20070718

Passar à acção: Mais um contributo

Há cerca de 3 meses decidi propôr ao António Alves e ao Rui Valente a criação de um blogue para concentramos num único ponto as nossas opiniões sobre o Norte. De imediato tentei aumentar o número de participantes de forma a diluir por vários o esforço de actualização do blogue. Desde início abordamos a questão de ficarmos pelo blogue ou tentarmos algo mais. É sobre isto que agora escrevo.

Neste momento somos um blogue sui generis: Quase ninguém se conhece pessoalmente, mas conseguimos ter ideias parecidas sobre o tema Norte permitindo no espaço de 2 meses ter um blogue no top 150 da Blogosfera nacional. Porém este pequeno sucesso tem também uma dificuldade: O tema Norte é uma das nossas preocupações, uma parte da nossa ideologia. Coexistem entre nós visões mais liberais ou mais estatatistas da sociedade, entre outras diferenças; Possuimos também conhecimentos não sincronizados, mais orientados para a economia, transportes, empresas ou saúde. Temos necessariamente opiniões diferentes sobre assuntos extra-Norte e mesmo sobre as soluções para o Norte. Exemplificando e por alto: António Alves e Rui Valente consideram que a solução para o Norte é uma candidatura num partido regional para a partir do Estado Central ou Local tomar decisões pró-Norte. Defendem a Regionalização. O participante Ventanias tem uma visão idêntica mas a partir do partido que é militante. Por sua vez, Júlio Cunha e CCZ, acham que o problema é Estado a mais e que o desenvolvimento do Norte deverá ser executado pelas empresas regionais, sem a asfixia estatal. A Espectadora Atenta defende uma cooperação com a Galiza no desenvolvimento industrial regional, gerido pela CCDRN. Eu, o participante Trifalga e José Alegre Mesquita defendemos a reorganização territorial das autarquias. Salem já não concorda. Os Pedros também tem as suas visões. Assim, chego a uma primeira conclusão: Qualquer projecto terá que ser realista ao ponto de considerar e aceitar a existência desta heterogeneidade.

O estudo do Desenvolvimento é uma secção da ciência económica; O que nós fazemos no Norteamos são apenas comentários e ideias mais ou menos estruturadas sobre este assunto, sem o esgotar. Temos que ter a noção da nossa dimensão ao focar estes temas.

De qualquer modo, é importante haver uma estabilização do diagnóstico da situação a Norte. Tem que existir bases para se poder construir uma qualquer acção. Na minha opinião, são factos:

  • o fraco crescimento económico nacional nos últimos 5 anos;
  • o ainda mais fraco crescimento do Norte;
  • a transferência para as esferas sociais, profissionais, saúde, entre outras, desse fraco crescimento económico;
  • a dupla ética, o comportamento conspirativo ou não da administração central de Lisboa relativamente ao Norte, manifestado por exemplo no prejuizo à mobilidade aerea a Norte caso a Ota fosse construída ou a recente ideia da administração central de salvar as contas da CML;
  • a relativa incapacidade dos agentes económicos, sociais, políticos, universitários residentes de contrabalançarem a acção drenadora de Lisboa com iniciativas/boa administração/empreendimentos/negócios estatisticamente relevantes no panorama regional. Bons exemplos há sempre...
  • insuficiente defesa dos interesses do Norte no MSM;

Assim vejo as seguintes alternativas para passar à acção:

  • Apenas actuar na esfera privada: Isto é, aceitamos o diagnóstico a Norte, onde uma componente é a ausência de organizações públicas/privadas eficazes/lucrativas/prmotoras do desenvolvimento, e tentamos indvidualmente fazer o que está ao nosso alcance para melhora-las. Na prática ajudamos a criar mais PrimaverasSoftware ou Vulcanos ou hospitais modelo. Porém, esta abordagem apesar de ser preferida pelos mais liberais, não resolve o problema das medidas tomadas pela administração central ou MSM que nos prejudicam;
  • Outra alternativa é continuar a crescer o blogue e eventualmente passar a outro meio como seja a edição de um livro com os melhores textos aqui publicados ou a gravação video de tertúlias sobre o Norte e posterior colocação no Youtube. Esta alternativa tem a virtualidade de fazer passar a nossa causa para a restante população e assim conscencializa-la. Porém, é irrealista pensar que conseguiremos atingir mais do que certos nichos demográficos;
  • Uma outra alternativa é criar uma asociação/organização de lobby profissional tipo ACP do Rui Moreira. Em tempos defendi essa tese aqui. É uma hipotese. Acaba por ser uma forma diferente de passar a nossa mensagem.
  • Para aqueles que acreditam que a solução para o Norte passa pelo Estado e pelos poderes públicos, existem 2 alternativas: A formação ou integração num movimento político não partidário tipo Regiões Sim ou a criação de um partido político regional. Como se provou ontem na CML, as candidaturas independentes não são muito difíceis. Aliás, nos EUA começam a surgir candidaturas exclusivamente baseados em ferramentas internet grátis e com algum sucesso. Porém como referi inicialmente, esta opção carece ainda de maior conhecimento e homogeneidade entre todos os participantes e não resolve os problemas da esfera privada.

Fica então mais um contributo.

 

9 comentários:

António Alves disse...

só uma correcção: eu não sou favorável a uma simples regionalização administrativa; sou favorável a uma autonomia política ao nível, pelo menos, das açorianas e madeirenses; uma regionalização administrativa será um logro e será feita à imagem e semelhança dos directórios centralistas dos partidos tradicionais; esta autonomia terá também que ter um sistema eleitoral diferente e mais democrático que liberte os deputados da ditadura dos partidos e permita a eleição de cidadãos independentes; a implementação dos circulos uninominais é imprescindível.

a região norte tem população, quadros, dimensão territorial, herança histórica, difernciação cultural, antropológica, climática e morfológica mais do que suficientes para se constituir como região autónoma.

e não vale a pena argumentarem-me com a "pequenez" do território: a Áustria é mais pequena e é um estado federal. É mais rica também.

Peliteiro disse...

Repare que disse a "ACP do Rui Moreira".
Portanto, quem é o líder? Uma associação sem um chefe, um líder, dificilmente vinga.

Anónimo disse...

concordo plenamente com o senhor Antonio Alves.
Quanto a pequenez temos países minusculos que até são independentes, Islandia e Luxemburgo. Portanto esse argumento cai mesmo logo por terra.

Anónimo disse...

Bom... vou fazer o papel do cavaleiro da triste figura...

Quanto a mim, o Norte não necessita de regionalização ou de autonomia semelhante à das regiões da Madeira ou dos Açores. Necessita, isso sim, de uma descentralização do investimento público que lhe permita a aquisição de infraestruturas potenciadoras do investimento privado.
O Norte, à semelhança de outras regiões do País, reflecte apenas o autismo governamental em relação ao resto do território. As visíveis assimetrias entre o Norte-Lisboa são ainda menores que as de Lisboa-Sul ou Litoral-Interior.
Desemprego, desertificação, miséria, são as palavras do crescente desinteresse de Lisboa em relação ao resto do país, a mais tenebrosa depressão abate-se sobre todos aqueles que não consomem na capital. Porque parece, afinal, que é disso que se trata.

Uma opção política nortenha, quanto a mim, deve tomar a forma de um lobby e [talvez] não de uma qualquer política partidária. A existência de movimentos políticos regionais ou mesmo de partidos políticos de uma região leva frequentemente à exacerbação de determinados tipos de "nacionalismo" que vão dar em caciquismo puro e simples com as usuais conotações de extremas direita ou esquerda.

Devo ainda deixar por cá um ponto de vista que tenho em relação ao Norte. Creio que esta região sofre ainda uma determinada dose de "feudalismo" que é facilmente notado nas regiões mais interiores, onde as coisas se passam invariavelmente "em família". Exemplos não faltam, ficam no entanto por publicar, a lista, para além de fastidiosa, poderia incorrer no pecado da impossibilidade de confirmação.

