20080104

A gestão do aeroporto do Porto, o Norte e o País

De todas as notícias deste início de 2008, a que me deixa mais optimista é, sem qualquer margem para dúvidas, a do interesse da Sonae em gerir o aeroporto de Sá Carneiro. Não especialmente por ser a Sonae, embora me agrade que seja uma empresa sedeada no Norte e tradicionalmente com uma postura de independência em relação aos poderes centralistas, mas sobretudo porque apresenta uma solução que pode permitir o desmembramento da ANA e a introdução de concorrência no sector aeroportuário nacional.

Não é preciso discorrer muito para sublinhar as evidentes vantagens que a concorrência poderá trazer ao sector. Basta pensar que, segundo consta, a gestão do Sá Carneiro continuará deficitária, pelas contas da Ana, pelo que qualquer gestão privada se verá forçada a racionalizar os seus custos e a optimizar as suas receitas. Seguramente que isso trará maior eficácia económica ao aeroporto do Norte.

A introdução de concorrência no sector deverá também permitir uma melhor utilização dos recursos existentes, o que em princípio potenciará a libertação do discurso sobre os aeroportos de interesses políticos secundários ou menos transparentes. Deverá ainda permitir que a TAP assuma os seus interesses de empresa, como autónomos dos interesses do Estado. Seguramente assegurará uma estratégia aeroportuária para o Norte, autónoma dos ditames do poder central. Esse poderá ser mais um pilar da construção de um Portugal diferente, mais descentralizado, mais humano porque mais próximo dos cidadãos.

Por tudo isto é decisivo que o Norte se una em torno do apoio a esta declaração de disponibilidade da Sonae. É fundamental que os poderes instituídos no Norte assegurem que uma eventual negociação entre a Sonae, a Ana e o Estado não será poluída por interesses encapotados que façam soçobrar o negócio por razões que não as económicas.

O que está em jogo é demasiado para que o Norte fique calado. Não se trata de finaciar a Sonae, trata-se de acarinhar a possibilidade do País se descentralizar e racionalizar, num sector económico decisivo para a modernidade.

Nortenhos, portugueses anti-centralismo do centrão, "às armas"!!!

É possível um Portugal melhor. Basta querer!

E neste caso, querer concorrência na gestão dos aeroportos nacionais.

1 comentário:

António Alves disse...

É isso mesmo. E se a SONAE ou outra precisarem de financiamento que constituam a empresa gestora do aeroporto, a cotem em bolsa e eu cá estarei para contribuir com algum do meu pouco dinheiro. No futuro, se as cousas correrem bem, levantarei os lucros ou assumirei os prejuízos se correrem mal. É assim que deve ser.

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