Param as rotativas, os comentários, os post's. Menos este, claro.
Parabéns a todos nós (mais a vocês, claro).
E pronto. Podem continuar...
JPM, comentando este post, escreveu o seguinte:
«Se a construção do hospital fosse da responsabilidade directa do Município de Braga já estaria aberto há muito ao público. Ou tem dúvidas?»
Concordo. É exactamente por isso que me custa ver avançar uma Regionalização em que o Porto vai acabar por fazer ao Norte o que Lisboa tem feito ao país...
· É por estas e por outras que além da defesa da Regionalização tradicional, se deve debater a agregação de concelhos em Autarquias Regionais pelo padrão NUTS3 acrescida da descentralização de funções economicas e sociais do estado central;
· Mais dupla ética: Ninguém se preocupa com os actuais custos da Assempleia da República; Com os custos das Regiões já 30 olhos...
· CIP propõe Alcochete face à Ota; ACPorto propõe Portela + Montijo;
· Nas caixas de comentários da blogosfera encontram-se comentários agressivos. Ás vezes são bem humorados e pertinentes: «Para alem de ter problemas mentais, é estúpido. Conseguiu não perceber uma palavra do que foi dito. É natural, é do excesso de vinho tinto que bebe nos jogos do benfica, misturado com os anti-depressivos depois dos jogos. Recomendo menos futebol, menos drogas, e mais livros de História, bem como umas viagens pelo país (i.e. fora de Lisboa). Vai encontrar uma realidade surpreendente. E bem mais agradável do que a sua urbe ultra-congestionada fruto da excessiva engorda resultado da tendência para canibalizar o resto do país.»
1. Ontem, em entrevista ao PortoCanal, José Teixeira, administrador da DST, importante empresa de construção civil e obras públicas sediada em Braga, afirmou que ao contrário do restante sector, não andava a pedir obras ao Governo. É de louvar. Porém, momentos antes de dizer estas palavras, tocou na sua própria face com a sua mão. Isto é um sinal de não verdade segundo a interpretação da linguagem gestual. O que será verdade ? O novo espírito objectivamente afirmado ou a velha prática inconscientemente revelada ?
2. O MP anunciou o arquivamento do processo do naufrágio do barco de pesca «Luz do Sameiro». Se fosse um veleiro de Cascais ou se o organismo responsável pela salvamento fosse uma autarquia, o resultado seria o mesmo ?
3. Desde que o PSD mudou de líder subiu oito por cento nas intenções de voto, revelam os resultados do barómetro da Marktest para o DN e TSF; Onde, em que zona de Portugal será que LFM ganhou intenções de voto ? Eu já fiz a minha aposta.
PS: Neste último artigo há um comentário interessante de um tal de Antero Reis que também prova que o Norte está a mandar novamente: «O PS já está preparando a substituição de Sócrates: Segundo fontes relativamente fidedginas, socialistas dos Açores e do Norte do País, estão a preparar um plano B na eventualidade do Sócrates ter que sair de cena o mais rápidamente possível. A justificação é que em 2009 o PS vai ter uma derrota maior do que a do Santana.»
Após a derrota da OTA é necessário que todos os residentes a Norte voltem a prestar atenção às (más) decisões aeroportuárias e ferroviárias que a administração central anda a tomar. Segue-se um ponto de situação de António Cerveira Pinto:
«Resumindo, são estes os dados da equação que o burro do MOPTC não consegue resolver:
1. o petróleo, o gás e os recursos naturais entraram numa empinada e duradoura espiral inflaccionista;
2. o paradigma Low Cost, iniciado com as ligações aéreas ponto-a-ponto de médio curso, mas que vai estender-se às distâncias de longo curso, a outros meios de transporte (comboios, barcos e rent-a-car), e ainda aos vários sectores económicos integrados na fileira das Short Break Holidays (hoteis, restaurantes, casinos, feiras e congressos, etc.), veio para ficar, e assim sendo, tenderá a fazer implodir as chamadas companhias de bandeira, sobretudo estatais, devido aos respectivos maus hábitos administrativos, mordomias políticas, lastro despesista e um sem número de ineficiências operacionais;
3. a compra da PGA foi uma burla de Estado, pois na aparência dum acto de gestão corrente de uma empresa pública, obrigada a seguir as regras do mercado, o Estado, sob os auspícios do governo e do burro do MOPTC, libertou um banco privado das suas responsabilidades empresariais, atirando com o ónus das más previsões deste (prejuízos de exploração, capital fixo moribundo e força laboral excedentária) para as contas de uma empresa pública em vésperas de privatização, comprometendo irremediavelmente o êxito de tal operação. Ou seja, o Estado comprou um fruto que sabia estar podre, desembolsando para o efeito 144 milhões de euros (29 milhões de contos!) dos bolsos de todos os contribuintes. Onde estão os advogados do povo?! E os jornalistas?
