Mostrar mensagens com a etiqueta Emigração. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Emigração. Mostrar todas as mensagens

20090220

Os marxistas «say it better»: A consequência para os emigrantes do Norte

Rumores da Crise: O Protecionismo e seus conteúdos
«Os primeiros gritos em defesa do emprego e da produção nacional começam ecoar nos países europeus e nos EUA. É um indicador importante da incapacidade dos políticos e das camadas dirigentes reverterem a crise sistêmica com os mecanismos monetários ou keynesianos conhecidos. (...)
Nas crises do capitalismo, em particular essa pela sua dimensão global e pela dificuldade de se enxergar no horizonte saídas, onde se destrói sem piedade capitais e milhões de empregos, pondo em risco a sobrevivência de parte da população do planeta, traz à tona não só o medo, mas o que há de pior gerado no cotidiano barbarizado e recalcado em tempos “normais”. Os acenos dos governos ao protecionismo refletem a incapacidade de gerenciarem a crise, mas também as pressões daqueles que ao verem seus empregos ameaçados, buscam no outro o motivo de sua miséria. O conflito se estabelece não só com o outro que está fora do país, mas também com o outro de dentro, o imigrante. E o outro de dentro já não é só mais o imigrante dos continentes distantes: África, Ásia, América Latina, esses há muito saco de pancada dos partidos de direita de conotação racista e fascista. O outro de dentro é o próprio europeu do leste, mesmo aqueles dos países que fazem parte da União Européia.»

A Norte, nas crises, a solução passava pela Emigração. Penso que a tradição vai deixar de ser o que era. De certa forma, é positivo. A pressão social gerada pelo desemprego e subdesenvolvimento relativo (face a Lisboa) vai mais facilmente desaguar no campo de acção político. Ainda bem.


20081227

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 8

Hugo, Licenciado em Sistemas de Informação para a Gestão. Toronto, Canada
O meu nome e' Hugo, sou natural de Barcelos e formei-me no Instituto Politécnico do Cavado e do Ave em Sistemas de Informação para a Gestão. Actualmente moro em Toronto, Ontário, Canada e há um ano que faço Quality Assurance (para facilitar um bocado as coisas, digamos que testo software, apesar de que ser QA envolve muito mais do que isso) num dos maiores bancos do Canada.
Mudei-me para aqui, como podia ter-me mudado para outro lado qualquer. Casei-me com uma canadiana e meti os pés ao caminho. Mas a minha ideia passava sempre por sair de Portugal.
A ideia que tenho do nosso pais e' que há muita gente que se queixa de muita coisa, mas não sabem realmente o que fazer para mudar isso. Entretanto, formamos jovens as carradas para os inserir num mercado de trabalho que não existe nacionalmente. Acabamos por fim a ver licenciados em, por exemplo, engenharia química a trabalhar em balcões dos bancos. Não e' que haja nada de errado nisso, mas será que quando um jovem escolhe um determinado curso de química, esta a pensar em ir trabalhar para um banco? Quanto muito escolhia um de economia ou de gestão e depois tentava subir nos quadros. Mas adiante...
Estava a ler o blog Norteamos e dei de caras com mais uma estoria de alguém que teve de sair de Portugal para poder ser alguém. E lembrei-me imediatamente do tal artigo que deu inicio a este blog. O link? Guardo-o religiosamente: http://dn.sapo.pt/2005/10/28/tema/20_licenciados_fogem_portugal.html
E' uma reportagem que não me sai da cabeça nunca, especialmente porque decidi sair do meu pais temendo já aquilo que me iria acontecer, como acontecem aos muitos dos meus colegas licenciados.
Digo já que não guardo amores nenhuns ao meu "querido" pais natal, que sempre me tratou de uma forma medíocre. Aqui tenho toda a liberdade para fazer o que quero e o meu trabalho e' muito apreciado e muito bem visto. E confesso desde já que havia uma desconfiança inicial em relação a mim devido 'a minha nacionalidade. Gostei imenso de provar que nos os portugueses somos capazes de fazer coisas muito boas, mas colocam-nos entraves no nosso próprio pais. Desde medicina 'a informática, os recém-licenciados não tem hipótese nenhuma de se impor e fazer um real uso do seu valor.
Para terminar e demonstrar como Portugal só tem a perder com este 'êxodo de cabecinhas pensadoras', fui distinguido recentemente com o prémio de excelência para 2008 (2008 (nome do banco) Award of Excellence) e conseguir isto, no primeiro ano que estou a trabalhar no banco e sendo eu ainda considerado júnior, e' um feito de um tamanho que nem eu consegui perceber ainda... Não duvido nadinha, que tal como eu, existem muitos outros a quem o trabalho e' devidamente reconhecido e recompensado.
De Portugal... tenho saudades dos meus pais e dos meus amigos. A vida aqui seria um paraiso se os tivesse ca', mas a vida nao pode ser como a gente quer.

