20070709

Ainda a Amtrak


Nos EUA existe concorrência privada no sector de transportes ferroviários suburbanos, regionais e inter-estaudais de curta e média distância. Ao que parece, o mercado preferiu para as longas viagens inter-estaduais e transcontinentais, o serviço aéreo. Entre fazer Nova Iorque-Los Angeles por comboio em 5 dias, os passageiros preferem as 5 horas de avião.

Mas por lá, o estado-empresário entende que pode preencher lacunas do mercado e por isso tem o tal serviço (federal) nacional deficitário.

Em países ricos, tempo é dinheiro. Em países pobres, o tempo não tem o mesmo valor económico.

Em países continentais, como é o caso da Índia, as pessoas estão dispostas a fazer viagens de 8 dias de comboio, ou na Rússia, onde se leva quase 6 dias de viagem na ligação Moscovo-Vladivostok. Em países ricos, a oferta privada consegue proporcionar outras alternativas mais rápidas, daí formarem-se défices ferroviários públicos.

Caso Porto-Faro

As duas capitais de distrito estão ligadas quer por via aérea, quer por ferrovia, por empresas estatais - Tap e CP.

Existe oferta de alternativas? Não. Se entrarem operadores aéreos privados no mercado de aviação aérea, o futuro do comboio nacional e inter-regional estará ainda mais condenado a desaparecer.

Quem quer fazer 7 horas de viagem entre o Porto e Faro quando pode fazer em pouco mais de 1 num avião?

Mesmo no caso Porto-Lisboa, não interessa ter um aeroporto para low-costs na capital. Já viram que isso acabaria de vez com as peregrinas ideias do Tgv e do comboio tradicional!

Madrid-Barcelona estão ligadas por uma ponte aérea que parece ter muito mais sucesso que as outras ligações...

6 comentários:

António Alves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jose Silva disse...

Caro Júlio,

Vários equivocos:
1. Porto-Faro: Existe os operadores feroviário e aereo público, e muito privados rodoviários;
2. POrtugal não precisa de megalomanias TGV (+300 km/hora); Mas precisa de modernização ferroviária (mudança de bitola);
3. O TGV Madrid-Barcelona está já concorrer com a ligação por avi´~ao: http://www.eleconomista.es/empresas-finanzas/noticias/235214/06/07/Puesta-en-servicio-Ave-Madrid-Barcelona-empujara-a-la-baja-las-tarifas-aereas.html

António Alves disse...

"Nos EUA existe concorrência privada no sector de transportes ferroviários suburbanos, regionais e inter-estaudais de curta e média distância"

Caro amigo,

Eu gostava de saber, para diminuição da minha aparente ignorância, quais são as empresas americanas privadas que fazem grande transporte de massas nas áreas urbanas, por exemplo da costa leste que é onde este tipo de transporte é mais comum. É que eu, por exemplo, em Boston, Nova Iorque e Nova Jersey só conheço as localmente chamadas "state agency" operando o transporte suburbano e regional nestas regiões. E são verdadeiramente monopolistas porque operam praticamente todos os meios disponiveis: comboios, metros, autocarros e ferrys, etc.

Rui Rocha disse...

Caro Julio Cunha

1-) Não há voos directos entre Porto e Faro, todos eles fazem escala em Lisboa, e esse voo pode chegar a demorar 5 horas, sem contar com chek-in. (www.tap.pt)

2-) A viagem mais rapida de comboio faz o serviço em 6 horas sem mudanças de comboio. (www.cp.pt)

3-) o tgv, mesmo a dar os 300 a hora apenas concorre em percursos como Porto - Faro, Lisboa - Madrid, ou Madrid - Barcelona, nunca o comboio vence o avião num Lisboa - Paris.

António Alves disse...

Salem is right!! :)

Anónimo disse...

Júlio,

"Salem" está totalmente correcto.

Mais:
1) Alguma vez esteve na Rússia? Moscovo-Vladivostok. Quer comparar o "Transiberiano" com o número de carreira regulares Moscovo-Vladivostok?

2) O TGV é para cobrir grandes distâncias ou consideráveis e é um concorrente irecto ao transporte aéreo (cada vez mais aos low-costs).

3) Porto-Faro: não há ligações directas. Hoje, uma viagem por via rodoviária ou ferroviária é concorrente com a aérea. Retire a paragem em Lisboa, o check-in, as deslocações dos aeroportos aos destinos.
4) O comboio tradicional não morrerá. Os comboios portugueses são, hoje, dos mais cómodos europeus. A rentabilidade e eficácia dos serviços depende, em muito, dos serviços que pode oferecer. Um avião com essas características - de ligar localidades afastadas de 300km - terá muito pouco sucesso e viabilidade. Segundo umas estatísticas que tive acesso, a rota Porto-Lisboa era das mais prejuízo dava à empresa TAP.

João Moreira

Leituras recomendadas