(...)Ao observarmos os dados do INE e do Eurostat resulta evidente que se caminha para uma concentração dominante da população e da riqueza na Grande Lisboa. E os crescimentos verificados noutros pontos (com a excepção da Madeira, um caso de sucesso assinalável) decorrem no essencial de dinâmicas com origem na Grande Lisboa. A explosão do imobiliário no Algarve e algum crescimento do Alentejo nada têm a ver com o progresso do Turismo – um sector que não tem conseguido evoluir qualitativamente – e de facto resultam da procura nacional da Grande Lisboa.
Vivemos a consequência de várias realidades. O declínio dos sectores tradicionais não foi compensado com novo investimento. Sendo certo que tradicionalmente a maioria das grandes empresas tinha o sul como sede, esta tendência tornou-se hegemónica. O que aliás diz muito sobre a génese empresarial no nosso País, onde as iniciativas parecem procurar a proximidade do poder político. O tecido empresarial do Norte é composto por PME, portanto mais frágil, e não existe um plano de desenvolvimento integrado para esta Região, apoiado pelo Poder central. Como existe na Catalunha, zona também de PME, que toma como modelo o Norte da Itália.Finalmente, constata-se o fracasso patente do modelo político regional. Como exemplo destacamos que as duas Regiões Autónomas, apesar da sua insularidade, estão hoje melhor colocadas quanto a PIB ‘per capita’ que a Região Norte e que a Região Centro. Provavelmente porque dispõem de Governos que podem actuar junto das populações que lhe estão próximas. É urgente uma reflexão profunda sobre esta situação, sob pena de alienarmos metade do País e de continuarmos, ano após ano, a descer na escala europeia, sendo ultrapassados sucessivamente pelos países do “alargamento”.
Quem o diz é Manuel Ramires de Oliveira, Economista e conselheiro da Embaixada de Portugal em Madrid entre 1983 e 2001
2 comentários:
acho que não é uma questão de ser portugal ao meio.
é EXIGIR,o que é nosso.
ou então?
REVOLUCÇÃO.
Exigir Regionalização, Descentralização, chamem-lhe o que quiserem. O que é preciso é que os dinheros públicos sejam distribuidos mais equitativamente, não só em função do número de pessoas de cada região, mas principalmente em função das carências.
Enviar um comentário