20070917

NORTE E CENTRO SÃO OS MENOS PRODUTIVOS...

Não há, em nenhum país da União Europeia a Quinze, uma única região com menor capacidade para criar riqueza do que o Centro e o Norte de Portugal e, logo a seguir, o Algarve e os Açores. Nem sequer as regiões gregas, com quem Portugal se vinha a comparar nos últimos anos. Os dados datam de 2004 (os últimos disponíveis), mas a disparidade deverá ser hoje ainda maior, já que Portugal tem crescido abaixo da média europeia. E, nos próximos anos, o desenrolar de acontecimentos deverá deixar o país ainda mais longe dos parceiros europeus, já que aproveitará menos as políticas de coesão comunitárias do que, por exemplo, a Grécia, indicam estimativas preliminares da Comissão Europeia.
O documento confirma que o Norte é a quarta região mais pobre dos Quinze e que a produtividade (a capacidade de criar riqueza, medida dividindo o Produto Interno Bruto pelo número de trabalhadores) é a segunda pior - só suplantada pelo Centro do país. A produtividade das regiões Centro e Norte não ultrapassa os 47% da média dos 27 países - nem sequer chega a metade, diz o Quarto Relatório da Coesão. No outro extremo está o Luxemburgo - o país é tão pequeno que só tem uma região -, com 182% da média.Ultrapassados por 3 paísesDuas décadas depois da adesão à União Europeia e aos subsídios comunitários, seria de esperar que Portugal se comparasse mais de perto com os seus parceiros de longa data do que com os doze países que aderiram nos últimos anos. A verdade é que, hoje, três desses países (Chipre, Malta e Eslovénia) e duas regiões (Budapeste e Praga, as capitais da Hungria e República Checa) são mais produtivos do que o Norte e o Centro de Portugal. Só Lisboa se distingue nesta lista dos países mais pobres está em primeiro lugar, com uma produtividade de 78% da média dos 27. Sobre a disparidade entre uma capital e o resto do país, e sem se referir directamente a Portugal, diz o relatório de Coesão que "a crescente concentração da população e actividade económica em torno das capitais pode, a longo prazo, constranger o crescimento económico geral". Reflexo disso é o aumento da disparidade entre as regiões nacionais, destacada pela Comissão. "As disparidades alargaram-se entre 1995 e 2004", sobretudo durante a primeira metade da década.
De facto, Portugal será um dos países que menos aproveitará os 21 mil milhões de euros de subsídios, até 2013. Estima a Comissão que, até lá, crescerá 3,1% acima do que cresceria se não beneficiasse deste dinheiro, o que compara com os 3,5% da Grécia, os 6% da Eslováquia e os 9% da República Checa - países que rapidamente se aproximam do nível de vida português.
Um mau cenário para o País! O Norte sofre as consequências de erros consecutivos dos governos da nação e necessita urgentemente de reflectir na sua situação económica e na sua capacidade de criar e gerar riqueza...

3 comentários:

Anónimo disse...

imaginem os resultados se o norte não tivesse os bons gestores (Belmiro e companhia) e as grandes empresas criadas pelo seu proprio povo

Espectadora Atenta disse...

caro anónimo
É verdade... mas a SONAE não chega para cobrir um défice que se chama "produtividade". Esse é o maior problema da região norte, não duvide...

Luís Bonifácio disse...

O artigo do JN diz tudo, mas na realidade não diz nada.

Em primeiro lugar temos a questão das estatísticas. Como é que elas são calculadas?
Em segundo lugar podemos estar a tirar conclusões erradas, pois só podemos dizer que uma região é mais "incapaz" que outra, se as estruturas económicas forem similares.
Não podemos tirar essa conclusão quando no sul, predomina a metalomecânica, indústria automóvel enquanto a norte a indústria dominante é a indústria têxtil - elevado número de trabalhadores a produzirem produtos de baixo valor acrescentado.
Por outro lado sabendo que no sul, o sistema económico é dominado pelos Serviços, tradicionalmente mais "produtivos" que a indústria, situação inversa à da região centro/norte.

Se comparar-mos sector a sector, veremos que a região não é factor determinante no nível de produtividade.

Em relação ao texto publucado em 20070614. Ninguém, nem mesmo os governos, têm poder para contrariar a concentração de fornecedores no "Milk Run Radius" de uma linha de montagem. Os fornecedores que têm de estar localizados à volta de uma linha de montagem são os que tem contratos de fornecimento de peças críticas, onde a rapidez de reacção é fundamental - componentes pintados à cor da carroçaria de fornecimento sequencial, componentes cuja falta/problemas possa parar a linha de montagem, componentes frágeis, não transportaveis a longas distâncias.
No caso da INAPAL, em 1995 limitava-se a fornecer peças metálicas indiferenciáveis. Hoje apenas fornece os componentes da peça mais complicada que alguma vez a fábrica de palmela recebeu. É uma peça crítica em todos os seus aspectos. Evoluir como evoluiu a INAPAL em 10 anos é obra.

Em relação à Lear e à Delphi, elas vão fechar pela mesma razão que já fechou a Alcoa em Almada e pela mesma razão que vão fechar a Yazaki de Ovar e a Cablinal de Viana - Indústria de cablagens é uma indústria de mão-de-obra intensiva. O que acrescenta valor nesta indústria está, e esteve sempre, localizado fora de Portugal. Aliás foram os custos de mão-de-obra que fizeram estas empresas fechar no estrangeiro para se instalarem cá, pelo que o seu encerramento não tem rigorosamente nada a ver com a região, nem tampouco com qualquer decisão governamental.

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