20071031

STOP! URGENTE...

Pára tudo.
Param as rotativas, os comentários, os post's. Menos este, claro.
Segundo li AQUI - o Norteamos está entre os 500 blogues mais lidos / vistos, na língua de Camões. É claro que os brasileiros ganham aos pontos. Mas também há moçambicanos.
Portanto um honroso 420º lugar não está nada mal.
Parabéns a todos nós (mais a vocês, claro).
E pronto. Podem continuar...

Paroquialismo bacoco: o maior aliado do centralismo (II)

A questão do paroquialismo bacoco a que António Alves sistematicamente alude causa-me diversas perplexidades, entre as quais importa destacar:

1. Não é mais que o reeditar das bandeiras que os lisboetas centralistas repetidas vezes agitam contra o Porto e o Norte. Além do mais, é uma cópia de argumentos de fraquíssima qualidade. Seria mais interessante que António Alves se concentrasse na discussão das ideias em vez de qualificar sistematicamentes aqueles que, como eu, discordam da sua visão portocêntrica do Norte.

2. Acusar algúem de fazer favores ao centralismo só porque defende um modelo de alternativo de Regionalização é o pior serviço que se pode prestar à causa que todos defendemos. Além do mais, a 'Regionalização a Cinco' não é nenhuma vaca sagrada que não possa (e não deva) ser questionada. Dá ideia que vivemos numa espécie de «se não és pelo que eu digo, és contra o Norte!»

3. Estranha-se que aqueles que mais doentiamente defendem o Norte Único sejam precisamente os mesmos que afirmam que para o centralismo Porto até seria melhor estar sozinho. Mas que estranha beneficiência esta de defenderem o que lhes é mais prejudicial... Se para os portuenses seria melhor estarem sozinhos e se o que eu defendo é a AMP seja uma região, não se percebe tamanha reacção ao que venho defendendo.

Para uma Leitura Complementar:
Norte, Tamanho Único e Pronto a Vestir

Paroquialismo bacoco: o maior aliado do centralismo

Ainda o Portocentrismo

JPM, comentando este post, escreveu o seguinte:

«Se a construção do hospital fosse da responsabilidade directa do Município de Braga já estaria aberto há muito ao público. Ou tem dúvidas?»

Concordo. É exactamente por isso que me custa ver avançar uma Regionalização em que o Porto vai acabar por fazer ao Norte o que Lisboa tem feito ao país...

O post acima, publicado no Avenida Central por Pedro Morgado, é o exemplo paradigmático do pior provincianismo que campeia por este norte fora. Sem qualquer fundamentação, porque a construção de um hospital em Braga não tem rigorosamente nada a ver com o Porto, nem esta cidade, município, ou área metropolitana tem qualquer poder para decidir sobre o assunto, Pedro Morgado, num exercício da mais completa desonestidade intelectual, fruto dum estranho ressabiamento ou complexo de inferioridade - porque nele estas atitudes são recorrentes -, conseguiu tirar a ilação de que caso a Regionalização avançasse o "Porto vai acabar por fazer ao Norte aquilo que Lisboa tem feito ao país". Não disse porquê nem como, mas isso, obviamente, são pormenores que em nada põem em causa a elevadíssima lógica do seu pensamento.

Enfim, cada vez mais me convenço que o futuro dificilmente passará por este tipo de discussões. A minha única esperança é que um dia o povo chamado a decidir seja capaz de distinguir entre o que verdadeiramente interessa; saiba distinguir o trigo do joio e atire para o caixote do lixo da história este tipo de cassandras que não passam de instrumentos nas mãos do mais obscuros poderes interessados em perpetuar o actual estado de coisas.

Defendem estes "regionalistas" que a Norte deverão ser criadas duas regiões - Grande Porto separado do resto do Norte. Não haverá melhor forma de beneficiar o putativo centralismo do Porto que esta solução. A escassa inteligência destas mentes (ou inconfessáveis interesses) impede-as de dizer que o Grande Porto é responsável por 42% do PIB da região, congrega 34% da população e concentra no seu território as principais infra-estruturas vectores da internacionalização da economia. Se sem qualquer capacidade política e orçamental autónoma é capaz destes resultados, maiores e melhores alcançaria se dessas prerrogativas já usufruísse há muito. Porque se tal cenário um dia vier a materializar-se, a área metropolitana do Porto com certeza que se alargaria ainda mais, como aliás já é evidente com a adesão de muitos dos mais dinâmicos municípios do norte do distrito de Aveiro à chamada Grande Área Metropolitana do Porto da já morta reforma Relvas. Estou em crer que nesse caso ela se alargaria mesmo a outros concelhos a norte como, por exemplo, Vizela e Famalicão. Tal concentração demográfica e capacidade produtiva autonomizada do resto do Norte será a condenação ad eternum do restante território nortenho ao subdesenvolvimento.

Se é esta espécie de Singapura que pretendem que se crie a norte - tal como Lisboa se prepara para fazer a sul - força, para a frente com isso!! Conheço no Porto quem rejubilará perante tal cenário. E, nesse caso, o Porto fará mesmo ao Norte -porque a dinâmica assim criada o tornará inevitável - o que Lisboa faz ao resto do país.

Já alguém disse a esta gente que o milhão de minhotos terá um poder eleitoral imensamente superior numa Região Norte integrada do que tem actualmente perante o sistema centralista e poderá de facto condicionar os governos regionais fazendo valer os seus legítimos interesses como nunca foi capaz até hoje? Ou será que o que eles pretendem é impor-se desequilibradamente aos escassos 400 mil trasmontanos e durienses?

PS - A Grande Área Metropolitana do Porto agrupa 14 concelhos que no censo de 2001 totalizavam 1 759 958 habitantes em cerca de 1573 km^2 (densidade populacional próxima 1119 hab/km^2). Esses concelhos são:

Arouca

Espinho

Gondomar

Maia

Matosinhos

Porto

Póvoa de Varzim

Sta. Maria da Feira

Santo Tirso

S. João da Madeira

Trofa

Valongo

Vila do Conde

Vila Nova de Gaia.

Os concelhos de Oliveira de Azeméis e Vale de Cambra, actuais membros da Grande Área Metropolitana de Aveiro irão (ou iriam), a curto prazo, pedir a transferência para a Grande Área Metropolitana do Porto, por forma a que todo o Entre Douro e Vouga permaneça coeso. Deste modo, a Grande Área Metropolitana do Porto irá abranger mais dois concelhos e verá a sua população aumentada em cerca de 100.000 habitantes. A anexação destes dois municípios fará com que a densidade populacional da Grande Área Metropolitana do Porto se situe próximo dos 1.000 hab/km^2. (http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%81rea_metropolitana_do_Porto)

Leituras 20071031

·         É por estas e por outras que além da defesa da Regionalização tradicional, se deve debater a agregação de concelhos em Autarquias Regionais pelo padrão NUTS3 acrescida da descentralização de funções economicas e sociais do estado central;

·         Mais dupla ética: Ninguém se preocupa com os actuais custos da Assempleia da República; Com os custos das Regiões já 30 olhos...

