A ideia de trabalhar no exterior sempre foi (desde que entrei para a faculdade) um desafio que gostava de enfrentar. Simplesmente assim, sem grandes explicações. Muitas das vezes encarado como disparatado por amigos e familiares, "mas porquê?"... porque sim!
Quando terminei os estudos, Fevereiro de 2005, a ideia de tentar o exterior voltou a assaltar-me, sem qualquer preferência por algum destino em particular. A primeira hipótese foi tentar abordar uma amiga dos meus pais que está na Austrália a trabalhar na Embaixada Americana há largos anos, que logo disse que para trabalhar por aquelas bandas não era fácil. E na realidade, numa das minhas infindáveis pesquisas na Internet, dei comigo no site do suposto "Departamento de Emigração" local, ou coisa do género, a fazer uma simulação para obtenção de um visto de trabalho e a ideia de tentar a Austrália... simplesmente evaporou-se.
O segundo passo seria o de encontrar trabalho no meu habitat natural! Como sou de Guimarães, esse espaço dá pelo nome de Vale do Ave! E lá perdi uns meses a tentar encontrar alguma coisa sem qualquer sucesso, vá-se lá saber porquê!. Enquanto isso, e uma vez que os meus pais e irmão são comerciantes, lá ia ajudando no negócio familiar, até que depois da enésima tentativa do meu pai me motivar para trabalhar em família (coisa que sempre rejeitei), me dispus a procurar trabalho em Lisboa.
Decorria o mês de Setembro de 2005 (7 meses passaram desde que tinha terminado os estudos, e depois de ter frequentado 1 formação em Gestão e Planeamento de Produção em Felgueiras - promovida pelos IEFP's de Guimarães e Felgueiras em conjunto com o Dep. de Produção e Sistemas da Univ. do Minho. Gente estranha aquela, nem se ajuda, nem se deixa ajudar. Das 15 pessoas que frequentaram a dita formação, nem uma encontrou colocação em qualquer empresa de calçado na cidade dos Ferraris, quando nos foi dito que o objectivo da formação era, no mínimo colocar alguém, pois o sector do calçado passava por grandes problemas!) quando comecei a enviar CV's para Lisboa e após algumas entrevistas lá saiu fumo branco. Resultado? 10 meses pela capital a trabalhar em Consultoria.
Em finais de Outubro de 2005 comecei a trabalhar como "consultor"... chame-se-lhe o quiser, o que fazíamos, era preparar candidaturas de formação profissional e de investimento aos fundos comunitários!
O que é certo é que passados 8 meses de trabalho em Lisboa, começava a custar levantar de manhã para trabalhar, dada a rotina quotidiana. Tudo o que caía de novo... era mais, do mesmo, com um salário que para viver em Lisboa era manifestamente curto. Sempre que me descuidava um pouco nos gastos, por volta do dia 20-25 lá tinha que telefonar ao pai a pedir um pouco de oxigénio. Ora esta foi a minha deixa para falar com a minha chefe e dizer-lhe que aquele ciclo se tinha esgotado. Acabei o que pude acabar e o que não consegui, deixei tudo preparado para os colegas que iam "pegar" nos projectos.
De repente, em inícios de Setembro de 2006, estou inactivo! Mais uns CV's, desta vez um pouco mais selectivo nos anúncios a responder. Mais umas entrevistas, mas nada no horizonte.
Felizmente, uns meses antes, em Junho, tinham-me falado de um programa de estágios internacionais... Contacto @ ICEP! Na altura, por descaro de consciência lá preenchi o formulário sem qualquer esperança (são sempre uns 3 ou 4 milhares a candidatarem-se para um número de vagas que rondam as 200) e em finais de Setembro lá se lembraram de mim e telefonaram a perguntar se ainda estava interessado em participar no processo de selecção e recrutamento? A resposta é óbvia: sim, claro que sim! Afinal de contas era uma oportunidade de concretizar um velho sonho... partir de Portugal!
