Neste momento o traçado Porto-Minho-Vigo previsto consiste no prolongamento do Alfa-Pendular Porto-Braga por um novo canal a norte desta cidade até Ponte de Lima e Valença (azul escuro no mapa). Porém, julgo que esta decisão do actual governo central deveria ser revista, tal como o foi a OTA. Este artigo é uma análise detalhada do ponto 6 deste artigo e propõe um traçado mais litoral (não confundir com linha à beira da costa), maximizando a utilização de canais ferroviários existentes, resolvendo o problema da passagem no ASC e sendo bastante mais barato do que o traçado do MOPTC.
Pressupostos
· Apesar de pessoalmente ter várias reservas ao «Keynesianismo do Betão» e às PPP, não vou questionar nesta fase a oportunidade e validade da ligação ferroviária prevista; Aliás, o Norteamos não pretende discutir ideologia ou avaliar a capacidade dos empreendedores portugueses. Para estes temas remeto para os blogues Destreza das Dúvidas (Braga), Blasfemias (Porto) e Empreender (Braga);
· Também não questiono se a ligação a Vigo é mais ou menos importante que a ligação a Madrid ou Lisboa;
· Este artigo tem presente o «Peak Oil», o facto de o transporte rodoviário custar 5 vezes mais do que o marítimo e 2,5 vezes mais que o ferroviário em termos de tonelada/km;
· Que a região Norte continuará a ser produtora de produtos transaccionáveis, físicos, para a Europa, sendo necessário transportes competitivos;
· Os transportes de mercadorias do Norte para a Ibéria, sul de França e norte de Itália serão mais competitivos em ferrovia, sendo que nos restantes destinos europeus o transporte marítimo será mais barato; Ao nível dos passageiros, as viagens em ferrovia dentro da Iberia ocidental tenderão ganhar competitividade à alternativa aerea em termo de preço e comodidade: «El tren de alta velocidad desbanca al avión en los viajes de negocios en la Península»;
· TGV (+300 km/h) não existe; Existe sim CVE (+200 km/h), tal como o AP actual;
· É altamente desejável que o CVE Porto-Minho-Vigo pare no ASC: «Rui Moreira pede a Rio para fazer TGV parar no aeroporto Sá Carneiro»
· Linha Vermelha do Metro do Porto é um erro de planeamento que está a ter procura e satisfação dos clientes inferior à esperada; Consta-se que há estações entre o ASC e Vila do Conde em que o Metro para, ninguem saí e ninguem entra...
Traçado alternativo Litoral (azul claro no mapa):
· Troço Valença - Caminha:, Modernização da linha actual junto ao rio Minho;
· Troço Caminha - Viana do Castelo (Meadela): Novo canal, sendo necessário provavelmente a construção de tuneis;
· Troço Viana do Castelo (Meadela) - Barcelos: Modernização do actual troço linha do Minho;
· Troço Barcelos – Póvoa Varzim norte (Estela): Novo troço, que poderia eventualmente aproveitar parte da antiga linha Povoa-Famalicao;
· Troço Póvoa Varzim norte (Estela) – Vila do Conde sul (Árvore): Novo troço, variante à actual linha Vemelha do Metro do Porto, evitando a circulação do CVE pela zona urbana das cidades da foz do Ave. O Metro do Porto passaria a ser descontínuo e apenas circularia entre o sul de Vila do Conde e o Norte da Póvoa do Varzim.
· Troço Vila do Conde sul (Árvore) - Aeroporto: Com a desactivação da linha Vermelha, este troço, plano e rectilíneo, passaria a ser usado no CVE. No termo deste troço seria efectuada então a ligação de poucas centenas de metros ao ASC;
· Troço Aeroporto-Campanhã: A ser executado poderia ser tal como António Alves o demonstra aqui, usando o ramal de Leixões, actualmente às sem uso.