·         CIP propõe Alcochete face à Ota; ACPorto propõe Portela + Montijo;

·         Traições antigas: «Eduardo Catroga também teve a sua participação activa na guerra da compra do BPA pelo BCP. Num primeiro momento, o do lançamento de uma OPA a 40%, o ministro das Finanças afirmou que não venderia a participação do Estado, próxima dos 25%. Mas depois de não ter conseguido descobrir uma réstia de entendimento no chamado núcleo do Norte, que controlava o BPA – e onde Belmiro de Azevedo tentava impor a sua vontade a mais de uma dezena de empresários –, optou por vender na OPA total finalmente lançada pelo BCP. Os empresários nortenhos envolvidos (Manuel Falcão, Salvador Caetano, Laurindo Costa, Manuel Gonçalves, entre outros) e o CEO de então, João Oliveira, nunca perdoaram a Eduardo Catroga.»;

·         Nas caixas de comentários da blogosfera encontram-se comentários agressivos. Ás vezes são bem humorados e pertinentes: «Para alem de ter problemas mentais, é estúpido. Conseguiu não perceber uma palavra do que foi dito. É natural, é do excesso de vinho tinto que bebe nos jogos do benfica, misturado com os anti-depressivos depois dos jogos. Recomendo menos futebol, menos drogas, e mais livros de História, bem como umas viagens pelo país (i.e. fora de Lisboa). Vai encontrar uma realidade surpreendente. E bem mais agradável do que a sua urbe ultra-congestionada fruto da excessiva engorda resultado da tendência para canibalizar o resto do país.»

20071030

O Procurador

Este é mais um com entradas de leão que, ao que tudo indica, terá saídas de sendeiro. O homem acha que o podem escutar da rua e até lhe recomendaram falar junto ao televisor para o evitar. Segundo ele com estas coisas que se vendem na internet não há ninguém seguro. Mas este homem debaixo de que pedra é que saiu? Enfim, é o mesmo que formou uma equipa especial para investigar a suposta batota na bola mas acha que o mesmo não é necessário para investigar as denúncias de pedofilia na Casa Pia. Todos nós sabemos porquê. É um artista português e do ...

Tua - Qual a estratégia de desenvolvimento?

Agora que o Turismo foi definido como prioridade estratégica para o Douro, não faz qualquer sentido destruir um dos seus principais atractivos turísticos, através da construção de uma mega-barragem, e da transformação do caminho de ferro em ciclovia. É certo que o Tua não é a prioridade neste momento. Mas é o prolongamento natural do desenvolvimento turístico do Douro. Ao destruirmos o Tua, estamos a limitar o potencial turístico de todo o Douro. Daí que me surjam um conjunto de questões a que gostaria de saber dar resposta:

A análise de externalidades teve em conta o valor patrimonial (turístico, ambiental, cultural) potencial da zona? Ao construir a barragem não estamos a eliminar uma das melhores oportunidades para desenvolvimento da região? Não a estamos a condenar ainda mais à desertificação?

Faz sentido destruir uma linha de caminho de ferro fantástica para construir uma ciclovia? Quantas pessoas irão usar a ciclovia? Não tem o caminho de ferro um valor económico potencial que justifique a sua manutenção, com vista a manter em aberto a opção da sua rentabilização económica futura?

Mas sobretudo, há aqui questões de compensação às populações da região. A barragem é um bem com utilidade para o país, i.e., com externalidades nacionais, mas o custo de oportunidade é apenas local / regional. Não deveria haver uma compensação da região / um redireccionamento para a região das externalidades produzidas? Não haverá aqui uma injusta menorização das necessidades de desenvolvimento da região?

Não sei se a construção da barragem é a melhor solução global (quanto à ciclovia não tenho dúvidas que não é). Mas aqui, tal como em tudo o resto no nosso país, falta informação. Falta transparência. Falta democracia.

20071029

Millennium SLB?

Parece que o problema de Berardo é que o BPI é um banco do Norte*.

Será que ele ainda está convencido que isto é a OPA ao Benfica?


* Pelo que depreendi das palavras de Berardo, este considera inaceitável que um responsável da CMVM com origens nortenhas regule a actuação de um Banco com sede no Norte. Ah, o ministro das finanças também não pode ser do norte se existirem bancos do Norte.

3 questões milionárias

1. Ontem, em entrevista ao PortoCanal, José Teixeira, administrador da DST, importante empresa de construção civil e obras públicas sediada em Braga, afirmou que ao contrário do restante sector, não andava a pedir obras ao Governo. É de louvar. Porém, momentos antes de dizer estas palavras, tocou na sua própria face com a sua mão. Isto é um sinal de não verdade segundo a interpretação da linguagem gestual. O que será verdade ? O novo espírito objectivamente afirmado ou a velha prática inconscientemente revelada ?

2. O MP anunciou o arquivamento do processo do naufrágio do barco de pesca «Luz do Sameiro». Se fosse um veleiro de Cascais ou se o organismo responsável pela salvamento fosse uma autarquia, o resultado seria o mesmo ?

3. Desde que o PSD mudou de líder subiu oito por cento nas intenções de voto, revelam os resultados do barómetro da Marktest para o DN e TSF; Onde, em que zona de Portugal será que LFM ganhou intenções de voto ? Eu já fiz a minha aposta.

 

PS: Neste último artigo há um comentário interessante de um tal de Antero Reis que também prova que o Norte está a mandar novamente: «O PS já está preparando a substituição de Sócrates: Segundo fontes relativamente fidedginas, socialistas dos Açores e do Norte do País, estão a preparar um plano B na eventualidade do Sócrates ter que sair de cena o mais rápidamente possível. A justificação é que em 2009 o PS vai ter uma derrota maior do que a do Santana.»

Defesa da Linha do Tua

Outros links:
www.alinhadotua.cjb.net
http://victortrains.fotopic.net/c589455.html
http://www.cm-mirandela.pt/index.php?oid=646
http://www.ocomboio.net/diaporama/linha_do_tua_2006

20071028

PSD quer Regiões?

PSD vai discutir regiões já em 2008.O secretário-geral do PSD garante que o partido vai lançar a discussão sobre a criação de regiões administrativas já em 2008. Em entrevista ao programa "Primeiro Plano", do Porto Canal, Ribau Esteves diz que "o ano crucial deste debate é 2008", justificando a pressa com as "várias eleições" do ano seguinte. O objectivo é só um "Discuti-la para a fazer, para a fazer bem".Quanto ao Tratado de Lisboa, as atenções dos sociais-democratas centram-se no prometido conselho nacional, de onde sairá a posição oficial. Ribau insiste na ratificação parlamentar, dizendo que não faz sentido convocar Pacheco Pereira, adepto do referendo, "só porque é comentador político".Quanto à polémica com o suposto afastamento de barrosistas de comissões parlamentares, o dirigente é peremptório "O que é isso dos barrosistas? Olhe eu próprio sou um barrosista!", diz, adiantando que entraram críticos de Menezes nas comissões.
in jn


Será que o PSD só quer discutir a regionalização para inglês ver ou está a "falar" a sério.

20071027

Douro: Boas noticias ou más promessas?

Ana Paula Vitorino, garantiu ontem que a electrificação da Linha do Douro até á Régua será uma realidade, e que a abertura do troço Pocinho Barca d' Alva exige a intervenção dos privados.

Não sei se isto será promessa ou não, mas mesmo sendo realidade, eu não concordo que não seja necessário a modernização alem Régua, visto que a Linha do Douro até Salamanca, seria uma óptima alternativa à possível linha de alta velocidade Aveiro - Salamanca.

É de saudar o anuncio das obras do IC26 entre a Régua e Amarante.

Estas duas noticias podem ser lidas aqui e aqui

Lisboa e Porto são Portugal... O Resto é Portagem!

1. Quem viaja entre Braga e Guimarães e entre Braga e Barcelos paga o preço mais alto por quilómetro do país. É o princípio do utilizador-pagador.

2. A viagem entre o Porto e a saída de Braga Sul (A3) custa 2,85€. Sair no cruzamento anterior (S. Tiago da Cruz) fica por 1,75€. O argumento é o de que quem sai em Braga tem que pagar a circular externa da cidade. No sentido inverso da A3, os utentes não pagam VCI's nem tão pouco os quilómetros de auto-estrada entre a praça da portagem e a entrada do concelho do Porto.

3. Os vianenses que queiram ir até ao Porto vão passar a pagar portagem na A28 com o argumento de que os contribuintes do resto do país não têm nada que financiar aquela estrada.