Depois de passadas todas as etapas do dito processo, recebi um e-mail no qual constava que tinha sido um dos 191 seleccionados para integrar a 10ª Edição do Programa InovContacto promovido pelo, na altura, ICEP (agora AICEP).
Dias de encantamento vividos a preparar tudo o que era necessário para enviar para Lisboa, certificado de habilitações, passaporte, fotos, CV...
Em Novembro, reuniram 191 pessoas num hotel em Lisboa para formação. O curso dava pelo nome de CGI (Curso de Gestão Internacional). Coisa pomposa!!! O que é certo é que não gostei de um só dia que lá passei (já o mesmo não posso dizer das noites). Não imaginam o que é estar 10 dias enclausurado num hotel, com mais 190 pessoas a ter formação (toda a gente numa mega sala) com discursos e palestras aos almoços e jantares. Mas lá se passou, e no último jantar do CGI a ansiedade era o sentimento geral entre os 191 para saberem os destinos onde iriam passar os próximos 9 meses (ora bem, para quase todos eles, porque alguns ja deveriam saber os destinos! provas não há, mas...). A minha cara, quando vi a minha cara lado a lado com a bandeira romena e com estágio na delegação do ICEP em Bucareste, parece que não foi de grande entusiasmo! De repente assaltou-me aquele pensamento que grande parte dos portugueses têm sobre a Roménia: país de ciganos de 3º mundo, associado à ideia de que os estágios nas delegações do ICEP eram as favas no grande Bolo Rei que é o Programa Contacto.
Andei uns dias por baixo. Mas depois com o correr do tempo lá me mentalizei de que afinal poderia não ser tão mau assim!
Mais 3 ou 4 semanas de formação na 5 de Outubro em Lisboa na sede do ICEP antes de rumar a Bucareste, RO!
A chegada foi a 18 de Janeiro de 2007 e as primeiras impressões foram extremamente negativas e as primeiras semanas difíceis de passar! Afinal a Roménia (pela impressão de Bucareste) era um país (certo que tinham acabado de entrar na União Europeia a 1 de Janeiro) de 3º mundo. A cidade cinzenta repleta de prédios em quase estado de ruína, desorganizada, suja, com um trânsito caótico (para ser simpático), cheio de pessoas antipáticas!
Como disse foram tempos difíceis, tudo aquilo que tínhamos ouvido na formação de gestão intercultural eu não estava a conseguir aplicar no terreno!
Um dia acordei, a custo levantei-me e tomei um duche, e enquanto isso pensei: "ou te começas a rir de tudo isto (não numa perspectiva de troçar, mas de autodefesa, ou desistes do programa e apanhas o primeiro vôo disponível para Portugal. Felizmente, optei pela primeira e num esfregar de olhos já passaram mais de 7 meses desde que cheguei a este país! com esta experiência a acabar, penso em continuar a carreira por estas bandas da Europa.
Hoje, quando penso nos meus primeiros tempos de Roménia, ou em conversa com amigos, rio-me das preocupações que me perseguiam nas tais primeiras semanas em Bucareste. E dá um gozo tremendo, olhar para trás e ver que consegui ultrapassar todas as dificuldades! Durante a minha estadia pela Roménia, visitei a Hungria, Turquia, Rep. Moldova, Bulgária, Áustria, Croácia e Bósnia, além de viagens no interior da Roménia e o bichinho de permanecer no exterior é maior que nunca!
Após uma viajem de 1 mês que farei pela América do Sul entre os meses de Novembro e Dezembro, espero voltar ao Leste em Janeiro do próximo ano.
Fui abordado 3 vezes (uma, a 1ª foi um nado morto, mas quanto às outras duas ainda há esperança, ainda que tenham sido abordagens iniciais e muito superficiais).
