20080131

Porto de Leixões: Estamos tramados !

Já tinha suspeitado da ameaça galega ao Porto de Leixões. Agora fica aqui um artigo de um galego que diz o mesmo de forma mais fundamentada:

«Na última década têm-se verificado importantes alterações na organização geral do transporte de mercadorias. Estas mudanças têm tido uma expressão muito significativa nas estruturas e comportamentos das actividades portuárias. A nível internacional convivem dois tipos de portos. Por um lado, existe um conjunto de portos que assumem uma estratégia adaptativa relativamente ao fenómeno da globalização e às mudanças nos padrões dos fluxos de mercadorias. Estes mantêm-se como infra-estruturas poli-funcionais, ainda que estão maioritariamente orientados para a prestação de serviços comerciais, industriais e de transporte. A componente de prestação de serviços é, nestes casos, fundamental, dado que o seu objectivo principal é acrescentar valor às mercadorias movimentadas.

Por outro lado, tem-se consolidado uma categoria de portos com uma estratégia proactiva em relação às forças globalizadoras, a qual lhes tem permitido emergir como nós dinâmicos no âmbito das complexas redes internacionais de produção e distribuição de mercadorias. Neste caso, os portos são elos de um sistema muito mais vasto de natureza matricial e a sua gestão insere-se em estruturas integradas de transporte, nas quais as plataformas logísticas assumem um papel determinante. Nestes âmbitos os serviços portuários tendem a especializar-se sem descurar a flexibilidade e a adaptabilidade.

Esta evolução a nível organizativo e estratégico é, em grande medida, derivada da intensificação das transformações associadas à gestão logística. Em resultado da integração progressiva das cadeias de transporte e das novas formas de gestão das mesmas, os portos mais dinâmicos têm-se transformado em plataformas logísticas inter-modais, permitindo melhorar as condições de fornecimento e trânsito de mercadorias e incrementar a fiabilidade das actividades de distribuição. O desenvolvimento destas novas valências faz com que muitas destas estruturas portuárias assumam um papel de hubs marítimos (nós de redes), que acolhem aos navios-mãe, que posteriormente alimentam os navios porta-contentores de média dimensão (feeders), que cobrem as rotas de curta e média distância.

Esta lógica organizacional tem expressão, em maior ou menor medida, em quase todas as tipologias de infra-estruturas portuárias. Desta forma, os portos surgem cada vez mais como nós funcionais, com funções de atracção e captação de tráfego e com capacidade para impulsionar dinâmicas territoriais promotoras de mudanças nos fluxos de mercadorias e, inclusivamente, indutoras de fluxos adicionais, resultantes do desenvolvimento económico delas derivado. Neste contexto, os objectivos das administrações portuárias devem concentrar-se em: a) atrair novos tráfegos de mercadorias; b) conectar áreas económicas e consolidar corredores de transporte; c) promover a captação de investimento que fomente as referidas dinâmicas territoriais e o desenvolvimento económico; d) implementar estratégias que reduzam as consequências negativas das rupturas de carga; e, e) monitorizar permanentemente as novas tendências em termos de organização e desenvolvimento das redes de transporte marítimo.

Nesta conjuntura, o porto mais importante para o Minho e para a região Norte no seu conjunto, o Porto de Leixões, enfrenta uma série de desafios e ameaças que podem vir a limitar o seu crescimento futuro. Em primeiro lugar, o incremento da concorrência dos novos portos exteriores de Ferrol e da Corunha, especialmente em determinados tipos de mercadorias, irá dificultar a atracção de novos tráfegos, tanto marítimos como terrestres, num horizonte temporal de médio prazo. Em segundo lugar, a dificuldade para consolidar rotas permanentes de média distância com o Centro e o Norte de Europa e a deficiente articulação com o modo ferroviário limita, respectivamente, o alargamento da sua oferta de serviços e do seu hinterland operativo. Em terceiro lugar, o atraso na construção das plataformas logísticas previstas no Portugal Logístico para a região Norte, nomeadamente da plataforma da Maia/Trofa, impede o desenvolvimento de um sistema de geração/distribuição de mercadorias que permitiria o aproveitamento de economias de escala na cadeia logística. Em quarto lugar, a escassez de espaço para melhorar os interfaces terra-mar, que reduziriam os custos de transferência modal. E, por último, os problemas derivados da indefinição política em relação à estratégia futura do sector em Portugal e da escassa consistência do quadro regulatório existente.

O crescimento dos portos nos próximos anos dependerá da sua capacidade para enfrentar a competição com os seus pares. Neste sentido, o incremento da produtividade afigura-se como o objectivo central em todas as decisões de gestão portuária. Na minha opinião, para a melhoria das taxas de produtividade do porto de Leixões, a sua administração deve assumir um estratégia mais proactiva, que dê continuidade ao processo de especialização dos terminais portuárias, fomente a construção de portos secos que eliminem o congestionamento e alarguem o seu hinterland natural, promova plataformas logísticas de apoio às actividades portuárias, melhore a ligação com todas as redes de transporte, especialmente com a ferroviária, e implemente sistemas informatizados de gestão de mercadorias de modo generalizado.»

FRANCISCO CARBALLO-CRUZ, Suplemento de Economia do Diário do Minho

Perante isto dei comigo a indagar o que é que a blogosfera de Matosinhos tinha a dizer sobre o assunto. Há um blogue deste concelho cujo nome é precisamente oPortodeLeixões.blogspot.com. Fiquei surpreendido com este «post»: « O comentário recente de um leitor deste blogue deixou-me seriamente preocupado. Dizia ele, para ser curto e grosso, que o que por aqui se escreve é uma merda. Não posso estar mais de acordo e portanto não foi isso que me preocupou. A parte pior vinha a seguir e dava a entender que o dito leitor só cá tinha vindo porque alguém lhe soprou que este era um blogue de referência sobre Matosinhos. Isso sim deixou-me verdadeiramente irritado. Ainda cheguei a pensar em insultá-lo com ferocidade e mandá-lo àquela parte, ou seja, em bloguês de referência, mandá-lo postar para “A Baixa do Porto”.». Efectivamente considerar a Baixa do Porto um blogue onde se escreve disparates só revela que o Rafael ainda usava máquina de escrever ou disquetes quando o blogue do Tiago arrancou...

Lendo um pouco mais no blogue fiquei ilucidado sobre os seus motivos. Trata-se de um blogue de guerrilha ao actual presidente da CMMatosinhos e portanto de apoio a um minhoto que quer ser milionário outra vez. Basicamente, tachos. Infelizmente nada encontrei sobre o Porto de Leixões. Assim estamos tramados !