Nesta lógica, é absolutamente inaceitável que os contribuintes de todo o país continuem a financiar os transportes urbanos de Lisboa e do Porto. A situação é grave e merecia, mais do que palavras de ocasião, uma tomada de posição firme das forças vivas da região. Braga, Viana, Guimarães, Barcelos, Famalicão deviam unir-se na reivindicação de igualdade de tratamento por parte do governo central.

Contributos muito interessantes para esta discussão nesta caixa de comentários.

Decisões sobre transportes da administração central: É tempo de pressionar !

Após a derrota da OTA é necessário que todos os residentes a Norte voltem a prestar atenção às (más) decisões aeroportuárias e ferroviárias que a administração central anda a tomar. Segue-se um ponto de situação de António Cerveira Pinto:

«Resumindo, são estes os dados da equação que o burro do MOPTC não consegue resolver:

1.       o petróleo, o gás e os recursos naturais entraram numa empinada e duradoura espiral inflaccionista;

2.       o paradigma Low Cost, iniciado com as ligações aéreas ponto-a-ponto de médio curso, mas que vai estender-se às distâncias de longo curso, a outros meios de transporte (comboios, barcos e rent-a-car), e ainda aos vários sectores económicos integrados na fileira das Short Break Holidays (hoteis, restaurantes, casinos, feiras e congressos, etc.), veio para ficar, e assim sendo, tenderá a fazer implodir as chamadas companhias de bandeira, sobretudo estatais, devido aos respectivos maus hábitos administrativos, mordomias políticas, lastro despesista e um sem número de ineficiências operacionais;

3.       a compra da PGA foi uma burla de Estado, pois na aparência dum acto de gestão corrente de uma empresa pública, obrigada a seguir as regras do mercado, o Estado, sob os auspícios do governo e do burro do MOPTC, libertou um banco privado das suas responsabilidades empresariais, atirando com o ónus das más previsões deste (prejuízos de exploração, capital fixo moribundo e força laboral excedentária) para as contas de uma empresa pública em vésperas de privatização, comprometendo irremediavelmente o êxito de tal operação. Ou seja, o Estado comprou um fruto que sabia estar podre, desembolsando para o efeito 144 milhões de euros (29 milhões de contos!) dos bolsos de todos os contribuintes. Onde estão os advogados do povo?! E os jornalistas?

4.       a TAP está num estado crítico, por falta de visão estratégica atempada, por má gestão e por efeito da concorrência crescente das Low Cost. Isto significa que dificilmente resistirá até 2016. No imediato, não lhe resta outra alternativa que não passe pela alienação de empresas do grupo e por despedimentos colectivos. Salvo se for resgatada por um milagre angolano, russo, chinês ou árabe, será forçada a abrir falência mais cedo do que todos desejaríamos;

5.       o "Estado exíguo" (Adriano Moreira dixit) a que chegámos, politicamente hiper-instável, impede a subsistência prolongada de situações de impasse económico-financeiro como o que actualmente vive a transportadora aérea nacional;

6.       a captura, directa ou indirecta, do Estado e partidos do arco parlamentar pelos carteis da construção civil, do imobiliário e da banca, tem vindo a atrofiar gravemente as possibilidades de definição de uma estratégia de transportes coerente e sobretudo útil ao estádio actual das nossas reais necessidades no contexto da acrescida competitividade ibérica, europeia e mundial;

7.       O Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), nas presentes circunstâncias nacionais, europeias e mundiais, fazendo sentido pelo lado da estratégia e da política, não tem provavelmente nenhumas condições de viabilidade e será um desastre económico se for adiante, pelo que o Estado português deveria condicionar um tal projecto à avaliação rigorosa da sua sustentabilidade económica e impor sem margem para dúvidas toda a responsabilidade do negócio nas mãos do sector privado. Isto é, SCPC - SEM CUSTOS PARA O CONTRIBUINTE!

Prioridades absolutas:

·         adequação efectiva (e não aldrabada!) dos aeroportos existentes às necessidades reais do mercado, com incidência especial nas seguintes infra-estruturas: Portela-Figo Maduro, Montijo, Sá Carneiro e Faro-Algarve;

·         modernização dos aeródromos de Fátima, Évora e Beja em regime SCPC;

(..)

·         finalização das escandalosas obras da Linha do Norte por forma a permitir os Alfa Pendulares (2) circularem em maior número e a velocidades médias superiores (baixando o tempo de viagem para valores entre as 2h30mn e as 2h10mn), ao mesmo tempo que se introduzem radicais melhorias na manutenção do material circulante e no serviço de atendimento especial, nomeadamente o prestado a bordo: garantia de rede móvel em todo o percurso, acesso Internet de banda larga, tomadas para ligação de computadores em todos os lugares, estacionamento gratuito e refeições ligeiras para viajantes em classe conforto, marketing agressivo sobre as vantagens económicas, psicológicas e de segurança para quem viaja de comboio, e muita, muita simpatia :-)»

Ainda sobre estes temas:

·         A hipótese aérea Portela+1 e a Tap;

·         AEROPORTO NO SUL POUPA 3 MIL MILHÕES;

 

 

20071026

As causas dos males da nação!

Surgiu hoje um artigo no JN acerca de um lançamento de um livro intitulado "A Sociedade da Desconfiança". Os autores concluem que somos dos mais ou os mais desconfiados da Europa:

"
Desconfiam os cidadãos e as empresas do Estado; e desconfia este dos outros. Este determina a burocracia a cumprir e isto implica custos."

No entanto, os autores também tiram outras conclusões:

"20% dos portugueses entendem que para se alcançar algum sucesso é preciso ser corrupto.

o comportamento registado entre os diplomatas de 146 países nas Nações Unidas no que respeita ao cumprimento das regras de trânsito,entre 1997 e 2005 - os diplomatas portugueses foram os que mais infracções cometeram mas beneficiando de imunidade.

Os portugueses não são os menos cívicos, mas apenas são ultrapassados por mexicanos e franceses, ocupando também a terceira posição entre os povos que acham legítimo receber apoios estatais indevidos (baixas por doença, subsídios de desemprego etc.), adquirir bens roubados ou aceitar favores no exercício das suas funções."

A meu ver, é esta mentalidade mesquinha e egoísta que nos causa o atraso. Infelizmente, na nossa líderança política é fácil encontrar os sintomas desta doença endémica. Acima de tudo o país precisa de honestidade.

Concorrência ao Norteamos

Surgiu um novo blogue, muito mediático, que copia os objectivos do Norteamos e se propõe a ser «líder  de reflexão e intervenção, para a defesa dos interesses do Norte». Bem vindos. Em termos de sitemeter, já vão à frente. Em termos de artigos publicados, muito atrás. Espermos que ganhe o Norte.

«Para a Galiza fica a carne, para Portugal os ossos!»

O Norteador CCZ tem andado ausente deste blogue. Porém detectei no seu blogue uma muito pertinente antevisão sobre os feitos do QREN na economia do Norte de Portugal. Isto é mais uma consequência das intervenções do estado Central na economia. Caso existam (os liberais não concordam com elas), na minha opinião, deveriam ser muito mais regionalizadas. Aqui se vê a falta que a Regionalização ou Fusão de Autarquias+Descentralização faz.

«Todas as propostas de valor são honestas e respeitáveis.

No entanto, a minha reacção instintiva é a de desconfiar sempre das motivações de quem aposta no negócio do preço.

O negócio do preço é, muitas vezes, a proposta de valor seguida, mas não escolhida. Ou seja, é-se empurrado para ela pelas circunstâncias.

Uma aposta no preço, com pés e cabeça, deve pressupor que se pode dar cartas nesse campo, que se tem um pulmão que permite gerir a concorrência.

