Números da economia da região de Lisboa e Vale do Tejo (INE, 2005):
- PIB regional: 38% do Pib Portugês (pag. 130)
- Importações: 20.941M€ (pag. 161)
- Exportações: 6.499M€ (pag. 161)
- Taxa de cobertura da Balança Comercial (BC): 31% (défice de 69%) (pag. 160)
- Saldo da BC Lisboa sobre o PIB regional: -29% do PIB regional (PIB - pag. 132)
- Saldo da BC Lisboa sobre o PIB nacional: -11,1% do PIB nacional (PIB - pag. 132)
- Saldo da BC portuguesa: -13,8% do PIB (saldo - pag. 163; PIB - pág. 132)
- Peso da região de Lisboa no défice comercial português: 81% do total do défice
- Saldo da BC portuguesa, exceptuando Lisboa: -2,7% do PIB nacional.
Em resumo, a região de Lisboa representa sozinha a 4/5 do défice comercial externo (sem Lisboa, Portugal era excedentário). Cerca de 29% do PIB de Lisboa sai todos os anos do país. Se fosse independente, Lisboa seria o país com o maior défice externo do mundo (aliás, Portugal tem o 3º maior défice externo do mundo)...
Refira-se ainda que as exportações da região de Lisboa são maioritariamente explicadas pela Galp e à Autoeuropa. Uma é protegida pelo Estado, a outra subsidiada...
Como sobrevive esta região? Se fosse um país, teria de desvalorizar a moeda (equivalente a reduzir os salários) em 20%-25%. Mas existe uma alternativa: Lisboa paga o seu défice externo com os impostos cobrados às outras regiões...
Nota: As regiões do Norte e Centro são as únicas com balança comercial equilibrada.
Adenda: O link inicial não funcionava, mas já foi substituído. Optei também por utilizar valores exactos, o que levou a algumas correcções (umas abonatórias para Lisboa, outras nem tanto). Para facilitar a consulta, as páginas referem-se à numeração do PDF, e não do documento.
16 comentários:
Excelente Pedro!
Indique as fontes para o artigo ter mais força.
Mande para o "Público", JN e DN como artigo de opinião de leitor.
Bem, a verdadeira bomba.
E quando alguém com tempo e informações validas puder fazer a relação entre investimento estatl+Fundos europeus por regioes nos ultimos 20 anos.......
Antes desse, gostava de fazer a distribuição regional de funcionários públicos + sector empresarial do estado... mas para é mais dificil encontrar os dados todos, e eu gostava de fazer esse trabalho com rigor.
Pedro,
Faltam dados sobre a balança de serviços e capital. Provavelmente nestas Lisboa tem superavit.
O ideal seria conseguir dados sobre a balança de transacções correntes.
De qualquer modo a tese mantem-se: LX é responsável pelo deficit nacional, o que é siginificativo.
Este estudo prova também que a ideia de localizar lá plataformas logísticas para tornar competitiva as exportações para a Europa é idiota. Quando muito torna competitiva as importações.
Caro Pedro
sobre o funcionalismo público procure a publicação "Caracterização dos Recursos Humanos
da Administração Pública" de setembro de 2006, publicada pelo ministério das finanças.
Nunca cheguei a encontrar dados regionais sobre serviços ou capital...já estes foi difícil...
Segundo creio, o objectivo deverão ser as reexportações, e não as exportações. E nesse posicionamento Lisboa (tal como todo Portugal) sempre teve uma posição geográfica privilegiada. Está na periferia europeia, mas está na rota entre:
- Norte Europeu e o Mediterrâneo / Africa / ásia / Brail.
- Mediterrâneo e África / Brasil / EUA.
Bem vistas as coisas, Portugal tem uma posição ímpar em termos logísticos: somos o país que está simultaneamente mais próximo (por mar) da europa, américa e áfrica, e estamos no caminho da europa para a ásia... é saber aproveitar.