20081123

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 7

Pedro, Engenheiro Informático. Haia, Holanda
Que bela surpresa tive hoje em ter encontrado este blog. E' sempre revigorante ler experiencias de pessoas que tal como eu decidiram viver uma aventura fora de Portugal. Uns de forma definitiva outros como um folego momentaneo mas todos com historias e testemunhos muito interessantes e que podem ajudar a clarificar as duvidas dos mais indecisos.
Penso que a minha aventura e' das mais recentes aqui relatadas mas quero mandar tambem a minha pedra neste charco de experiencias de lusitanos que equacionaram e decidiram dar uma escapadela.
Desde muito cedo comecei a trabalhar na minha area de formacao, Informatica. A partir dos 18 anos comecei com alguns trabalhos em part-time para arranjar uns trocos para os fins de semana mas porque queria atingir rapidamente a minha independencia os 3 ultimos anos do meu curso trabalhei em full-time na mesma empresa.
Nao que tivesse razoes de queixa em viver em casa dos meus pais ou que me sentisse mal no meio social envolvente mas tinha algo a remoer em mim, uma sensacao de que queria algo diferente daquele ambiente controlado, previsivel e confortavel. Apos ter conseguido, com bastante sofrimento, terminar o meu curso de Engenharia Informatica pelo Instituto Politecnico Engenharia do Porto em 2006 senti mais uma vez o bichinho a remoer. Eu nao estava mal, mas queria mais! Tinha um ordenado que dava para viver confortavelmente mas queria comecar a tracar um novo trilho. Sentia que a passagem pela faculdade pouco ou nada tinha alterado a minha rotina diaria e as responsalidades no meu emprego. Estava irrequieto e desanimado. Na altura nunca me passou pela cabeca uma aventura fora de portugal pois largar familia, amigos de sempre e namorada era um passo demasiado grande e arriscado e que por isso nunca o coloquei em consideracao.
Apos uma pesquisa de empregos por todo o pais reparei que a zona com uma melhor e maior diversidade de propostas de trabalho e' Lisboa. Tive algumas propostas e decidi-me por uma empresa que na altura estava a comecar. Era uma empresa de consultoria e diferente do que ate entao estava habituado. Muitas pessoa a receber o ordenado da mesma entidade patronal, mas todos espalhados pelos clientes e apenas com dois pontos de contactos anuais com os colegas: jantar de natal e aniversario da empresa.
Comecei com o peito cheio de ar, entusiasmado e motivado com as condicoes que me eram oferecidas.
Ja ouvi boas e mas experiencias em consultoria. Temos que ter sorte no projecto onde calhamos e com um pouco sorte podemos escolher o que mais se adequa 'a carreira profissional que aspiramos. Infelizmente nao aconteceu comigo e durante 7 meses tive nessa empresa num projecto nada aliciante e onde sentia-me a vegetar. Estando em lisboa nao por necessidade mas como uma aposta que estava a fazer em mim, a ter gastos com casa e viagens todos os fds para Santa Maria da Feira decidi que tinha que fazer alguma coisa. Falei com o meu manager na altura e apos algumas promessas falhadas cheguei a conclusao eu estava a ser um bom negocio para a minha empresa mas nao para mim. Senti que estava num negocio de carnes onde os consultores eram colocados por tempo indeterminado em clientes independentemente o trilho profissional que auspirem ter.
Decidi por procurar outro desafio. Nesta altura ja tinha equacionado a saida de portugal mas foquei a procura dentro de portas. Arranjei um projecto bastante interessance e desafiante numa empresa de producao de software na margem sul de Lisboa e com isso tive mais uma mudanca na minha vida. Arranjar novo espaco para morar, mudar a minha rotina e travar novas amizades. Admito que gosto ritual. Talvez porque sou novo e nao tenho encargos (filhos, casa) decidi dar outro passo.
Passado um mes tive a chamada de um amigo para ir para a Holanda. A empresa estava a contratar e estavam a precisar de pessoas com o meu perfil. Ele ja me tinha abordado a alguns meses atras mas porque estava ainda em periodo de experiencia na actual empresa e ainda nao tinha muitas responsabilidades decidi dar continuidade ao pedido de informacao. A entrevista telefonica correu bem e apos uma entrevista em que fui 'a Holanda, fizeram-me uma proposta.
Regressei a Portugal e nesses dois dias equacionei todas as variaveis da minha vida. Estava numa boa empresa a ter o tipo de trabalho que andava a' procura, num bom ambiente e integrado numa boa cultura empresarial. Conversei com as pessoas que me conheciam melhor, pedi opinioes e tentei dar resposta as perguntas: o que quero, o que tenho a perder, o que tenho a ganhar. Conclui que senao aceitasse mais tarde ia-me arrepender pois dificilmente iria ter uma oportunidade como esta. Tinha um emprego com boas perspectivas de me realizar profissionalmente, um apartamento a minha espera e um peito cheio de ar para encarar as previsiveis dificuldades. Se corresse mal e nao me ambientasse era comprar um bilhete para Portugal. Assim foi e sai com o objectivo de estar um ano e agora faz 5 mes que estou em Haia.
Existem ate agora duas perspectivas: pessoal (social) e profissional.
Como e' a minha primeira experiencia fora de portugal estou a ter uma infinidade de primeiras experiencias que ainda estao a ser sentidas e compreendidas. Existe uma grande comunidade portuguesa por ca e tendo a Holanda uma cultura virada para os estrangeiros nao sinto dificuldades na integracao. Admito que o primeiro mes nao foi facil pois existe muita burocracia a ser tratada e alguns choques culturais e linguisticos a serem ultrapassados mas neste momento ja estou instalado e integrado em varios grupos de amigos. Esta a ser uma excelente oportunidade de interagir com pessoas de diferentes culturas e valores e tendo o pais uma localizacao central rapidamente se acede a varios pais circundantes.
Profissionalmente admito que ate agora nao esta a corresponder as expectativas. Talvez coloque a fasquia alta, talvez seja exigente mas que culpa tenho em querer aquilo que me prometem?! Apos algumas dificuldades administrativas e problemas iniciais na comunicacao interna dentro da empresa neste momento estou integrado numa empresa cliente multinacional onde existe quase o mesmo numero de estrangeiros e holandeses. Estou a ter novos desafios no relacionamento inter-cultural entre pessoas, estilos de trabalho e de expectativas. Considero ate agora positivo este saldo, mas como ambicioso que sou, ainda com espaco para melhoramentos.
O balanco e' francamente positivo e como em quase todos os posts que tenho lido acerca deste assunto partilho a sensacao de arrependimento de nao ter dado este salto mais cedo. Nao aconteceu por falta de coragem ou por desconhecimento consciente das opcoes que existem fora de portugal. Ha sempre um risco a ser ponderado mas penso que o retorno e' sempre positivo. Nao sei qual sera a minha decisao daqui a 7 meses quando fizer um ano que estou ca. Se vou continuar nesta empresa, se continuo pela Holanda ou se vou para outro pais. Depende das motivacoes que me agarrem por ca e as oportunidades que irao aparecer.
As saudades da nossa terra sao muitas e penso que nunca como agora dou tanto valor ao nosso Portugal. Em muitas coisas nao ficamos atras de muitos paises e infelizmente sinto que existe alguma mentalidade negativista que teima em comparar o nosso cantinho apenas naquilo que de nao tao bom temos. Neste momento tenho a certeza que desejo regressar a Portugal. Gosto disto, da vida da cidade, da minha vida, do ritmo, da novidade mas quero voltar as minhas raizes, 'a minha terra. Talvez regresse e me desilusa. Pode acontecer, mas se esse dia acontecer e se ele chegar vou tentando espalhar por ca o orgulho que tenho em ser portugues e aquilo em que somos bons.
Vim 'a procura de uma nova aventura, saborear novas experiencias para regressar a Portugal com outras perspectivas. Talvez aconteca daqui a um, cinco ou dez anos mas com optimismo digo que chegarei com mais bagagem do que quando sai.