Infelizmente, o que costuma acontecer é que as empresas estão no negócio do preço não por escolha, mas por imposição externa, por sucessivas reacções às pressões do mercado, optam por espremer o modelo do negócio, na esperança de que o que resultou no passado, continue a funcionar no futuro. Assim, em vez de planeamento, em vez de organização, acaba-se a apostar em expedientes, numa sucessão de expedientes sem sustentação, depende-se sempre do que é que outros concorrentes vão fazer, vive-se tempo emprestado.

Mesmo quando se sobrevive, só se sobrevive, só dá pão seco e água. Corre-se, corre-se, corre-se, mas ganha-se muito pouco, quando se ganha alguma coisa.

Escrevo tudo isto porque acabo de ler no jornal Público um artigo, assinado por Natália Faria, que ilustra, que muita gente ainda acredita que receitas antigas resultem nos tempos modernos "Patrões da têxtil querem travar aumentos e suprimir alguns feriados do calendário".

Eloquentemente:

"Os patrões do sector têxtil e do vestuário português querem que o Governo ponha travão às expectativas de aumentos salariais para os próximos anos e que suprima alguns feriados do calendário nacional. É a única forma, segundo Paulo Nunes de Almeida, o presidente da Associação Têxtil e de Vestuário de Portugal (ATP), de "garantir a competitividade das empresas de mão-de-obra intensiva, em particular as confecções"."

"Mas as reivindicações não se ficaram por aqui. Além de preconizar a redução do número de feriados, e como forma de contrabalançar a subida do salário mínimo, a ATP reclamou a isenção dos descontos para a Segurança Social das horas suplementares, a limitação dos montantes globais das indemnizações por despedimento, bem como a alteração do pagamento do total do rendimento anual dos trabalhadores de 14 para 12 meses, ou seja, o fim dos subsídios de Natal e de férias. São medidas necessárias, na opinião de Daniel Bessa. "Não se pode ter tudo ao mesmo tempo e se há problema que tem atingido a economia portuguesa é o encarecimento excessivo dos últimos anos e isso tem muito a ver com a evolução dos salários reais", declarou ao PÚBLICO o presidente da Escola de Gestão do Porto, mostrando-se igualmente a favor da supressão de alguns feriados.

Há semanas, Daniel Bessa escrevia no semanário Expresso, sobre as empresas do passado que

"... faltou sempre o dinheiro que o "Portugal profundo" preferiu gastar na "ajuda" a "empresas em situação económica difícil"...

Por isso estranho o que li a seguir:

"Quanto às queixas relativas aos atrasos na regulamentação do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) - que enquadra os 21,5 mil milhões de fundos comunitários a que Portugal terá direito entre 2007 e 2013 - Pinho anunciou que as linhas fundamentais dos PO Competitividade e PO Regional serão apresentadas na próxima semana e que, a partir do dia 15 de Novembro, as empresas poderão concorrer a esses fundos através da Internet, "de um modo muito simples". "

Quer dizer que o futuro é a continuação da aposta no preço? Vamos gastar o dinheiro alimentando essas empresas a soro!!! No fim, quando se acabar o soro... acaba-se a vida. Não se cria futuro.

""Na Galiza há uma série de competências que temos a menos e que são importantes, nomeadamente em matéria de distribuição e de marca, e os galegos parece que vêem em Portugal capacidade industrial e conhecimento operacional que lhes interessa", precisou Daniel Bessa, "

Para a Galiza fica a carne, para Portugal os ossos!

" sobrevivência das empresas têxteis portuguesas não passa pela criação de marcas. "Uma marca é uma coisa muito boa, todos admiramos uma Zara, mas esse é um caminho difícil, caro e com muito risco", disse, considerando que à maioria das empresas portuguesas "falta escala" para o percorrerem"

Ou seja, estamos condenados, como país, à pobreza!

Não creio que seja mais difícil apostar na subida na cadeia de valor na fileira têxtil, do que na actividade farmacêutica (... transpirava visão, um trabalho de fundo, profundo, paciente)

Se uma empresa minha optasse por prestar serviços industriais a empresas de marca, mesmo assim tentaria fugir do preço, apostando na rapidez, na flexibilidade, no serviço. Porque, havendo muitas empresas a fornecer minutos de trabalho às empresas de marca, por cada euro recebido do QREN, imagino o que vai acontecer... a redução do preço de venda do serviço às empresas de marca num euro, logo, quem vai receber o dinheiro do QREN... será a empresa de marca.»

20071025

Regiões+Estado+Sociedade Civil

Meus senhores,

Permitam-me por momentos, que me intrometa na vossa animada discussão sobre as Regiões e quejandas, sem pretender pôr em causa qualquer ideia em particular.

Como o António Alves já comentou, entre a voluntariosa profusão de ideias e de alternativas para a Regionalização que aqui se vão cruzando, há sem dúvida, muita bondade, alguma ingenuidade e suficiente confusão.

As "soluções" para a crise do Norte (e p.f., poupem-me a sub-reptícia colagem do Norte ao Porto) abundam a um ritmo tão elevado e inconstante, que não sei se nos chegaria um século para as estudarmos todas ao detalhe, até chegarmos a algum consenso.

É natural, que entre nós haja quem confie mais no Estado do que na iniciativa privada e vice-versa, mas o facto é que em nenhum destes pólos podemos encontrar a fiabilidade absoluta, sendo que a opção mais razoável é que ambos de per si se possam "controlar" mutuamente dentro das suas competências específicas, numa espécie de concorrência cívica de regulação.

O nosso problema maior, não é de todo a falta de ideias e de modelos, nem apenas o peso do Estado ou a anarquia dos privados, mas é sobretudo, o ancestral costume de não cumprir as regras. É uma questão de mentalidade que vai levar muitos anos a corrigir. É por aqui que devíamos começar.

Nós aplaudimos com frequência padrões de cidadania e exemplos que nos chegam dos países nórdicos, mas gostamos de nos esquecer que não somos como eles, tanto a montante (os governantes), como a jusante (o povo). Exigimos seriedade de processos na "Recepção", mas não resistimos a rejeitá-la para o "destinatário", e depois admirámo-nos que as coisas cá nunca funcionem! Todos sabemos que é assim.

O Estado (espero que percebam o sentido figurado do termo), porta-se mal, não cumpre o seu papel com autoridade pedagócica. Não só infringe princípios legais, como os repete. Precisa, concordamos, de uma reciclagem com prévia desinfecção. E a sociedade civil, é melhor? Entre Estado e Sociedade haverá realmente grandes diferenças comportamentais?

Vejamos. Belmiro de Azevedo, é o paradigma nacional (suponho), do empresário de sucesso. Contudo, e apesar dos muitos postos de trabalho que vai criando e de reinvestir ciclicamente parte dos seus lucros em novos negócios, também não é capaz de encarnar o paradigma do empresário moderno no que à qualidade de vida dos seus colaboradores/base respeita. Sabe-se que paga bem aos altos quadros da pirâmide, mas já não consegue fazer a diferença com o pessoal "menor" e com isso, descredibiliza e mitifica a tese segundo a qual o crescimento económico se constitui como o pilar do bem estar público. A economia não se desenvolve apenas com a valorização de uma única classe, numa sociedade de classes.

Portanto, não sejamos ingénuos, nem tenhámos a tentação de acreditar na perfeição deste ou daquele sistema. Procuremos ser práticos, admitindo que é melhor para todos, dar um passo de cada vez, mas avançarmos, do que debater o tamanho e o género da passada, continuando no mesmo sítio ou, até, quem sabe, regredindo.

Quero uma Regionalização que una, não que divida. Quero ver o meu Porto desenvolvido, mas também todas as cidades e vilas deste Norte que é a nossa região comum.

