Inicio hoje um conjunto de crónicas que demonstram a existência de «Máfias» do Centralismo. Mas afinal, quem são as elas ? Resumidamente, são as oligarquias que operam em sectores de bens e serviços não transaccionáveis (finanças, comunicações, energia, consultoria, advogacia, PPP), que tem o Estado Central como o principal cliente e que «manipulam» os seus agentes para proveito próprio. Estes portugueses habitam num raio de 100 km em redor do Terreiro do Paço.
Aparentemente o desmembramento do BCP, em curso, escrito nas entrelinhas da Blogosfera, visa alimentar de forma conspirativa e oportunista as ambições de poder de algumas destas «Máfias», actuando via governo do Partido Socialista. Vejamos até que ponto esta afirmação é ou não especulativa.
Leituras prévias:
- Noutra área de influência política, a finança, José Sócrates prepara-se agora para dominar o BCP através do seu amigo e socialista dr. Carlos Jorge Ramalho dos Santos Ferreira, numa manobra longamente preparada. A manobra, ao que parece aceite pelos accionistas de referência, dá-nos uma ideia da debilidade financeira e problemas legais do conglomerado e da necessidade que terá de conforto financeiro público e de imunidade judicial.
- «Sem margem para equívocos os acontecimentos recentes no BCP representam a mais descarada intromissão do Estado na economia (privada) desde o PREC, em 1975. Nem mais, nem menos;
- Pergunto, e aqui a resposta parece emergir à vista de todos, se o desastre que ameaça afundar o Millennium BCP, tem algo que ver com a crise financeira mundial que grassa sobretudo nas economias americana e europeia desde Agosto passado.
- Stanley Ho quer avançar com banco em Moçambique;
- E se a situação do banco não for assim tão segura como isso, quer dizer, for muito insegura e desiquilibrada? E se o risco de insolvência existir mesmo? Só nesse caso é que se poderia justificar (em termos, apesar de tudo...) uma atitude tão ostensivamente estranha como essa da "nomeação" para-político-partidária (indicação, sugestão, etc...mas no fundo, trata-se de uma nomeação) dos membros da administração em causa! (..) A não ser assim, então é mesmo tentativa de tudo controlar.
O mundo ocidental viveu nos últimos anos um boom de crédito barato em ienes (moeda japonesa), o chamado «yen carry trade». Devido a guerras cambiais entre a China e o Japão, este mecanimo foi interrompido no verão passado. Todos os bancos menos conservadores, mais alavancados estão agora a sofrer as consequências. Como podemos ler nos links prévios, o BCP parece estar numa situação menos boa em termos de solvência. Os bancos que arriscaram em demasia financiando-se para emprestar, tem agora que se recapitalizar. Tem sido o capital asiático que tem liderado este processo: A UBS, Morgan Stanley, Citigroup, Barclays, Bear Stearns e Merrill Lynch já venderam parte do seu capital a fundos estatais de paises orientais. Considerando este contexto, o interesse da China em investir em África, o fim da possibilidade de prolongar a alta de Lisboa para a zona da Portela, é natural que o lobby de Macau entre no BCP. Obviamente que tudo isto é feito com conivência do poder político: «Mal no filme, além do governo, que não hesitou em 'mover' as únicas peças (o duo dinâmico Vara/Santos Ferreira (e a ordem não é arbitrária...)) que inequivocamente mostram à exaustão a sua estratégia, Cavaco que se deixou envolver no lamaçal, Menezes ao reduzir tudo a uma questão de mercearia/deve e haver» e económico «Os Espíritos não dormem e sempre foram bons nas contas e no resto. Vamos pois ver se no sapatinho, nos próximos meses, não vem afinal o retalhar do BCP», saltando os Millenniums Africa para novos donos «amarelos».
Embora não pareça, tudo isto tem a ver com o Norte. É que a submissão do poder administrativo central às ambições destas «Máfias» oligarquicas de Lisboa é regra e não excepção. Desta vez a vítima foi um grupo bancário caído em desgraça. Mas poderia ser a OTA/urbanização da Portela, a gestão centralizada e privada das estradas de Portugal, ou a futura privatização do ensino superior público. Estas ficam para posteriores crónicas. Enquanto houver um Estado Central com tanto poder passível de «manipulação», nada se alterará. Apenas uma Regionalização a 5, a 5+2 ou a 30, por fusão da gestão de autarquias, é que poderá dispersar algum poder administrativo actualmente centralizado e assim dificultar a acção destas «Máfias».
Notas finais:
- Os que a Norte me/nos acham «caliméricos» ou paranoicos ao diabolizar «Lisboa», são efectivamente ingénuos porque não percebem como Portugal funciona;
- Os lisboetas cidadãos anónimos são também vitimas desta cleptocracia das suas elites oligarquicas. É muito importante não atacar os portugueses anónimos que lá vivem;
- Menezes tinha o Norte a apoia-lo em Setembro. Agora anda numa campanha de auto-credebilização junto destas «Máfias». É mesmo frágil...
- Atenção contabilista Rio: A derrama do BCP é paga no Porto. Retalhando-o, lá se vai uma apreciável fonte de receita...
- Neste tema há muito folklore, sendo de realçar as tentativas de explicação dos factos com abordagens idológicas do João Miranda.
- Alooo Sr Sanches ! Alooo Sr Pacheco ! Querem debater este tipo de «Máfias» ? Também nascem de conivências e proximidades regionais ...
- Historicamente, Norte põe termo ao desbaratar praticado em Lisboa. Inconscientemente, Manuel Serrão assina acertadamente no seu blogue: «Exercito de salvação nacional».
5 comentários:
Análise com muitas pistas de refelexão interessantes
PMF
Governo atribui compensações de 4,9 milhões de euros a operadores rodoviários
27/12/2007
O Governo vai atribuir compensações financeiras a operadores rodoviários privados da área metropolitana de Lisboa. No total serão atribuídos mais de 4,9 milhões de euros.
De acordo com o comunicado emitido hoje pelo Conselho de Ministros, o Governo aprovou hoje uma Resolução para a atribuição de "uma compensação financeira , no montante de 4.935.000 de euros, IVA incluído, a título de compensação pela obrigação da manutenção de prestação de serviço público, aos operadores rodoviários privados de transporte público de passageiros da área metropolitana de Lisboa".
As empresas compensadas são a Rodoviária de Lisboa, a Transportes Sul do Tejo, a Vimeca Transportes e a Scotturb Transportes Urbanos.
Grato pela referência. A situação complica-se e, se agirmos, como devemos, complicar-se-á ainda mais. Até o mercado funcionar, sem interferência governamental.
"o desmembramento do BCP, em curso, escrito nas entrelinhas da Blogosfera, visa alimentar de forma conspirativa e oportunista as ambições de poder de algumas destas «Máfias»"
Não creio que seja bem assim. Diria mais que o BCP já está dominado por essas "máfias" (aliás, embora a culpa não seja da opus dei, parece-me que isto só aconteceu graças à extrema confiança criada entre os membros desta instituição). E são precisamente essas "máfias" que estão agora a tentar tapar o problema...
Parece-me que o Pedro Menezes Simões está coberto de razão.
Enviar um comentário