Finalizo desejando que o Norte acabe por ter consciência de si mesmo. Que os empresários nortenhos olhem ainda mais a Norte e que façam Lisboa sentir o seu desinteresse. Que os representantes políticos, uma vez sentados nos seus tronos resguardados de Assembleias da República e demais gabinetes governamentais, cessem de esquecer os que os elegeram apenas para cumprimento de agendas políticas e de manutenção do "tacho".

Enfim, desejo que a nossa força cultural se faça sentir em toda a sua plenitude, que os autarcas nortenhos se tornem visíveis não pelo cimento e grandes obras de "montra", mas sim peloa contínua luta pela região que servem.

E desejo, acima de tudo, que não nos falte a voz e a razão, que hajam espaços como este, aqui e na rua.

Abraço,
CJT

Anónimo disse...

sinceramente nao percebo esta gente que é contra a regionalizaçao com autonomia como a Madeira ou Açores.
Epa que coisa, parece que gostam mesmo de ser colónia e de serem controlados pelos outros..
que subserviência..

depois falam como se o norte fosse perder alguma coisa por ter uma regionalizaçao com mais autonomia quando seria precisamente o contrario, o norte so iria ganhar.

Ventanias disse...

Meu caro José Silva,

Não tenho comentários particulares a fazer ao seu contributo. Pela minha parte já fiz a minha escolha e optei por procurar influenciar o meu partido no sentido de um maior reequilíbrio entre a capital e o país e, sobretudo, por promover formas de libertar o País do jugo do Terreiro do Paço.

Porém queria precisar um aspecto: Primeiro, não sou favorável a partidos regionais, sou a favor de partidos nacionais que sejam anti-centralistas. Segundo, defendo a regionalização como um instrumento de diminuição do peso do Terreiro do Paço; neste caso, obviamente político-administrativa. Terceiro, também entendo que a regionalização não é suficiente e que é necessário começar por repensar as autarquias, as suas funções e competências, e até mesmo os seus limites geográficos, para se recriar a relação do Estado com os Cidadãos, tornando-a mais humana porque mais próxima, e mais eficaz porque mais relevante para cada um e todos.

Finalmente, entendo que nada disso poderá acontecer sem que se altere a instituição fundamental da democracia: o sistema político. Por isso acho que o essencial é a introdução de circulos uninominais.

trigalfa disse...

Não duvido que teoricamente os circulos uninominais assegurariam uma relação mais próxima e de certa forma o ideal, mas distorce exageradamente a representatividade nacional das forças políticas.
O sistema misto que se desenha na A. R. parece-me mais justo mas dificilmente verá a luz do dia, neste jogo entre P.S./P.S.D.

JSC disse...

Eu, tal como os bombistas do parlamento inglês, já encomendei a pólvora para colocar em São Bento.

Querem melhor conributo (bombástico)do que este?

A intervenção blogosférica é bem mais importante do que muita gente pensa. Acredito que este blogue pode e deve melhorar muito mais. Com novas funcionalidades técnicas provindas das novas tecnologias, podemos incrementar a influência do blogue.

Quanto a outras esferas de actividade, acredito que a iniciativa privada (de cada membro do blogue)pode arrastar por si só mais pessoas que partilhem desses mesmos objectivos. Daí que nos partidos, nas empresas, nos jornais ou à bomba(eu) cada um ponha mãos á obra e de certeza que encontrará gente que quererá associar-se a esses projectos.

Quanto a mim, terei que fazer uma viagem ao País Basco ou à Irlanda do Norte para ver se contrato alguns bombistas desempregados...

CCz disse...

Para mim era essencial que a riqueza, ainda criada no Norte, não fosse sifonada para o aparelho central gigante que nos suga até ao tutano.

Quanto mais riqueza gerada na região, ficar na região, mais hipóteses há, de dezenas e dezenas de empreendedores individuais criarem novos ciclos geradores de riqueza, aumentando a massa crítica da região.

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