Eu gosto do Porto porque é a minha cidade e não me podem levar a mal por isso. Mas também gosto de Braga, de Barcelos, de Guimarães, de Viana, etc., etc.

Nós temos de nos sentir todos nortenhos, sem a mesquinhez do esquadro ou dos pontos cardiais analisados à lupa! Isso é ridículo.

Essa, não era uma característica das nossas gentes. Já não sei bem se agora é.

Regiões e Turismo

Tenho muito a afirmar sobre regionalização e pouco a dizer sobre o caso concreto do turismo. Por uma razão simples.

O turismo é um negócio. Dá dinheiro e muito.

Por conseguinte, eu não creio que o Estado, central ou regional, tenha de cobrar impostos para promover o turismo. Acho que essa promoção seria melhor entregue aos próprios agentes turísticos. Estes, por sua vez, naturalmente tenderão a organizar-se quer em torno de regiões (destinos) turísticos, quer em torno de marcas turísticas (destinos promovíveis).

Admito, porém, que o Estado possa apoiar esses agentes, subsidiariamente, na medida em que o turismo é uma fonte de criação de riqueza. Mas a principal responsabilidade do Estado nesta matéria só pode ser a reguladora: das actividades e sobretudo do ordenamento do teritório (para garantir o desenvolvimento equilibrado).

Isto significa obviamente que estas funções do Estado devem (também) ser regionalizadas. Até para criar concorrência no exercício das funções públicas (entre regiões e suas administrações).

Naturalmente, daí decorre que as regiões públicas de turismo não possam ser excessivamente atomizadas. Têm de ter alguma dimensão, caso contrário o Estado, local, regional ou central, não pode exercer correctamente as suas funções reguladora e ordenadora.

Por outro lado, a mim parece-me que o Estado, a qualquer nível, se deve apoiar os esforços de promoção turística, deve fazê-lo em favor de quem tem mais dificuldades e não para promover quem já tem sucesso (discriminação positiva). O objectivo do desenvolvimento equilibrado só pode passar por aí.

Assim, salvo no caso de lançamento de uma nova marca turística, defendo que o principal papel deve caber aos operadores. Que se organizem. Se for necessário disponibilizar apoios para promover essa organização, então que se criem esse apoios. Mas que fiquem sempre condicionados à iniciativa dos próprios agentes.

PS. Afinal sempre tinha alguma coisa para dizer. Mas hei-de voltar mais demoradamente à questão principal que é a da regionalização política e administrativa. Sobretudo porque quero explicar porque é que a mim me parece um contra-senso manter as grandes áreas metropolitanas em qualquer projecto de regiões. O que se prende com o que já aqui afirmei sobre a necessidade de promover o desenvolvimento de cidades médias.

Fusão de autarquias na Dinamarca: Uma alternativa à Regionalização em Portugal ?

Acho que sim. Na Dinamarca, entre 2002 e 2007, estudou-se e implmentou-se uma fusão de autarquias locais e uma transformação de 14 condados em 5 regiões. Paralelamente houve uma alteração de competências entre estado central, regional e local, descentralizando-se. As novas regiões ficaram com competências na área da saúde, desenvolvimento regional, transportes e ambiente. Apenas os municipios e o estado central tem capacidade de cobrar impostos, sendo as regiões mantidas por estes.

«Denmark has recently been through a process where the number of municipalities has been reduced, and the division of labour between the state, regions and municipalities has changed.

At the annual opening of the Danish Parliament in October 2002, the Government announced that it would appoint an commission of experts (Public Sector Task Commission) to investigate whether the public sector structure met the requirements of a modern society. 

The commission accomplished its work throughout 2003 and released its recommendations in January 2004. Its report proposed six different administrative models, and most of them pointed towards larger municipalities. The model that was adopted has resulted in municipalities with at least 20,000 (preferably 30,000) citizens. Municipalities with less than 20,000 citizens were only accepted where a legally binding co-operation with a larger municipality was in place.

In the second half of 2004, all Danish municipalities were requested by the Government to decide which neighbouring municipalities they wanted to merge with. The deadline for this decision was 1 January 2005. Thus, a decentralised process took place where municipalities were negotiating with their neighbours on the formation of new and larger municipalities.

The decentralised creation of the new municipalities was smoother and gave rise to less conflicts than expected. In only two instances, the formation of new municipalities was decided by the state. Many of the new municipalities are also larger than was expected at the beginning of the process.

32 of the "old" municipalities did not merge with other municipalities; they all had more than 20,000 inhabitants, and most of them are located in the Copenhagen area. Out the 98 new municipalities, seven have less than 20,000 inhabitants. They are mostly smaller islands and have made co-operation agreements with neighbouring municipalities.

The Danish Government and Parliament also decided a change from 14 counties to five regions. As of 1 January 2007, the regions will be responsible for the hospitals, including health care services. Furthermore, the regions will have a few other tasks in the field of regional development, environment and public transport. The regions will not have the right to impose taxes, and the activities of the regions are to be paid by subsidies from the municipalities and the state.

Each of the five regions is led by a Regional Council with 41 members, elected by the people every four years.»

Em Portugal e a Norte, podemos inspiramo-nos neste caso, construindo uma solução que desarme os centralistas (como os lisboetas do debate de  ontem no PortoCanal) e que acalme os mais, fundamentadamente ou não, «portofóbicos». Por exemplo, fundir as autarquias locais dentro de cada NUTS3, transformando-se em cerca de 30 autarquias regionais a nível nacional, com as competências dos actuais concelhos e novas competências dos ministérios relacionados com o desenvolvimento económico e social (educação, trabalho, transportes, saúde, ambiênte, economia) da actual administração central. Os Norteadores menos crentes na intervenção dos Estados, (Ventanias, CCZ, Júlio Cunha), os liberais portuenses com súbita consciência regional, a ala sulista, centralista anti-LFM do PSD, e todos os restantes centralistas ficariam desarmados com esta verdadeira Regionalização por agregação das actuais autarquias locais, descentralização e 0 gastos adicionais. Penso que cabe ao Norteamos explorar estes caminhos e assim continuar a nortear a heterogeneidade de opiniões existentes na nossa imensa região.

20071024

Entardecer em Braga



Braga, terça-feira, 23 de Outubro de 2007 pelas 18:30 h


Leituras 20071024

·         Daniel Bessa quer juntar Portugal e Galiza (no que respeita ao sector textil e vestuário);

·         Para que é que Rio encomendou à UP um estudo sobre o futuro da economia da AMPorto se Rio tem a cabeça em Lisboa ?

·         Mais uma vez, as fronteiras emperram a Regionalização; Sobre este tema, LFM começa aos zigue-zagues;

·         Direcção Regional de Ambiente devia ser instalada em Estarreja; Outra argumentação contra o pagamento pela administração central dos transportes urbanos apenas de Lsiboa e Porto; Novamente os impulsos intra-Norte, ou intra-regiões que tem que ser democraticamente aceites e resolvidos. A Regionalização a 5 regiões não abafa nem soluciona as ambições legítimas de desenvolvimento e competição, muito liberais, diga-se, entre as sub-regiões que compõe o Norte e Centro. No resto do território a questão não se coloca.

Discussão pública sobre a barragem da Foz do Tua

O MOVIMENTO CÍVICO PELA LINHA DO TUA, www.linhadotua.net, pediu para divulgar a seguinte informação neste blogue:

«Como certamente saberão, está neste momento a decorrer o período de discussão pública do Programa Nacional de Barragens, no qual se inclui a barragem de Foz Tua. O prazo desta discussão termina em 14 de Novembro próximo.

