20080108

dixitque Deus fiat lux et facta est lux

"Este foi também um motivo para atacar a política «desigual» do Governo em termos de reabilitação urbana relativamente a Lisboa e ao Porto.
«Também neste capítulo, mão amiga escreveu no Orçamento de Estado para 2008 que a cidade capital poderá contar, desde já, com 45 milhões de euros para a reabilitação da sua frente ribeirinha, enquanto, no que ao Porto concerne, a preocupação governamental é a de reduzir ao mínimo a sua já parca participação na Sociedade de Reabilitação Urbana Porto Vivo»."


E ao fim de seis anos a cabecinha de Rui Rio iluminou-se. Vem tarde e cheira e manobra de recurso. Rui Rio foi ultrapassado pelos acontecimentos e subitamente transformou-se num "portista ferrenho".

22 comentários:

Jose Silva disse...

Só falta aliar-se ao PdC !!!

Não sei se Rio ou choro com este Rui !

O problema é que já não quer ir para Lisboa, ou aliás, já não há tacho em Lisboa para ele. O LFM foi mais esperto.

A população do Porto deveria perceber que este também queria ir para Lisboa e também o devia castigar...

PMS disse...

Enquanto o povo achar que é legítimo que o Estado Central entre em domínios do poder local, o clientelismo, o centralismo, e a distribuição (não) arbitrária de recursos continuará.

Não é um problema de pessoas, ou de cidades favorecidas. É um problema de sistema. O Estado Central não pode interferir no local.

Quanto muito, através de concurso público, com regras quantitativas definidas a priori e válidas por vários anos.

Unknown disse...

Caro António Silva,

Vai ser preciso explicar-lhe a diferença entre portista e portuense??? É que quem elege o PC do Porto não são os portistas???!!! De facto essa confusão existiu durante muito tempo, mas isso já foi chão que deu uvas, e negócios entre o Nuno Cardoso e o FCP. Vamos lá virar a página sff!!!

O que me interessava saber é com qual das afirmações de ontem do RR é que não concorda? Qual a parte da análise feita, pelo RR (bem como as afirmações do António Barreto), que acha que está errada?

Luis Pereira

Unknown disse...

Caro António Alves,

peço desculpa pelo engano no nome.

Luis Pereira

António Alves disse...

Caro Luís Pereira,

Não preciso que me explique nada. Caso não tenha reparado faço-lhe notar que escrevi "portista ferrenho" entre aspas.

Quanto às afirmações: concordo com tudo o que Rui Rio e António Barreto disseram. António Barreto é coerente e diz o mesmo há muito tempo. Rui Rio, fruto duma estratégia que correu mal, tem vindo nos últimos tempos a assumir um registo mais "regionalista" e agressivo para com o governo central. daí o "portista ferrenho". Mas que mudou foi Rio e não o governo central. Este mantém-se coerente nas já proverbiais diferenças de tratamento. Rio é que não. Quem o ouve hoje nem parece o mesmo do primeiro mandato em que era todo falinhas mansas com "lisboa".

Entertanto a cidade foi definhando. Rio incompatibilizou-se com toda a gente, desde os lixeiros à Associação Comercial, e os portuenses abandonam a cidade como nunca. É verdade que as causas da desertificação do Porto não podem ser todas, nem principalmente, acometidas a Rui Rio, mas nunca a cidade perdeu tantos habitantes como nos últimos 5 anos. É o que se chama votar com os pés.

Se quiser faço um desenho!

Jose Silva disse...

«faço um desenho»: Boa !

tomara que fosse tão simples explicar aos habitantes dos bairros sociais (que se vendem ao Rio por umas obras nas perssianas) que ele se está marimbando para o Porto.

Parece que infelizmente o Dr RMoreira está de boas relações com Rio. Não é nada credebilizador para o 1º, mas enfim...

Unknown disse...