 

 

20080130

Crónicas das «Máfias» do Centralismo 2: Mello Saúde no Governo

O Hospital Amadora-Sintra

A história do primeiro contrato celebrado entre o Estado e um grupo privado, no caso o Mello Saúde, que entregava a este a gestão de um hospital do Serviço Nacional de Saúde, o Amadora-Sintra, ficará como um monumento ao que não deve ser feito nas agora tão discutidas parcerias público-privado. Trata-se de uma mixórdia jurídica com graves responsabilidades de decisores políticos que tutelaram a Saúde nestes dez anos e que começou no último Governo de Cavaco Silva, passou pelos de António Guterres e aterrou no de Durão Barroso, sempre com intervenções governamentais polémicas ou mesmo de legalidade profundamente duvidosa. No final, os gestores e funcionários da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo - o mexilhão do costume - emergiram como o único rosto da responsabilidade estatal ante a justiça, foram deixados cair de forma indecorosa pelo Estado, ou seja, pelos governos, que nem apoio jurídico lhes deram, o erário público foi obrigado por um tribunal arbitral previsto no contrato mas de nomeação política a pagar mais uns milhões aos Mello, o Tribunal de Contas e a Inspecção-Geral da Saúde foram ridicularizados e ainda há-de haver quem ache que pôr isto tudo em causa é preconceito ideológico contra o sector privado... Tudo começou, torto, em 1995, com a minuta do contrato a ser assinada por Cavaco Silva, em Julho, e o Tribunal de Contas a validá-la dois dias antes das eleições que o PS viria a ganhar, em Outubro. O Governo do PS não contestou e fazê-lo seria já difícil, dada a validade jurídica da minuta. Seis anos depois, foi posta em causa pela Inspecção-Geral de Finanças a transferência de dinheiros do Estado para o hospital porque se detectaram pagamentos em duplicado por erro de contas ou por atendimentos a utentes nunca realizados. O então ministro da Saúde, Correia de Campos, demoliu o relatório e a partir daí nunca mais acabou a embrulhada que culminou com o ex-ministro Luís Filipe Pereira, também alto quadro do Grupo Mello antes de ir para o Governo, a sancionar as conclusões do tribunal arbitral. O Ministério Público (MP) arquivou agora um processo-crime relacionado com o mesmo e que basicamente visava os mais de vinte ex-gestores da ARS a quem era pedida a devolução de uma verba aproximada de 70 milhões de euros. Em síntese, o MP considerou ter havido um "completo desleixo" e negligência na fiscalização e execução do contrato, mas põe o dedo na ferida, ainda que não o refira explicitamente: os sucessivos governos não exigiram nem deram os meios técnicos e humanos necessários para o acompanhamento de um contrato inédito que requeria do Estado uma fiscalização activa e não uma completa omissão. Ou seja, em matéria de malbaratar recursos financeiros públicos, este caso foi um festim!

A nova ministra:

Ana Jorge, que toma posse quarta-feira como ministra da Saúde, vai a julgamento no Tribunal de Contas no âmbito de uma acção de responsabilidade financeira por alegados pagamentos indevidos ao hospital Amadora-Sintra quando era presidente da ARS de Lisboa. O advogado de Ana Jorge, João Correia, confirmou à Agência Lusa que a substituta de Correia de Campos na pasta da Saúde vai a julgamento no Tribunal de Contas, em data ainda por definir, e que «logo se verá se existe ou não responsabilidade financeira». «Claro que vai haver julgamento. É o que está na lei, é a tramitação normal do processo, que é regulado pelo Código de Processo Civil. Estes processos acabam em julgamento», acrescentou João Correia. Em causa estarão alegados pagamentos indevidos à sociedade gestora do primeiro hospital público com gestão privada, o Amadora-Sintra, no âmbito do contrato celebrado entre a José de Mello/Saúde e o Estado. Ana Jorge foi uma das mais de 20 pessoas que tiveram cargos de direcção da Administração Regional de Saúde de Lisboa entre 1995 e 2001 e a quem uma auditoria da Inspecção Geral de Finanças imputou alegados pagamentos indevidos àquele hospital no valor de mais de 79 milhões de euros. De acordo com notícias vindas a público em 2003, só a Ana Jorge o Estado pedia 3,5 milhões de euros.

Portanto:

1. Há um grupo económico sediado em Lisboa que quer apostar no sector da saúde, sector virado para o mercado doméstico, sem concorrência internacional e portanto de maiores margens/rentabilidade/produtividade;

2. Consegue uma PPP para gerir um hospital público. Os contratos são «misteriosamente» mal construídos.

3. Há derrapagem nos gastos. A administração central tem que indemnizar.

4. Descobre-se que certos funcionários da ARS Lisboa deveriam ter controlado os gastos, mas «misteriosamente» não controlaram.

5. O Tribunal de Contas e IGF consideram haver ilicito e não apenas especulações à José Silva. Colocam a ex-responsável pela ARS de Lisboa em tribunal.

6. Tal como Luís Filipe Pereira, ex-ministro da Saúde, também ligado ao grupo Mello, Ana Jorge chega ao mesmo cargo com ligações suspeitas às oligarquias da capital.

Notas finais:

  • É por causa disto que depois tem que se poupar no Interior, fechando SAPs;
  • Pinto da Costa mesmo comprando árbitros em actividades que não envolvem o Estado, é mil vezes mais santo do que estas «máfias» do Centralismo;
  • Padrão: Oligarquias de Lisboa «manipulam» decisões do Estado Central para passarem a gerir de forma altamente lucrativa antigos serviços públicos que tinham sido criados com dinheiro de todos nós. Isto é o Marxismo-Yeltsinismo, a colectivização seguida de privatização mafiosa, o verdadeiro modelo económico existente na região de Lisboa, aplicável a muitos sectores (banca, energia, comunicações, estradas, saúde, etc);
  • A Norte quer-se criar um «cluster» da Saúde. Sem ajuda do Estado, por cá quer-se vender I&D e bens transaccionáveis no mercado internacional como o simulador de parto do INEB/UP que foi licenciado para fabrico nos EUA. Cá há Capitalismo.

20080129

PeakOil a Norte: Primeiros passos, ainda que inconscientes

Introdução ao tema: A Crude Awakening

Eventos recentes:

Depois do WSJ assumir o PeakOil, é agora a vez do presidente da Shell o afirmar no próprio site da empresa: «We are experiencing a step-change in the growth rate of energy demand due to rising population and economic development. After 2015, easily accessible supplies of oil and gas probably will no longer keep up with demand».

Em Maio passado, em Sub-urbanização, «Peak Oil» e Ferrovias tinha referido a importancia de investir em ferrovias. Em Julho referia que um dos maiores investidores americano, Warren Buffet estava a investir na ferrovia, sector que apesar da crise nas bolsas tem tido uma valorização 10% a 20% acima do DJIA. Em ambas as situações alertava para a necessidade de a Norte dar prioridade aos carris. Entretanto novos eventos a sobre este tema por cá:

· Já não se fala no fecho da refinaria de Leça há um bom par de anos; Sinal que é muito rentável...

