20070709

PPPs e investimentos ferroviários sem megalomanias

O objectivo do blogue é promover o desenvolvimento do território a norte de Portugal e dos seus residentes. As opções ideológicas ou filosóficas de cada um não são a nossa prioridade. Cada um é livre de as defender em noutros espaços da blogosfera. Todos os participantes se sentem identificados com a causa Norte, porém, também alimentamos outras causas onde a solidariedade não é marcada por um território. Todos nós somos politicamente de direita ou de esquerda, apoiamos ou rejeitamos as políticas do país A ou B, na esfera internacional, temos posições diferentes sobre religião, sexualidade ou ética. De qualquer modo, como residentes de um território em concreto e neste espaço blogosférico, temos que ser capazes de analisar, debater e consensualizar caminhos, antecipar futuros em defesa dos residentes a Norte, abstraindo todas as nossas restantes convições. É o que pragmaticamente tentarei fazer nest post.

Um dos maiores erros do liberais é acreditar que os principais defensores do Estado são so funcionários públicos, os sindicatos ou pequenos negócios. Efectivamente os maiores defensores são as grandes empresas que tem como cliente o Estado. Nos EUA é o complexo industrial-militar; Em Portugal é o complexão betão/PPP/financiadores. São estes, que desejam que o estado seja Keynesianista, que faça Otas e TGVs caros, que viva de deficits financiados pelos contribuintes, porque só assim conseguem grandes contratos e vendas. O grande empresário ou gestor que não quer nada com o Estado acabou no mesmo dia que acabou a prática marxista. Este tema daria pano para mangas junto do João Miranda.
Mas pior do que o keynesianismo de betão é se este for financiado por PPP, forma ardilosa de os Estados garantirem receitas a privados, protegendo empreendedores/gestores com problemas endócrinos ou com práticas do sul de Itália. Destaco:
· São famosas as declarações sobre Rui Moreira sobre o grupo Mello, maior protagonista nacional destes negócios, também referido aqui para o sector da saúde;
· Este comentário sobre as SCUTs e este relatório do Tribunal de Contas;
· O nervosismo ralatado na Newsweek sobre privatizações de estradas que acabou por ser ganha pela Brisa;
· A gestão do parque escolar de Gaia referido aqui e aqui;
· A privatização da recolha de lixo pela aCMPorto;
· As candidaturas da portuenses Mota-Engil e Soares da Costa à exploração da OTA e CVE;
É evidente que quem pertence ou é beneficiado pelo lobby betão ou das PPP, desde um modesto trolha, arquitecto, bancário com remuneração associada contratos de crédito hipotecário, banqueiro de investimento ou médico de hospital SA, terão uma visão diferente. Mas não me interessa combater ou defender estas privatizações, mistura pública/privada, vendida como neo-liberal e modernizadora. O Norteamos não existe para isso.
No meio desta instabilidade ideológica que ocorre na economia actual, é necessário, na minha opinião, estar atento potenciar o nosso desenvolvimento e defesa dos contribuintes, sem deixar que a ideologia nos afecte. Assim assumo que existe um Keynesianismo central e local mas que tem que ser muito bem ponderado e verificado pelos cidadãos.
Assim, defendo a ideia do governo Sócrates terminar com as Sctus no Norte, sobretudo próximo da AMPorto onde o poder de compra é maior. Mas também terá que faze-lo na via do infante no Algarve, a 2ª região mais rica per capita de Portugal, sob pena de estar a actuar em dupla ética. A seguir deverão ser todas as SCUTs, deixando de beneficiar a rodovia, responsável por 50% das nossas importações de petroleo (que não vai parar de subir) e tornando mais competitiva a utilização da ferrovia. É que, como expliquei aqui, estamos à beira de uma revolução nos transportes ferroviários semelhante à liberalização aérea que gerou as low cost. Sobre isto, convido todos os participantes mais descrentes a lerem com cuidado este artigo do insuspeito Economist, acima retratado. O caminho tem que ser a modernização ferroviária sem megalomanias, com respeito pelo contribuinte português ou alemão. A todos cabe esta defesa, mesmo aos mais anti-Estado.
Entretanto o governo prepara-se para mais PPP até às eleições de 2009: «Sócrates propôs à MSF, OPCA, Mota/Engil, Soares da Costa, Somague, Teixeira Duarte e Bento Pedroso que estas empresas apresentem ao Governo planos de investimento que, pelo seu perfil e pela capacidade de gerar valor, sejam capazes de captar a liquidez dos grandes investidores globais.» Há que usar o mesmo pragmatismo: Favorecer o Norte, sem investimentos injustificáveis nem preconceitos ideológicos. São limites aceitáveis, pragmáticos e consensuais. Minimizemos o prejuízo no contribuinte das PPP e vamos aproveitar para promover o nosso desenvolvimento. Por isso lanço o desafio aos leitores para enviarem para as seguintes caixas de correio as vossas sugestões sobre investimentos públicos a Norte nos próximos 2 anos:
· rita.pinto@soaresdacosta.pt
· antonio.cabral@mota-engil.pt
· lgarcez@somague.pt
· contactos.msf@msf.pt
- opca@opca.pt
· representantemercado@tduarte.pt
· Fernanda.meiavia@pt.odebrecht.com
Deixo aqui algumas sugestões:
· Apressar as plataformas logísticas de Leixões e Maia/Trofa que tens estado mistiriosamente atrasadas;
· Independentenmente de LiveEarths ou afins, promover a redução da factura petrolífera, 50% consumida pela rodovia, apostando em alguma das medidas aqui relatadas;
· Despoluição do Douro. Leça e Ave;
Conclusão: Dar prioridade à ideologia ou posicionamento político em prejuizo do desenvolvimento regional foi o que fizemos nos últimos 33 anos. A responsabilidade é nossa. Temos uma oportunidade de mudar. E custa muito pouco. Cabe aos leitores e participantes colocarem o Norte à frente das suas próprias ideologias, preconceitos ou ignorância.

2 comentários:

Rui Rocha disse...

As plataformas logisticas ja deviam estar a avançar..A Plataforma de Salvaterra está já em construção, daqui a pouco invade o nosso mercado logistico..

Migas (miguel araújo) disse...

Então caro José Silva, se mo permitir acrescento mais dois ou três investimentos:
- Plataforma Logísitca de Aveiro;
e
- Potenciar o investimento numa ligação comercial em Alta Velocidade entre Aveiro e Salamanca, entrando assim em Espanha;
e
- Alterar o traçado ferroviário da futura ligação ao Porto de Aveiro (maritimo) junto à cidade, minimizando o impacto que o projecto inical tem para as salinas e o turismo aveirense.
Abraços aveirenses

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