Gémeas abrem guerra Norte-Sul "De repente, surgem no caso de corrupção desportiva "Apito Dourado" duas irmãs gémeas a personalizar uma guerra Norte-Sul"
"Do outro lado, Ana Maria Salgado Curado, acusada pela irmã e pelo pai de, por alegada debilidade mental, apoiar o lobby do Norte envolvido no caso, pela mão de Pinto da Costa."
"(...) transformando-o num confronto Porto-Benfica. Ou Norte-Sul."
In Diário de Notícias
Pergunto-me qual será a ideia de defender que os clubes representam politicamente as regiões do país. Sinceramente, os meus amigos nortenhos dizem não ter nada a ver com esta guerra (mesmo os adeptos do FCP), e o mesmo dizem os meus amigos lisboetas (mesmo os benfiquistas). Não sei se nas redacções de jornais as coisas são diferentes...
Mas este tipo de raciocínio não é inocente. Basta um pouco de matemática para compreender:
Axioma Jornalístico I
Disputa FCP vs. SLB = Guerra Norte vs. Sul
Logo: FCP = Norte; SLB = Sul
Axioma Jornalístico II
Estado Central = Lisboa (nota: não sou eu que faço esta associação; normalmente são os defensores do centralismo ou aqueles que dizem que este não existe)
Logo: Crítica ao Estado Central = Crítica a Lisboa = Inveja / Rivalidade a Lisboa
Juntando os 2 axiomas temos a Lei do Estereótipo do Regionalista
Regionalista = Crítica ao Estado Central = Rivalidade a Lisboa (= Guerra Norte vs. Sul) = Rivalidade ao Benfica = Adepto do FCP (= Nortenho)
Pode-se resumir facilmente por, Regionalista = Portista. Este é o estereótipo que nos tentam colocar todos os dias. O estereótipo simétrico seria dizer que o Centralismo não é mais que Benfiquismo no Poder. Não vamos por aí. No poder político seguramente não é. Já no poder jornalístico...os exemplos falam por si.
Nota 1: Por regionalista entende-se quem defende o desenvolvimento harmonioso do território.
Nota 2: Os nossos adversários farão tudo para reforçar este estereótipo. Aos regionalistas sobram duas opções: ou contrariar o estereótipo (abstendo-se de falar de futebol quando se fala de desenvolvimento regional), ou reforçá-lo (por ter a consciência de não estar a fazer nada de errado ou reprovável). A inclusão do tema futebol num país normal não teria qualquer problema. Na situação em que vivemos, temo que tenha apenas como resultado o fortalecimento dos nossos adversários. Deverá ser feito com especial cuidado e de forma inatacável. E de preferência para denunciar a futebolíte dos outros...
Nota 3: Associar FCPorto e Norte é precisamente o que Pinto da Costa tenta fazer quando se vê acossado. Concerteza não fará isso para proveito da região...
11 comentários:
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Excelente análise Pedro !
A humanidade, no singular ou em grupo, comunica por símbolos, interage com símbolos e identifica-se com símbolos. Os símbolos são importantes. Isto é básico para compreender qualquer sociedade.
O FCP até poderá ser um simbolo do norte. Mas apenas representa o norte desportivo. Nunca o norte político.
o que é que é político?
Pondo a coisa de outra forma: Um clube de futebol apenas representa os interesses clubísticos dos seus adeptos. Os interesses a nível de qualidade de vida, emprego, cultura, desenvolvimento,..., têm que ser defendidos por outro tipo de instituições.
Todos sabemos, há décadas, que o benfiquismo é um instrumento do centralismo. Não é o facto de alguém ser adepto do benfica que está em causa; isso é normal e livre. O que está em causa é a permanente identificação forçada do benfica com o país, alimentada por entidades que deviam promover a igualdade entre as diversas instituições nacionais. Pior ainda é não aceitar de modo nenhum que outros possam ser melhores e alimentar campanhas permanentes, com a absoluta indiferença por parte do estado, quando não a conivência, contra aqueles que contrariam a lógica benfiquista. Gravíssimo quando se tenta descaradamente generalizar putativas (ainda nada foi provado em tribunal) situações de irregularidades cometidas por clubes do norte a toda a população e região. Se respondessemos na mesma moeda estaríamos aqui a generalizar a condição de pedófilos (é em Lx que a maioria dos casos ocorreram), corruptos ( a câmara de Lx foi capaz de superar todas as outras que tão maltratadas têm sido pelo sistema de propaganda centralista) ou ladrões (foram polícias da judite local que meteram a mão na massa), etc, a toda a população da região de Lisboa e sul. Obviamente, porque somos melhores que esse tipo de gente - os que agem assim e não o povo comum -, não o fazemos.
