20070726

Cidade de Porto-Gaia

Uma notícia antiga, mas que vale a pena ter presente.

«O deputado eleito pelo círculo do Porto Paulo Rangel e o lisboeta e director do Público José Manuel Fernandes responderam, anteontem à noite, à "provocação" corporizada na pergunta "Centralismo: Lisboa, rival ou aliada?", que serviu de mote à quarta conferência do ciclo Olhares Cruzados sobre o Porto, organizada pelo Público e pela Universidade Católica, com moderação a cargo de Rui Moreira.

Contra eventuais expectativas de uma luta de argumentos em volta do recorrente "centralismo lisboeta", as ideias avançadas pelos dois oradores "encaixaram-se" e complementaram-se. Paulo Rangel defendeu que "o Porto não pode, não deve nem tem que contar com Lisboa" para o que quer que seja, devendo pensar-se por si só como cidade no contexto ibérico e europeu; José Manuel Fernandes centrou o seu discurso nos malefícios do "paquiderme" que é a administração pública, que a todos prejudica e para cujo emagrecimento e agilização é possível e desejável a "aliança" entre todos, designadamente entre Lisboa e Porto.

Rangel avançou com uma ideia que não é nova, mas que retomou com redobrado vigor: a fusão dos concelhos do Porto e Gaia, único "projecto mobilizador" para afirmação da cidade que poderia, inclusive, ir um pouco mais longe, congregando também Matosinhos. Seria a forma de ganhar "massa crítica" e erguer um pólo urbano poderoso, com mais de meio milhão de habitantes e 210 quilómetros quadrados, "uma construção positiva que não era feita contra ninguém" e que teria inúmeras vantagens, desde a redução de custos administrativos até à gestão integrada de dois centros urbanos, já praticamente unidos.

Até chegar à proposta de fusão, Rangel começou por desvalorizar o interesse da guerra contra o "centralismo", porque este "sempre existiu e vai perdurar", e cujas manifestações mais recentes são os projectos da Ota e do TGV, igualmente questionados pelo director do Público.

A aposta de Rangel é a da afirmação de uma cidade do Porto alargada e reforçada, inserida no que chamou "Iberolux", definido como um conjunto de cidades ibéricas em regime de cooperação integrada e respeitador das identidades e das diferenças de cada uma das urbes. Um modelo que implicaria uma solução multipolar, feito de uma rede de cidades médias inspirada no modelo holandês, com valências diversas e complementares e, obviamente, contrário ao centralismo que privilegia Lisboa, com "todo o país estruturado e infra-estruturado em volta da capital", à maneira da Grécia antiga "ou de João Cravinho".

José Manuel Fernandes começou por desvalorizar a muito criticada, a norte, concentração de investimentos na capital e optou por desancar no "inimigo comum" de Lisboa, do Porto e de toda a gente, e obstáculo principal ao bom desempenho da economia portuguesa: a "paquidérmica" administração pública portuguesa. "Um monstro que cresce e multiplica-se" e que tem afloramentos absurdamente irracionais, como é, entre outros, o caso de a maioria dos funcionários do Ministério da Agricultura se concentrar em Lisboa. [...] Emagrecer o "paquiderme" e pô-lo a andar é, portanto, o grande desafio do país, um desiderato consensual entre oradores e assistência.»

Carlos Romero, Público, 7-1-2006

5 comentários:

Jose Silva disse...

Pedro,

Eu, TAF (Baixa do Porto) e Rui Moreira já andamos com esta ideia à muitos mais anos... É efectivamente uma alternativa à Regionalização, não precisa e Lisboa e não há risco de mais tachos (como alertam os anti-Regionalização)...

António Alves disse...

Um bom ponto de partida seria formar um movimento social cujo fim seja a prossecução deste objectivo. Mas o que vemos são personalidades mediáticas (Menezes, Rangel, Rui Moreira, etc.) lançarem o tema e depois nada acontecer.

Rui Valente disse...

Então, não haverá maneira de nós aqui, através do blog ou na "Baixa do Porto" fazermos um "convite/desafio" a essa gente para ultrapassar os processos de intenção?
Pensem nisso. Acho que devíamos tentar.

Jose Silva disse...

Rui, António, temos que ser nós !

Fica para o regresso de férias.

Anónimo disse...

Personagens mediáticas? deixa-te de ser tótó.
Homens providenciais? Está o cemitério cheio...

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