Viver e trabalhar no estrangeiro custa, sem dúvida, não só a nós mas também aos nossos amigos e familiares, mas a vivência justifica tudo, mesmo nos momentos tão difíceis por que passamos.... do género do meu Janeiro e Fevereiro de 2007!
Quando terminei os estudos, Fevereiro de 2005, a ideia de tentar o exterior voltou a assaltar-me, sem qualquer preferência por algum destino em particular. A primeira hipótese foi tentar abordar uma amiga dos meus pais que está na Austrália a trabalhar na Embaixada Americana há largos anos, que logo disse que para trabalhar por aquelas bandas não era fácil. E na realidade, numa das minhas infindáveis pesquisas na Internet, dei comigo no site do suposto "Departamento de Emigração" local, ou coisa do género, a fazer uma simulação para obtenção de um visto de trabalho e a ideia de tentar a Austrália... simplesmente evaporou-se.
O segundo passo seria o de encontrar trabalho no meu habitat natural! Como sou de Guimarães, esse espaço dá pelo nome de Vale do Ave! E lá perdi uns meses a tentar encontrar alguma coisa sem qualquer sucesso, vá-se lá saber porquê!. Enquanto isso, e uma vez que os meus pais e irmão são comerciantes, lá ia ajudando no negócio familiar, até que depois da enésima tentativa do meu pai me motivar para trabalhar em família (coisa que sempre rejeitei), me dispus a procurar trabalho em Lisboa.
Decorria o mês de Setembro de 2005 (7 meses passaram desde que tinha terminado os estudos, e depois de ter frequentado 1 formação em Gestão e Planeamento de Produção em Felgueiras - promovida pelos IEFP's de Guimarães e Felgueiras em conjunto com o Dep. de Produção e Sistemas da Univ. do Minho. Gente estranha aquela, nem se ajuda, nem se deixa ajudar. Das 15 pessoas que frequentaram a dita formação, nem uma encontrou colocação em qualquer empresa de calçado na cidade dos Ferraris, quando nos foi dito que o objectivo da formação era, no mínimo colocar alguém, pois o sector do calçado passava por grandes problemas!) quando comecei a enviar CV's para Lisboa e após algumas entrevistas lá saiu fumo branco. Resultado? 10 meses pela capital a trabalhar em Consultoria.
Em finais de Outubro de 2005 comecei a trabalhar como "consultor"... chame-se-lhe o quiser, o que fazíamos, era preparar candidaturas de formação profissional e de investimento aos fundos comunitários!
O que é certo é que passados 8 meses de trabalho em Lisboa, começava a custar levantar de manhã para trabalhar, dada a rotina quotidiana. Tudo o que caía de novo... era mais, do mesmo, com um salário que para viver em Lisboa era manifestamente curto. Sempre que me descuidava um pouco nos gastos, por volta do dia 20-25 lá tinha que telefonar ao pai a pedir um pouco de oxigénio. Ora esta foi a minha deixa para falar com a minha chefe e dizer-lhe que aquele ciclo se tinha esgotado. Acabei o que pude acabar e o que não consegui, deixei tudo preparado para os colegas que iam "pegar" nos projectos.
De repente, em inícios de Setembro de 2006, estou inactivo! Mais uns CV's, desta vez um pouco mais selectivo nos anúncios a responder. Mais umas entrevistas, mas nada no horizonte.
Felizmente, uns meses antes, em Junho, tinham-me falado de um programa de estágios internacionais... Contacto @ ICEP! Na altura, por descaro de consciência lá preenchi o formulário sem qualquer esperança (são sempre uns 3 ou 4 milhares a candidatarem-se para um número de vagas que rondam as 200) e em finais de Setembro lá se lembraram de mim e telefonaram a perguntar se ainda estava interessado em participar no processo de selecção e recrutamento? A resposta é óbvia: sim, claro que sim! Afinal de contas era uma oportunidade de concretizar um velho sonho... partir de Portugal!
