20070704

Que pólos de competitividade para Portugal III

"Uma decisão estratégica

A política pública tem a responsabilidade de dar o mote e marcar a agenda. Iniciativas como as "Cidades e Regiões Digitais", "Acções Inovadoras de Base Regional", entre outras, têm tido o incontornável mérito de colocar estas temáticas na agenda e de reforçar os infelizmente nem sempre muito fortes níveis de cooperação e articulação entre actores territoriais (Municípios, Universidades, Centros I&D, entre outros).

Mas engane-se quem pense que serão capazes por si só de alterar o panorama global. O que está verdadeiramente em causa em tudo isto é a assunção por parte do país dum verdadeiro desígnio estratégico de alterar o modelo mais recente de evolução de desenvolvimento e de implementar "Pólos de Competitividade" ao longo do país, fixando dessa forma riqueza e talentos que doutra forma tenderão a concentrar-se unicamente na grande metrópole.

Neste contexto, a questão surge então – que Pólos de Competitividade deverá o país privilegiar e de que forma deverão ser operacionalizados ao longo do território? São conhecidos nesta matéria várias experiências internacionais, que vão da Finlândia ao conhecido modelo francês, passando pelo modelo de organização consolidado nos últimos anos em Espanha, através das Regiões Autónomas. Não há soluções universais e deve ser atenta nesta matéria a particular especificidade do nosso país e as competências centrais de que dispõe. Acima de tudo, há que tomar opções de forma clara e ser muito claro que haverá zonas territoriais preteridas face a outras, mas o bem de uns é o bem de todos. O papel do Investimento Directo Estrangeiro de Inovação, articulado com Universidades e outros Centros de Competência, vai ser decisivo nesta área e ao Estado caberá a inelutável missão de regular com rigor e sentido estratégico.

Seria muito mau para Portugal e para os portugueses que, em 2015, 45,3% da população se concentrasse na Grande Lisboa. Portugal não é nem quer ser um país como o México. Portugal é um país da União Europeia, convicto do seu paradigma de desenvolvimento e apostado em fazer assentar o seu futuro num compromisso que se pretende sustentável entre a tradição duma história única e a inovação dum futuro diferente. É por isso que a urgência operativa do Programa dos "Pólos de Competitividade" se torna um imperativo de reencontro do nosso país com o seu futuro mais próximo."

Por Francisco Jaime Quesado

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