· A Retroconcept, empresa maiata pretende construir o EcoVinci. Já conseguiu assegurar a venda de algumas unidades à CMPorto. Quem diria. Na minha opinião, é a medida mais acertada do 1º e 2º mandato de Rio. Deixou-se de complexos neoliberais e decide pôr o poder de compra da CMPorto ao serviço da I&D nacional, com voluntarismo keynesiano sensato;

· Portugal e Espanha vão dar as mãos para fazerem o eixo Norte de Portugal/Galiza uma região especializada na produção de veículos de pequenas séries, associados a nichos de ambiente urbano. (...) O protocolo do projecto Mobilgreencar - que visa a produção anual até 10 mil veículos com uma incorporação de tecnologia ibérica acima dos 70%, através de 20 novos fornecedores industriais nas áreas de electrónica, novos materiais e motorizações - vai ser assinado pelos presidentes dos centros automóveis de Portugal (CEIIA) e de Espanha (CTAG), numa cerimónia apadrinhada pelos chefes dos governos português e espanhol, José Sócrates e José Luís Zapatero. Não sei se isto se refere ao EcoVinci ou não, mas é significativo.

· Reactivação de linha do Douro e Fafe quer aderir «novamente» à ferrovia;

· A empresa de fretes ferroviários Takargo Rail, do grupo Mota-Engil, vai começar a receber as primeiras de um conjunto de 15 locomotivas diesel em Outubro de 2008, disse Pires da Fonseca, presidente da empresa. As locomotivas, que foram compradas nos Estados Unidos, estão presentemente a ser montadas em Valência, Espanha. Falando durante o II Seminário de Plataformas Logísticas Ibéricas, em Setúbal, Pires da Fonseca adiantou que grupo Mota-Engil está, actualmente, a alugar 50 comboios por semana à CP para fazer os seus fretes.

Ao nosso ritmo habitual, ainda de forma inconsciente, lá nos vamos adaptando.

Corrupção!


Embora o título nos possa levar ao engano, não se trata do filme que retrata um suposto desenlace litigioso de duas conhecidas personagens. Os protagonistas aqui são outros. Doutra estirpe. Uma estirpe muito mais "elevada".


“uma criminalidade do mais nocivo para o Estado e para a sociedade” que “é praticada
por intocáveis no poder”


Com estas palavras Marinho Pinto, bastonário da Ordem dos Advogados, embora não citando nomes (parece-me que também não era necessário) denunciou um conjunto de pessoas e situações que todos sabemos serem verdadeiras. Muitas virgens mostraram-se ofendidas.


O jornal 24 horas hoje fez-nos o favor de nos mostrar as (mais do que conhecidas) caras de alguns senhores que, segundo a interpretação do citado jornal, são os acusados por Marinho Pinto. Eu cá acho que o jornal é capaz de ter acertado. Mas há mais, muitos mais dos que aqui aparecem. Estranhíssimo é que não apareçam caras de autarcas do Norte. Não é que não haja corruptos entre eles, porque os há, mas pela fama que têm eu estava à espera de pelo menos um entre os tubarões.


Hoje, novamente, Marinho Pinto voltou a fazer acusações claras. Só não as entende quem não quer.

O paradoxo da prostituta

Na caixa de comentários do Avenida Central, a propósito deste post, e também do comentário do intitulado "Degolador", que é um bom exemplo duma espécie de pensamento que, a meu ver, é recorrente nestas questões da Regionalização, escrevi, por minha vez, o comentário que aqui reproduzo.


15:47
Degolador disse...
Pois pois...estes gajos do Porto nunca me enganaram!A falar de regionalização nuns encontros denominados "Porto: Cidade Região" ... o que eles querem sei eu.Cada vez menos me sinto inclinado a deixar cair a bandeira das 2 ou 3 regiões a norte do Douro ... é que o Porto não me está a inspirar nenhuma confiança. Para ser dependente (e explorado) por alguém, sempre prefiro ser chulado directamente por Lisboa, que já sei com funciona.


16:21
António Alves disse...
Rui Rio nunca foi regionalista e nunca o será. Rui Rio é apenas um oportunista profissional que vê as coisas a andar para trás (Eleição de Menezes a líder do PSD) e agora quer ser reeleito para a Câmara, pois não tem para onde ir. Como no Porto já começam a descortinar a fraude que ele é convém agora mostrar-se regionalista. Com o tempo, se for necessário, até será capaz de ir ao Dragão assistir a uns jogos.

Agora quanto ao "degolador": continue com esse pensamento e o melhor que poderá acontecer ao seu Minho será o caminho da extinção tal como está a acontecer a Trás-Os-Montes. A sua declaração de amor ao "chulo" é eloquente. É esse o paradoxo da prostituta: o chulo bate-lhe e explora-a, mas ela não o deixa porque pelo menos esse ela já conhece. Como paradigma de pobreza intelectual não podia ser melhor.
17:22

20080128

Pelo menos em solidariedade ninguém nos bate...



"Como pode observar-se no quadro 3.2, em 2005, a distribuição secundária do rendimento, em grande medida associada às transferências sociais provenientes das administrações públicas, beneficiou em termos relativos as famílias das regiões do Alentejo e do Centro. Com efeito, essas famílias viram o Rendimento Disponível por habitante superar o rendimento gerado pela sua participação no processo produtivo e pelos saldos dos rendimentos de propriedade. Nas regiões de Lisboa, do Algarve e Autónomas dos Açores e da Madeira o RD ficou abaixo do RP, e a região Norte manteve praticamente um RD por habitante idêntico ao RP por habitante (8 118€ face a 8 134€)."






(a primeira coluna refere-se a Portugal e a segunda ao Norte)

Conseguimos ser solidários com os outros (é pouco mas é de boa vontade :->), mesmo que os outros estejam melhor que nós. Isto apesar de sermos uma das regiões mais pobres da Europa, estarmos em crise económica profunda, mas ainda assim responsáveis por 1/3 do PIB e 34% do emprego. E não se julgue que é de hoje. Apesar da recessão somos na prática contribuintes líquidos desde sempre.





Goste-se ou não, há uma pergunta que se impõe: que estamos nós a fazer neste "país"?

Leituras 20080128

·         Um artigo superficial sobre o Norte; A única parte relevante é a constatação da drenagem de pessoal qualificado;

·         Será o Instituto Ibérico de Nanotecnologias de Braga apenas um projecto imobiliário de Mesquita Machado ? Foi essa ideia com que fiquei após a leitura deste artigo;

·         «Máfias» do Centralismo no BCP: Público relata para quem conseguir ler nas entre-linhas;

·         «tic-tac, tic-tac»: Excelente relato de como a poupança no interior pobre (fecho dos SAPs) para gastar na Lisboa rica (planeados 5 novos hospitais) levará à queda deste Governo, se ainda la houver votantes com capacidade de aprender;

·         Soros explica no FT explica a actual crise, que eu próprio venho a alertar desde o Verão passado;

 

 

 

20080126

Quando?