Enviamos abaixo o link onde podem encontrar a ficha de participação para a discussão pública do Programa Nacional de Barragens. Agradecemos a sua divulgação para uma efectiva discussão pública entre as gentes de Mirandela uma vez que o tempo urge. Convém referir que a ficha de participação deve ser enviada por email para inforag@inag.pt. Realçamos que dia 25 de Outubro pelas 17h, o PNB será discutido no Auditório do Centro de Formação do Porto de Leixões (Leça da Palmeira/Matosinhos)

http://www.inag.pt/inag2004/port/diversos/temporario/seguranca/FichaParticip.doc»

20071023

Regiões de Turismo

Ouvi hoje o fórum TSF dedicado à discussão em volta da reorganização das Regiões de Turismo. Significativo foi verificar a ausência de intervenções por parte de responsáveis de regiões de turismo do Norte, em particular do Minho, que tão críticos se têm mostrado ao projecto do governo. Significativo também, foi verificar a oposição entre os que podemos chamar de burocratas e administradores nomeados - a Associação das Regiões de Turismo e algumas regiões propriamente ditas - e os operadores económicos do sector, personificados na Confederação do Turismo e na Associação das Agências de Viagem. Estes últimos mostram-se favoráveis à reorganização em 5 regiões, os primeiros não.

Sobre esta reorganização apenas conheço o que tem saído nos órgão de informação. Ainda não li o projecto do governo. Mas o que conheço leva-me a tirar algumas conclusões e tecer opiniões que poderão estar erradas. No entanto, assumo o risco.

Actualmente existem 19 regiões de turismo instituidas em Portugal. Dessas sobressaem duas - o Algarve e Lisboa - que monopolizam o grosso do investimento* no sector por parte do Estado Central. Nos últimos anos uma outra - Porto e Vale do Douro - tem vindo a crescer em termos de importância começando a disputar com Lisboa e Algarve o investimento, embora ainda se encontre a léguas de distância destas duas regiões. As restantes, o que recebem pouco mais dá do que para pagar os clips, lápis e salários.

Existe também uma grande confusão entre região e produto ou marca turística. Não existe interesse nenhum em eliminar marcas ou produtos como o Alto Minho, Guimarães, Braga - só para falar no Norte -, porque esses produtos e marcas são importantíssimos para a indústria turística regional. Segundo me informaram o projecto de reorganização tem isso em conta e permite que dentro das regiões possam ser criadas delegações com autonomia para gerirem as respectivas marcas e produtos.

Os defensores da pulverização actual (mais regiões turísticas (19) que distritos (18)) esquecem-se que o actual sistema só os prejudica. Quando à mesma mesa se sentam 19 entidades para repartir o bolo em 19 fatias, obviamente que aquelas que são demográfica, económica e socialmente mais importantes levarão a maior parte. A atomização exagerada privilegia os mais fortes. Aumenta-lhes a massa crítica relativa, enquanto diminui a dos mais pequenos. Aqueles que no Norte defendem a separação da Área Metropolitana do Porto do resto do Norte, por paroquialismo bacoco, nem se apercebem que apenas beneficiam o centralismo do Porto. Esquecem-se que a AMP contém metade da população do Norte e a sua força socio-económica não deixará de se fazer sentir se ela puder sentar-se à mesa sozinha com uma faca maior que a dos outros para cortar o bolo. Ficará com uma fatia maior sem margem para dúvidas. A atomização exagerada é tão perniciosa como o centralismo exacerbado.

Para finalizar, todo este processo tem um pecado original: está a ser feito de trás para a frente ou, se quiserem, primeiro pelo telhado em vez dos alicerces. Deviamos estar a discutir a Regionalização e a sua efectiva instituição e só depois, dentro das próprias regiões, se devia discutir a reorganização dos vários sectores e actividades tendo em conta as respectivas especificidades. Só a proverbial cobardia dos nossos políticos em tudo que concerne a este assunto, e da sua incapacidade para enfrentar as oligarquias centralistas e caciques locais, é que nos leva a estes caminhos.

* Penso que o grosso deste investimento se faz em campanhas de promoção tanto no estrangeiro como internamente.

PS - Como nos informa a posta anterior, Alberto Castro, no seu artigo de hoje no JN, diz-nos que 'Quando se fazia a avaliação da aplicação dos chamados "fundos estruturais", a maioria das verbas era canalizada, no caso das empresas, para instalações, maquinaria e equipamento, até haver uma intervenção administrativa que limitou a sua disponibilidade. Não há povoação que se preze que não tenha um pavilhão multiusos ou, mesmo, um centro de exposições e congressos. E quando o paradigma mudou, e a retórica do empreendedorismo se instalou, eis que correm pressurosas a construir incubadoras e centros empresariais. A continuarmos assim, não tardará que se reproduza neste domínio o que acontecia com equipamentos desportivos uma das maiores taxas de construção de recintos cobertos da Europa, o que se compreende perfeitamente dada a agressividade do nosso clima… O problema não está, sequer, na construção mas no que se segue: as despesas de manutenção e funcionamento!'.

Eu acrescentaria que um outro problema em Portugal é a mania que qualquer cidadezeca que se preze ter que ser capital de qualquer coisa: do Norte, do móvel, da bolota, da batata, dos touros, do chocolate, das Igrejas, etc.

Cimentos e cérebros

Pertinente este artigo de Alberto Castro, hoje no JN:

 

Como na generalidade dos países menos desenvolvidos, em Portugal continua a dar-se uma importância desproporcionada aos elementos materiais, enquanto elementos simbólicos do desenvolvimento, da riqueza e do estatuto social. Muitos dos que criticam, a governos e autarcas a cultura do cimento fazem-no enquanto ostentam os seus belíssimos e, sobretudo, caros relógios de marcas ou os não menos luxuosos automóveis. Quando se fazia a avaliação da aplicação dos chamados "fundos estruturais", a maioria das verbas era canalizada, no caso das empresas, para instalações, maquinaria e equipamento, até haver uma intervenção administrativa que limitou a sua disponibilidade. Não há povoação que se preze que não tenha um pavilhão multiusos ou, mesmo, um centro de exposições e congressos. E quando o paradigma mudou, e a retórica do empreendedorismo se instalou, eis que correm pressurosas a construir incubadoras e centros empresariais. A continuarmos assim, não tardará que se reproduza neste domínio o que acontecia com equipamentos desportivos uma das maiores taxas de construção de recintos cobertos da Europa, o que se compreende perfeitamente dada a agressividade do nosso clima… O problema não está, sequer, na construção mas no que se segue: as despesas de manutenção e funcionamento!

Merece, por isso, destaque a notícia da contratação, pela indústria do mobiliário, de um destacado designer sueco, anteriormente ligado à multinacional Ikea. Mesmo se, como parece, não conseguirmos passar sem construir um novo equipamento para alojar o anunciado Centro Avançado de Design de Mobiliário (CADM)!

A contratação deste técnico, especialista em design e comunicação, e a localização da sua empresa de origem em Portugal estão mais ligadas do que à primeira vista possa parecer. Como se sabe, aquela empresa vai abrir uma unidade produtiva na região do Vale do Sousa (e com esta referência evito lançar achas para a fogueira da paroquial rivalidade Paços de Ferreira-Paredes) e abriu, recentemente, em Matosinhos, a sua maior loja em Portugal. A Ikea é conhecida por produzir e vender mobiliário e acessórios, de design contemporâneo, a preços razoáveis. Ao fazê-lo, atraindo semanalmente, a fazer fé nos seus números, cerca de 60 mil pessoas só àquela loja, está a contribuir para que desponte, na população portuguesa, a receptividade ao design moderno e contemporâneo. Quase se poderia dizer que, no campeonato da contemporaneidade, estaria a ganhar ao Museu Berardo por 3 ou 4 a 1. Acontece que a existência, ao nível nacional e local, de uma cultura receptiva à inovação e capaz de evoluir para impor um padrão de exigência nos actos de consumo, é uma base indispensável para que o CADM e, em particular, a dinâmica que Lars Engman lhe quer incutir, não venha a redundar numa ilha, perigosamente isolada, e em mais um sorvedouro de recursos. Ou seja, a localização da fábrica da Ikea numa região com uma forte tradição e especialização no fabrico de mobiliário, completada pela abertura de uma grande loja a poucos minutos de distância, é uma oportunidade única para a evolução das nossas empresas daquele sector. A atracção de especialistas internacionais de renome está no caminho certo para concretizar essa mudança, transformando o Vale do Sousa numa área com expressão e capacidade competitiva internacional. Como as regiões adjacentes têm uma fortíssima presença de outras indústrias (têxtil, vestuário e calçado) em que o design e a moda também relevam, a criação de um pólo de competitividade do design e da moda no Norte começa a ser dificilmente contestável. Assim se consigam estabelecer pontes entre todas estas indústrias e regiões, ultrapassando os pequenos protagonismos que, frequentemente, fornecem o álibi, que alguns precisam para continuar a ignorar o país real.