20080510

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 6

Ana, Licenciada em Jornalismo. Barcelona (a caminho de Berlin)
Antes de começar a contar a minha "história", queria apenas referir como fiquei a conhecer este projecto; no primeiro fim-de-semana de Novembro encontrei a referência numa notícia do JN. Depois de espreitar, li, ávida e consecutivamente, todos os testemunhos aqui presentes e como tudo na vida, identifiquei-me mais com uns do que com outros.
E passemos então à minha recente situação, de momento trabalho em Barcelona, estou aqui há quase 7 meses. Cheguei a 6 de Maio de 2007 com armas e bagagens e mal preparada para os muitos degraus das estações de metro (ou a minha mala é que era demasiado grande).
Pelo que li até agora, parece-me que a minha situação é um bocadinho diferente. Não me incluo na categoria de quadros de excelência que está a abandonar o País. Licenciei-me em Jornalismo e Ciências da Comunicação sem grandes atribulações, sou, por isso, uma estudante e uma profissional normal. Desde os primeiros tempos de juventude que queria ter uma experiência fora do País, não sei bem por que sempre existiu isto em mim; não há grandes exemplos na família nem nunca viajei muito nos tempos de meninice. Mesmo assim, esta vontade sempre foi uma certeza, uma certeza de sonho que queria cumprir. Falhei o programa Erasmus por estupidez, na altura não quis arriscar perder um ano da faculdade e os gastos pareciam-me excessivos, especialmente sem a bênção paterna. Terminei o curso sem nenhuma experiência internacional e as viagens realizadas sob os auspícios da família nunca me levaram além do Algarve - a Sul ou de Paris – a Este.
Fruto das aulas que tive no Instituto de Alemão, já que a licenciatura na UP não compreendia a obrigatoriedade de nenhuma Língua Estrangeira, pude concorrer a uma bolsa de uma instituição alemã, DAAD, que ganhei. Consistiu essa bolsa na oferta de um curso de Alemão na Alemanha e, por motivos de saúde, não pude viajar no ano em que me foi atribuída, 2004. Eu acredito muito na sorte ou, por outras palavras, no que podemos fazer com a alteração de planos previamente estabelecidos e, pensamos nós, definitivos. Ter a oportunidade de estar na Alemanha depois de finalizar o curso acabou por permitir outras coisas, encarei toda a experiência como as férias e a recompensa merecidas, não pensei em procurar trabalho ou o que fosse, ia ter a minha aventura e, para não perder nada, lá decidi ficar mais duas semanas a explorar um pouco depois das aulas terminarem.
Podia escrever muito sobre o que se ganha neste tipo de experiências; o perceber que há mundos para além do nosso e que há formas variadas de ver um mesmo mundo; os contactos que ainda mantenho e sobre como ali, em muitos sentidos, me comecei a formar como pessoa. A cidade, Tübingen, também foi um tiro de sorte porque podia ter escolhido qualquer uma, desde que tivesse uma universidade. Gostei da cidade e gostei do curso. E nesse Verão pude acrescentar mais umas quantas paragens ao meu parco currículum, entre elas Berlin e Vienna. Regressada a Portugal, tive de enfrentar todas as preocupações que tentei evitar, as minhas e as dos pais. Encontrar trabalho (ou emprego), fazer alguma coisa. E eu lá enviei uns currículos mas nunca sem exagerada preocupação porque já conhecia o tempo médio de espera e apesar de me interessar por Jornalismo cada vez me via menos capaz de entrar na área, não só pela pouca oferta mas também pelo que era pago. Ao fim de uns dois meses estava a fazer umas traduções numa empresa de um amigo, era a recibos verdes mas sempre me mantinha ocupada e permitia-me respostas menos simpáticas nas entrevistas de emprego que, até hoje, não vejo como falta de humildade.
Devido, mais uma vez, aos conhecimentos de línguas lá arranjei um trabalho na TAP, ou melhor na Groundforce, que é uma participada da TAP. Eu não quero precisar valores, adianto, contudo, que o meu contrato era de 25 horas semanais e ganhava tanto ou mais do que recém-licenciados a trabalhar 40 horas, excluindo as horas extra que eram pagas a peso de ouro. Era uma situação estranhamente vantajosa. Assinei um contrato de 6 meses que depois renovei por mais 12, ao fim de 7 meses fui aumentada em 80 euros quando todo o País falava em crise e o Governo oferecia aumentos de 0.5 por cento à Função Pública.
Encontrava-me no que alguns consideram uma boa posição, a probabilidade de renovar contrato mais uma ou duas vezes e passar aos quadros era elevada. Então porque decidi rescindir o contrato apenas a uns dias de cumprir um ano na empresa e vir para Barcelona?
Mais do que questões financeiras ou profissionais vim por razões pessoais, acho que o Porto é muito pequeno e não me imaginava a iniciar a vida burguesa que me esperava. O trabalho era muito aborrecido e as poucas capacidades que tenho não estavam a ser aproveitadas. A estrutura da empresa em si já dificultava qualquer mudança ou melhoria de posto, por isso ou continuava a fazer o que fazia ou ao fim de uns anos, se tivesse sorte, supervisionava outros tantos como eu. Sendo do Porto, as possibilidades de aceder a postos mais interessantes estavam ainda mais dificultadas. Não se esqueçam que a metrópole é Lisboa, portanto, ou se é de lá ou se está lá ou se vai para lá…
Já andava há uns tempos a dizer que não podia passar ali outro Verão e os meus desejos cumpriram-se. Recusaram-me num estágio em Estugarda mas fui aceite noutro em Barcelona. O que faço continua a não ser muito interessante e está bastante longe da minha área de formação, suponho que o facto de falar diariamente duas línguas que não a minha, Espanhol e Inglês, a empresa é inglesa, torna a rotina do quotidiano mais cosmopolita, pelo menos por agora. E também porque, findo o prazo do estágio, me convidaram para ingressar os quadros da empresa. Apesar disso, não me imagino a ficar nesta cidade muito tempo, aliás o meu "deadline" pessoal é Setembro de 2009 e estou a apontar a mira para Berlin ;)
Gostava também de deixar um testemunho um pouco diferente dos demais, sobretudo porque até agora tudo parece bastante floreado e há dificuldades inerentes ao abandono de Portugal. No meu caso particular os primeiros meses foram complicados do ponto de vista da despesa. Tive a sorte de estar numa empresa decente e que por isso me pagava o estágio. Valor esse que era manifestamente insuficiente para sobreviver em Barcelona, onde a especulação imobiliária tornou o preço dos quartos absolutamente ridículo. Essa fase correu bem e ao fim de umas semanas estava a viver num quarto a sério, ou seja, com luz natural e com mais de 3 metros quadrados e, ainda por cima, no centro da cidade.
Passado este obstáculo pôs-se-me a questão do "Dia de S. Receber" e acabei por encontrar um part-time aos fins-de-semana que me ajudou a não ter de contar os trocos no supermercado. Nesse primeiro mês em terras catalãs andava bastante orgulhosa das minhas conquistas e descobri capacidades que nunca tive oportunidade de testar no Porto.
No entanto, em Barcelna não se vive necessariamente bem e a geração dos "mil euros" – mileuristas, como lhe chamam aqui em Espanha, tem muitas das mesmas dificuldades que nós em Portugal. A diferença, claro está, é o valor pelo qual somos conhecidos; nós somos, só, a geração dos 500 euros. Há custos mais elevados aqui mas eu comparo-os com os do Porto e, pelo que sei, Lisboa tem vindo a conhecer a sua dose de inflação. Na minha actual situação, tão pouco me posso aventurar ou, sequer pensar, em estabelecer-me em Barcelona com casa, carro e afins. As dificuldades seriam, provavelmente, maiores do que em Portugal. Há, obviamente, mais oferta de trabalho por aqui, o que também se explica pela elevada atracção turística que a cidade exerce. Na altura do Verão só não arranja um part-time ou quem não quer ou quem não fala Inglês.
Creio que a minha experiência fora de Portugal está longe da sua recta final, apesar de não querer continuar por aqui, gostava de experimentar outros rumos, e até usufruir da ajuda do programa ICEP – Contacto, ao qual insisto em candidatar-me, apesar de, pelos relatos que ouvi/li, o factor C ser de extrema importância para garantir um "lugar ao sol". (Talvez algum de vocês me possa esclarecer...)
Ao contrário de algumas das pessoas que deixaram aqui o seu testemunho, também não desejo ficar demasiado tempo fora de Portugal. Compreendo que tudo dependerá das ofertas que for encontrando e também do meu limite pessoal para aguentar as saudades. E o factor mais determinante, a realidade que me espera em Portugal. Ainda assim, e sabendo de todos estes obstáculos, o objectivo a longo prazo é o regresso à Pátria.
Sendo do Porto, uma cidade que por agora, e infelizmente, está estagnada, mais necessidade tenho de voltar. Não quero pensar que abandonei a minha cidade, ainda mais quando acredito que tem muita potencialidade. Queria contribuir com algo para o seu desenvolvimento. Mas todos os meus planos dependem de muitos factores que desconheço e que não controlo, de qualquer forma pretendo experimentar mais um pouco e tentar tornar essa experiência adquirida numa mais-valia pessoal e profissional.
Até agora não me arrependo, as saudades suportam-se bem com a ajuda das novas tecnologias e o que custa mais é descobrir que antigas amizades não sobrevivem à distância, ao passo que novos laços, bem fortes, se criam num ápice. Sou portuguesa e cada vez me sinto mais uma cidadã do mundo, mundo esse que começo agora a explorar. E ainda bem que sempre tive curiosidade em aprender outras Línguas!!!
Boa sorte para os que estão fora e para os que estão quase, quase a dar o salto. Difícil é começar. ;)

