Esta artigo foi publicado originalmente em 20070530. Atendendo à temática da sessão de logo à noite dos Olhares Cruzados sobre o Porto, republico-o novamente.
1. A construção da Ota e libertação dos terrenos da Portela é uma PPP propositadamente cara para alimentar lobbies financeiros, imobiliários e da construção civíl. A Portela não está assim tão saturada e com investimentos sensatos resolve-se o problema.
2. Através de práticas monopolistas do futuro dono da ANA, a Ota irá drenar a utilização do aeroporto do Porto, contribuindo ainda mais para o não desenvolvimento da região Norte e desvalorização do património imobiliário; A alternativa Portela +1, ou um novo aeroporto na margem sul, salvam Pedras Rubras.
3. A aviação civíl consome 7% do petroleo mundial. Estamos no «Peak Oil», ou pelo menos no «Imposed Peak Oil», onde os produtores de petroleo, Russia à frente, vão cobrar preços mais altos pelas suas matérias primas. Investimentos faraónicos em aeroportos é neste cenário um medida suicída;
4. O Norte e Centro ainda são regiões industriais e exportadoras que necessitam de custos de transporte competitivos. Continuar a escoar mercadorias para a Europa via TIR não é sensato. O sensato é apostar nos portos e ferrovia. Assim faz todo sentido ligar o porto de Aveiro à linha da Beira Alta, como está a decorrer, e usar o Porto-Braga-Vigo para transporte de mercadorias. O que não faz sentido é a linha do Douro e o ramal de Leixões, que liga o respectivo porto à ferrovia, não estejam a ser usados neste segmento. O que se passa com a intermodalidade rodo-ferrovia-portuária em Matosinhos, alguém sabe ? O Porto de Leixões tem capacidades que o de Aveiro não tem e que precisam de ser potenciadas !
5. A modernização ferroviária, passageiros e mercadorias, como alternativa à rodovia para «combater» o Peak Oil, passa pela alteração de bitola e não pela existência de TGVs (comboios de alta velocidade, +300 kmh); Estes só são rentáveis para elevadas distâncias. Para Portugal e para o Norte, comboios como o Alfa Pendular, de velocidade elevada (+200 kmh) servem perfeitamente.
6. O traçado Porto-Minho-Vigo em AP deverá ser bem estudado. A proposta do actual governo é Porto-Ermesinde-Trofa-Famalicão-Braga-PLima-Valença, sendo Braga-Valença em novo canal. Este traçado passa por concelhos que totalizam cerca de 400 000 pessoas. Alternativamente um traçado mais litoral que aproveite o ramal de Leixões a linha Vermelha do Metro do Porto e a linha do Minho a partir de Barcelos, servindo também 400 000 pessoas, passando por Vila Conde-Póvoa-Barcelos-Viana-Cerveira-Valença, seria MUITO MAIS BARATO e libertaria verbas para SIMULTANEAMENTE avançar com a linha «Trans-Minho», ligando Guimarães-Braga-Barcelos-Viana e quem sabe um metro dentro de Braga. Cabe aos bracarenses saberem escolher e evitarem também o centralismo de Braga no Minho... A OTA também está(va) decidida e porém... Adicionalmente, o traçado de velocidade elevada pelo litoral permitiria sua utilização por combios sub-urbanos e por exemplo a criação da linha Porto-Viana e passaria a escassos metros do Aeroporto. Também a linha da CPPorto até Caíde deveria ser modernizada e extendida até à Régua;
7. No trafego rodoviário de passageiros, as autarquias devem agarrar-se rapidamente a projectos de construção de metros ou comboios sub-urbanos, aproveitando linhas existentes ou desactivadas, um pouco à semelhança do Metro do Porto. Porém, nunca confundir metro (ligeiro, mais lento, mais frequente, menores distâncias entre paragens) com comboio sub-urbano (mais pesado, rápido, menos frequente e com maiores distâncias entre paragens). É necessário evitar novos erros como é o caso do Metro do Porto para a Trofa, Vila do Conde/Póvoa do Varzim ou para a zona do Vouga.
8. Adicionalmente, a recuperação do troço final da linha do Douro entre Barca d'Alva e Fregeneda permitiria a sua utilização turística. Também a modernização da ligação rodoviária entre Bragança e Sanábria colocaria o nordeste transmontano a 3 horas de Madrid por TGV.
9. Além dos metros actuais (do Porto e Mirandela), do Metro do Mondego em planeamento, deve-se equacionar o Metro em Braga (cidade), metro Agueda-Aveiro-Gafanha (linha do Vouga sul), Metro em Vila Real e Metro Espinho/Feira/SJoãoMadeira/OAZ/Ovar (linha do Vouga norte). Quase todos eles aproveitariam linhas estreitas antiquadas e com traçados à medida da tecnologia e urbanismo do início do século XX, bastando pequenas adaptações.
10. Com investimentos sensatos, todo o Centro e Norte de Portugal podem dotar-se de infra-estruturas ferroviárias a baixo custo, capazes de substituir importações de petróleo em alta, valorizarem património imobiliário urbano e exportarem competitivamente os bens cá produzidos. É preciso pressão da sociedade cívil junto do poder local e central. Passe a palavra divulgando este artigo.
3 comentários:
No ponto 6 - linha de alta velocidade - parece-me particularmente importante assegurar a sua ligação ao Aeroporto, o que tornará este mais competitivo no noroeste peninsular e permitirá servir mais pessoas (particularmente de Braga, caso esteja esta no percurso escolhido), bem como ao Porto de Leixões (para potenciar o transporte de mercadorias). E especialmente permitiria rentabilizar mais o investimento a fazer na AV.
Se o traçado do Porto-Minho-vigo for litoral, usar a linha vermelha do Metro do Porto, passará a escassos 200 mts do aeroporto. Será fácil fazer um pequeno desvio.
Sim, mas penso que em qualquer dos casos deveria passar pelo aeroporto
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