Publiquei no meu Blogue uma entrevista dada por José Adelino Maltez, Professor Catedrático, sobre a situação política que se vive no Pais...
Transcrevo uma pequena parte desta entrevista , por se enquadrar no espirito do "Norteamos", e porque partilho na integra a sua visão da questão...
(...)
D - Como olha para a reforma do sistema eleitoral que prevê a redução do número de deputados e a introdução dos círculos uninominais?
JAM - É música celestial.
D - Há uma teoria que diz que este sistema fomenta a corrupção. Podemos tirar essa conclusão?JAM - Podemos. É mais visível porque a corrupção já lá está, só que ninguém a vê também.
D - É a reforma do bloco central?
JAM - Sem dúvida.
D - Que consequências vão resultar desta reforma?
JAM - Nós precisamos é de uma grande reforma do sistema político. A democracia já está velhinha e, enquanto mantivermos algumas vacas sagradas no sistema, isto não funciona. Defendo o sistema misto alemão. Mas o problema não está aí.
D - Então onde é que está o problema?
JAM - Está numa coisa simples. Devíamos estar a discutir se devia haver ou não uma segunda Câmara. E mais: o que estamos a precisar é de mudar a capital do País para percebermos que isto já não é a cabeça de império.
D - Para onde?
JAM - Tenho feito essa proposta. O Parlamento passaria para o Porto, o poder judicial para Coimbra e outras coisas também podiam ser espalhadas. A cidade de Lisboa é a principal vítima de ser capital. Devíamos perceber que isto não vai lá com os discursos do costume. Temos que orientar o País como os reis povoadores fizeram, isto já não vai lá com panos quentes. E proponho a mudança da capital, como a Holanda e a Suíça mudaram. E repartir as funções. Recuperarmos as formas como criamos Portugal, com reis povoadores, capital ambulante e distribuição do Parlamento pelos sítios. As Cortes nunca foram sempre em Lisboa. As melhores cortes do País foram em Coimbra. O Porto merecia e isso não custava muito. Ter a sede do Parlamento no Porto teria uma forma simbólica notável.
D - Ajudava a construir o projecto colectivo mobilizador?
JAM - Ajudava a construir um Portugal menos capitaleiro. E a pior coisa para Lisboa — como se viu na campanha autárquica — é o estadão capitaleiro que está a destruir a cidade. Até temos ministros desempregados…candidatos em Lisboa, completamente apagados.
D - Como viu a campanha para as eleições na CML?
JAM - Lisboa é o espelho do País e o espelho da democracia.
Fica lançada a questão...
6 comentários:
Excelente EA, mas nada de novo. A desconcentração defendida por JAM tem sido praticada ao contrário: Centralização do INE, RTP-Porto, API, CPFotografia.
Aliás, o Porto também precisa de desconcentrar a CCRDN ou direcções regionais para o Munho ou TMAD.
Isso é atirar poeira para os olhos.
Meter parlamento no Porto, aquilo acolá, etc é atirar poeira para os olhos.
É preciso é regionalização.
E depois nem quero que o Porto seja capital. Eu sei que muitos lisboetas gostam de nos atirar essa à cara quando protestamos. Ah e tal vocês têm é inveja de nós, querem a capital no Porto, etc.. mas por acaso nunca a quis, nem quero.
Só queria a capital no Porto numa possivel independencia do Norte.
Eu sou leitor permanete deste blog, muito se discute aqui com resultados positivos no entender de uma região que de por razões culturais, historicas, economicas, politicas tem uma identidade muito propria. A sua particularidade pode levar que ideias de autonomia regional seriam beneficas, mas para tal a que preparar uma "luta" pela autonomia com o trabalho de casa feito, pronto para aguentar sozinho muitas dificuldade, que a meu ver eram possiveis de ultrapassar e que dariam larga vantagem do NORTE de Portugal SOBRE o resto do Pais.
(sei ke nao é sobre o tema, mas tive que me pronuciar)
Caro anckor
Indirectamente acaba por estar relacionado com o tema em debate.
Agradeço a sua opinião e o seu contributo...
Atenciosamente,
vantin,
tem razão. Mas desconcentrar não impede regionalizar.
Parece-me que a mudança de capital apenas deve ser colocada caso a regionalização falhe. Uma espécie de plano B.
Note-se que neste momento a Bolívia está a ponderar mudar a capital de La Paz. Já aconteceu antes também no Brasil, Alemanha...
Noutros países houve a preocupação de não fazer coincidir a capital política com a cidade económicamente mais pujante. Tendo isto em conta, a capital não deveria ser nem em Lisboa nem no Porto. Em alternativa, a dispersão geográfica dos poderes poderá ter um efeito ainda mais poderoso que a simples mudança de capital.
Em todo o caso, ter o poder executivo no Porto é totalmente contrário à matriz cultural da cidade. Mais, tendo em conta a "massa crítica" das diversas regiões, descontando a "inflacção" provocada pela presença de administrações políticas, o norte é maior que lisboa e vale do tejo. O efeito seria desastroso - seria a troca de uma macrocefalia por outra potencialmente superior. Talvez com maior capacidade face a madrid, mas o nosso caminho não deve ser esse.
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