20080329

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 5

Mário, Lic. em Engenharia, Dubai, UAE

Depois de um Erasmus inesquecível em França no último ano da faculdade o bichinho de emigrar ficou definitivamente instalado. Terminei o curso em 2000, trabalhei 3 anos num gabinete no Porto, 3 anos na função pública na carreira docente politécnica paralela (a dos substitutos e convidados) e chegou uma altura da vida em que como um casal normal nos queríamos fixar em qualquer sítio que permitisse viver juntos e trabalhar a menos de 50 kms de casa.

Não parecia nada fácil conseguir essa proeza, por isso decidimos arriscar trabalhar fora de Portugal para estarmos juntos, viver uma aventura, ultrapassar um novo desafio profissional e obviamente ter um salário simpático. A primeira tentativa em Luanda falhou redondamente, porque eu como batedor e apalpador de terreno não achei que fosse um sítio onde eu quisesse viver sozinho quanto mais em casal e ao fim de 3 meses voltei para Portugal.

Agora encontro-me no Dubai a trabalhar para uma empresa francesa de consultoria. Vim para cá por intermédio de um amigo que cá estava há um ano com uma experiência muito positiva. Ainda estou a construir a minha rede social entre colegas e amigos de amigos, a trocar números de telemóveis e a apalpar o terreno. Em Janeiro de 2008 vamos instalar-nos os dois definitivamente para finalmente poder trabalhar na mesma cidade, viver juntos e evoluir na carreira profissional.

Para dar uma pequena ideia disto por aqui: o ambiente de trabalho é muito anglo-saxónico, o inglês é a língua oficial de trabalho; encontram-se pessoas de todo o mundo, desde o extremo-oriente aos USA; a cidade é bastante stressante em termos de transito, mas é super segura; permite fazer praia 9 meses por ano; tem todas as novidades ocidentais em livros, cd's, filmes, tecnologia, automóveis; restaurantes de todos os tipos; os preços dos bens de consumo são equivalentes ou mais baratos que em Portugal; a habitação é ao nível de Londres, caríssima; tem discotecas e clubs com ambição de destronar Ibiza como a capital mundial do clubbing; aviões diários para todos os cantos do planeta e uma comunidade de portugueses que até organiza almoços de convívio.

Adoro Portugal, sinto imensas saudades, mas ao mesmo tempo sinto que aqui poderemos acelerar um pouco a conta bancária e obter uma mais valia no CV que em Portugal dificilmente obteria, tudo isto sem abdicar da qualidade de vida e segurança à qual nos habituamos em Portugal. Claro que a família e os amigos fazem imensa falta, mas não seríamos portugueses se não quiséssemos descobrir o mundo.

PS se alguém conhecer pessoalmente o responsável pela criação do programa Erasmus, eu gostava de lhe dizer do fundo do coração que é a pessoa mais linda à face da terra!