4. a TAP está num estado crítico, por falta de visão estratégica atempada, por má gestão e por efeito da concorrência crescente das Low Cost. Isto significa que dificilmente resistirá até 2016. No imediato, não lhe resta outra alternativa que não passe pela alienação de empresas do grupo e por despedimentos colectivos. Salvo se for resgatada por um milagre angolano, russo, chinês ou árabe, será forçada a abrir falência mais cedo do que todos desejaríamos;
5. o "Estado exíguo" (Adriano Moreira dixit) a que chegámos, politicamente hiper-instável, impede a subsistência prolongada de situações de impasse económico-financeiro como o que actualmente vive a transportadora aérea nacional;
6. a captura, directa ou indirecta, do Estado e partidos do arco parlamentar pelos carteis da construção civil, do imobiliário e da banca, tem vindo a atrofiar gravemente as possibilidades de definição de uma estratégia de transportes coerente e sobretudo útil ao estádio actual das nossas reais necessidades no contexto da acrescida competitividade ibérica, europeia e mundial;
7. O Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), nas presentes circunstâncias nacionais, europeias e mundiais, fazendo sentido pelo lado da estratégia e da política, não tem provavelmente nenhumas condições de viabilidade e será um desastre económico se for adiante, pelo que o Estado português deveria condicionar um tal projecto à avaliação rigorosa da sua sustentabilidade económica e impor sem margem para dúvidas toda a responsabilidade do negócio nas mãos do sector privado. Isto é, SCPC - SEM CUSTOS PARA O CONTRIBUINTE!
Prioridades absolutas:
· adequação efectiva (e não aldrabada!) dos aeroportos existentes às necessidades reais do mercado, com incidência especial nas seguintes infra-estruturas: Portela-Figo Maduro, Montijo, Sá Carneiro e Faro-Algarve;
· modernização dos aeródromos de Fátima, Évora e Beja em regime SCPC;
(..)
· finalização das escandalosas obras da Linha do Norte por forma a permitir os Alfa Pendulares (2) circularem em maior número e a velocidades médias superiores (baixando o tempo de viagem para valores entre as 2h30mn e as 2h10mn), ao mesmo tempo que se introduzem radicais melhorias na manutenção do material circulante e no serviço de atendimento especial, nomeadamente o prestado a bordo: garantia de rede móvel em todo o percurso, acesso Internet de banda larga, tomadas para ligação de computadores em todos os lugares, estacionamento gratuito e refeições ligeiras para viajantes em classe conforto, marketing agressivo sobre as vantagens económicas, psicológicas e de segurança para quem viaja de comboio, e muita, muita simpatia :-)»
Ainda sobre estes temas:
· A hipótese aérea Portela+1 e a Tap;
· AEROPORTO NO SUL POUPA 3 MIL MILHÕES;
Surgiu um novo blogue, muito mediático, que copia os objectivos do Norteamos e se propõe a ser «líder de reflexão e intervenção, para a defesa dos interesses do Norte». Bem vindos. Em termos de sitemeter, já vão à frente. Em termos de artigos publicados, muito atrás. Espermos que ganhe o Norte.
O Norteador CCZ tem andado ausente deste blogue. Porém detectei no seu blogue uma muito pertinente antevisão sobre os feitos do QREN na economia do Norte de Portugal. Isto é mais uma consequência das intervenções do estado Central na economia. Caso existam (os liberais não concordam com elas), na minha opinião, deveriam ser muito mais regionalizadas. Aqui se vê a falta que a Regionalização ou Fusão de Autarquias+Descentralização faz.
«Todas as propostas de valor são honestas e respeitáveis.
