20071211

Histórias de jovens e qualificados emigrantes do Norte 3

Cláudia Maia, Relações Internacionais, Nova Iorque
Já estou fora há 11 anos. Quando digo isto em voz alta dou-me conta da enormidade de tempo. Um terço da minha vida. Não era o que pretendia quando saí de Portugal.Saí de Portugal para ir fazer um estágio na Comissão Europeia - estava convencida que esse estágio de 6 meses seria a cereja em cima do bolo (o bolo era a licenciatura em Relações Internacionais) e que me abriria muitas portas de regresso a Portugal. Era isso, ou então melhor que isso ... acalentava a esperança de conseguir um lugarzinho na Comissão Europeia ... haveria emprego melhor do que esse de ser funcionária pública e ganhar mil contos por mês?! OK, quimeras à parte, eu estava plenamente convencida que regressaria a Portugal no fim dos 6 meses de estágio.Se acabei por prolongar a minha experiência em Bruxelas, foi pela aventura, pelo prazer de conhecer outras realidades, outras mentalidades, para continuar a alargar horizontes. Bruxelas conglomera pessoas de todas as nacionalidades, com experiências interessantes e percursos de vida diferentes. E eu nunca tinha convivido com tal diversidade e tamanha riqueza de experiências. O Porto não é propriamente cosmopolita nesse sentido.Se não regressei a Portugal no fim dos 6 meses de estágio, foi porque quis prolongar a experiência, a aventura, o prazer. Fiz outro estágio, fiz um mestrado, e continuava a divertir-me imenso, a enriquecer e a crescer.E tanto fui adiando o regresso a Portugal (que, para o efeito, poderia ser Espanha, Itália ou Dinamarca) que dei por mim a procurar emprego em Bruxelas. Não encontrei propriamente um lugar nas instituições da União Europeia, mas fui recrutada por um banco que não é um banco (é um sistema de compensação e liquidação de valores) ... e tem corrido bem!O ambiente de trabalho conquistou-me e por isso estou no banco há 8 anos: um ambiente muito internacional (cerca de 2000 pessoas, com uma abundância de italianos, franceses, espanhóis, holandeses, ingleses, russos, finlandeses, alemães, chilenos, japoneses, portugueses...), uma hierarquia horizontal e acessível, aposta na formação contínua, oportunidades de carreira, e até oportunidades que já me levaram ao Brasil (7 meses em São Paulo) e que me trouxeram agora a NY.Este é o meu percurso até agora. E queria aproveitar este espaço - GAP - para ressaltar todo este lado positivo de partir de Portugal em direcção ao mundo!Não posso deixar de referir, no entanto, o lado menos positivo desta vida de expatriados ... nem tudo é aventura, prazer, glamour internacional!Na minha experiência pessoal, há um factor que não podemos ignorar, porque nos vai desassossegar, fazer sentir divididos, forçar a (re)considerar as nossas opções. É o factor 'saudade' ... saudades da família, saudades dos amigos, saudades dos percursos que se faziam (o simples acto de ir comprar o pão a determinada padaria ... ou passar naquele quiosque ... enfim, saudades das rotinas que nos desenhavam os dias), saudades dos sons e dos cheiros, saudades do Porto, saudades de esplanadas, do rio, do mar, saudades da minha vida, saudades dos anos que não vivi em Portugal (como se os tivesse vivido em Portugal) ...O factor 'saudade' alimenta viciosamente o factor 'dualidade', o dilema da dúvida e da incerteza ... como teria sido a minha vida se tivesse ficado? impossível pesar prós e contras (porque, não tendo vivido uma das opções, nunca saberemos o que perdemos ou o que ganhámos em comparação) ... devo deixar-me estar, prolongar esta minha 'aventura'? ou regressar? ... e regressar, será a decisão acertada? vou arrepender-me? ... quando é o momento certo? ...Mas não quero atormentar-vos com os factores 'saudade' e 'dualidade' ... arriscam-se a ficar estacionados por dúvida e por incerteza ... A verdade é que eu sou um bocado Kierkegaardiana, não liguem ... Avancem sem medos, partam à aventura, e enriqueçam Portugal com as vossas experiências!
Espero que este meu testemunho tenha mostrado o lado interessante da vida expatriada ... alertando para o poder insidioso da portuguesa saudade.

2 comentários:

Diogo disse...

Menezes: «Pode-se dizer a coisa de outra forma. Se tiver 100€ de depósitos, posso emprestar ~90€. Estes 90€ serão re-depositados no sistema bancário, onde darão origem a um empréstimo de 81€, e daí por diante. Aqui estamos de acordo. Existe um factor de multiplicação da massa monetária em resultado da actividade dos bancos. Neste caso, é um multiplicador de 10x. Mas se os bancos pudessem criar dinheiro da forma como é dito, o multiplicador do crédito não seria 10, mas infinito. Se o banco tem 100 e pode emprestar 1000, e se alguém depositar estes 1000 noutro banco e este pode criar 10.000, e assim por diante o dinheiro é infinito.»

«O que eu afirmo é que os bancos não podem criar dinheiro. Não podem emprestar dinheiro que não têm.»



Diogo: Pois você está redondamente enganado Menezes. Vá ao Google e procure por "Fractional Reserve Banking":


Fractional versus 100% Reserve Banking By Morris J. Markovitz

Morris Markovitz is President of a Wall Street management firm.