20080102

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 4

José Dias, Gestão, Bucareste, Roménia

A ideia de trabalhar no exterior sempre foi (desde que entrei para a faculdade) um desafio que gostava de enfrentar. Simplesmente assim, sem grandes explicações. Muitas das vezes encarado como disparatado por amigos e familiares, "mas porquê?"... porque sim!
Quando terminei os estudos, Fevereiro de 2005, a ideia de tentar o exterior voltou a assaltar-me, sem qualquer preferência por algum destino em particular. A primeira hipótese foi tentar abordar uma amiga dos meus pais que está na Austrália a trabalhar na Embaixada Americana há largos anos, que logo disse que para trabalhar por aquelas bandas não era fácil. E na realidade, numa das minhas infindáveis pesquisas na Internet, dei comigo no site do suposto "Departamento de Emigração" local, ou coisa do género, a fazer uma simulação para obtenção de um visto de trabalho e a ideia de tentar a Austrália... simplesmente evaporou-se.
O segundo passo seria o de encontrar trabalho no meu habitat natural! Como sou de Guimarães, esse espaço dá pelo nome de Vale do Ave! E lá perdi uns meses a tentar encontrar alguma coisa sem qualquer sucesso, vá-se lá saber porquê!. Enquanto isso, e uma vez que os meus pais e irmão são comerciantes, lá ia ajudando no negócio familiar, até que depois da enésima tentativa do meu pai me motivar para trabalhar em família (coisa que sempre rejeitei), me dispus a procurar trabalho em Lisboa.
Decorria o mês de Setembro de 2005 (7 meses passaram desde que tinha terminado os estudos, e depois de ter frequentado 1 formação em Gestão e Planeamento de Produção em Felgueiras - promovida pelos IEFP's de Guimarães e Felgueiras em conjunto com o Dep. de Produção e Sistemas da Univ. do Minho. Gente estranha aquela, nem se ajuda, nem se deixa ajudar. Das 15 pessoas que frequentaram a dita formação, nem uma encontrou colocação em qualquer empresa de calçado na cidade dos Ferraris, quando nos foi dito que o objectivo da formação era, no mínimo colocar alguém, pois o sector do calçado passava por grandes problemas!) quando comecei a enviar CV's para Lisboa e após algumas entrevistas lá saiu fumo branco. Resultado? 10 meses pela capital a trabalhar em Consultoria.
Em finais de Outubro de 2005 comecei a trabalhar como "consultor"... chame-se-lhe o quiser, o que fazíamos, era preparar candidaturas de formação profissional e de investimento aos fundos comunitários!
O que é certo é que passados 8 meses de trabalho em Lisboa, começava a custar levantar de manhã para trabalhar, dada a rotina quotidiana. Tudo o que caía de novo... era mais, do mesmo, com um salário que para viver em Lisboa era manifestamente curto. Sempre que me descuidava um pouco nos gastos, por volta do dia 20-25 lá tinha que telefonar ao pai a pedir um pouco de oxigénio. Ora esta foi a minha deixa para falar com a minha chefe e dizer-lhe que aquele ciclo se tinha esgotado. Acabei o que pude acabar e o que não consegui, deixei tudo preparado para os colegas que iam "pegar" nos projectos.
De repente, em inícios de Setembro de 2006, estou inactivo! Mais uns CV's, desta vez um pouco mais selectivo nos anúncios a responder. Mais umas entrevistas, mas nada no horizonte.
Felizmente, uns meses antes, em Junho, tinham-me falado de um programa de estágios internacionais... Contacto @ ICEP! Na altura, por descaro de consciência lá preenchi o formulário sem qualquer esperança (são sempre uns 3 ou 4 milhares a candidatarem-se para um número de vagas que rondam as 200) e em finais de Setembro lá se lembraram de mim e telefonaram a perguntar se ainda estava interessado em participar no processo de selecção e recrutamento? A resposta é óbvia: sim, claro que sim! Afinal de contas era uma oportunidade de concretizar um velho sonho... partir de Portugal!
Depois de passadas todas as etapas do dito processo, recebi um e-mail no qual constava que tinha sido um dos 191 seleccionados para integrar a 10ª Edição do Programa InovContacto promovido pelo, na altura, ICEP (agora AICEP).
Dias de encantamento vividos a preparar tudo o que era necessário para enviar para Lisboa, certificado de habilitações, passaporte, fotos, CV...
Em Novembro, reuniram 191 pessoas num hotel em Lisboa para formação. O curso dava pelo nome de CGI (Curso de Gestão Internacional). Coisa pomposa!!! O que é certo é que não gostei de um só dia que lá passei (já o mesmo não posso dizer das noites). Não imaginam o que é estar 10 dias enclausurado num hotel, com mais 190 pessoas a ter formação (toda a gente numa mega sala) com discursos e palestras aos almoços e jantares. Mas lá se passou, e no último jantar do CGI a ansiedade era o sentimento geral entre os 191 para saberem os destinos onde iriam passar os próximos 9 meses (ora bem, para quase todos eles, porque alguns ja deveriam saber os destinos! provas não há, mas...). A minha cara, quando vi a minha cara lado a lado com a bandeira romena e com estágio na delegação do ICEP em Bucareste, parece que não foi de grande entusiasmo! De repente assaltou-me aquele pensamento que grande parte dos portugueses têm sobre a Roménia: país de ciganos de 3º mundo, associado à ideia de que os estágios nas delegações do ICEP eram as favas no grande Bolo Rei que é o Programa Contacto.
Andei uns dias por baixo. Mas depois com o correr do tempo lá me mentalizei de que afinal poderia não ser tão mau assim!
Mais 3 ou 4 semanas de formação na 5 de Outubro em Lisboa na sede do ICEP antes de rumar a Bucareste, RO!
A chegada foi a 18 de Janeiro de 2007 e as primeiras impressões foram extremamente negativas e as primeiras semanas difíceis de passar! Afinal a Roménia (pela impressão de Bucareste) era um país (certo que tinham acabado de entrar na União Europeia a 1 de Janeiro) de 3º mundo. A cidade cinzenta repleta de prédios em quase estado de ruína, desorganizada, suja, com um trânsito caótico (para ser simpático), cheio de pessoas antipáticas!
Como disse foram tempos difíceis, tudo aquilo que tínhamos ouvido na formação de gestão intercultural eu não estava a conseguir aplicar no terreno!
Um dia acordei, a custo levantei-me e tomei um duche, e enquanto isso pensei: "ou te começas a rir de tudo isto (não numa perspectiva de troçar, mas de autodefesa, ou desistes do programa e apanhas o primeiro vôo disponível para Portugal. Felizmente, optei pela primeira e num esfregar de olhos já passaram mais de 7 meses desde que cheguei a este país! com esta experiência a acabar, penso em continuar a carreira por estas bandas da Europa.
Hoje, quando penso nos meus primeiros tempos de Roménia, ou em conversa com amigos, rio-me das preocupações que me perseguiam nas tais primeiras semanas em Bucareste. E dá um gozo tremendo, olhar para trás e ver que consegui ultrapassar todas as dificuldades! Durante a minha estadia pela Roménia, visitei a Hungria, Turquia, Rep. Moldova, Bulgária, Áustria, Croácia e Bósnia, além de viagens no interior da Roménia e o bichinho de permanecer no exterior é maior que nunca!
Após uma viajem de 1 mês que farei pela América do Sul entre os meses de Novembro e Dezembro, espero voltar ao Leste em Janeiro do próximo ano.
Fui abordado 3 vezes (uma, a 1ª foi um nado morto, mas quanto às outras duas ainda há esperança, ainda que tenham sido abordagens iniciais e muito superficiais).
Viver e trabalhar no estrangeiro custa, sem dúvida, não só a nós mas também aos nossos amigos e familiares, mas a vivência justifica tudo, mesmo nos momentos tão difíceis por que passamos.... do género do meu Janeiro e Fevereiro de 2007!

20071211

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 3

Cláudia Maia, Relações Internacionais, Nova Iorque
Já estou fora há 11 anos. Quando digo isto em voz alta dou-me conta da enormidade de tempo. Um terço da minha vida. Não era o que pretendia quando saí de Portugal.Saí de Portugal para ir fazer um estágio na Comissão Europeia - estava convencida que esse estágio de 6 meses seria a cereja em cima do bolo (o bolo era a licenciatura em Relações Internacionais) e que me abriria muitas portas de regresso a Portugal. Era isso, ou então melhor que isso ... acalentava a esperança de conseguir um lugarzinho na Comissão Europeia ... haveria emprego melhor do que esse de ser funcionária pública e ganhar mil contos por mês?! OK, quimeras à parte, eu estava plenamente convencida que regressaria a Portugal no fim dos 6 meses de estágio.Se acabei por prolongar a minha experiência em Bruxelas, foi pela aventura, pelo prazer de conhecer outras realidades, outras mentalidades, para continuar a alargar horizontes. Bruxelas conglomera pessoas de todas as nacionalidades, com experiências interessantes e percursos de vida diferentes. E eu nunca tinha convivido com tal diversidade e tamanha riqueza de experiências. O Porto não é propriamente cosmopolita nesse sentido.Se não regressei a Portugal no fim dos 6 meses de estágio, foi porque quis prolongar a experiência, a aventura, o prazer. Fiz outro estágio, fiz um mestrado, e continuava a divertir-me imenso, a enriquecer e a crescer.E tanto fui adiando o regresso a Portugal (que, para o efeito, poderia ser Espanha, Itália ou Dinamarca) que dei por mim a procurar emprego em Bruxelas. Não encontrei propriamente um lugar nas instituições da União Europeia, mas fui recrutada por um banco que não é um banco (é um sistema de compensação e liquidação de valores) ... e tem corrido bem!O ambiente de trabalho conquistou-me e por isso estou no banco há 8 anos: um ambiente muito internacional (cerca de 2000 pessoas, com uma abundância de italianos, franceses, espanhóis, holandeses, ingleses, russos, finlandeses, alemães, chilenos, japoneses, portugueses...), uma hierarquia horizontal e acessível, aposta na formação contínua, oportunidades de carreira, e até oportunidades que já me levaram ao Brasil (7 meses em São Paulo) e que me trouxeram agora a NY.Este é o meu percurso até agora. E queria aproveitar este espaço - GAP - para ressaltar todo este lado positivo de partir de Portugal em direcção ao mundo!Não posso deixar de referir, no entanto, o lado menos positivo desta vida de expatriados ... nem tudo é aventura, prazer, glamour internacional!Na minha experiência pessoal, há um factor que não podemos ignorar, porque nos vai desassossegar, fazer sentir divididos, forçar a (re)considerar as nossas opções. É o factor 'saudade' ... saudades da família, saudades dos amigos, saudades dos percursos que se faziam (o simples acto de ir comprar o pão a determinada padaria ... ou passar naquele quiosque ... enfim, saudades das rotinas que nos desenhavam os dias), saudades dos sons e dos cheiros, saudades do Porto, saudades de esplanadas, do rio, do mar, saudades da minha vida, saudades dos anos que não vivi em Portugal (como se os tivesse vivido em Portugal) ...O factor 'saudade' alimenta viciosamente o factor 'dualidade', o dilema da dúvida e da incerteza ... como teria sido a minha vida se tivesse ficado? impossível pesar prós e contras (porque, não tendo vivido uma das opções, nunca saberemos o que perdemos ou o que ganhámos em comparação) ... devo deixar-me estar, prolongar esta minha 'aventura'? ou regressar? ... e regressar, será a decisão acertada? vou arrepender-me? ... quando é o momento certo? ...Mas não quero atormentar-vos com os factores 'saudade' e 'dualidade' ... arriscam-se a ficar estacionados por dúvida e por incerteza ... A verdade é que eu sou um bocado Kierkegaardiana, não liguem ... Avancem sem medos, partam à aventura, e enriqueçam Portugal com as vossas experiências!
Espero que este meu testemunho tenha mostrado o lado interessante da vida expatriada ... alertando para o poder insidioso da portuguesa saudade.