O PSD de Menezes tinha uma ideia regionalista. O PS que governa defende a regionalização. O PCP é favoravável à mesma. O CDS tem dúvidas. O BE, a sua direcção defende as 5 regiões - plano.

Não compreendo esta demora: decisão da Assembleia da República ou Referendo, já!

Os nossos deputados estão à espera do quê? E as oposições estão lentas!

O desenvolvimento não pode esperar.

Carga movimentada nos Portos

Como parece que há quem duvide, e e até tire fotografias a navios, aqui vão dados oficiais:

ano: 2006

Carga contentorizada

Porto de Leixões 3 088 067
Porto de Sines 1 211 161

O Porto de Sines vive para abastecer a refinaria com petróleo e carvão para o Pego. Sem ela seria um porto irrelevante. Vive por decreto.

fonte : http://www.imarpor.pt/pdf/informacao_tecnica/estatisticas/mercadorias_2006.pdf

20080125

Assimetrias


(clique na imagem para aumentar)





Este gráfico, retirado do documento "Contas Regionais de 2005" do INE, é eloquente quanto às disparidades e assimetrias de rendimento entre regiões. E não é necessário sair sequer da região de Lisboa. A sub-região (NUT III) da península de Setúbal apresenta um PIB per capita inferior em 95 pontos percentuais ao da Grande Lisboa (em relação à média nacional). O PIB per capita de Setúbal é mesmo inferior a regiões a braços com uma crise profunda, fruto da globalização, nas indústrias tradicionais como o Ave e o Cávado.

Portos da Ibéria

Um contributo para a discussão que corre nos comentários do post anterior (cliquem nas imagens para aumentar)








Legenda:



Fonte: 4º relatório do Observatório Transfronteiriço Espanha Portugal

20080124

Região de Lisboa tem défice comercial externo anual de 11% do PIB Português

Números da economia da região de Lisboa e Vale do Tejo (INE, 2005):

  • PIB regional: 38% do Pib Portugês (pag. 130)
  • Importações: 20.941M€ (pag. 161)
  • Exportações: 6.499M€ (pag. 161)
  • Taxa de cobertura da Balança Comercial (BC): 31% (défice de 69%) (pag. 160)
  • Saldo da BC Lisboa sobre o PIB regional: -29% do PIB regional (PIB - pag. 132)
  • Saldo da BC Lisboa sobre o PIB nacional: -11,1% do PIB nacional (PIB - pag. 132)
  • Saldo da BC portuguesa: -13,8% do PIB (saldo - pag. 163; PIB - pág. 132)
  • Peso da região de Lisboa no défice comercial português: 81% do total do défice
  • Saldo da BC portuguesa, exceptuando Lisboa: -2,7% do PIB nacional.

Em resumo, a região de Lisboa representa sozinha a 4/5 do défice comercial externo (sem Lisboa, Portugal era excedentário). Cerca de 29% do PIB de Lisboa sai todos os anos do país. Se fosse independente, Lisboa seria o país com o maior défice externo do mundo (aliás, Portugal tem o 3º maior défice externo do mundo)...

Refira-se ainda que as exportações da região de Lisboa são maioritariamente explicadas pela Galp e à Autoeuropa. Uma é protegida pelo Estado, a outra subsidiada...

Como sobrevive esta região? Se fosse um país, teria de desvalorizar a moeda (equivalente a reduzir os salários) em 20%-25%. Mas existe uma alternativa: Lisboa paga o seu défice externo com os impostos cobrados às outras regiões...

Nota: As regiões do Norte e Centro são as únicas com balança comercial equilibrada.

Adenda: O link inicial não funcionava, mas já foi substituído. Optei também por utilizar valores exactos, o que levou a algumas correcções (umas abonatórias para Lisboa, outras nem tanto). Para facilitar a consulta, as páginas referem-se à numeração do PDF, e não do documento.

Criação da Rede Transmontana de Notícias

O intercâmbio de conteúdos noticiosos e a rentabilização dos recursos humanos é o objectivo da Rede Transmontana de Notícias (RTN), formalizada ontem em Vila Real. A rede inclui os jornais Nordeste (Bragança), Semanário Transmontano (Chaves), Terra Quente (Mirandela), e Lamego Hoje (Lamego), que no seu conjunto integram 18 jornalistas e representam uma tiragem de 20 mil exemplares. Segundo o director do Nordeste, João Campos, citado pela agência Lusa, o objectivo do projecto é "aproveitar os recursos humanos existentes e as notícias e colocá-los ao dispor dos outros títulos".Para breve está ainda a criação de um sistema informático onde serão disponibilizados os trabalhos jornalísticos destinados aos quatro jornais.

De acordo com Joaquim Borges César, representante do Semanário Transmontano, com a RTN pretende-se ainda "disponibilizar às agências de publicidade e aos maiores anunciantes da região um meio de difusão com efectiva divulgação em toda a região".

Retirado do blog MediaXXI

Segundo ouvi na Rádio, esta rede de jornais, no seu conjunto, constitui o "jornal" mais lido da região. Os meus parabéns pela aposta. Trás-os-Montes tem de ter voz.

Chegou a hora do aeroporto do Nordeste

Após o fim da Ota, o apoio do governo ao aeroporto Low Cost em Monte Real/Fátima, sutenta também o upgrade do aerodromo de Bragança.

Vale a pena também relêr: «José Agostinho Ribeiro (Aeronorte.pt) disse ao ‘CM’ que uma das apostas fortes da sua empresa é no “futuro aeroporto de Bragança”. Começou pela construção de dois hangares, onde pretende albergar e até reparar várias das suas aeronaves, mas a ideia é avançar rapidamente para o segmento dos voos turísticos. “Bragança é um ponto estratégico. É por lá que passam todos os voos oriundos da Europa e tem uma pista de dois quilómetros que permite a aterragem de aviões com capacidade para cinquenta passageiros. Para além disso, com a auto-estrada que se anuncia, fica a menos de duas horas do Porto”, disse José Ribeiro, acrescentando que tenciona adquirir um ou dois aparelhos específicos para a aviação turística. De resto, o empresário admite mesmo avançar para a realização de voos de vários países europeus, como a França e a Suíça, onde há fortes comunidades portuguesas, para Bragança. “Dessa forma, a viagem fica bastante mais barata e, como já foi referido, Bragança já não fica no fim do mundo”, acrescentou.»

