O anúncio de Alcochete como o possível destino do novo aeroporto internacional de Lisboa está a provocar fortes reacções dos autarcas e das "forças vivas do oeste".
Num estado em que não existam entidades administrativas intermédias, o poder central torna-se o decisor final. Nesse sentido, os interesses locais tentam insinuar-se junto dele com o objectivo de influenciar a tomada de decisões desse dito poder.
Qualquer sinal de anuência revelado pelo decisor político, é tomado como uma posição final. Os agentes locais procuram comprometer publicamente o poder a uma decisão que favoreça os seus interesses. Percebem que os custos financeiros poderão ser suportados por muitos, mas os "lucros" serão exclusivos dos seus interesses.
Específicos interesses locais tendem a externalizar (dispersar localmente - por outros agentes concorrentes) os custos desses mesmos interesses.
Se após esse sinal, o decisor acaba por recuar e apontar o seu ponteiro para outras latitudes, os derrotados tenderão a olhar essa decisão como uma afronta e uma traição contra os interesses locais que defendem.
Este país potencia o conflito entre regiões, a corrupção do poder decisório e fomenta o "divisionismo".
A atribuição de poder de decisão a uma organização central monopolista, incorre nos dramas acima referidos.
Num país onde exista regionalização-descentralização política, as estruturas de poder decisório intermédias, consubstanciadas na responsabilidade fiscal e orçamental, procuram que projectos de obras públicas (ou outros) sejam olhados como oportunidades de partilha de custos e de ganhos por parte de regiões vizinhas.
Este modelo fomenta a união e a colaboração entre regiões diferentes. As regiões percebem que projectos de grande envergadura só podem avançar se tiverem sustentação financeira regional. Nesse sentido, as regiões preferem uma lógica decisória que tenha por base a partilha e a inter-ajuda, preterindo a singular sustentação de investimentos.
Este país cresce harmoniosamente, escapando a clivagens regionais!
Nota: No último modelo, o centro decisório perde poder, enquanto que os seus intérpretes ficam no desemprego.
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