20080117

A relação entre o Metro de Lisboa e o encerramento das urgências no interior

Por anti-comuna, em comentário no Blasfémias:

"Fico impressionado com o meu país. É mesmo caricatutral, mas tem a sua ponta de verdade. Os portugueses são uns mansos.Vem isto a propósito da estação de metro que já mete água. Uma estação de metro certificada por um engenheiro muito conhecido.

Lui même, o Pinócrates. Que assegurou ser aquela estação a prova provada do novo Portugal que ele imprimiu. Mas mais que a água que a dita estão de metro vê-se inundada, é a água que mete a gestão do metro de Lisboa. Sim, o metro de Lisboa mete água e a sério na sua gestão financeira.

"Passivo do Metro de Lisboa equivale a 2,2% do PIB: "O Metropolitano de Lisboa (ML) está a perder cerca de 160 milhões de euros por cada exercício de actividade, situação deficitária crónica que elevou o passivo acumulado da empresa para o limiar dos 3.300 milhões de euros, o equivalente a cerca de 2,2% do PIB nacional. Em entrevista ao Diário Económico, Joaquim Reis, que tomou posse como presidente do ML no início de Novembro de 2006, revela que, “para 2007, muito provavelmente, os custos globais da massa salarial do Metro vão aproximar-se dos 100 milhões de euros". Além destes 100 milhões de euros anuais, o ML despende, por ano, 75 milhões de euros com encargos financeiros com a dívida (juros), 40 milhões de euros para FSE – Fornecimento de Serviços Externos e ainda entre 30 e 40 milhões de euros com amortizações." (Notícia do DE http://diarioeconomico.sapo.pt/e...llo/ 726290.html , picada no blogue http://antiprovinciano.blogspot....quivale- 22.html).

Vejam lá bem a coisa. 2,2% do PIB é quanto o metro de Lisboa tem como passivo. E, lá está, Portugal continua na senda do paraíso cor-de-rosa. O que me espanta é o seguinte. 160 milhões por ano é uma fortuna, mas que são justificado para mobilizar os alfacinhas. Mas no resto do país fecham maternidade, serviços públicos vários e até dizem que assim é que está bem.Vamos a ver. É verdade que o défice público é elevado.

Mas poderia o Estado contornar o fecho de urgências, maternidades e escolas? Sim, poderia. E até com dois argumentos. Um, o estatista. Não cabe na cabeça de ninguém que em Lisboa, cidade-capital da parte mais rica do país, se torre mais de 160 milhões de euros por ano e, simultaneamente, se feche os poucos serviços públicos do interior, marteriazado pela incompetência do Estado em... Lisboa. O outro, menos estatista e Liberal, diria. O Estado podia privatizar os serviços públicos e apenas garantir a prestação dos cuidados de saúde. Financiano-os. Assim, além de garantir a tal rede social que é marca de uma sociedade desenvolvida, também promovia uma mais eficente alocação dos recursos, pois os privados, por norma, gerem melhor que o Estado.

Mas mais caricato é o seguinte. Quem ouvir o ministro das morgues portuguesas, leia-se, SNS, até parece que os fechos dos serviços no interior se justificam pela inexistência de uma procura real e sustentada por esses mesmos serviços públicos. Essa justificação política é uma porno-xaxada politiqueiro e demagógica. A prova está que, onde fecham serviços do Estado, abrem serviços privados. Porque existe procura. Mais. Se os privados abrem, é porque o Estado garante que aqueles serviços cumprem os requisitos mínimos de fiabilidade, se não não lhes permitira o funcioanamento dos serviços, que promoviam o risco das populações que acedam aos serviços privados. A menos que o fecho de maternidades, urgências e outras valências hospitalares, em vez de terem um fito de elevar a qualidade dos serviços prestados às populações, tenha apenas como única razão cortar nos custos.

Ora, aí é que este país se mostra insano. Então poupa-se uns milhões no interior, abandonando as populações aos critérios de riqueza no acesso aos serviços públicos, e estouram-se muitos mais milhões em Lisboa, na porcaria do metro? Ou seja, os portugueses do interior nascem e morrem nas ambulâncias, só para que os portugueses de Lisboa, já de si beneficiados por viverem na zona mais rico do país, sejam sybsidiados nos seus transportes urbanos?

É claro que isto não interessa debater, nas televisões do Estado e nas privadas. Na imprensa sedeada em Lisboa ou no Porto. Logo, estas anomalias vis e desestruturantes de uma coesão social necessária para elevar a própria competividade do país, não deveriam se robjecto de análise por parte da "inteligentzia" portuga?

É claro que esta forma de destruir o país terá custos elevados. Não estão a ver uma Intel investir em numa região em que os serviços estatais funcionam assim, pois não? Em que um acidente laboral para ser tratado implica custos elevados, até em termos de vidas humanas, numa deslocação entre o local de trabalho e o hospital, pois não? É que muitos julgam que este tipo de investimentos, feitos pelas vilipendiadas multinacionais, também encerram este tipo de capítulos nas razões de escolha de um determinado local para a localização de uma fábrica. Não conta apenas um aeoroporto. Assim sendo, com esta forma de desgovernar o país, o Pinócrates aplica mais um profundo golpe nas aspirações dos mais pobres que vivem no interior do país.

Enfim, Portugal afunda-se."

anti-comuna 17.01.08 - 8:02 pm #

Nota: O défice em 2006 era 2,2% do PIB. Já fiz as contas para 2007, e são pelo menos 2,4%. A infraestrutura tem 60 anos. Não há qualquer razão para haver tamanho défice de exploração. Parece-me ainda muito dinheiro para um serviço público que não funcionou durante vários dias o ano passado. Entre outras coisas, por causa de um subsídio para abrir e fechar as portas do veículo. Perdoem-me a frieza. Mas tenho informações internas que me dizem que aquilo tem unidades com o triplo do pessoal necessário. Alguém paga isso. Mas eu não beneficio nada.

1 comentário:

Jose Silva disse...

O Anti-comuna é msmo bom. Já o convidei várias vezes e em vão para vir trabalhar para o Norteamos.

Infelizmente não há elites pensantes no Interior. E assim o Porto é o único que protesta.

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