No entanto, a minha reacção instintiva é a de desconfiar sempre das motivações de quem aposta no negócio do preço.
O negócio do preço é, muitas vezes, a proposta de valor seguida, mas não escolhida. Ou seja, é-se empurrado para ela pelas circunstâncias.
Uma aposta no preço, com pés e cabeça, deve pressupor que se pode dar cartas nesse campo, que se tem um pulmão que permite gerir a concorrência.
Infelizmente, o que costuma acontecer é que as empresas estão no negócio do preço não por escolha, mas por imposição externa, por sucessivas reacções às pressões do mercado, optam por espremer o modelo do negócio, na esperança de que o que resultou no passado, continue a funcionar no futuro. Assim, em vez de planeamento, em vez de organização, acaba-se a apostar em expedientes, numa sucessão de expedientes sem sustentação, depende-se sempre do que é que outros concorrentes vão fazer, vive-se tempo emprestado.
Mesmo quando se sobrevive, só se sobrevive, só dá pão seco e água. Corre-se, corre-se, corre-se, mas ganha-se muito pouco, quando se ganha alguma coisa.
Escrevo tudo isto porque acabo de ler no jornal Público um artigo, assinado por Natália Faria, que ilustra, que muita gente ainda acredita que receitas antigas resultem nos tempos modernos "Patrões da têxtil querem travar aumentos e suprimir alguns feriados do calendário".
Eloquentemente:
"Os patrões do sector têxtil e do vestuário português querem que o Governo ponha travão às expectativas de aumentos salariais para os próximos anos e que suprima alguns feriados do calendário nacional. É a única forma, segundo Paulo Nunes de Almeida, o presidente da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP), de "garantir a competitividade das empresas de mão-de-obra intensiva, em particular as confecções"."
"Mas as reivindicações não se ficaram por aqui. Além de preconizar a redução do número de feriados, e como forma de contrabalançar a subida do salário mínimo, a ATP reclamou a isenção dos descontos para a Segurança Social das horas suplementares, a limitação dos montantes globais das indemnizações por despedimento, bem como a alteração do pagamento do total do rendimento anual dos trabalhadores de 14 para 12 meses, ou seja, o fim dos subsídios de Natal e de férias. São medidas necessárias, na opinião de Daniel Bessa. "Não se pode ter tudo ao mesmo tempo e se há problema que tem atingido a economia portuguesa é o encarecimento excessivo dos últimos anos e isso tem muito a ver com a evolução dos salários reais", declarou ao PÚBLICO o presidente da Escola de Gestão do Porto, mostrando-se igualmente a favor da supressão de alguns feriados.
Há semanas, Daniel Bessa escrevia no semanário Expresso, sobre as empresas do passado que
"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"...
Por isso estranho o que li a seguir:
"Quanto às queixas relativas aos atrasos na regulamentação do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) - que enquadra os 21,5 mil milhões de fundos comunitários a que Portugal terá direito entre 2007 e 2013 - Pinho anunciou que as linhas fundamentais dos PO Competitividade e PO Regional serão apresentadas na próxima semana e que, a partir do dia 15 de Novembro, as empresas poderão concorrer a esses fundos através da Internet, "de um modo muito simples". "
Quer dizer que o futuro é a continuação da aposta no preço? Vamos gastar o dinheiro alimentando essas empresas a soro!!! No fim, quando se acabar o soro... acaba-se a vida. Não se cria futuro.
""Na Galiza há uma série de competências que temos a menos e que são importantes, nomeadamente em matéria de distribuição e de marca, e os galegos parece que vêem em Portugal capacidade industrial e conhecimento operacional que lhes interessa", precisou Daniel Bessa, "
Para a Galiza fica a carne, para Portugal os ossos!
" sobrevivência das empresas têxteis portuguesas não passa pela criação de marcas. "Uma marca é uma coisa muito boa, todos admiramos uma Zara, mas esse é um caminho difícil, caro e com muito risco", disse, considerando que à maioria das empresas portuguesas "falta escala" para o percorrerem"
Ou seja, estamos condenados, como país, à pobreza!