Caro António Alves,

Não é minha intenção estar a "picá-lo", mas queria só chamar a atenção para algo que referiu, e que na minha opinião é uma contradição. "É verdade que as causas da desertificação do Porto não podem ser todas, nem principalmente, acometidas a Rui Rio, mas nunca a cidade perdeu tantos habitantes como nos últimos 5 anos." Então em que ficamos??? A culpa é ou não do RR???
A questão da desertificação da cidade começa a ser resolvida com a reabilitação urbana que agora se iniciou. Mas que ninguém tenha dúvidas que demora no minimo 10 anos até se produzirem os efeitos visiveis dessa politica. A questão é que isto deveria ter sido iniciado há pelo menos 10 anos atrás. Da mesma forma que quando se fala em educação, há que pensar com um prazo muito mais alargado, porque os efeitos dessas politicas não são imediatos.
Quanto a incompatibilizações: 1) Os lixeiros - tal como muitas "classes" que vegetavam no seio da Câmara do Porto - têm de perceber que as pessoas não estão dispostas a pagar (e muito) por um mau serviço. Horas extraordinárias excusadas (já parece a classe médica - com o controlo de presenças recentemente implementado nos hospitais públicos, conseguiu-se reduzir as horas extraordinárias e aumentar a produção). Agora diga-me uma coisa, acha que os médicos ficaram satisfeitos? Naturalmente que não! Mas nós em quanto contribuintes e utentes estamos melhor ou não? temos um serviço de melhor qualidade e mais barato! Isto é que é o interesse geral, e se isso implica que os decisores de incompatibilizem com algumas classes, pois então seja. Mas o interessa geral assim o justifica!!
Claro que era muito mais fácil deixar tudo como está, e continuar a vociferar contra Lisboa e os centralistas, e não cortar com os estrangulamentos que nos impedem de ser de facto um pólo de liberdade politica e económica, empreendedorismo e dinamismo social e cultural.

Cumpts,
Luis Pereira

Jose Silva disse...

Caro L Pereira,

A polémica Rio/Lixeiros visa apenas privatizar estes serviços públicos, sem concorrência, monopolíticos e altamente lucrativos a «empresários» amigos que gostam de copiar o modelo económico de Lisboa.

A explicação que voçê dá é a piedosa.

Jose Silva disse...

monopolísticos

PMS disse...

"Dr RMoreira está de boas relações com Rio. Não é nada credebilizador para o 1º, mas enfim..."

Pelo contrário, mostra uma actuação muito mais inteligente que a de Rui Rio. Quem quer ter influência na vida pública não pode andar a "fechar portas" por "dá cá aquela palha". Rui Moreira tem-se esforçado por abrir portas. Ter boas relações não significa concordância. Significa poder de influência. Fico contente que Rui Rio comece a compreender a inportância de se rodear de pessoas competentes.

"A polémica Rio/Lixeiros visa apenas privatizar estes serviços públicos, sem concorrência, monopolíticos e altamente lucrativos"
Alguém vê os Sopranos? Alguém sabe o que se passa em Nápoles neste momento. A Mafia ganha dinheiro a sério no negócio de recolha de lixo (negócio lícito angariado por formas ilícitas). Não é necessária elevada competência técnica para este negócio. Porque não simplesmente uma empresa municipal?

Unknown disse...

Caro José Silva,

Mas a verdade é que esse modelo está a funcionar em vários municipios, nomeadamente em Matosinhos, e com bons resultados. Qual é o problema de concessionar esse serviço a uma empresa privada, se isso implicar um serviço mais eficiente (mais produção e menor custo)? Ou devemos manter esse serviço "dentro de portas" de forma totalmente ineficiente.
Por último queria só recuperar uma ideia que avançou e que considero extremamente importante. O chamado "modelo económico de Lisboa". Sabe qual é a face mais visivel dessa realidade? É a massa desproporcionada de emprego público, a nossa Administração Pública. Com todos os efeitos perniciosos que isso acarreta: burocracia; os chamados "custos de contexto"; despesa não produtiva; falta de recursos em actividade produtivos e em bens transaccionáveis internacionalmente (e que o Norte por contrapartida é um contribuinte líquido com as suas exportações); falta de estimulo ao desenvolvimento profissional e pessoal dos funcionários públicos, pois não há uma verdadeira preocupação com o desenvolvimento da carreira destas pessoas; e por fim o pior de todos efeitos, o CENTRALISMO absoluto e a macrocefalia de Lisboa. É isto que é preciso combater!!! Portanto não acha que devemo combater essas ineficiências e ser mais produtivos, concentrando-nos naquilo que sabemos fazer bem. Olhemos para o exemplo das empresas do Norte que são um sucesso a nível internacional (veja-se a Bial, entre muitos outros exemplos) e procuremos também aí os exemplos que nos permitam afirmar a nossa áfirmação social e económica!

