Nogueira Leite (PSD) afirma que o Estado foi capturado por grandes grupos ligados ao sector dos bens e serviços não transaccionáveis sedeados em Lisboa. Tem toda a razão. Porem, como se explica que Nogueira Leite faça parte da administração de um desses mesmos grupos ? Qual a credibilidade deste apoiante de Passos Coelho ao criticar um comportamento que ele próprio beneficia ? Que confiança se pode ter no PSD ? É de facto intrigante.
Também intrigante a ausência do MPN neste tipo de questões, deixando-se arrastar para a populismo anti-centralista.
A crise actual é uma crise da economia dos bens e serviços não transacionáveis e «crony capitalism» lisboeta. O Norte está a salvar-se e vai continuar a salvar-se, se (e um grande se) a elite lisboeta não conseguir engendrar em tempo útil novos esquemas para exercerem a sua actividade secular: explorar colónias ou o resto de Portugal.
Reorganização da administração não central - A Troika quer fusão de autarquias e freguesias; «António Costa quer uma "autarquia metropolitana" para gerir a região»; Lisboa prepara-se para ser a 1º região piloto e os míopes Rio e Menezes desdenham a fusão de autarquias. Para quê o MPN insistir na defesa da Regionalização quando se prepara a uma região piloto em Lisboa por via da fusão de autarquias ? Não andaremos a desprezar pássaros na mão para sonhar com um bando a voar ? Não estaremos novamente a perder oportunidades e a ser ultrapassados pelas estratégias lisboetas? Há que ler as entrelinhas, perceber o que se está a passar e «placar» já com contraproposta que nos beneficie e sem possibilidade de rejeição. Seria exactamente propor uma região piloto à volta do Porto via fusão de autarquias (ou apenas a respectiva gestão), fusão de empresas municipais ou subida de certas competências para empresas metropolitanas (com é o caso da Lipor), tal como Lisboa vai avançar após 5 de Junho.
Investimentos ferroviários - O regime lisboeta quer um TGV Lisboa-Madrid inútil: «o sítio das exportações portuguesas esta a norte e quer-se avançar com uma linha de mercadorias que está a sul». O PSD já está a adaptar o discurso, aceitando-o a custo comportável. O MPN ainda está na fase de reclamar um TGV Porto-Vigo, como no tempo da abundância de crédito barato. Ora, em vez de TGV Porto-Vigo, o que o MPN deveria propor eram investimentos ferroviários «low-cost/high-value» (usando a expressão de outro «culto» urbano da nossa praça) como contrapartida à aceitação do TGV Lisboa-Madrid de baixo custo. Fazer «upgardes» nos traçados actuais, minimizando investimentos em novos troços e criando serviços de passgeiros Porto-Aeroporto-Nine-Barcelos-Viana-Vigo ou Braga-Barcelos-Viana-Vigo ou Viana-Barcelos-Braga-Guimarães-Vizela-Felgueiras-Amarante-Régua ou criar intermodalidade da linha de Leixões junto ao hospital de S.João no Porto ou Leixões-Barca d'Alva-Espanha (tursimo e mercadorias) ou Porto-Lisboa (mercadorias) pela linha do Oeste reformulada. Insistir na mega empreitada TGV Porto-Vigo revela desconhecimento das nossas verdadeiras necessidades e é um frete à economia dos bens e serviços não transaccionáveis e ao «crony capitalism» lisboeta.
O problema das elites do Norte é que andam sempre atrás dos acontecimentos. É preciso criatividade para se atingir propostas credíveis e geradoras de confiança e voto.
PS: Ainda não sei se voto no PSD para assegurar o fim de Sócrates ou arrisco no PDA. É que apesar de confiar nos militantes «patsies» do MPN, há muitos militantes interesseiros por lá (os que queriam criaram uma ONG para angriar capital para actividades financeiras e que depois oportunamente se converteram em políticos).
1 comentário:
Não deixando de concordar com o post, também não posso deixar de concordar com o nosso péssimo 1º Ministro: não estamos em altura para aventuras.
E porque me parecem ser estas as mais importantes eleições de que tenho memória (perdoem-me os mais velhos, mas dos anos 70 não tenho memória), o voto de cada um de nós é, desta vez, precioso de mais para ser "desperdiçado". E porque tenho noção do estado calamitoso em que se encontra o país e da urgência em mudar, decidi há algumas semanas que votarei PSD. Já por várias vezes votei em partidos "de protesto", mas desta vez o protesto tem uma única direcção: contra a aventura de manter o actual primeiro-ministro e o partido que, cegamente, o continua a levar aos ombros.
Por isso, e tendo em linha de conta o carácter absolutamente extraordinário de que se revestem estas eleições, não consigo encontrar um único argumento para votar no PDA/MPN (não deixando, no entanto, de reconhecer que faz falta um MPN para agitar um pouco as águas deste "Lisboacentrismo" do qual não nos conseguimos livrar).
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