Braga
Pela posição na hierarquia de cidades a Norte, pelo peso demográfico, e pela importancia politico-económica que tem, Braga e também Guimarães, não podem ficar fora do efeito estruturante que a este investimento ferroviário provoca. Porém há que encontrar um equilíbrio entre esta necessidade e a rentabilidade do investimento. Efectivamente o traçado interior, que passa por Braga é bastante mais caro do que o traçado litoral. Então a solução que proponho é precisamente ligar de forma propriada Guimarães e Braga a Barcelos também por ferrovia, com um traçado, frequência, velocidade e preços que tornem a utilização competitiva. Este novo troço de cerca de 25 km, tem vindo a ser estudado pelas respectivas autarquias, tem um custo inferior por Km ao da linha de velocidade elevada e atravessa zonas densamente povoadas por empresas e população, garantindo procura.. Este novo serviço, a que chamaria Transminho carece de maior detalhe em termos de percurso dentro das cidades de Braga e Guimarães, assim como eventuais ligações a Vizela e Lousada (linha do Douro) a escassos 30 km. Assim Braga não teria paragem do CVE, mas em contrapartida passaria a ser o centro de uma nova linha ferroviária (assinalada a verde no mapa).
Outras questões
· Tal como está previto no traçado Porto-Braga.Vigo, poderão circular nesta alternativa o CVE, comboios sub-urbanos e de mercadorias; Aliás, seria necessário criar uma linha da CPPorto entre o Porto e Barcelos ou Viana, à semelhança das ligações Porto-Braga, Porto-Guimarães e Porto-Aveiro. Seria precisamente este novo braço Porto-Barcelos ou Viana que asseguraria o transporte até ao troço descontínuo do Metro do Porto que sobreviveria entre Vila do Conde e Póvoa do Varzim
· Toda esta proposta (Porto-Minho-Vigo e Transminho) baseia-se em bitola europeia, podendo de raiz efectuar um investimento definitivo. Dada a proximidade entre o Aeroporto e o Porto de Leixões a ligação de mercadorias também seria executada em bitola europeia.
· Os tram-train actualmente previstos para a linha Vermelha poderiam ser na mesma usados na linha Transminho;
· A norte do paralelo que passa por Árvore e Trofa, a alternativa litoral serve exactamente o mesmo número de residentes (400 000 pessoas) que o traçado do MOPTC por Braga.
Vantagens
· Devido à orografia, o traçado litoral é mais barato que o traçado do MOPTC, permitindo o extra Transminho;
· Oportunidade de corrigir o erro de planeamento do Metro do Porto que foi o lançamento de linha Vermelha, reduzindo assim o deficit de exploração, de uma linha cuja rentabilidade e satisfação está abaixo das expectativas;
· Coloca o ASC no percurso proveniente do Minho e Galiza, evitando o seu esvaziamento;
· O canal litoral permite a construção de uma nova linha de sub-urbanos (Porto-Barcelos/Viana);
· O traçado litoral permite mais canal-horário para o transporte de mercadorias do que a alternativa do MOPTC por Braga;
· As expectativas de transporte ferroviário em Vila do Conde/Póvoa do Varzim e acesso ao CVE por Braga e Guimarães não seriam goradas;
· Provavelmente maior volume de negócios para os concorrentes das PPP;
Prós:
· Pessoas colectivas (empresas, imobiliários, autarquias, etc) e individuais em Viana do Castelo, Barcelos e Guimarães
· Eventualmente ACP e Metro do Porto;
· Operadores do ASC (Ana, Tap, Ryanair, etc) pois garantiriam mais passageiros galegos;
· «Cluster» ferroviário: Fornecedores (Transdev, Efacec Transportes, Siemens, Bombardier, etc) e Operadores (Máquinistas CP, candidatos às PPPs);
· Comissão de Utentes da Linha Vermelha do Metro do Porto.
Contra
· Eventualmente Pessoas colectivas (empresas, imobiliários, autarquias, etc) e individuais em Braga;
· MOPTC;
· «Cluster» Rodoviário (Combustível rodoviário, concessionários de auto-estradas, empresas de transporte de passageiros e mercadorias, etc)
Como diz o participante Ventanias: «Um melhor (Norte de) Portugal é possível».
PS: Este artigo tem seguimento aqui: Porto-Minho-Vigo com muita cidadania.