To show this, let us first summarize both sides of the debate. The 100-percenters say that in a free society, force is outlawed, a statement both sides can endorse. Next, since fraud is a form of (implicit) force, it too must be banned. Since a fractional reserve system promises to pay specie in amounts greater than what actually exist, that promise is a fraud. Therefore, the 100-percenters contend, a fractional reserve banking system has no place in a free society.

The fractional reserve advocates, who disagree with the 100-percenters, also base their arguments on free market principles. In a free market, they say, anyone can do what he wants as long as he doesn’t use force against others. This includes banks. If a bank issues notes that aren’t 100 per cent backed by specie, by what right do we stop them? They aren’t forcing people to accept the notes.



From Wikipedia - How a bank can lend more than it has:

Reserves (silver, gold, and U.S. Bonds in past banking eras and U.S Bonds or Credit in the present banking era) are a special form of money which can be held by the commercial banks either in their vaults or on deposit at the central bank. They are generally described as a "high-powered" form of money and are needed to perform fractional reserve banking. When a bank is in possession of bank reserves this means that it is able to lend more currency to others than it has on deposit.

If we imagine a bank which has $100 in reserves, with a 20% reserve ratio the bank would be able to lend up to $400 without breaching the ratio. Hence, through each round of lending a portion is held in reserve until that portion approaches a limit of Zero and the issued credit lent into existence approaches of a limit of $400. Thus begetting a sum total of credit dollars approaching $500 total dollars (The initial seed currency "high-powered money" plus newly issued bank created credit dollars).



Murray N. Rothbard - Fractional Reserve Banking:

Let's see how the fractional reserve process works, in the absence of a central bank. I set up a Rothbard Bank, and invest $1,000 of cash (whether gold or government paper does not matter here). Then I "lend out" $10,000 to someone, either for consumer spending or to invest in his business. How can I "lend out" far more than I have? Ahh, that's the magic of the "fraction" in the fractional reserve. I simply open up a checking account of $10,000 which I am happy to lend to Mr. Jones. Why does Jones borrow from me? Well, for one thing, I can charge a lower rate of interest than savers would. I don't have to save up the money myself, but simply can counterfeit it out of thin air. (In the nineteenth century, I would have been able to issue bank notes, but the Federal Reserve now monopolizes note issues.) Since demand deposits at the Rothbard Bank function as equivalent to cash, the nation's money supply has just, by magic, increased by $10,000. The inflationary, counterfeiting process is under way.



Modern Banking and the Fractional Reserve System

Do you know where the bank gets the $160,000 for your mortgage? It's very simple. Someone walks over to a computer and types 160,000 beside your name. With only $27.93 of cash reserves for every $10,000 of assets (as of June 1999) the bank has just created the remaining $159,553 of that interest-earning money out of thin air. When, after 25 years of hard work, you pay off your mortgage, the $159,553 vanishes back into thin air. Not so the interest however. It vanishes into the banker's pocket. Chartered (i.e. privately owned) banks, such as The Bank of Montreal, The Royal Bank, The CIBC, etc. have created about 95 percent of our total money supply ($589.1 billion as of Sept 1999) in exactly this way. But the cash reserves in their vaults amount to only a paltry $3.893 billion. (About $32 billion of cash circulates in public hands.) This is called fractional reserve banking, and it's the greatest scam of all time because it creates debt for no reason other than to enrich the banking class.

Diogo disse...

Caro Menezes, vamos então a um exemplo (para uma reserva obrigatória de 10%):

No Banco A são depositados $100 em dinheiro-notas.

O Banco A faz um empréstimo de $90 ao Manel criando uma conta de depósitos à ordem no valor de $90 (isto é dinheiro-crédito). Este empréstimo vai ter de ser pago com juros.

O Manel passa um cheque de $90 ao Jaquim (para lhe comprar um carro) e este deposita-o no Banco B. Por este cheque, o Banco B pede ao Banco A 90$ em dinheiro-notas.

Note-se que o Manel está a dever 90$ ao Banco A que neste momento só tem $10 de reserva no cofre. No Banco B estão agora $90 em dinheiro-notas.

O Banco B faz um empréstimo de 81$ ao Lopes criando uma conta de depósitos à ordem no valor de $81 (em dinheiro-crédito). Este empréstimo vai ter de ser pago com juros.

O Lopes passa um cheque de $81 ao Mário (para lhe comprar um televisor) e este deposita-o no Banco C. Por este cheque, o Banco C pede ao Banco B 81$ em dinheiro-notas.

Note-se que agora o Manel está a dever 90$ ao Banco A e que o Lopes está a dever 81$ ao Banco B, que neste momento só tem $9 ($90 - $81) de reserva no cofre. No Banco C estão agora $81 em dinheiro-notas.

Neste momento, o Manel e o Lopes devem $171 à banca, que vão pagar ao longo do tempo com juros.

Etc., etc., etc.

Não sei se reparou, mas o Banco B, que começou com $0, tem neste momento $9 em dinheiro-notas de reserva no cofre e o Lopes deve-lhe $81 com juros. Como o Banco deve ao Jaquim $90, o banco está a empochar a diferença dos juros que recebe do Lopes (pelo empréstimo), dos juros que paga ao Jaquim (pelo depósito). Ou seja o Banco está a receber juros de nada.

No fim desta triste história, haverá rapaziada a dever um total de $900 mais juros para um depósito inicial de $100 em dinheiro-notas. Estes $900 de dinheiro-crédito foram criados do nada, mas pagam juros.

Supondo que havia dez bancos envolvidos (e que a coisa estava repartida irmanamente), cada banco, a partir de $10 em reservas de dinheiro-notas, criou $90 em dinheiro-crédito.

Any question?

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