20071022

A conspiração contra o ASC vem de longe

Liguemos os pontos e acreditemos em conspirações. Recordo-me do tempo de Jorge Coelho no MOPTC, onde numa visita com Nuno Cardoso ao ASC, o ministro parecia contrariado. Provavelmente Guterres ter-lhe-á ordenado para investir na remodelação do ASC. Ora bem, lá isso se investiu, até ao ponto do ASC se tornar numa obra arquitectonica conceituada no sector. Porém, será que os investimentos foram feitos de forma retaliatória por parte da administração central de forma a destruir a rentabilidade do ASC ? Vejamos.

·         Todos nos lembramos do grosseiro erro de projecto do viaduto de acesso ao tabuleiro superior da gare. Os viadutos de acesso diferiam cerca de 1 metro do próprio tabuleiro. Foram adjudicados a empresas diferentes e geraram estupefação a todos os que tiveram oportunidade de observar.

·         Um técnico da Soares da Costa, envolvido na construção, disse-me que as obras eram de baixa qualidade para o investimento realizado. É natural assim que tenham existido vários problemas e o edifício não seja energeticamente eficiente, como relatou na altura certa TAF da Baixa do Porto

·         Também tive conhecimento que a Lufthansa, este ano, esteve para fechar as rotas que tem no ASC devido ao custo incomportável que a ANA cobra na utilização das novas mangas de acesso.

·         «No aeroporto Sá Carneiro cuidou-se da gare, mas nada se fez do que falta fazer e é absolutamente necessário que se faça rapidamente na parte da segurança e navegação aérea: a introdução do ILS, e o prolongamento do Taxiway por forma a permitir aumentar a cadência das descolagens e aterragens, dando assim resposta ao aumento da procura que deverá continuar a crescer até 2012.»

Por tudo isto, devemos levar em consideração por uma vez o que o ministro Lino diz, quando afirma que o ASC dá prejuízo, que Lisboa é que o tem que sustentar, e que e se fosse autonomizado, fechava as portas no dia seguite. Também é por isso que não existem interessados a Norte em explorar uma infra-estrutura cara que de facto dá prejuizo. Parece que a conspiração contra o ASC vem de longe. Parece que tudo foi feito para impedir que seja rentável e que atraia muitos operadores aéreos. Questões para reflectir e animar o bla-bla-bla habitual previsto para debate público sobre futuro do Aeroporto Francisco Sá Carneiro no dia 24 no Porto.

 

 

 

Verbas...

Depois do fim das passagens de nível na Linha do Douro entre Caide e Marco, eis que se fica a saber que ainda não há verbas para a electrificação até ao Marco. Não há verbas porque não piddac que chegue, além disso o concelho do Marco não vai ser alvo de qualquer verba do Piddac. Mais uma vez a Linha do Douro vai ter de esperar.

O que vale é que basta ler este post do Pedro Menezes Simões sobre o Metro de Lisboa, para entender que está mau para todos. Ironicamente falando, claro.

20071020

chat do pensar


Get your own Chat Box! Go Large!


Regionalização Já e em Força!

É por estas e por outras que se pretende uma regionalização efectiva, coerente e mais abrangente que a mera distribuição geográfica prevista no projecto "fantasma" e "secreto" do Governo. Mais ao nível da descentralização do que propriamente da verdadeira Regionalização.
Expliquemos...
Quem teve a oportunidade de assistir, hoje de manhã, a sessão solene da inauguração do centro de produção da RTP Norte (em Gaia - MediaParque) e na fusão da RTP com a RDP, não pode ser indiferente à prepotência centralista e politiquice mesquinha do Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares, no uso da palavra.
Anteriormente o Sr. Vice-Presidente da Câmara Municipal de Gaia, num discurso interessante e bem estruturado, tinha, como coragem, referindo que o Centro de Produção do Nore, por acaso (ou não) sedeado em Gaia, deveria ter em consideração as potencialidades do Norte, as suas culturas, a sua economia, as suas gentes e a sua "sociedade". Era, nas suas palavras (que subscrevo), uma oportunidade para a RTP diversificar a sua oferta, permitir que o Norte seja valorizado, em defesa do desenvolvimento do país, e que o contributo económico, político, social e cultural das personalidades e gentes do Norte fosse também priveligiado, sem a necessária deslocação e ida a Lisboa para prestarem publicamente o seu contributo nacional.
Perfeitamente de acordo. Mas eis que tinha que estar presente o espírito centralista e mesquinho da política de Lisboa.
No uso da palavra, o Ministro dos Assuntos Parlamentares, depois dos óbvios elogios e trocas de galhardetes aos Conselho de Administração da RTP - cada vez menos independente (ver caso José Rodrigues dos Santos), teve o desplante de aproveitar as palavras do Vice-Presidente da Câmara de Gaia, para lançar as suas "farpas" e querer tirar dividendos políticos do conhecido conflito entre Rui Rio e Filipe Menezes (agora a principal voz da oposição ao governo de Lisboa).
O centro de Produção não é do Norte é do Porto, por acaso (e mero acaso sedeado em Gaia). Aliás para o Ministro as pontes não desunem, unem. O que para o Ministro Gaia e Porto é tudo o mesmo, e nem uma referência à vastidão da região norte, às suas capacidades, potencialidades e contributos para o desenvolvimento do país.
Despois ainda há quem fique admirado pela empatia com Galiza e pelo fervor na defesa de uma região forte, competitva, autónoma (do Minho ao Vouga, do mar à serra).

20071019

Sobre o Bairrismo Parolo

Pedir a sede da Região de Turismo do Norte Porto para Braga era... «bairrismo parolo». Quem o disse foi Mesquita Machado. A defesa dos interesses da cidade e do município exigiam que o edil bracarense viesse agora a público denunciar o «bairrismo parolo» do Presidente da Região de Turismo do Alto Minho por ter sugerido ao Governo que utilize o Castelo de Santiago da Barra para instalar os serviços da Direcção da Região de Turismo do Norte Porto. Rui Rio, outro «bairrista parolo», «manifestou desagrado pelo facto de a restruturação não contemplar a instalação, na segunda cidade do País, a sede de umas das novas regiões de turismo».

Para não sermos «bairristas parolos», arriscamo-nos ver fugir da terceira cidade do país, a Direcção Regional de Turismo para para Viana ou o Porto, depois de já termos visto sair a Direcção Regional de Agricultura para Mirandela e de se perspectivar a instalação da Direcção Regional de Cultura em Vila Real.

Para não sermos «bairristas parolos», alinhámos na imposição governamental das 5 regiões de turismo, alegando que «há um grande consenso numa futura regionalização desde que ela assente nas cinco regiões». Segundo o que relata o DN, o turismo está a ser «regionalizado à força». Afinal, onde é que está esse grande consenso?