Bragança tem apenas algumas dezenas de milhar de residentes. Porém, o Interior Norte tem pelo menos 1 milhão de emigrantes na Europa. A decisão a favor do Norte Interior é inevitável. O realismo e a credibilidade valem a pena ! Chegou a hora do aeroporto do Nordeste !

 

20080123

JUSTIÇA!

A procuradora Cândida Almeida, do DCIAP, considerou não existirem quaisquer indícios de crime nos dois posts publicados por Balbino Caldeira no blogue Portugal Profundo. Um referia-se ao centro governamental de controlo dos media e outro levantava dúvidas sobre um MBA que José Sócrates .
Para mim, o Professor Balbino Caldeira é um dos maiores exemplos de cidadania... É bom que se retirem as devidas conclusões deste assunto e que a sociedade civil lhe siga o exemplo! A ler aqui as suas palavras...Sinto-me orgulhosa de ter participado na divulgação da sua causa hoje e sempre!

Leituras 20080123

·         O mercado residencial na região Norte (excluindo os concelhos da Área Metropolitana do Porto) tem tido uma boa dinâmica de valorização, invertendo de forma completa a fraca prestação que tinha observado no ano 2006. Esse desempenho conduziu à elevação da taxa de valorização média anual que, em Novembro de 2007, atingia já 6,4%.

·         Regionalização chega ao HI5; Está povoado de adolescentes jotas; Mau sinal.

·         Lentamente, a realidade cura a psicopatia megalomana e negacionista da administração central de Lisboa. Ontem António Alves chamava atenção para o facto do LNEC prevêr o TGV em Alcochete, ao contrário do que o MOPTC defende para o Porto. Hoje a RAVE admite que TGV em Lisboa acabe por passar na ponte 25 de Abril. O importante é mesmo a sociedade civil continuar a controlar e mostrar, com credebilidade, as incoerências das decisões públicas, como por exemplo a «Ota do Porto».

·         Angelo Campos informa «que vão haver urbanos no ramal de Leixões. Os maquinistas vão entrar muito brevemente em formação, porque o material a ser utilizado serão as Lili Caneças (2240) as que fazem o trajecto Aveiro - Coimbra. O curso começou no passado dia 7 de Janeiro e terá a duração de 2 a 3 semanas. Estas triplas vão fazer o ramal de Leixões e a linha de Guimarães». Aparentemente a CP Porto está a preparar a utilização do ramal de Leixões para transporte de passageiros. Alooooooo Metro do Porto !!!!! Alooooooo AMTransportes !!!!! Alooooooo Amporto !!!!!!! Alooooooo Álvaro Costa/FEUP !!!!! Acordem !!!!

20080122

As consequências para o Norte de confiar em Lisboa

Tal como no tempo de Guterres o «mainstream media» comprado com publicidade institucional sustenta o Governo até este implodir. Estamos numa situação destas, inclusivé com episódios hilariantes como este: «O chefe de Governo português continua a apostar numa mensagem de optimismo. «Mais uma vez é preciso reagir com confiança e segurança (ao actual crash nas bolsas). Estou aqui para resistir a todas essas mensagens negativas, porque o país precisa de confiança em si próprio», afirmou José Sócrates.»

Apesar do ruído ideológico, para se ter uma noção correcta da realidade, recomendo este resumo em 3 minutos do economista Carlos Carvalhas. Alternativamente e também apesar da ideologia libertária, recomendo as análises económico-financeiras de Pedro Arroja aqui.

Lição muito importante e verdadeira: O Norte nunca deveria confiar nas análises políticas, económicas e sociais com origem em Lisboa. Historicamente conduzem Portugal a becos sem saída. Os do Norte, há 3 anos deviam ter votado em quem disse que Portugal não é Lisboa no dia em que chegou ao Governo. Agora aprendam. E preparem-se para a recessão a sério que ai vem.

20080119

Porto-Minho-Vigo com muita cidadania


Defendi aqui um traçado litoral da ferrovia Porto-Minho-Vigo (PMV). O governo parece continuar a insistir no traçado interior e a ignorar a ligação ao ASC. Assim, na sequência do trabalho de António Alves, gostaria de acrescentar alguns tópicos a esta discussão reforçando a necessidade do traçado litoral a sul de Braga e no final fazer um apelo de cidadania.

Historial

O CVE Porto-Minho-Vigo não resulta de reclamações ou necessidades do Norte. Resulta sim de uma orientação estratégica da UE cedo antecipada e imposta por Espanha à administração central nacional. A nossa verdadeira necessidade seria ligar o Norte ao centro da península, via linha do Douro ou Aveiro-Salamanca. Mas como o Norte fica permanentemente a ver os electricos a passar, anestesiado com as vitórias do FCP, a administração central acaba por fazer o que quer, por iniciativa própria ou por suspeita e estranha insistência galega.

Ferrovia

Apesar de imposto não podemos negar o interesse. Temos o «Peak Oil», alterações climáticas e eco-taxas. A ferrovia é mais barata do que a rodovia, quer para passageiros quer para mercadorias. Com petroleo a encarecer, esta competitividade será reforçada. Por outro lado a liberalização prevista para o sector, que futuramente permitirá ter comboios da Renfe ou SNCF a operar nas vias nacionais, é provável que os peços fiquem ainda mais competitivos. O PMV custar tanto como hoje custa Porto-Coimbra em AP e eventualmente assutar a procura não terá grande significado no futuro. Lembremo-nos que a A28 Porto-Viana vai ter portagens e que genericamente o combustível rodoviário encarecerá nos próximos anos. Daqui por 5 anos os preços serão equivalentes. A propósito disto, eis um ralato recente da realidade em França: Sarkosi «propôs também um programa de investimento no sector dos transportes, nomeadamente para a construção de 2 mil kilómetros de novas linhas de TGV até 2020 (…) Em Paris, 1.500 km de vias para eléctricos será construída, contra os cerca de 400 existentes hoje. A ferrovia será privilegiada em relação à rodovia, sobretudo para o transporte de mercadorias a longas distâncias, limitando-se a expansão de mais autoestradas e aeroportos. Existirá uma taxa sobre os camiões pesados.» A ferrovia está então a renascer. Os críticos dos investimentos ferroviários deviam pensar 2 vezes antes de criticar: O PMV é um AlfaPendular, um simples comboio de velocidade elevada (CVE) e não uma megalomania da «capital do império».