Não creio que seja mais difícil apostar na subida na cadeia de valor na fileira têxtil, do que na actividade farmacêutica (... transpirava visão, um trabalho de fundo, profundo, paciente)
Se uma empresa minha optasse por prestar serviços industriais a empresas de marca, mesmo assim tentaria fugir do preço, apostando na rapidez, na flexibilidade, no serviço. Porque, havendo muitas empresas a fornecer minutos de trabalho às empresas de marca, por cada euro recebido do QREN, imagino o que vai acontecer... a redução do preço de venda do serviço às empresas de marca num euro, logo, quem vai receber o dinheiro do QREN... será a empresa de marca.»
Acho que sim. Na Dinamarca, entre 2002 e 2007, estudou-se e implmentou-se uma fusão de autarquias locais e uma transformação de 14 condados em 5 regiões. Paralelamente houve uma alteração de competências entre estado central, regional e local, descentralizando-se. As novas regiões ficaram com competências na área da saúde, desenvolvimento regional, transportes e ambiente. Apenas os municipios e o estado central tem capacidade de cobrar impostos, sendo as regiões mantidas por estes.
Em Portugal e a Norte, podemos inspiramo-nos neste caso, construindo uma solução que desarme os centralistas (como os lisboetas do debate de ontem no PortoCanal) e que acalme os mais, fundamentadamente ou não, «portofóbicos». Por exemplo, fundir as autarquias locais dentro de cada NUTS3, transformando-se em cerca de 30 autarquias regionais a nível nacional, com as competências dos actuais concelhos e novas competências dos ministérios relacionados com o desenvolvimento económico e social (educação, trabalho, transportes, saúde, ambiênte, economia) da actual administração central. Os Norteadores menos crentes na intervenção dos Estados, (Ventanias, CCZ, Júlio Cunha), os liberais portuenses com súbita consciência regional, a ala sulista, centralista anti-LFM do PSD, e todos os restantes centralistas ficariam desarmados com esta verdadeira Regionalização por agregação das actuais autarquias locais, descentralização e 0 gastos adicionais. Penso que cabe ao Norteamos explorar estes caminhos e assim continuar a nortear a heterogeneidade de opiniões existentes na nossa imensa região.
· Daniel Bessa quer juntar Portugal e Galiza (no que respeita ao sector textil e vestuário);
· Para que é que Rio encomendou à UP um estudo sobre o futuro da economia da AMPorto se Rio tem a cabeça em Lisboa ?
· Mais uma vez, as fronteiras emperram a Regionalização; Sobre este tema, LFM começa aos zigue-zagues;
· Direcção Regional de Ambiente devia ser instalada em Estarreja; Outra argumentação contra o pagamento pela administração central dos transportes urbanos apenas de Lsiboa e Porto; Novamente os impulsos intra-Norte, ou intra-regiões que tem que ser democraticamente aceites e resolvidos. A Regionalização a 5 regiões não abafa nem soluciona as ambições legítimas de desenvolvimento e competição, muito liberais, diga-se, entre as sub-regiões que compõe o Norte e Centro. No resto do território a questão não se coloca.
O MOVIMENTO CÍVICO PELA LINHA DO TUA, www.linhadotua.net, pediu para divulgar a seguinte informação neste blogue:
«Como certamente saberão, está neste momento a decorrer o período de discussão pública do Programa Nacional de Barragens, no qual se inclui a barragem de Foz Tua. O prazo desta discussão termina em 14 de Novembro próximo.
Enviamos abaixo o link onde podem encontrar a ficha de participação para a discussão pública do Programa Nacional de Barragens. Agradecemos a sua divulgação para uma efectiva discussão pública entre as gentes de Mirandela uma vez que o tempo urge. Convém referir que a ficha de participação deve ser enviada por email para inforag@inag.pt. Realçamos que dia 25 de Outubro pelas 17h, o PNB será discutido no Auditório do Centro de Formação do Porto de Leixões (Leça da Palmeira/Matosinhos)
http://www.inag.pt/inag2004/port/diversos/temporario/seguranca/FichaParticip.doc»
Pertinente este artigo de
Como na generalidade dos países menos desenvolvidos, em Portugal continua a dar-se uma importância desproporcionada aos elementos materiais, enquanto elementos simbólicos do desenvolvimento, da riqueza e do estatuto social. Muitos dos que criticam, a governos e autarcas a cultura do cimento fazem-no enquanto ostentam os seus belíssimos e, sobretudo, caros relógios de marcas ou os não menos luxuosos automóveis. Quando se fazia a avaliação da aplicação dos chamados "fundos estruturais", a maioria das verbas era canalizada, no caso das empresas, para instalações, maquinaria e equipamento, até haver uma intervenção administrativa que limitou a sua disponibilidade. Não há povoação que se preze que não tenha um pavilhão multiusos ou, mesmo, um centro de exposições e congressos. E quando o paradigma mudou, e a retórica do empreendedorismo se instalou, eis que correm pressurosas a construir incubadoras e centros empresariais. A continuarmos assim, não tardará que se reproduza neste domínio o que acontecia com equipamentos desportivos uma das maiores taxas de construção de recintos cobertos da Europa, o que se compreende perfeitamente dada a agressividade do nosso clima
O problema não está, sequer, na construção mas no que se segue: as despesas de manutenção e funcionamento!
