá impedir soluções mais drásticas no futuro.»

Comentei junto do respectivo autor, António Maria: António, Não percebo porque fica agastado quando uso a expressão «máfias de Lisboa».

A resposta foi: «A expressão correcta seria. "Máfias instaladas em Lisboa" Se não, vejamos o caso da tríade de Macau:
  • Jorge Coelho (Viseu)
  • José Sócrates (Vilar de Maçada, Alijó)
  • Carlos Santos Ferreira (Lisboa)
  • Armando Vara (Lagarelhos, Vilar de Ossos, Vinhais)
  • António Vitorino (Lisboa)
  • Francisco Murteira Nabo (Évora)
  • Vitalino Canas (Caldas da Rainha)
  • Manuel Frasquilho (?)
Vou tentar não me esquecer !

1 comentário:

Ventanias disse...

Caro José Silva, no mesmo sentido já aqui deixei por várias vezes que o problema não é Lisboa, é o Terreiro do Paço.

Que é como quem diz, as máfias instaladas no Terreiro do Paço e, convém nunca esquecer, à volta, à sombra e à mama do dito Terreiro.

Como sempre. Desde há muito mais do que seria bom lembrar.

Abraços

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