Solução

Dado que aparentemente é uma decisão irreversível e faz sentido, há que potenciar o PMV através de um bom traçado. Na minha opinião, este deverá conseguir atingir os seguintes objectivos:

· Permitir a criação de uma linha sub-urbana, rentabilizando assim o investimento;

· Potenciar procura do ASC, alargando a sua área de influência/atracção/receitas através de uma ligação ferroviária directa ao Minho/Vigo e através da passagem do AlfaPendular que vem de Coimbra/Aveiro em direcção a Braga;

· Potenciar o desenvolvimento do turismo do Minho, distribuindo para norte do ASC os turistas da Ryanair, (tal como o Metro do Porto o faz para sul);

· Permitir resolver erros de planeamento do Metro do Porto e criar «jurisprudência» na expansão deste;

Assim, a solução é um traçado litoral pelo menos a sul de Braga, replicando a Norte a lógica da linha da Azambuja!

O canal da Linha da Azambuja a Norte

A linha da Azambuja é um dos ramos da CP Lisboa que liga Alcantara-Terra em Lisboa a Azambuja, próximo de Santarém. Como se pode ver nos mapas acima publicados, tem cerca de 53 km de extensão e 23 paragens: 8 paragens nos 10km a sul da Gare do Oreinte e 14 paragens nos restantes 43 km a norte desta estação. Daqui dá para ver que a frequência de paragem dentro da cidade de Lisboa é cerca de 1,25 km, enquanto for a é de 3,1 km. Dá para perceber, portanto, que esta linha tem um comportamento quase de metropolitano de superficie em canal próprio em Lisboa e de comboio suburbano fora. Alguns videos com os seus exóticos comboios aqui e aqui. Este canal tem outra particularidade: Tem um caracter circular sobre a cidade de Lisboa, como se pode ver no mapa, sendo também usada pelos CVE/AlfaPendular nas deslocações deste para/do Algarve. Ora, consegue-se, neste canal ferroviário, coexistir CVE com combio suburbano, que por sua vez executa funções claramente urbanas, de metro de superficie. É precisamente essa a minha (e do António Alves) sugestão para a AMPorto. Os mapas lado a lado são auto-explicativos. O caminho correcto é aproveitar a ligação a Vigo em CVE para criar um novo ramo sub-urbano da CPPorto, em direcção a Barcelos ou mesmo Viana, que desempenhe também funções de (semi-)circularidade urbana dentro da cidade do Porto, via ramal de Leixões e canal da linha Vermelha, tornando até desnecessários alguns investimentos do Metro do Porto.

Consequências para o Metro do Porto

Os erros de planeamento da rede do Metro do Porto só tem paralelo com o seu sucesso operacional:

· Ligação Trindade-Campanha matou a utilidade da estação de S.Bento; Aliás, se os comboios da CPPorto parassem em Campanhã, S.Bento ficaria vazia;

· Foi ignorado o ramal da Alfandega, canal/túnel pronto a usar entre Campanha e Alfandega;

· A linha para Gondomar canibaliza a procura as linhas da CPPorto dado que serão 50% coincidentes; O acesso ao estádio do Dragão poderia ser feito através de apeadeiro das linhas Porto-Braga ou Porto-Guimarães;

· A ligação ao aeroporto em metro cria o actual desincentivo a novos investimentos ferroviários nessa direcção;

· Ligações a Vila do Conde/Póvoa do Varzim e Trofa tem carácter sub-urbano, não deviam ser servidas com a frequência e composições de metro de superficie;

Assim o uso do ramal de Leixões para a ligação Campanhã-ASC assim como a transformação do canal da Linha Vemelha até Modivas ou Mindelo para a utilização pelo CVE PMV e por nova linha sub-urbana da CPPorto para Barcelos/Viana, teriam as seguintes consequencias para o Metro do Porto:

· Linha Vemelha seria reduzida apenas ao miolo urbano Vila do Conde/Póvoa do Varzim, deixando portanto de ser continua. Quem quisesse seguir para o Porto a partir da foz do Ave teria que fazer um transbordo em Modivas ou Mindelo para o novo sub-urbano da CP Porto;

· O facto de o Metro do Porto operar linhas não contínuas geraria «jurisprudência», nomeadamente para expansão do Metro para a zona do Vouga. Assim, haveria então 2 linhas descontinuas, Vila do Conde/Póvoa do Varzim e Espinho/Oliveira de Azemeis (upgrade da linha do Vouga), ambas conectadas aos comboios sub-urbanos da CPPorto;

· Adicionalmente, consegue-se circularidade dentro da cidade do Porto, muito mais barato do que o proposto pelo estudo megalomano da FEUP, onde se propunha gastar meia OTA na expansão do Metro. É bom sinal reconhecer-se que o Metro não pode resolver tudo (nem deve, digo eu);

· A linha Violeta para ASC ficaria um investimento duplicado, apesar de diminuto, revelando que foi um erro.

Cidadania

A definição do traçado do PMV será um teste à maturidade de muitos actores locais, regionais e nacionais. Faço então um apelo ao consenso:

· Rio Fernandes, blogue VimaraperesPorto: Parem de fazer fretes ao vosso partido e governo e deixem de defender o traçado interior; Já ninguem vos livra de terem defendido a OTA, contra os interesses do Norte. Não repitam o erro;

· AMPorto, AMTransportes, CCDRN: Os lugares remunerados e sem risco ninguém vos tira. Agora melhorem o planeamento de infra-estruturas;

· FEUP: Por alguma razão se diz nos paises anglo-saxónicos que «Não deixem os engenheiros sair da fábrica/laboratório». Proponham projectos, PINs tecnológicos. Não se envolvam em planear cidades ou redes de transporte. Deixem isso para os economistas, geografos ou urbanistas;

· Jornalistas do JN, Público, 1ºJaneiro, PortoCanal: Um jornalista e professor universitário numa conceituada faculdade americana de jornalismo dizia sobre a profissão: «Se fossem inteligentes, não seriam jornalistas». Não será melhor ler a Blogosfera antes de inundarem o MSM com asneiras e repetição acéfala de ideias pouco aprofundadas ? Não tem tempo para ler Blogosfera ? Recomendo o GoogleReader com subscrição do Norteamos;

· Senhores da MotaEngil e SoaresdaCosta que tem com principal cliente o MOPTC e indirectamente os nossos impostos: Em vez de 1 ou 2 obras grandiosas com estilo estalinista e explicações freudianas, pensem alternativamente em N pequenas obras que resolvam efectivamente os nossos problemas e que acabem por vos dar carteira de negócios sem onerar os nossos impostos. Lembrem-se que aquilo que para voçês é negócio, para o resto da população são impostos. Esquecer isto está a criar pobres, emigrantes e muito má imágem para o lobby do betão; De qualquer modo, o aproveitamento do ramal de Lexões não excluí algumas obras de maiores dimensões como por exemplo uma ligação por túnel entre o nó VCI/final da A3 e Campanhã, evitando assim o «serpentear» por Rio Tinto;

· Bracarenses: Apoiem o traçado litoral do PMV: Garante-vos o acesso directo ao aeroporto. Em Braga anda meio mundo a berrar contra a centralização do turismo no Porto e agora tem a hipotese de captar na origem os turistas da Ryanair;

· Minhotos: António Marques (AIMinho) pede ao governo o traçado com passagem no ASC; presidente da câmara de Guimarães (PS) pede um traçado que exclui Braga do CVE dando oportunidade para a ferrovia Barcelos-Braga-Guimarães. Va lá. Entenda-se mas não se aliem a Lisboa desta vez;

· Exportadores, AEP, AIMinho, CCIP, Dr Moreira: É preciso lobby na mercadorias, para além do ASC; O Peak Oil está ai; É necessário activar rapidamente exportação de mercadorias por via ferroviária; A existência de um único canal Porto-Braga privará o transporte de mercadorias de horários suficientes;

· Director da CP Porto: Apresente-se não sabemos quem é ou se existe! A sua cara tem que ser conhecida como a de Valentim ou Oliveira Marques.