Merece, por isso, destaque a notícia da contratação, pela indústria do mobiliário, de um destacado designer sueco, anteriormente ligado à multinacional Ikea. Mesmo se, como parece, não conseguirmos passar sem construir um novo equipamento para alojar o anunciado Centro Avançado de Design de Mobiliário (CADM)!
A contratação deste técnico, especialista em design e comunicação, e a localização da sua empresa de origem em Portugal estão mais ligadas do que à primeira vista possa parecer. Como se sabe, aquela empresa vai abrir uma unidade produtiva na região do Vale do Sousa (e com esta referência evito lançar achas para a fogueira da paroquial rivalidade Paços de Ferreira-Paredes) e abriu, recentemente, em Matosinhos, a sua maior loja em Portugal. A Ikea é conhecida por produzir e vender mobiliário e acessórios, de design contemporâneo, a preços razoáveis. Ao fazê-lo, atraindo semanalmente, a fazer fé nos seus números, cerca de 60 mil pessoas só àquela loja, está a contribuir para que desponte, na população portuguesa, a receptividade ao design moderno e contemporâneo. Quase se poderia dizer que, no campeonato da contemporaneidade, estaria a ganhar ao Museu Berardo por 3 ou 4 a 1. Acontece que a existência, ao nível nacional e local, de uma cultura receptiva à inovação e capaz de evoluir para impor um padrão de exigência nos actos de consumo, é uma base indispensável para que o CADM e, em particular, a dinâmica que Lars Engman lhe quer incutir, não venha a redundar numa ilha, perigosamente isolada, e em mais um sorvedouro de recursos. Ou seja, a localização da fábrica da Ikea numa região com uma forte tradição e especialização no fabrico de mobiliário, completada pela abertura de uma grande loja a poucos minutos de distância, é uma oportunidade única para a evolução das nossas empresas daquele sector. A atracção de especialistas internacionais de renome está no caminho certo para concretizar essa mudança, transformando o Vale do Sousa numa área com expressão e capacidade competitiva internacional. Como as regiões adjacentes têm uma fortíssima presença de outras indústrias (têxtil, vestuário e calçado) em que o design e a moda também relevam, a criação de um pólo de competitividade do design e da moda no Norte começa a ser dificilmente contestável. Assim se consigam estabelecer pontes entre todas estas indústrias e regiões, ultrapassando os pequenos protagonismos que, frequentemente, fornecem o álibi, que alguns precisam para continuar a ignorar o país real.
Liguemos os pontos e acreditemos em conspirações. Recordo-me do tempo de Jorge Coelho no MOPTC, onde numa visita com Nuno Cardoso ao ASC, o ministro parecia contrariado. Provavelmente Guterres ter-lhe-á ordenado para investir na remodelação do ASC. Ora bem, lá isso se investiu, até ao ponto do ASC se tornar numa obra arquitectonica conceituada no sector. Porém, será que os investimentos foram feitos de forma retaliatória por parte da administração central de forma a destruir a rentabilidade do ASC ? Vejamos.
· Todos nos lembramos do grosseiro erro de projecto do viaduto de acesso ao tabuleiro superior da gare. Os viadutos de acesso diferiam cerca de 1 metro do próprio tabuleiro. Foram adjudicados a empresas diferentes e geraram estupefação a todos os que tiveram oportunidade de observar.
