Foi com alguma surpresa e muito orgulho que recebi e aceitei o desafio de José Silva para começar a "nortear" por aqui. Começo por fazer um aviso à navegação.
Aceitei, naturalmente porque me revejo nos objectivos deste blog. Mas aceitei sobretudo porque há muito tempo considero que o maior mal do País é a sua elite, que se tem revelado egoísta - vide disparidade das reformas públicas no topo e na base -, egocêntrica - vide a facilidade com que se distribuiam cargos nas empresas, municipais e privatizadas - e centralista - vide o agravamento do divórcio entre Lisboa e o resto do País.
Esta probreza da nossa elite, aliás denunciada pelos nossos maiores escritores e pensadores desde há muito, permitiu que o País se imoralizasse de uma forma que considero revoltante. Permitiu a deterioração do sistema de ensino, sob a desculpa de uma pretensa democratização, a níveis que estão já hoje a hipotecar a qualidade possível do nosso futuro e, pior ainda, o dos nossos filhos - apenas sobra a opção da emigração, interna ou externa.
Permitiu uma concentração de recursos na capital que a impede de ser o ponta-de-lança do País, porque este não se revê naquela e aquela não o conhece.
Na parte que me toca, como portuense "nado, criado e educado" na Invicta, assumo a responsabilidade do Porto neste estado de coisas, porque não pode ser escamoteada. E deve ser combatida para o futuro. Estou disposto a contribuir para isso.
Como segunda cidade do País, o Porto deve ser capaz de pensar Portugal independentemente do que se pensa no Terreiro do Paço. A elite portuense deve ser capaz de pensar alternativas para Portugal, libertando-se deste jugo mesquinho que nos tem amarfanhado, pelo menos nas últimas décadas, nas pequenas misérias do deve e haver, da negociação envergonhada de benesses que o paternalismo centralista vai concedendo, como quem concede uma esmola a um parente pobre.
Concentremo-nos na nossa maneira de ver o mundo - tradicionalmente mais empreendedora, menos subsídio dependente, mais livre e mais libertária. Exploremos esse potencial, e divulguemos as nossas opiniões. O País agradecerá.
Sejamos capazes de dizer basta!
Não nos contentêmos com dizer basta, construamos alternativas!
Apoiêmo-nos uns aos outros, para passarmos também a contar nas decisões estruturantes do nosso País!
É possível um Portugal melhor. Basta querer.
3 comentários:
Eu diria mais - pensem também Aveiro, Braga, Guimarães, Viana, Vila Real, Bragança, Viseu, Chaves, Mirandela, etc. conosco. Todo o norte tem de ser capaz de produzir novas ideias, novas estratégias, novas oportunidades para Portugal, para o Norte, e para cada uma das suas cidades/vilas/aldeias.
Para os chineses, crise= perigo (risco) + oportunidade.
Tenhamos o dom de ver as oportunidades e a coragem de assumir os riscos.
Se não formos nós, certamente que não será o Estado Central.
Seja muito bem vindo a este blogue! Gostei do seu Post...
Vamos culpar a elite quando foi o povo a votar contra a regionalização?
Claro que a elite tem muitas responsabilidades, mas as culpas não são só da elite.
Colocar nos outros a responsabilidade é sempre muito fácil.
E se há cidade (e respectiva elite) que não tem culpa pela nossa situação miserável essa cidade (e essa elite) é do Porto. O que não quer dizer que estejam isentos de responsabilidades, porque verdade seja dita também não estão.
E mais não digo…
Suevo (Legião Invicta)
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