20071202

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 2

Elisa Nogueira, Eng.ª Biológica, Dublin. Irlanda
Filha de pais Portugueses emigrantes em França, nascida e criada nesse país, desde muito cedo aprendi que não pertencemos a nenhum país em concreto.
Aos 13 anos (e para surpresa dos meus pais) decidi continuar os meus estudos em Portugal - país que conhecia superficialmente e no período de férias. Tenho de admitir que Portugal no mês de Agosto e Portugal nos restantes meses do ano são duas realidades bem diferentes!
“Sobrevivi” a alguns períodos menos positivos (alguma xenofobia para com Emigrantes/filhos de Emigrantes), concluí a minha Licenciatura numa Universidade Portuguesa e devo admitir que, apesar de tudo, Portugal será sempre o meu “porto seguro”.
No final do meu 4.º ano de Licenciatura em Engenharia Biológica (na Universidade do Minho) e com vista à realização do estágio curricular (parte integrante do 5.º ano da Licenciatura), meti “mãos-à-obra” para desencantar o “estágio dos meus sonhos”. Os Estados-Unidos eram ponto assente na minha agenda. Onde exactamente nos EUA, ainda estava por determinar... Graças a um professor do meu Departamento, descobri a UMBC (University of Maryland Baltimore County), onde lecciona um professor português radicado nos EUA, há já alguns anos. Troca de emails e consegui um estágio de 6 meses, paitrocinado (obrigada mamã, obrigada papá!).Setembro de 2003 foi o ponto de viragem para uma nova jornada. Descrever tudo o que vi, as pessoas que conheci, as experiências que vivi, as amizades que criei, seriam páginas e páginas de estórias...
Regressei a Portugal em Março 2004, mas parte de mim ficou para sempre lá. Vim embora com uma proposta para voltar e fazer o meu doutoramento. Infelizmente, e porque as decisões que tomamos nem sempre são as mais acertadas, declinei a proposta. Tinha de escolher entre a minha vida pessoal (um relacionamento de longa duração com uma pessoa que não queria sair de Portugal) e a minha carreira profissional: optei pela primeira (escolha que viria a arrepender-me amargamente alguns anos mais tarde...).
Terminei a minha Licenciatura, e (por sorte) consegui emprego na área da consultoria em Braga, quase de imediato. Fiquei em Portugal, com a promessa de que se, ao fim de um ano, não estava satisfeita com a minha situação profissional, sairíamos do país. Dois anos passaram e insatisfeita tanto profissional (muitas horas de trabalho, desgastante, mal pago, etc. etc.) como pessoalmente, reformulei a minha vida. Terminei o relacionamento e enviei “centenas” de currículos à procura de uma nova oportunidade. Numa mesma semana, fui aceite para um mestrado no Porto, um mestrado em Cork (Irlanda), um emprego na BP em Londres e um doutoramento em Dublin (Irlanda). Optei pela última... Estou em Dublin desde Outubro de 2006, na University College Dublin: adoro o que faço, adoro a cidade, adoro as pessoas, adoro o país... mas detesto o clima! Admito que dias/semanas a fio a chover deixa qualquer pessoa sorumbática...A semana passada fui a uma conferência a Boston (Massachussets, EUA) e apesar de nunca lá ter estado antes, senti como um regresso a casa. Quem sabe se não decida, um dia, responder ao chamamento e regressar aos EUA...

20071125

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 1

Inicio hoje uma série de artigos sobre jovens nortenhos qualificados que abandonaram Portugal para tarabalhar no estrangeiro. Os seus relatos são muito pertinentes e retratam a situação económica e profissional que cá se vive. Para reflectir. Fonte: Blogue http://mindthisgap.blogspot.com/.