· Senhores autarcas da AMPorto: Parem de interpretar as ferrovias como um forma de ajudar os vossos amigos imobiliários: Licenciamento de novas construções cresce à boleia do metropolitano. Encarem as redes de transporte como aquilo que são: Transportar com eficiência os vossos eleitores;

· MOPTC: Deixem de ter inveja do Porto ou Norte: Não é pelo facto de o CVE chegar ao ASC e de tornar a região mais competitiva, que equilibra a balança fortemente pendente para Lisboa desde há décadas. Se fôr necessário deixar para uma 2ª fase a ligação ASC-Camapnhã, muito bem, aceitamos. Por cá não é necessário novoriquismo. Basta eficiência. Revejam os estudos da Fase, por favor.

· Blogosfera e concidadãos em geral: O fim da OTA deveu-se sobretudo a vocês e à sorte de estarmos numa crise de crédito para grandes obras e numa recessão que fará cair a procura de transporte aéreo. A cidadania não deve terminar por aqui. Há muitos projectos onde um blogue ou cidadão esclarecido e munido de propostas sensatas e realistas pode fazer a diferença e assim assegurar melhores investimentos públicos, garantindo um melhor futuro colectivo. Repitam o lobby que resultou no fim da Ota; Mais responsabilidde menos aleinação futebolística, por favor!

PS1: Também não tenho terrenos para valorizar em função do traçado.

PS2: Elaborar este texto consumiu várias horas subtraídas à minha esfera pessoal e profissional. Solicito aos leitores a divulgação do link junto de contactos pessoais e institucionais.

Leituras 20080119

·         Qimonda (Vila Conde) estabelece cooperação inovadora com universidades portuenses;

·         Se cá nevasse fazia-se cá ski: Luís Costa pede vergonha na cara às «Máfias» do Centralismo;

·         Estamos perante o Governo mais centralista desde o 25 de Abril”;

·         Afinal, "Business School" do norte adiada: «O projecto já é discutido há alguns anos, mas acabou por não se concretizar no imediato, porque a Universidade do Porto (UP) decidiu dar prioridade à reorganização da sua estrutura interna antes de partir para negociações sobre uma escola única». Será que leram os meus comentários ?

·         Industria portuguesa sofreu em Novembro o maior corte de produção da EU (recessão a Norte); Economia portuguesa acabou o ano de 2007 em ritmo de forte desaceleração (1ª página do Público de hoje). «Será já em 2008 que os portugueses terão uma visão mais nítida e sustentada da pobreza de espírito dos nossos governantes. Sempre e o repeti, esta política económica e orçamental estavam no limiar da estupidez. E será comprovada já em 2008 e, sobretudo, em 2009. Esta política económica está virada para o proteccionismo público de alguns grupos económicos à expensas do resto do tecido produtivo, maioriatariamnete PMEs.» Este comentário do «Anti-comuna» revela de facto o que é o Marxismo-Yeltsinismo: O Estado Central favorece os grupos económicos de Lisboa à custa do resto de Portugal.

·         Ricardo Arroja no Portugal Contemporâneo, sobre o estado do Porto: «A ideologia hoje em voga aponta para o modelo das cidades Estado gregas. Há uns meses atrás tive a oportunidade de assistir a uma palestra do Ruiz Gallardon em Madrid na qual foi defendida um eixo ibérico: Lisboa, Madrid, Valência. Do lado de cá, tudo está a ser feito nesse sentido». Rui Rio, em entrevista ao Expresso de hoje confessa:«Não me queixo de Sócrates». Palavras para quê ?

20080118

e não podemos votar no Touriño?


ver edição Grande Porto

Voos rasantes....estupidez a grande altitude

Já todos nós vimos noticias sobre os voos rasantes em Penamacor, no entanto hoje no global noticias alguém escreve um artigo com este "se os coelhos stressados vivessem em Lisboa...".
Neste artigo, Gonçalo Pereira, ironiza todo o "dramatismo e stress" protagonizado pelas populações de Penamacor, dizendo mesmo que a revolta chegou aos coelhos que também se queixaram ao ministério da defesa. O artigo acaba, fazendo referencia ao facto de em Lisboa todos os dias se ouvirem aviões, buzinas de automóveis e todo o barulho inerente a uma grande cidade e ninguém diz nada.

Pois eu lembro a este senhor que:

- Nenhum avião comercial ou buzinas tem rachado paredes de casas e partido vidros, tal como aconteceu em Penamacor.

- Lá por Lisboa não ter um pingo de silencio, não significa que as outras povoações não possam reclamar o silencio absoluto.

- Voos rasantes de aviões da força aérea não fazem o mesmo barulho que uma buzina ou mesmo de um avião comercial à altitude em que passam em Lisboa.

- Eu tenho 23 anos e se um avião desses passasse por cima da minha casa a baixissima altitude eu ficaria cheio de medo, agora imagine-se pessoas idosas (pessoas essas que até não se importariam de ter umas buzinas na sua terra e em contrapartida ter uma urgência a meia hora de casa)

O Pedro Morgado fala em provincianismo em Lisboa e tem toda a razão...

«Máfias» do Centralismo começam a actuar no BCP

«Nova Administração no BCP! Eu diria, eleita a Comissão Liquidatária do BCP!!! Quanto a mim, o destino do BCP está traçado: vai ser desmembrado e partilhado pelos abutres que lá estão! Aliás, já se falou nesta "vontade" da CGD e BES aquando da proposta do BPI. Vejamos:

- Santander fica com alguns balcões e respectivo negócio;

- Sabadel (saiu a tempo) vai abrir balcões em Portugal... ou vai comprar alguns dos bons do BCP;

- BES olha para a Europa (Polónia?);

- CGD apreciaria a carteira do credito à habitação e, porque não, Angola;

- Eureko, toma conta do que resta dos seguros;

- T.Duarte resolve a questão da Cimpor;

- EDP negoceia com Espanha para o Sabadel abrir em Porugal, e lá vai entrando no mercado iberico;

- Sonangol ganha credibilidade e investe cada vez mais e aumenta o BAI;

- BPI cresce em Angola (com Sonangol) e pode sempre escolher alguns bocados (talvez Romenia?);

- Berardo vai "levar no pelo" para não se meter na alta roda dos cambalachos (duvido que deixem subir as acções para os valores que ele gostaria);

- Etc, etc,...;

- Cereja em cima do bolo: Sócrates abocanha o Fundo de Pensões e cumpre com os números do defice.