Não sou especialista, mas reconheço que o vale do Tejo tem condições especiais como porto. Aliás, não é à toa que Lisboa significa em fenício "Porto Seguro" (foram os fenícios a fundar Lisboa - Allis Ubba)
Também não especialista, mas acho que é par; As mecadorias transportadas por mar são mais baratas do que por ferrovia. O porta-contentores que vem da China, é preferível descarregar em Barcelona ou França ou Roterdão do que em Sines, Lisboa e depois desatar a percorrer os caminhos de Santiago ao contrário. A ideia da «porta de entrada para a Europa» não passa de um clichet lisboeta.
Sim, mas também existe necessidade de redistribuição de mercadorias. Os barcos trazem contentores com multiplos destinos, sendo necessário dividir por barcos mais pequenos / concentrar mercadorias que vão para o mesmo país.
Digo isto porque recentemente duas das maiores transportadoras mundiais optaram por Sines como plataforma logística, precisamente para entrada da europa.
António Alves, muito obrigado. O documento é muito esclarecedor, chegando mesmo a ser escandaloso.
E é apenas uma parte da história. Falta todo o sector empresarial do Estado.
na realidade a porta, pelo menos de portugal, continua a ser leixões. é o porto que mais carga movimenta. sines sobrevive com o carvão e o petróleo. é também o que está mais perto de todo o norte industrial espanhol (astúrias, país basco, navarra) e europa. mais ainda: tem duas ligações naturais ao hinterland espanhol: a linha do douro e o próprio rio douro que é navegável até barca d'alva. os barcos podem entrar directamente pelo rio acima, vaegar até foz côa, aí transbordarem a mercadoria para os comboios e esta seguir para para salamanca/valladolid. falta é discernimento aos nossos agentes políticos. a aposta logística devia ser nesta região que está muito mais bem posicionada. mas não, continua-se a insistir no elefante branco de sines há décadas.
quanto ao sector empresarial do estado: basta procurar os balanços sociais das várias empresas.
Continuo a achar que os nossos portos são quando muito porta de entrada para o oesta da península ibérica. Para a Europa, não precisam de descarregar cá para depois circular por rodovia ou ferrovia para lá.
Sim, António, o Douro ferroviário ou fluvial poderia ser usado como canal para o interior da península se houvessa estatégia suficiente. O porto de Leixões movimenta mais carga do que o de Vigo. Mas como nós dormimos e eles não, daqui por uns anos será ao conrário. Basta eles apresentarem melhor preço e serviço que compense o transporte por ferrovia para o Norte de Portugal.
A VRI ou lá como se chama, via que liga o porto de Leixões à auto-estrada, está por enaugurar há vários anos. Mercadorias no ramal de Leixões, nem vê-las. Mas não faltam faustas discussões da CCDRN/CCIP/UP sobre a Economia do Mar: http://portocidaderegiao.up.pt/apresentacao.htm
Enfim, Norte de Portugal.
Caro José Silva
Não entendo como ainda é que Leixões não foi ultrapassado por Vigo.
Pelo menos a nível de acessibilidades, num contexto peninsular, eles estão bem melhores.
Leixões não tem uma via ferroviária em termos para o interior da pensinsula, quando muito tem para o sul do país. Vigo tem..
Leixões tem, só agora, vias rodoviárias para o interior da peninsula: via chaves (A3,A7,A24) e via Aveiro - Vilar Formoso. Vigo tem (e gratuita)
Leixões ainda tem a plataforma logistica no papel, em Vigo já estão a construi-la..
Há que ter também em atenção que em Vigo "não cabe nem mais um contentor", levando a que muitas mercadorias passem para outros portos.
Esta imagem esclarece tudo. O Porto de Sines sozinho transporta o dobro do Porto de Leixões.
http://www.portodesines.pt/edoc/publishing/img/home_233/fotos/13000798002958400232.jpg
pois, pois...
escolheu mal a imagem. leixões movimenta o triplo de carga contentorizada em relação a sines. devia ter posto um petroleiro a descarregar directamente para a refinaria.
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