Bem, o que motivou a sair de Portugal nao foi tanto o ter uma nova experiencia ou sequer o facto de nao ter trabalho.Apesar de ter trabalhado 8 anos numa cidade que se consiguiu tornar uma nulidade em todas as areas (o Porto), gracas aos brilhantes politicos que populam as nossas esferas de poder, nunca cheguei a estar desempregado.No entanto a situacao de emprego no Porto e' precaria (85 % dos trabalhos sao precarios, segundo o JN) e como ha pouquissimas oportunidades uma pessoa ja esta' um pouco com aquela ideia de ter de se sujeitar a todo o tipo de coisas. E claro os patroes sabendo que a situacao esta' ma' brandem o chicote o mais que podem. Mas que quer dizer precario ao certo?Eu vou relatar a minha experiencia de trabalho no Porto e depressa vao perceber porque troquei o ex-motor economico de Portugal por Dublin. Sim! Ex! Porque so algumas regioes da Grecia estao atras do norte de Portugal, neste momento! La' vou eu ter de bater no ceguinho sem referir nomes. "Mas voces sabem de quem e' que eu estou a falar..."
1999 a 2002: Acabadinho de sair da FEUP ingressei numa companhia de multimedia do Porto. Naqueles tempos aureos antes do "dot-com crash" essa companhia apresentava-se como uma empresa que tinha contratos com o U.S. Army e o U.S. Navy. Durante os 2 primeiros anos assisti a um rapido crescimento em numero de colaboradores que na realidade foi motivado por uma operacao de marketing. O que e' certo e' q a mesma foi vendida em 2001 para um dos maiores grupos economicos portugueses, aproveitando a publicidade dos celebres contratos com os EUA e o facto de ter crescido bastante em numero de colaboradores. Qual nao foi a surpresa do grupo quando apos uma auditoria descobriram que a suposta lucrativa empresa tinha acumulado imensos prejuizos. Ou seja a empresa tinha sido engrossada para ser vendida por bom dinheiro. E eles enfiaram o barrete. A partir desse momento assistiu-se a uma verdadeira caça 'as bruxas com o intuito de arranjar todos os motivos possiveis e imaginarios para despedir colaboradores. Em meados de 2002 cançado do ambiente, sai para trabalhar como subcontratado numa multinacional alema na zona industrial de V. Conde.
2002 a 2006: Estar subcontratado numa outra empresa e' uma situacao complicada, pois esta'-se dependente de duas empresas (“Ja' de uma!... Sabe Deus!”) e um tipo e’ olhado de lado pelos “internos”. Mas as coisas no inicio ate' pareciam estar a correr bem apesar das horas que trabalhavamos a mais. Ate' que passado 2 anos se descobriu que a nossa empresa de outsourcing tinha uma situacao financeira nao muito famosa. Nessa altura a empresa multinacional alema (o segundo maior investidor estrangeiro em Portugal) tentou forcar-nos a rescindir com essa empresa de outsourcing e assinar no mesmo instante por outra. Claro que os colaboradores sairiam lesados dessa situacao pois perdiriamos os anos de antiguidade. Depois de muitas indefinicoes e indecisoes e apos alguns colaboradores terem chegado mesmo a rescindir por carta registada, tudo ficou em aguas de bacalhau. E os mesmos colaboradores que tinham rescindido tiveram de dar o dito pelo nao dito, o que diga-se e' uma situacao no minimo hilariante. Provavelmente a empresa de outsourcing aumentou a comissao ao responsavel do departamento da multinacional e “tudo ficou em familia e na paz do Senhor”. Por vezes os salarios eram pagos com algum atraso, ja' para nao falar nas despesas, e os colaboradores manifestaram o seu desagrado com a situacao. Passado um ano a granada estourou: a multinacional recebe uma carta registada do fisco indicando que a empresa de subcontratacao tinha acumulado uma consideravel divida fiscal pelo que futuros pagamentos a' mesma estavam confiscados pelo estado.Conseguem adivinhar quem se lixou no meio disto tudo??? Exactamente!!! O mexilhao!!!Estavamos em Setembro de 2005 e chegados a Outubro dado que nao recebemos o salario fomos forçados a assinar por outra empresa de subcontrataçao. Eu ainda rescindi por justa causa alegando falta de pagamento, o que pelos vistos nao me serviu de nada pois o sistema de justiça portugues esta' feito de modo a premiar as fraudes e os esquemas. ”Ou sera’ que nem sequer existe? Nao sei deve andar algures entre o inexistente e o inutil”. Alem de termos ficado a berrar o dinheiro ainda servimos como arma de arremeço internamente para as guerrinhas politicas internas (comuns em Portugal, diga-se) de modo a que algumas pessoas tirassem partido da situaçao em benificio proprio. Portanto estive 6 meses noutra empresa de outsourcing a trabalhar para o mesmo sitio a' espera de encontrar alguma oportunidade no Porto. Mas assim que finalmente apareceu algo, bati com a porta sem hesitar.
2006 a 2007:Depois de ter tido uma ma' experiencia numa multinacional resolvi aceitar um desafio aliciante, numa empresa que estava a comecar e numa area de vanguarda. Logo na primeira semana a pessoa que me tinha feito a avaliacao tecnica para que eu fosse contratado, bateu com a porta. Apesar desse primeiro mau sinal, no inicio as coisas ate' pareciam bem encaminhadas. Aproveitando a operacao de marketing do governo (o "choque tecnologico") a empresa teve bastante publicidade aquando da visita de S. Exc. o Presidente ao Rei de Espanha, pois o mesmo ofereceu um sistema de navegacao GPS para mostar que Portugal aposta na tecnologia e inovacao. Seis meses passaram e nao tive nenhuma critica durante o meu periodo experimental. Apos isso atribuiram-me uma tarefa em que eu manifestei claramente que nao tinha experiencia nenhuma e que nao me podia comprometer em prazos com o desconhecido. Claro que me esqueci que em Portugalas coisas sao impostas e nunca debatidas. No inicio deste ano os colaboradores que tinham iniciado o projecto junto com o outro elemento que se tinha demitido, bateram tambem com a porta. E sendo assim so' ficou o meu chefe, um colaborador que ele tinha contratado pois ja trabalhava ha muitos anos com ele e os estagiarios. E sendo assim ouve uma limpeza de balneario e fui "convidado" a sair. Talvez estivessem a' espera q aparecesse com uma soluçao miraculosa numa area que nao tinha experiencia ou entao trabalhasse em regime de "preto". Pois muitas vezes ouvi a frase "De dia e de noite! Depressa e bem!". E entretanto soube que colegas meus nao tinham recebido os “prometidos” premios de produtividade.
2007 ate Maio:Ja farto deste pais e ja a pensar em sair o quanto antes, resolvi antes de tomar essa drastica decisao; tentar uma ultima, derradeira e definitiva vez na mais famosa software house de Portugal. Famosa porque tem contratos com a NASA e a agencia espacial europeia. No entanto sabia de antemao que mais uma vez ia trabalhar como subcontratado para a mesma multinacional de ha um ano atras. Mas pensava eu que uma vez la dentro depois poderia vir a trabalhar noutros projectos. Puro engano. Primeiro vi que toda a gente que estava nos escritorios do Porto trabalhava para a dita multinacional. Segundo tinhamos de trabalhar em regime de escravatura para conseguir cumprir os prazos que certas mentes iluminadas que nada percebiam do sistema, tinham definido. So' por exemplo no meu primeiro mes de trabalho trabalhei 241 h. Ou seja trabalhei os 31 dias do mes...ou se preferirem trabalhei 12 horas por dia (excluindo fins de semana). Fazendo as contas penso que ganharia mais a' hora, nas obras ("E anda um gajo a tirar um curso superior para que?"). Alem do mais, quando ficavamos ate' mais tarde, nem tinhamos direito a jantar (pratica que era comum ha alguns anos atras) e ate' cheguei a ouvir mais uma famosa frase quando alguem perguntou pelos custos dos jantares: "Ah!... Isto e' um jantar de amigos. Nao e' pago pela empresa!". E quando tinhamos de ir de proposito ao fim de semana ao escritorio, trabalhavamos de borla e ainda pagavamos as refeicoes e a gasolina. Eu sei que para compensar a cambada de inuteis que ha em Lisboa, alguem tem de trabalhar por dois! Mas tudo tem limites! Ha' 30 anos quando o meu pai trabalhava tambem era forçado a trabalhar horas a mais e sem receber