Manuel Pinho pediu à Autoridade de Concorrência (AdC) para investigar a existência de cartelização nos preços de combustíveis. Mas o problema, a existir, não é de cartelização, é de concentração: existe uma empresa com 50% do mercado (a Galp) e cujo preço funciona como referência para todos os concorrentes. Logo, estes não têm necessidade de combinar aumentos de preços entre si.
Neste cenário, os apelos à AdC para que encontre um cartel não são mais do que uma "manobra de diversão" por parte de um governo que é conivente com a concentração no mercado. É este governo que, sendo accionista da Galp, permitiu a aquisição por esta de mais de 40 postos de abastecimento da Esso em Portugal. E é este governo que continua a não acatar a mais importante recomendação da AdC, que vai no sentido de liberalizar o licenciamento de postos de abastecimento nos hipermercados (são os postos que actualmente praticam os preços mais baixos no mercado).
Não se pode amar dois corações ao mesmo tempo. E o governo que apela à AdC para que esta proteja o consumidor, é o mesmo governo que, como legislador e accionista da Galp, tudo faz para proteger o negócio desta empresa.
3 comentários:
Assim se vê a essencia do governo de Lisboa, caro Pedro.
"O resultado operacional no primeiro trimestre de 2008
aumentou 20,5% em relação ao mesmo período do
ano passado, fruto de um efeito stock mais elevado
do que em 2007, €83 milhões contra €22 milhões,
dada a subida prolongada do preço do crude."
Relatório de contas da GALP para o primeiro trimestre!
curioso é que a esso é uma das que faz preços mais acessiveis.
quando o continente comprou o carrefour teve que vender alguns dos hipermercados. será que a galp vai ter que vender algum dos postos de abastecimento?
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