20080512

Do futebol e a sua importancia

A atitude de desvalorização do fenómeno futebol é, na realidade, e sem muitos se aperceberem, uma atitude induzida pelas centrais centralistas de formatação de mentalidades.Há muito que querem fazer passar a ideia que o povo do norte devia de deixar de dar importância ao futebol. Não há nada de inocente nem de bondade nisto. O povo do norte não dá mais importância ao futebol que outro qualquer. O facto é que em regra os seus clubes são melhores que os outros mesmo lutando com armas desiguais.

O que está verdadeiramente em causa é o assalto ao negócio. O futebol é hoje em dia uma indústria poderosíssima e (ainda) está centrado no Porto e a Norte. O que os apoquenta são os milhões de euros que lhes fogem e que por cá ficam. O FC Porto é o clube português que mais receitas publicitárias obtém no seu estádio. Isto apesar de ser um clube, segundo dizem, 'regional'. E é verdade: é um clube dos novos tempos, do pós-pós-modernismo: age localmente e pensa globalmente.

Toda esta sanha persecutória só existe porque existe muito dinheiro em jogo e também porque o FC Porto, e outros clubes vencedores que não sejam da capital, são péssimos exemplos para o centralismo lisboeta: uma organização eficaz, eficiente, poderosa, de nível internacional e ganhadora fora da capital do império é algo de inconcebível para aquelas cabeças. Logo terá que ser para derrubar, sem apelo nem agravo.

Infelizmente este país medíocre chegou a um ponto em que até a justiça e a política se faz segundo a cor clubística: onde, em qualquer lugar decente, um magistrado honesto e competente é impedido de assumir um lugar de liderança num corpo de polícia de investigação apenas porque é adepto de um determinado clube?

Acreditem no que quiserem, mas no dia em que derrubarem definitivamente o Futebol Clube do Porto, cujo poder simbólico é enorme, esta região estará condenada ao mais abjecto ostracismo e subdesenvolvimento crónico. Depois disso só faltará transferir as caves do vinho do Porto para o Barreiro e passar a dizer que as encostas durienses se situam na região administrativa de Lisboa e Vale do Tejo.

Na realidade, quem dá uma importância exagerada ao futebol é Lisboa e não nós. São eles que têm lá o famoso clube de 6 milhões de adeptos e imprimem diariamente dois jornais em que praticamente só falam deles, mesmo quando são desportivamente uma nódoa e nada vencem.

2 comentários:

Ventanias disse...

"Depois disso só faltará transferir as caves do vinho do Porto para o Barreiro e passar a dizer que as encostas durienses se situam na região administrativa de Lisboa e Vale do Tejo."

Ora aí está uma ideia capaz de reequilibrar o País...

Meu caro António Alves, se calhar é este o único caminho que nos resta; se o País todo passar a ser tratado como a região de Lisboa, parece-me que o resto do País ficaria a ganhar!

Mais a sério, creio que põe muito bem o dedo na ferida. Esta estória do "apito final" está muito mal contada.

São públicas e notórias outras acções de "coacção" sobre os árbitros e demais agentes do futebol, e essas nem sequer foram investigadas... quanto mais darem lugar a descidas de divisão!

PS. Sou do Boavista, com orgulho e muita honra, e não deixarei de ser nem por causa de eventuais perseguições, nem por causa de eventuais lideres corruptos. Os homens passam, as instituições ficam.

Asdrúbal Costa disse...

O curioso é que as duas grandes "marcas" portuguesas no estrangeiro são precisamente o Futebol Clube Do Porto e o Vinho do Porto. É curioso como os "portugueses" lá mais para sul fazem tudo para destruir uma delas.

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