Ora digam lá que não é um cenario bem plausível? Que falta ? Muito simples:

- Primeiro ha que combinar tudo entre eles e impedir que o Banco de Portugal e a CMVM tornem "as coisas" públicas;

- Se "eles" se entenderem, o BdP põe tudo cá fora e em nome do "bom nome" recomenda o fecho;

- Se não se entenderem, arquiva-se até melhor maré...

Quem vai levar por tabela? Os trabalhadores, claro!!!  Mas isso não interessa: são recursos humanos! Os recursos financeiros, esses sim interessam!!! Ah! Portugal, Portugal... ainda terás algum sítio para fugir? (eu tenho um barquito....)»

 

Pelo comentador Marinheiro do Blasfemias aqui.

 

Entretanto:

 

20080117

O nível da coisa

Todos sabemos que há em Portugal dois pesos e duas medidas. Ainda assim, há coisas que ultrapassam o explicável. Parece-me que a ponte de Chelas p'ró Barreiro virá a ser outra delas.

Aqui fica, de memória, um breve historial dos seus antecedentes.

A páginas tantas da nossa história, nesse momento épico de reabilitação nacional que foi o cavaquismo (num tempo em que o Homem era PM, que é quando se fazem as asneiras, ou se deixam fazer, porque mais tarde, mais acima, já os homens ganham outra dignidade), havia um ministro das obras públicas. Manobras terá havido, certamente, que levaram o inspirado líder a substituir o então ministro por um membro da família Ferreira do Amaral. Uma nota para os incautos; essa família vive na linha entre o Terreiro do Paço e o Estoril há séculos; e há outros tantos anos, com alguns períodos de descanso pelo meio, vai fazendo o favor de ocupar cargos nos diversos governos que os diferentes regimes foram empossando.

Chega então ao cargo esperado o dito membro e, de rompante e com pompa e circunstância decide suspender, salvo erro, o concurso em curso para o alargamento da ponte 25 de Abril - creio que já então se previa também a introdução do comboio na dita ponte. Decide o nóvel ministro que é necessário estudar melhor a situação. E assim se fez. Para compensar, isto é para nos compensar a nós pobres incautos que não compreendíamos porque se punha em causa um concurso que certamente merecera a devida atenção de quem o prepara e decidira, o nóvel ministro oferece-nos a "noiva". Para quem não se recorda, era uma linda faixa de rodagem toda de branco pintada, que, situada no meio das outras quatro, permitia aos utentes circularem para cá, à hora da ponta da manhã, e para lá, à da tardinha.

Vários estudos depois, presumo, e muitos milhões a seguir, seguramente, o já não tão nóvel ministro decide, superiormente apoiado nesse trabalho hérculeo de tantos outros estudantes, lançar um concurso para o alargamento da dita ponte. Salvo erro, para as seis faixas que antes se previa, três p'ra cá, três p'ra lá, mais o dito comboio que tanta falta fazia. Não se lembrou, o então já experiente ministro - pois se tinha tomado tamanha decisão (!!!) -, que brevemente o país iria precisar de velocidades elevadas ou altas, conforme as precisões, que isso era assunto que ainda se não podia estudar; a experiência de Espanha, por ocasião da expo de 1992, ainda não estaria suficientemente amadurecida para se poder pensar em conclusões, quanto mais em estudos.

Por conseguinte, o experiente ministro decidiu muito bem, tal como tinha antes decidido suspender. E por aí não se ficou. De seguida entendeu que o País necessitava de outra ponte para atravessar o rio. O mesmo, para quem não saiba. É que os tais estudantes tinham informado o ministro que uma só ponte poderia substituir pelo menos outras duas que já então se antecipavam. Não havia mesmo nenhum número do Expresso que falasse de obras públicas que não as referisse. Uma delas seria a de Chelas p'ró Barreiro. A outra, mais a norte, permitiria aliviar a sobrecarregada infra-estrutura viária da capital de todo esse imenso tráfego que se dirige do Centro e Norte do País ao Sul.

Fiel à sua já instalada tradição, o novo ministro da família Ferreira do Amaral, optou por uma solução equidistante, do tipo noiva, situada no meio dos outros dois projectos. Foi a ponte Vasco da Gama. Por acaso muito bonita. Por acaso quase correndo o risco de ser declarada ilegal por esse maná que já então se começava a esgotar, a Europa. A grande vantagem da segunda noiva do ministro, dizia ele, é que permitiria não ter de construir as outras duas.

Entretanto, visto que as coisas haviam sido muito bem estudadas, o dito ministro viu-se na obrigação de oferecer à Lusoponte condições leoninas que lhe permitiram aceitar o encargo da exploração da ponte, mediante a promessa da exclusividade sobre todas e quaisquer novas travessias do rio em causa. Eventuais buzinões à parte, a Lusoponte lá aceitou. Para o maior bem do todo nacional e em nome da coesão do país.

Imaginem agora a tristeza do, agora ex, ministro, quando anos mais tarde constata que não só se fez a tal ponte mais a norte, lá para os lados do Carregado, como ainda foram fazer mais uma perto de Santarém, e agora o vêm ameaçar, nas suas novas funções de gestor da amiga Lusoponte, com a construção da malfadada Chelas p'ró Barreiro... Tanto esforço para nada! Que desconsolo.

PS. A título de curiosidade, o dito ex-ministro ocupou entretanto, enquanto descansava para se preparar para este novo embate, diversas funções menores, como por exemplo na Galp a quem pretendia retirar do negócio da exploração de petróleo e gás, que tão maus resultados tem dado à companhia desde que o ex-ministro dela se aposentou e a empresa foi finalmente privatizada.

Certamente as reformas que o ex-ministro hoje auferirá, para além das parcas recompensas que a Lusoponte seguramente lhe disponibiliza para o compensar do esforço de defender o que lhe ofereceu, não serão suficientes para o ressarcir devidamente dos enormes sacrifícios, pessoais e profissionais, que terá feito para o maior bem do País.

Disclaimer: a história é puramente ficcional. As famílias não tem culpa da qualidade dos seus rebentos, nem para bem nem para mal. Em todas haverá grandes rebentos e outros mais pequenos. Os homens não se medem aos palmos. As obras também não.
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