· Um técnico da Soares da Costa, envolvido na construção, disse-me que as obras eram de baixa qualidade para o investimento realizado. É natural assim que tenham existido vários problemas e o edifício não seja energeticamente eficiente, como relatou na altura certa TAF da Baixa do Porto
· Também tive conhecimento que a Lufthansa, este ano, esteve para fechar as rotas que tem no ASC devido ao custo incomportável que a ANA cobra na utilização das novas mangas de acesso.
· «No aeroporto Sá Carneiro cuidou-se da gare, mas nada se fez do que falta fazer e é absolutamente necessário que se faça rapidamente na parte da segurança e navegação aérea: a introdução do ILS, e o prolongamento do Taxiway por forma a permitir aumentar a cadência das descolagens e aterragens, dando assim resposta ao aumento da procura que deverá continuar a crescer até 2012.»
Por tudo isto, devemos levar em consideração por uma vez o que o ministro Lino diz, quando afirma que o ASC dá prejuízo, que Lisboa é que o tem que sustentar, e que e se fosse autonomizado, fechava as portas no dia seguite. Também é por isso que não existem interessados a Norte em explorar uma infra-estrutura cara que de facto dá prejuizo. Parece que a conspiração contra o ASC vem de longe. Parece que tudo foi feito para impedir que seja rentável e que atraia muitos operadores aéreos. Questões para reflectir e animar o bla-bla-bla habitual previsto para debate público sobre futuro do Aeroporto Francisco Sá Carneiro no dia 24 no Porto.
«Há dias, ouvi um amigo lisboeta dizer que o declínio do Porto se assemelha ao que ocorreu há décadas em Coimbra, atribuindo esta decadência a uma deficiente estratégia de articulação entre políticos e elites da região. De facto, nos últimos 20 anos, fomos incapazes de agir de forma concertada, os políticos sucumbiram ou renderam-se ao canto das sereias do poder central, as elites ainda se imaginam herdeiras de um Porto liberal e influente que porventura já não existe, mas são outras as razões primordiais. O Porto só teve protagonismo quando teve poder económico, nos finais do século XIX e logo após o 25 de Abril. Este último foi um fenómeno fugaz que coincidiu com a turbulência da revolução, porque, apesar da perda das colónias, Lisboa mantivera a sua cultura de capital do Império e não tardou em descobrir as suas novas especiarias nos fundos que começaram a chegar por via da adesão europeia. Tal como nas eras dos Descobrimentos e do ouro do Brasil, a chegada da riqueza catalisou o ímpeto centralizador e a cobiça dos cortesãos. A súbita abundância reforçou também uma burocracia opulenta, autocrática e despótica, que ora corrompe ora destrói todos os que lhe tentam fazer frente. O Porto foi vítima deste estado de coisas, não só porque o centralismo ajudou a abater a sua pujança económica, mas também porque, enquanto sede de um modelo alternativo e centro do contrapoder, era o alvo a abater.
Para isso contribuiu o facto de termos estado quase sempre em contraciclo político relativamente ao poder central. Terá sido por fatalismo histórico, ou essa divergência é um resíduo da proverbial irreverência tripeira? Certo é que, durante o cavaquismo, em que a cidade foi liderada por Gomes, a hostilidade do Governo foi evidente na privatização do BPA e na sobranceria com que foi visto o projecto do metro. Com Guterres, chegou a haver convergência, mas a regionalização armadilhada foi um primeiro prenúncio de que os principais autarcas e líderes socialistas do Norte não iriam ter tréguas. A queda de Guterres coincidiria com a vitória de Rio e com o domínio metropolitano do PSD, mas essa efémera convergência com os governos PSD/CDS foi desperdiçada em querelas intestinas. Desde então, a derrota do PS nas últimas autárquicas acentuou a divergência. Estará o Porto a pagar o preço dessa insubordinação? Certo é que o ímpeto centralista que já imperava em Lisboa se "portofobizou". A questão do metro, a privatização da ANA, as opções sobre infra-estruturas, são exemplos dessa política, encoberta por operações mediáticas que sustentam a ideia de que somos o poço dos problemas nacionais. "O vosso aeroporto e a Casa da Música custaram o dobro do orçamentado", dizem-nos, como se fossem casos virgens; "o metro é caríssimo e mal gerido", argumentam, esquecendo a comparação com o da capital. O caso dos túneis é o mais evidente: no de Ceuta, acusaram-nos de discutirem a sua saída como se isso fosse uma prova de que "aquela gente não se entende". Em Lisboa, a intervenção cívica para interromper as obras do túnel do Marquês foi de tal maneira louvada que este não está pronto mas o responsável pelo embargo foi elevado a herói e depois a autarca. Se surgem problemas com autarcas do Norte, vende-se a ideia de que são todos caciques e achincalha-se o eleitorado,
mas se há uma crise na Câmara de Lisboa, passamos a estar todos envolvidos porque o caso é visto como uma questão de âmbito nacional. Tem sido assim também o Apito Dourado, que assobia para Sul e ataca para Norte, apesar dos sintomas de que o aliciamento dos árbitros é uma prática corrente, generalizada e nacional, e que serve para passar a ideia de que os sucessos do FC Porto foram alcançados pela trapaça e de que os nortenhos são batoteiros. Passaria pela cabeça de alguém acusar os lisboetas de pedófilos só porque a Casa Pia e os seus arguidos são oriundos da capital? Mesmo no referendo do aborto, houve quem tivesse o desplante de avaliar a disparidade regional do voto para concluir que as gentes cá de cima são retrógradas e incultas.