Não quero ajuizar nada nem ninguém, mas é óbvio e correcto o que diz António Alves sobre o benfiquismo.
Será que não conseguem reparar nas diferenças?
Pepe (defesa)foi embora para o Real Madrid por 30 Milhões. O acontecimento foi noticiado, mas sem folclores (e ainda bem).
Simão, foi para um clube secundário
por 20 milhôes e num só dia já lhe fizeram dezenas de biografias. Até a avozinha do menino nos foi apresentada. Se isto, não é uma manifestação pura e dura de centralismo e também de provincianismo, então o que será?
provincianismo é:
- arrestar uma sanita para assegurar o pagamento de dívidas ao fisco
- abrir inquéritos no MAI por pretensos desacatos em túneis, desde que estes sejam nas Antas.
- fazer telenovelas com camisolas rasgadas
- ver polícias a atirar petardos para as bancadas, desde que nestas haja provincianos.
- fazerem-se túneis dentro de túneis, e depois dizer-se que caro é o metro... do Porto
- ter havido uma bardamerdas que se deixou entalar numa porta. Hoje tinhamos por ali os americanos a defender a democracia, e estavamos livres destes chupistas...
Dizer hoje em dia que a rivalidade entre norte e sul advêm de matérias desportistas é ser ignorante!! Já em 1766 Charles Dumouriez publicava um artigo sobre o descontentamento do norte ao sul, mas tambem Éça de Queirós e muitos outros...
Estas coisas não são de hoje vêm muito de tráz e têm tendência a piorar. Assim como tantas outras rivalidades, a que opõe o norte ao sul atravez do FCP e o SLB é apenas uma forma de espressão do descontentamento generalizado de uma região
Quem é do norte sabe, quem lá vai apercebe-se, e mesmo quem lá nunca foi tem alguma ideia ou ouviu falar que o norte é diferente. É verdade meus amigos, no norte falamos diferente não por sermos parolos, mas por sermos nortenhos. Nenhum acordo ortográfio até hoje deixou preservar a forma escrita da lingua como era a do norte e introduziu-se a pressão para que se fala não outra coisa que não o português do sul.
Na cultura esquecem-se que o norte também ele é diferente, sem fados nem toiradas, com os arraiais, sardinhadas, e matança do porco.
Hoje em dia quem vive ao sul pensa que ao norte também se vive a cultura lusitana, pois não meus amigos, não somos lusitanos e jamais o seremos. Ao norte somos galegos, com os costumes pagãos milenares que muitos de voces consideram parolos. O norte é diferente.
Para um nortenho, há o Norte e há o Resto. É a soma de um e de outro que constitui Portugal. Mas o Norte é onde Portugal começa. Depois do Norte, Portugal limita-se a continuar, a correr por ali abaixo. Deus nos livre, mas se se perdesse o resto do país e só ficasse o Norte, Portugal continuaria a existir. Como país inteiro. Pátria mesmo, por muito pequenina. Em contrapartida, sem o Norte, Portugal seria uma mera região da Europa. Mais ou menos peninsular, ou insular.
Não haja bom senso de ambas as partes em preservar os costumes e tradições e a luta que voces dizem ser hoje entre mouros e tripeiros será amanha um voltar de costas do norte ao resto do país.
O problema separatista espanhol surgiu também como um relampago nas ultimas decadas e se não aprendemos com a licção visinha e continuarmos por este caminho não será muito dificil prever o futuro.
Desculpem o engano Eça de Queiroz, esse nortenho não merecia! jeje
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