20070917

Maconde

A Maconde transformou-se numa fritadeira de gestores. Depois de Pais de Sousa, que saiu no início do ano, ainda por lá andou Maria Cândida Morais.

É neste contexto que um ministro, Manuel Pinho, e um secretário de Estado, Castro Guerra, aparecem a promover um acordo entre a empresa e a banca, que além da reestruturação financeira que já estava negociada, contempla a entrada de sete milhões de euros de dinheiro fresco para financiar a actividade corrente e, ao que tudo indica, a saída de alguns dos sócios do primeiro MBO e a entrada de gestores no capital, com o apoio das capitais de risco do Estado.

Percebe-se a preocupação do Governo com a situação de crise da região Norte, a mais atingida pelo processo de ajustamento à globalização. A Maconde ainda emprega perto de 600 trabalhadores e tem impacto na região.

O Norte está a passar por uma crise que não fica muito a dever à crise da região de Setúbal nos anos 80 e 90. É natural que o Governo se preocupe com isso. Mas não é com intervenções casuísticas nas empresas e pressões sobre os bancos que o problema se resolve. Pelo contrário, são balões de oxigénio e sinais errados para o mercado. Mas parece que o desnorte já começou. - Luisa Bessa, texto na íntegra no Jornal de Negócios

Mais do que de intervenções casuísticas, precisamos de forte investimento na qualificação da população. Precisamos de atracção de investimento estrangeiro qualificador (mas sem distorção dos mecanismos da concorrência, vulgo "favores pessoais" ao IKEA), e que possam ser âncoras no desenvolvimento de sectores / "clusters". Precisamos de intervenção social de fundo. Precisamos de distribuição equitativa dos empregos públicos qualificados. De níveis de impostos adequados. De menos burocracia, decisões mais rápidas e mais conhecedoras da realidade local. De menos custos de contexto.

2 comentários:

Luís Bonifácio disse...

Quando em 1987 me encontrava a estudar na Universidade do Minho, o que agora se passa já então estava previsto. Todos os estudo isso indicavam. A "produção" da Indústria têxtil tinha deixado de ser o elo da cadeia que gerava mais valor acrescentado, tendo esta passado para a "marca" (Distribuição e comercialização).
Aqui aconteceram dois problemas:
O Governo deveria ter canalizado as ajudas comunitárias para que as empresas evoluissem para o elo de maior valor acrescentado, como isso não absorveria toda a mão-de-obra, deveria haver investimento em outros sectores produtivos. Nessa altura o tempo era de vacas gordas e o desemprego gerado poderia ser, com maior ou menor facilidade absorvido.
Por parte do Governo não houve coragem (ou saber) em tomar essas medidas, por parte da maioria dos inústriais também não.
Milhões e Milhões foram canalizados para renovação industrial, da qual beneficiaram os fabricantes europeus de maquinaria. Agora, passados 20 anos, é o que se vê. As empresas faliram, os equipamentos estão a ser vendidos ao desbarato para a China e Índia. Os trabalhadores no desemprego, a saberem fazer pouco mais que atar fios. Os milhões esfumaram-se e a recuperação vai ser muito dificil, pois as vacas vão estar magras durante muitos anos.

No caso da Maconde é um pouco mais complicado, pois ela tentou dar a salto (Mac Moda), mas como nós sabemos este passo é muito dificl, pois para além de Portugal não ter dimensão para as empresas alavancarem os seus projectos, os consumidores nacionais são os maiores inimigos da produção nacional, pelo que os únicos projectos que estão a ter algum sucesso são aqueles que mantêm secreta a sua identidade nacional.

sguna disse...

http://www.negocios.pt/default.asp?Session=&SqlPage=Content_Opiniao&CpContentId=302477

Uma história muitas vezes repetida e não só no Norte.

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