Quando a intoxicação já não pode ocultar que o país é governado com dois pesos e duas medidas e que a economia do Norte está em frangalhos, eis que surge na mesa a última cartada: para anestesiar o descontentamento, o PS promete referendar a regionalização. Esta seria bem-vinda - e digo "seria" porque duvido de que seja aprovada -, mas será por mero acaso que só possa ocorrer em 2011, quando já não restarem fundos de coesão para podermos corrigir a mira?
Sócrates limita-se a continuar uma velha mas inconfessada política. Desde os governos de Cavaco que há um propósito de impedir que o Noroeste Peninsular possa vir a ser uma região num futuro mais ou menos distante. Será pela melhor razão, para preservar as fronteiras do nosso Estado-nação? Ora, quando se assiste à submissão dos nossos governos aos interesses de Espanha, seja na política económica (que sucumbe às ordens das suas grandes empresas e não resiste às perseguições às portuguesas em solo espanhol), seja nas negociações dos dossiers da energia e da água, seja na construção do TGV em que se aceita a lógica radial de Madrid, é lícito perguntar: não haverá um plano furtivo para garantir que Lisboa sobreviverá, mesmo que apenas como capital de uma futura região (decalcada no nosso mapa e da qual o Norte não se possa vir a destacar) de uma federação ibérica orquestrada na Moncloa?
Pode ser uma visão catastrófica, mas numa altura em que faltam temas à oposição de direita, é sintomático que esta esqueça a questão do centralismo e o abandono do Norte, que poderiam ser o seu estandarte. Dos partidos à esquerda do PS, a necessidade de proteger a sua clientela eleitoral, que se concentra em grande parte em Lisboa e no Vale do Tejo, e tem nos funcionários públicos (a quem o centralismo convém) a sua maior expressão, não se pode exigir essa visão.
O resultado desta política furtiva está à vista: temos um Estado exíguo, centralista e, a prazo, inviável. Quando acabarem os fundos de coesão, não se imagina como o país poderá continuar a sustentar os seus vícios e não se antevê que até lá seja possível alterar o paradigma. Depois da batota com o mapa das NUT em que a região de Lisboa e Vale do Tejo mingou para poder desviar para os arrabaldes da capital mais alguns fundos de coesão, vamos assistir a um último esforço por desenvolver uma só região que, no futuro, o país não poderá pagar? É essa a nova ameaça ao Porto e a toda a província, como ainda se vai chamando secretamente ao país que não cabe entre as densas colinas da Olisipo.
Como disse Elisa Ferreira, por muito que Lisboa progrida, a sua dimensão nunca permitirá compensar a decadência do Norte e do Centro. A economia destas regiões, que produz a maior parte dos bens transaccionáveis, não suporta o empolamento dos factores de produção não transaccionáveis e dos serviços do Estado que se concentram numa cidade em que o PIB per capita é o dobro do seu. Por isso, se adiarmos a descentralização até que se extingam os fundos de coesão, o país estará falido, o regime em perigo e a nação em risco de desagregação.»