Depois de passadas todas as etapas do dito processo, recebi um e-mail no qual constava que tinha sido um dos 191 seleccionados para integrar a 10ª Edição do Programa InovContacto promovido pelo, na altura, ICEP (agora AICEP).
Dias de encantamento vividos a preparar tudo o que era necessário para enviar para Lisboa, certificado de habilitações, passaporte, fotos, CV...
Em Novembro, reuniram 191 pessoas num hotel em Lisboa para formação. O curso dava pelo nome de CGI (Curso de Gestão Internacional). Coisa pomposa!!! O que é certo é que não gostei de um só dia que lá passei (já o mesmo não posso dizer das noites). Não imaginam o que é estar 10 dias enclausurado num hotel, com mais 190 pessoas a ter formação (toda a gente numa mega sala) com discursos e palestras aos almoços e jantares. Mas lá se passou, e no último jantar do CGI a ansiedade era o sentimento geral entre os 191 para saberem os destinos onde iriam passar os próximos 9 meses (ora bem, para quase todos eles, porque alguns ja deveriam saber os destinos! provas não há, mas...). A minha cara, quando vi a minha cara lado a lado com a bandeira romena e com estágio na delegação do ICEP em Bucareste, parece que não foi de grande entusiasmo! De repente assaltou-me aquele pensamento que grande parte dos portugueses têm sobre a Roménia: país de ciganos de 3º mundo, associado à ideia de que os estágios nas delegações do ICEP eram as favas no grande Bolo Rei que é o Programa Contacto.
Andei uns dias por baixo. Mas depois com o correr do tempo lá me mentalizei de que afinal poderia não ser tão mau assim!
Mais 3 ou 4 semanas de formação na 5 de Outubro em Lisboa na sede do ICEP antes de rumar a Bucareste, RO!
A chegada foi a 18 de Janeiro de 2007 e as primeiras impressões foram extremamente negativas e as primeiras semanas difíceis de passar! Afinal a Roménia (pela impressão de Bucareste) era um país (certo que tinham acabado de entrar na União Europeia a 1 de Janeiro) de 3º mundo. A cidade cinzenta repleta de prédios em quase estado de ruína, desorganizada, suja, com um trânsito caótico (para ser simpático), cheio de pessoas antipáticas!
Como disse foram tempos difíceis, tudo aquilo que tínhamos ouvido na formação de gestão intercultural eu não estava a conseguir aplicar no terreno!
Um dia acordei, a custo levantei-me e tomei um duche, e enquanto isso pensei: "ou te começas a rir de tudo isto (não numa perspectiva de troçar, mas de autodefesa, ou desistes do programa e apanhas o primeiro vôo disponível para Portugal. Felizmente, optei pela primeira e num esfregar de olhos já passaram mais de 7 meses desde que cheguei a este país! com esta experiência a acabar, penso em continuar a carreira por estas bandas da Europa.
Hoje, quando penso nos meus primeiros tempos de Roménia, ou em conversa com amigos, rio-me das preocupações que me perseguiam nas tais primeiras semanas em Bucareste. E dá um gozo tremendo, olhar para trás e ver que consegui ultrapassar todas as dificuldades! Durante a minha estadia pela Roménia, visitei a Hungria, Turquia, Rep. Moldova, Bulgária, Áustria, Croácia e Bósnia, além de viagens no interior da Roménia e o bichinho de permanecer no exterior é maior que nunca!
Após uma viajem de 1 mês que farei pela América do Sul entre os meses de Novembro e Dezembro, espero voltar ao Leste em Janeiro do próximo ano.
Fui abordado 3 vezes (uma, a 1ª foi um nado morto, mas quanto às outras duas ainda há esperança, ainda que tenham sido abordagens iniciais e muito superficiais).
Viver e trabalhar no estrangeiro custa, sem dúvida, não só a nós mas também aos nossos amigos e familiares, mas a vivência justifica tudo, mesmo nos momentos tão difíceis por que passamos.... do género do meu Janeiro e Fevereiro de 2007!
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