Para não sermos «bairristas parolos», somos «provincianos parolos» e vamos desperdiçando, uma por uma, todas as oportunidades de ainda termos alguma relevância política no novo mapa administrativo nacional. É preciso dizer mais alguma coisa?

Publicado no Avenida Central

SERÁ UM BOM SINAL ?

Afinal há um estudo que defende a manutenção do aeroporto da Portela e a construção apenas de uma infraestrutura complementar. É certo que o estudo é da CIP e desagradou ao Governo. O que é excelente sinal...

Centralismo for Dummies

Alguns comentários ingénuos ou distraídos ao meu artigo sobre a Porto Editora, levam-me a publicar um artigo de Rui Moreira muito pedagógico:

«Há dias, ouvi um amigo lisboeta dizer que o declínio do Porto se assemelha ao que ocorreu há décadas em Coimbra, atribuindo esta decadência a uma deficiente estratégia de articulação entre políticos e elites da região. De facto, nos últimos 20 anos, fomos incapazes de agir de forma concertada, os políticos sucumbiram ou renderam-se ao canto das sereias do poder central, as elites ainda se imaginam herdeiras de um Porto liberal e influente que porventura já não existe, mas são outras as razões primordiais. O Porto só teve protagonismo quando teve poder económico, nos finais do século XIX e logo após o 25 de Abril. Este último foi um fenómeno fugaz que coincidiu com a turbulência da revolução, porque, apesar da perda das colónias, Lisboa mantivera a sua cultura de capital do Império e não tardou em descobrir as suas novas especiarias nos fundos que começaram a chegar por via da adesão europeia. Tal como nas eras dos Descobrimentos e do ouro do Brasil, a chegada da riqueza catalisou o ímpeto centralizador e a cobiça dos cortesãos. A súbita abundância reforçou também uma burocracia opulenta, autocrática e despótica, que ora corrompe ora destrói todos os que lhe tentam fazer frente. O Porto foi vítima deste estado de coisas, não só porque o centralismo ajudou a abater a sua pujança económica, mas também porque, enquanto sede de um modelo alternativo e centro do contrapoder, era o alvo a abater.


Para isso contribuiu o facto de termos estado quase sempre em contraciclo político relativamente ao poder central. Terá sido por fatalismo histórico, ou essa divergência é um resíduo da proverbial irreverência tripeira? Certo é que, durante o cavaquismo, em que a cidade foi liderada por Gomes, a hostilidade do Governo foi evidente na privatização do BPA e na sobranceria com que foi visto o projecto do metro. Com Guterres, chegou a haver convergência, mas a regionalização armadilhada foi um primeiro prenúncio de que os principais autarcas e líderes socialistas do Norte não iriam ter tréguas. A queda de Guterres coincidiria com a vitória de Rio e com o domínio metropolitano do PSD, mas essa efémera convergência com os governos PSD/CDS foi desperdiçada em querelas intestinas. Desde então, a derrota do PS nas últimas autárquicas acentuou a divergência. Estará o Porto a pagar o preço dessa insubordinação? Certo é que o ímpeto centralista que já imperava em Lisboa se "portofobizou". A questão do metro, a privatização da ANA, as opções sobre infra-estruturas, são exemplos dessa política, encoberta por operações mediáticas que sustentam a ideia de que somos o poço dos problemas nacionais. "O vosso aeroporto e a Casa da Música custaram o dobro do orçamentado", dizem-nos, como se fossem casos virgens; "o metro é caríssimo e mal gerido", argumentam, esquecendo a comparação com o da capital. O caso dos túneis é o mais evidente: no de Ceuta, acusaram-nos de discutirem a sua saída como se isso fosse uma prova de que "aquela gente não se entende". Em Lisboa, a intervenção cívica para interromper as obras do túnel do Marquês foi de tal maneira louvada que este não está pronto mas o responsável pelo embargo foi elevado a herói e depois a autarca. Se surgem problemas com autarcas do Norte, vende-se a ideia de que são todos caciques e achincalha-se o eleitorado,


mas se há uma crise na Câmara de Lisboa, passamos a estar todos envolvidos porque o caso é visto como uma questão de âmbito nacional. Tem sido assim também o Apito Dourado, que assobia para Sul e ataca para Norte, apesar dos sintomas de que o aliciamento dos árbitros é uma prática corrente, generalizada e nacional, e que serve para passar a ideia de que os sucessos do FC Porto foram alcançados pela trapaça e de que os nortenhos são batoteiros. Passaria pela cabeça de alguém acusar os lisboetas de pedófilos só porque a Casa Pia e os seus arguidos são oriundos da capital? Mesmo no referendo do aborto, houve quem tivesse o desplante de avaliar a disparidade regional do voto para concluir que as gentes cá de cima são retrógradas e incultas.


Quando a intoxicação já não pode ocultar que o país é governado com dois pesos e duas medidas e que a economia do Norte está em frangalhos, eis que surge na mesa a última cartada: para anestesiar o descontentamento, o PS promete referendar a regionalização. Esta seria bem-vinda - e digo "seria" porque duvido de que seja aprovada -, mas será por mero acaso que só possa ocorrer em 2011, quando já não restarem fundos de coesão para podermos corrigir a mira?


Sócrates limita-se a continuar uma velha mas inconfessada política. Desde os governos de Cavaco que há um propósito de impedir que o Noroeste Peninsular possa vir a ser uma região num futuro mais ou menos distante. Será pela melhor razão, para preservar as fronteiras do nosso Estado-nação? Ora, quando se assiste à submissão dos nossos governos aos interesses de Espanha, seja na política económica (que sucumbe às ordens das suas grandes empresas e não resiste às perseguições às portuguesas em solo espanhol), seja nas negociações dos dossiers da energia e da água, seja na construção do TGV em que se aceita a lógica radial de Madrid, é lícito perguntar: não haverá um plano furtivo para garantir que Lisboa sobreviverá, mesmo que apenas como capital de uma futura região (decalcada no nosso mapa e da qual o Norte não se possa vir a destacar) de uma federação ibérica orquestrada na Moncloa?


Pode ser uma visão catastrófica, mas numa altura em que faltam temas à oposição de direita, é sintomático que esta esqueça a questão do centralismo e o abandono do Norte, que poderiam ser o seu estandarte. Dos partidos à esquerda do PS, a necessidade de proteger a sua clientela eleitoral, que se concentra em grande parte em Lisboa e no Vale do Tejo, e tem nos funcionários públicos (a quem o centralismo convém) a sua maior expressão, não se pode exigir essa visão.


O resultado desta política furtiva está à vista: temos um Estado exíguo, centralista e, a prazo, inviável. Quando acabarem os fundos de coesão, não se imagina como o país poderá continuar a sustentar os seus vícios e não se antevê que até lá seja possível alterar o paradigma. Depois da batota com o mapa das NUT em que a região de Lisboa e Vale do Tejo mingou para poder desviar para os arrabaldes da capital mais alguns fundos de coesão, vamos assistir a um último esforço por desenvolver uma só região que, no futuro, o país não poderá pagar? É essa a nova ameaça ao Porto e a toda a província, como ainda se vai chamando secretamente ao país que não cabe entre as densas colinas da Olisipo.


Como disse Elisa Ferreira, por muito que Lisboa progrida, a sua dimensão nunca permitirá compensar a decadência do Norte e do Centro. A economia destas regiões, que produz a maior parte dos bens transaccionáveis, não suporta o empolamento dos factores de produção não transaccionáveis e dos serviços do Estado que se concentram numa cidade em que o PIB per capita é o dobro do seu. Por isso, se adiarmos a descentralização até que se extingam os fundos de coesão, o país estará falido, o regime em perigo e a nação em risco de desagregação.»

Leituras recomendadas