A escolha da construção do novo aeroporto para o campo de tiro de Alcochete tornou-se uma decisão quase consensual e é aplaudida de norte a sul do país. Todos os partidos, todos os técnicos, a grande maioria da população portuguesa parece vergar-se ao peso do estudo do Laboratório Nacional de Engenharia Civil. O Sul porque sim, é mais um instrumento que vai trazer mais pessoas, potenciar a troca de mais mercadorias, mais investimento público e comunitário. A região Norte respirou de alívio, rejubilou e descansou pela defesa da manutenção da importância do seu aeroporto Sá Carneiro; através do seu ascendente paladino que mais se afirma na região, o Dr. Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto vangloria-se com o seu contributo e promessas de estudo ter esvaziado a Ota e afastado a sombra do aeroporto para mais longe da sua área de influência. Os partidos da oposição cantam vitória, pois conseguiram demover o “jamais” do ministro Mário Lino e pela primeira vez, não me lembro de outra, de fazer recuar a denominada “firmeza decisória” do nosso primeiro-ministro. O governo esfrega as mãos porque conseguiu fazer vingar a velha receita do betão que significará mais empregos, mais negócios e em consequência mais votos. Perspectivam-se bons negócios para as grandes empresas. O povo está feliz porque acabou a barafunda e a novela já tinha ultrapassado o prazo de validade.
A opção pela Ota era um investimento muito mais descentralizado e na perspectiva do desenvolvimento do país criava um pólo dinamizador de progresso, mais centrado em termos geográficos, alargando a sinergia de desenvolvimento para além da área metropolitana de Lisboa e da península de Setúbal. Alcochete acrescenta mais uma ponte sobre o Tejo, mais estradas, mais um ramal de TGV, mais infra-estruturas, mais investimentos públicos e privados que irão também ser euro-financiados. Uma grande quota do bolo das verbas europeias, das finanças públicas vai ter um claro destinatário – a zona do país mais desenvolvida. Aí se vai concentrar mais riqueza e mais população continuando a alargar-se o fosso com o resto do país. Continuaremos a construir um país cada vez mais desequilibrado e centrado. O que vai sobrar serão uns trocos.
A opção pela Ota era um investimento muito mais descentralizado e na perspectiva do desenvolvimento do país criava um pólo dinamizador de progresso, mais centrado em termos geográficos, alargando a sinergia de desenvolvimento para além da área metropolitana de Lisboa e da península de Setúbal. Alcochete acrescenta mais uma ponte sobre o Tejo, mais estradas, mais um ramal de TGV, mais infra-estruturas, mais investimentos públicos e privados que irão também ser euro-financiados. Uma grande quota do bolo das verbas europeias, das finanças públicas vai ter um claro destinatário – a zona do país mais desenvolvida. Aí se vai concentrar mais riqueza e mais população continuando a alargar-se o fosso com o resto do país. Continuaremos a construir um país cada vez mais desequilibrado e centrado. O que vai sobrar serão uns trocos.
7 comentários:
Caro José mesquita,
Tem toda a razão no que escreve menos numa coisa. Aliás, a mesma falta de razão que mata Henrique Neto, apesar do conjunto de verdades que disse. A Ota também é em Lisboa. Portanto Ota ou Alcochete é a mesmíssima coisa.
Em linha recta, da pista da Portela à da Ota são 38 km; e da Portela à pista de Alcochete são 29 km. Alcochete fica 9 km mais perto de Lisboa. Uma fartura.
E sinceramente, a região centro, até ao vale do Mondego, já tem à mesma distância um belíssimo aeroporto: o Sá Carneiro. Deviam estar mais preocpados em tirar partido dele do que em querer um novo. Se há papel que eu não entendo nesta palhaçada geral é o de algumas elites de Coimbra.
Eu quero tudo menos um aeroporto para Portugal. Façam apenas um para Lisboa, se acham que é necessário.
mais: da Ota a Coimbra são 130 km; de Coimbra ao Sá Carneiro são 116 km.
Se estivessemos a falar de um aeroporto na zona de Leiria, dar-lhe-ia razão.
É certo que desta forma o poder demográfico desloca-se mais para a margem sul, mas a alternativa de termos ao menos um bipolarismo mantém-se.
A Ota é demasiado perto de Lisboa para que exista um efeito relevante na criação de um multi-polarismo.
JAM,
De TMAD até à OTA e Alcochete, é a mesmissima coisa.
Para o ASC, já não é o mesmo. Alcochete, se vier a ser construido não é tão ameaçador do que a OTA.
Se quer solidariedade do Porto com o interior Norte, também devia juntar-se à celebração do fim da OTA.
Eu penso que o fundamental é salvaguardar a sobrevivência do Sá Carneirio. Se o novo aeroporto é de Lisboa vai fixar população e riqueza em Lisboa. Se fosse na Ota penso que poria mais em causa a nossa.
Quando fui estudar para Coimbra todo o pessoal tomava bica e hoje toma café.
Mas grande parte das suas elites(?) deixam de facto muito a desejar (espírito servil de quem sempre viveu do carreirismo). Salazar que o diga...
Caro JAM,
Lendo novamente o seu texto, não posso deixar de lamenta-lo. O efeito da desconcentração de investimento da OTA ou Alcochete é exacatmente o mesmo. Nem um nem outro deixa de ser Lisboa e arredores. A única diferença é que Alcochete ameaça menos o ASC.
Não perceber isto é lamentável.
Parecem haver alguns equívocos nos diferentes comentários ao meu texto. A minha defesa não é Ota, nem Alcochete, mas o Norte e o interior Norte. Pelo que ouvi no debate de ontem e pela opinião que fui formando, Ota era um projecto mais nacional do que Alcochete. Se não...
A administração central, leia-se Lisboa aquando dos grandes quadros comunitários de apoio acarreta para desígnios nacionais vários empreendimentos na capital. Quando é que o interior e o Norte passam a ser desígnios nacionais para se passar a atenuar o contínuo fosso que nos vai separando? Não podemos ficar calados. Este também é um dos principais objectivos deste blogue, penso eu de que...
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