por isso (parece que ja' e' tradiçao no Norte). Mas pelo menos pagavam-lhe o jantar e o taxi para casa. 30 anos depois parece que estamos pior que nessa altura. E como os tribunais nunca mais se pronunciam sobre o dinheiro que a ex-ex-ex-ex-empresa me deve, desisti de esperar e pensei: "Sei falar bem ingles, logo nao tenho que aturar esta M....". E se pensei mais depressa o fiz... Em menos de um mes tinha 3 ofertas concretas para Dublin e outra para a Holanda. Pagaram-me as viagens e a estadia so' para vir a entrevistas cara-a-cara, depois de ter passado nas entrevistas por telefone (so' nisto ja' se ve a diferença de tratamento). Sendo assim demiti-me imediatamente e contactei os RH para que me informassem qual era o tempo legal de pre-aviso. Qual nao foi o meu espanto quando me disseram "Contratos a prazo sao para ser cumpridos ate' ao fim e nao podem ser rescindidos. Mas a gente abre mao disso, pois nao queremos que as pessoas estejam contrariadas connosco. Temos e' de salvaguardar a passagem de conhecimento". Depois de me atirarem areia para os olhos eu fiquei pensativo ao telefone, do tipo: "ABREM A MAO DE QUE? Ja ouvi muitas bacoradas dos RH, mas esta bate tudo"..."Mando este gajo 'aquela parte, bato com a porta e nunca mais me poe a vista em cima?". Mas depois lembrei-me dos meus colegas e pensei que era injusto para com eles pois eles nao tinham culpa. Mas eu farto de ter problemas laborais em portugal e virem-me com lenga-lengas destas, ainda por cima estando eu num sindicato e ter uma ideia de quais as leis de trabalho. Com este tipo de atitudes, ainda mais me convenci que estava a tomar a decisao certa, pois ate' para um tipo se ir embora conseguem fazer filmes.... E como nao tenho cunhas nao perco nada em sair de Portugal, pois nao estou a usufruir do sistema de compadrio, tambem conhecido por corporativismo.
2007 desde Junho (Dublin):Pode-se dizer que em 6 meses em Dublin, consegui o que nao consegui em 8 anos em Portugal: ficar efectivo numa empresa. Da’ para notar a diferenca?Nao ha nada como sitios organizados! Para ja nao se tem de estar a trabalhar para o boneco como acontece em Portugal por falta de planeamento. Quantas e quantas vezes em Portugal muito do trabalho e' deitado ao lixo porque as coisas sao mal especificadas ou nem o sao sequer. Ja nao me lembro de ter uma vida tao santa desde que deixei a faculdade. Depois as coisas nao sao impostas como em Portugal. As chefias tentar perceber as areas em que uma pessoa tem experiencia e atribuir os projectos onde essas valencias podem ser uteis. Em Portugal e' do genero: "Precisamos de um macaco para fazer isto...pim pam pum cada bala mata um...Voce e’ o elo mais fraco!". Depois os salarios sao muito melhores que em Portugal e so se trabalha 37,5 horas semanais.Quanto a frases feitas como o "CHOQUE TECNOLOGICO" em Dublin percebi o seu verdadeiro significado! Choque tecnologico e' na Irlanda os salarios serem quase 3x superiores e pagar menos impostos que em Portugal.Alem disso, aqui ha’ carreira na area de IT e e’ comum ver-se pessoas com mais de 40 anos a trabalhar em IT. Coisa inexistente em Portugal, onde ate' e' desprestigiante trabalhar em informatica. De facto em Portugal, a partir dos 35 anos torna-se muito complicado arranjar uma colocaçao em IT, isto porque os patroes preferem ter 10 ou 20 estagiarios pois e’ o governo que lhes paga os salarios, em vez de ter uma equipa experiente de 3 ou 4 pessoas. Portanto, com essas perspectivas de futuro so’ se pode tomar uma atitude: "MUNDO!!!! Antes que seja tarde".Aqui ha' expecializaçao: SW Architects, Requirement Analysts, Release Engineers, QA Engineers, SW engineers, Team Leaders. Em Portugal um gajo e' pau para todo o servico e tudo e' feito em cima do joelho, a fazer figas e com o credo na boca. E o planeamento consiste em empurrar o trabalho a fazer pela cadeia alimentar abaixo, ate' chegar ao preto que vai ter de fazer tudo do zero. Mas que espera um gajo quando as chefias sao preenchidas pelo circulo de compadres dos “tubaralhos”?.Aqui ha’ inumeras ofertas de trabalho que sao publicadas ate’ nos jornais. Ao passo que no Porto nem sequer se ve um anuncio nos jornais. Funciona tudo de “boca em boca, como no recrutamento para a Mafia”.E ca' continuo eu a' espera que o tribunal portugues resolva alguma coisa em relacao ao dinheiro que me devem e que nao me pagam, passados dois anos, e pelos vistos tao cedo nada sera' resolvido. Se estivesse 'a espera que se resolvesse alguma coisa, antes de fugir de Portugal, provavelmente so' viria quando precisasse de bengala ou de arrastadeira.Se quizerem saber mais sobre isto:http://add.urbandictionary.com/verify.php?code=949487b8b1
Coisas boas de Portugal:Sim nem tudo e' mau! Sempre ouvi os emigrantes dizerem que "Portugal e' bom e' para passar ferias!". Agora percebo o que querem dizer com isso. Mas ha outro cenario em que Portugal nao so' e' bom como talvez seja ate' o melhor pais da Europa. Alias Emilio Giovini (um famoso mafioso que esteve preso em Portugal), disse ha muito tempo atras que Portugal era o melhor pais da Europa para se viver, desde que se seja rico. E nao e' que ele tem razao? Nao ha nada como ouvir a voz da experiencia! Bom clima, a melhor comida do mundo, montes de lambe-botas e um sistema corrupto facilmente subornavel. "... Mas como nao tenho pais ricos, nem ganhei a lotaria..." (la' diz o anuncio). Com as horas de trabalho a que um tipo e' sujeito nesta escravocracia conclui-se que so' e' mesmo bom para passar ferias. Paises elitistas nao sao bons para se viver, a nao ser para menos de 5% da populacao.Eu a brincar muitas vezes dizia que Portugal e' o Brasil da europa (ate' ja' temos uma boa seleccao).Mas um ex-colega meu do Brasil calou-me com esta frase "Nem no terceiro mundo se trabalha de borla". E eu fiquei sem resposta.Como tenho a sorte de estar a trabalhar num ambiente multi-nacional com pessoas de varias culturas, ainda consegui tirar mais uma triste conclusao.Na area de IT e' facil arranjar trabalho em qualquer cidade europeia, menos no Porto. E' este o efeito pretendido do "choque tecnologico"? Bem pelo menos a parte do "choque" esta' conseguida.Ja' me disseram que tinha tirado o curso errado.... Sinceramente acho que tirei o curso certo, mas no pais errado!Pois a area de IT e' das que mais riqueza cria no mundo (pelo menos no primeiro mundo).Portanto tirem um curso superior, pesquisem na internet paises que tenham falta de pessoas qualificadas na vossa area e nem olhem para tras! Nunca foi tao facil emigrar, sobretudo agora que nao ha fronteiras dentro da UE e nao e’ preciso vistos nem grande burocracia e ainda por cima ha’ “lowcosts” em que os voos ficam ao mesmo preco de uma viagem de carro Porto-Lisboa.Desde que nao vao parar a' Polonia ou a' Romenia, irao sempre para um pais melhor.E mesmo estes paises, daqui a uns anos, provavelmente ja' terao passado Portugal, quem sabe?Pois, a julgar pelas declaracoes do Min da Economia, aquando da visita a' China quando realcou que Portugal tambem era um pais de salarios baixos, parece que a estrategia brilhante do governo vai passar por esperar que todos os paises da Europa leste passem Portugal, para depois voltar a acenar a's mesmas empresas que ainda ha' pouco tempo sairam de Portugal, com os famosos salarios baixos. E ai virao eles outra vez, para explorar mao de obra barata!
Em resumo, na minha vida professional tomei duas decisoes certas:
1-inscrever-me num sindicato, por causa dos problemas laborais a que um tipo esta’ sujeito em Portugal e que se tornaram o pao nosso de cada dia
2-fugir de Portugal A.K.A. emigrar.»

20071011

Segurança Social em Espanha tem 80 mil portugueses inscritos

Existem 78.580 portugueses inscritos na segurança social espanhola (mais outros tantos não inscritos). Dados de Agosto 2007. Cerca de 2% da população activa portuguesa. Mais de 5% da população activa do interior.

Ano após ano, as fronteiras de Portugal reduzem-se. Espanha toma de bom grado o Portugal que o nosso Estado Central não quer.
Leituras recomendadas