20071129

"O Porto é tão centralista como Lisboa como se confirma pela "árvore de Natal" - Filipe Melo

De facto, essas ideias estão todas do avesso...

O
Filipe Moura está convencido que no Porto* queremos alguma coisa de Lisboa. Que queríamos ter o Terreiro do Paço. Não queremos. A única coisa que queremos do Terreiro do Paço é que nos deixe em paz, e que não impeça o nosso desenvolvimento**. O que sempre pedimos foi que nos deixassem tratar dos nossos próprios assuntos, pela simples razão de que somos muito melhores a prosseguir os nossos interesses do que outros que nem sequer têm grande interesse em fazê-lo. Já que nunca o conseguimos, pedimos que pelo menos não desbaratem o nosso dinheiro, o que também não tem sido fácil (e lá estamos nós mais uma vez a tentar impedir-vos de fazer asneiras). Mas como o Estado Central gosta muito de encher os bolsos aos empreiteiros, às vezes, em momentos de fraqueza, limitamo-nos a pedir que, sem aumentar o esbanjamento, o dividam por mais algumas freguesias.

Mas ele está mesmo convencido que a nossa maior ocupação no Porto é cobiçar as
parvoíces de Lisboa. Sendo assim, a propósito da vinda para o Porto da maior árvore de Natal da Europa, escreve: "Este episódio confirma que o Porto só aspira a ter o que Lisboa tem, incluindo o poder. O Porto é tão centralista como Lisboa; a “regionalização”, para o resto do norte, seria decidir entre o Porto e Lisboa. Não há grande diferença, como se confirma pela “árvore de Natal”."

Deixa-me ler outra vez: "O Porto é tão centralista como Lisboa (...); Não há grande diferença, como se confirma pela “árvore de Natal”." Caramba! Nunca imaginei que a árvore do Millennium BCP fosse um símbolo tão grande do centralismo. Ups...pois é. Parece que afinal a ideia foi de uma instituição privada que até tem a administração em Lisboa, e o evento não é mais do que uma campanha de marketing. Pois...não tem mesmo nada a ver com os portuenses que, aliás, nem acharam muita piada à coisa***.
Concerteza far-lhe-à confusão, mas para nós Lisboa não é o centro do mundo. É verdade, gostamos tanto da nossa terra que não sentimos necessidade de cobiçar a dos outros. Temos mais que fazer (e mais ainda gostávamos de poder fazer, se nos permitissem).
*Leia-se também no Norte, porque este é um blogue sobre o Norte. Simplesmente as "farpas" foram apenas lançadas ao Porto e a Braga. **Sim, não queremos que promovam o nosso desenvolvimento. Já seria um avanço brutal se simplesmente parassem de o bloquear (seja deliberada ou inconscientemente). ***Se ainda fosse o maior pão com chouriço da Europa... : )
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