P.S. - deixem-me desde já dizer que considero que este vosso Blog é também ele próprio um contributo para a afirmação que referi acima. Bem hajam!

cumpts,
Luis Pereira

António Alves disse...

caro Luís Pereira,

Como disse, Rui Rio não é culpado da desertificação porque o processo é-lhe anterior e ultrapassa até a capacidade de intervenção duma câmara. Mas uma coisa é certa: Rio não conseguiu inverter o processo e nem sequer travá-lo. A reabilitação em curso é para já um fracasso. Vai reabilitar alguns edifícios, criar novos polos de atracção e até trazer mais gente à cidade durante o dia. É o efeito árvore de natal mais alta do mundo. Não serão hotéis de luxo, lojas e cafés que trarão habitantes à cidade. Trará alguns, mas poucos e da espécie militante com dinheiro para pagar os preços elevados que são pedidos como, por exemplo, na rua das Flores. É um processo de gentrificação e não um verdadeiro repovoamente da cidade pelas classes médias e populares. E enquanto isso não for feito será um fracasso. Ilhas de bem-estar convivirão ao lado de ilhas de miséria. Enquanto não for oferecido às pessoas o que elas têm nos subúrbios - preço, funcionalidade e conforto - elas não voltarão. Existem demasiados exemplos de políticas de repovoamento de zonas deprimidas de cidades que resultaram em indesejáveis processos de gentrificação. Com o tempo até estes "gentries" acabam por abandonar a zona.

Quanto aos lixeiros: compará-los com os médicos é ofensivo para os lixeiros. Não há comparação possível.
A recolha do lixo na cidade estava melhor quando Rui Sá era o vereador responsável. Estava melhor também no tempo de Nuno cardoso. Não assistiamos ao espectáculo da cidade completamente nojenta aos fins de semana.
Rui Rio, execravelmente, retirou um subsídio de turno a funcionários com um trabalho duríssimo e salários baixíssimos. Foi uma manobra propositada para criar problemas que, em conjunto com o fim da recolha aos fins de semana, apenas tinha como objectivo criar um clima propício à privatização do serviço a uma empresa amiga. isto não é Nápoles mas há candidatos a napolitanos.
Considerar que os lixeiros "vegetavam" no seio da Cãmara não dignifica ninguém.

Recomendo-lhe a leitura deste artigo de Rui Sá sobre o assunto:
http://www.oprimeirodejaneiro.pt/?op=artigo&sec=9bf31c7ff062936a96d3c8bd1f8f2ff3&subsec=&id=0cb85848003c93a6a5d12cbb9edbebbb

P.S. Não sou do PC, nem votei em Rui Sá.

António Alves disse...

Artigo de Rui Sá:

Rui Sá*


A vida na Cidade do Porto tem sido marcada, nos últimos dias, pela greve dos Cantoneiros de Limpeza. Tenho ouvido, nas televisões, comentários de diversos Munícipes que, expressando opiniões diferentes e mesmo contraditórias, revelam algum desconhecimento sobre o que, verdadeiramente, se está a passar. Na sequência do 25 de Abril, os trabalhadores da limpeza do Município do Porto conquistaram o direito de receberem um subsídio nocturno (correspondente a um acréscimo de 50% no valor da remuneração urbana). Este subsídio visava recompensar os funcionários que, por força das suas funções, tinham que exercer a sua actividade durante o período nocturno (entre as 20h e as 7h, mais precisamente) – situação mais penosa, do ponto de vista pessoal, que se junta a um trabalho já de si difícil como o é recolher ou varrer o lixo produzido por nós todos. Em 1987, era Primeiro-Ministro o Prof. Cavaco Silva (ele mesmo…), decidiu diminuir este subsídio nocturno, passando o mesmo a metade (ou seja, passou a ser calculado com base em 25% da remuneração horária de base).
Consciente de que este corte iria prejudicar seriamente os funcionários municipais, a Câmara Municipal do Porto, sob a iniciativa do Engº Luiz Oliveira Dias (Vereador do PCP responsável pelos serviços de limpeza) e com o apoio do Dr. Fernando Cabral (Presidente da Câmara eleito pelo PSD/PP), aprovou por unanimidade a criação de um “prémio nocturno” correspondente a 25% da remuneração horária de base – ou seja, criou um prémio que compensou a diminuição do subsídio nocturno imposta por Cavaco Silva, fazendo com que os trabalhadores municipais não fossem economicamente prejudicados. Para dar ainda mais força a esta decisão e co-responsabilizar todos os eleitos municipais, esta proposta foi também aprovada por unanimidade pela Assembleia Municipal do Porto.
Depois desta decisão, vários outros Municípios tomaram idêntica medida, criando “prémios nocturnos” iguais ao do Porto.
Desde essa data, todos os anos esse prémio era actualizado de acordo com os valores da inflação, através de decisões unânimes da Câmara e da Assembleia Municipais do Porto, não obstante se saber que essa decisão contrariava a legislação. Era, assim, uma decisão política, assumida por todos os eleitos municipais, que se punham do lado dos trabalhadores, defendendo-os de uma injustiça evidente.
Entretanto, em 1998, um dos Governos de António Guterres criou o designado “subsídio de penosidade, insalubridade e risco” que visava atribuir, a todos os funcionários da Administração central e local, um subsídio para recompensar trabalhos mais duros (caso dos cantoneiros de limpeza, independentemente de trabalharem de dia ou de noite, coveiros e outros). O próprio Governo estabeleceu, nesse decreto, que teria um prazo de 150 dias para regulamentar esse subsídio (condição necessária para que o mesmo pudesse ser pago). Naturalmente que este subsídio não substitui o prémio nocturno (um cantoneiro de limpeza que trabalha durante a noite deve ser recompensado por esse facto quando comparado com uma cantoneiro de limpeza que trabalha durante o dia), mas o seu pagamento permitiria ultrapassar a perda do poder de compra resultante da eliminação deste prémio. Estamos, assim, perante uma ilegalidade cometida por sucessivos governos.
Uma inspecção da IGAT ao sector dos Recursos Humanos da Câmara Municipal do Porto considera ilegal, no seu relatório preliminar, o pagamento do Prémio Nocturno. Esse relatório, que foi contraditado pela Câmara, não é definitivo, não sendo, sequer, conhecido pelos Vereadores sem pelouros (embora o dr. Rui Rio tenha autorizado a sua “fuga” para o JN, o que não deixa de ser irónico, numa altura em que, em “guerra” com esse jornal, tenha decidido apenas responder a perguntas da imprensa desde que estas sejam escritas…).
Por isso propus que a Câmara continuasse a pagar o prémio nocturno até que o relatório final da IGAT fosse homologado pelo Governo e, naturalmente, desde que esse relatório confirmasse o parecer inscrito no relatório preliminar (ou, então, caso o Tribunal Administrativo do Porto se pronunciasse nesse sentido em resposta ao pedido de apreciação que lhe foi feito pela Câmara). Esta minha proposta foi recusada pela coligação PSD/PP e pelo PS no passado dia 22 de Novembro.
Por isso os Cantoneiros do Porto estão em greve. Porque são trabalhadores que recebem entre 400 a 600 euros mensais e, de um momento para o outro se vêem privados de cerca de 125€, ou seja, um quarto do seu salário para muitos deles! Não lutam, por isso, por aumentos, como ouvi munícipes a dizer. Lutam para não perder um direito conquistado há décadas!
Outros referem, e o Presidente da Câmara é um deles, que grande parte destes trabalhadores têm um outro emprego de dia. É verdade, em muitos casos, e isso só abona em favor destes trabalhadores que ambicionam ter uma vida económica menos apertada. Mas isso sai-lhes do corpo. Porque se ganhassem um salário justo e adequado à dureza da sua profissão, nenhum Cantoneiro de Limpeza, no seu juízo perfeito, se sujeitaria a deitar, todos os dias, às 3h da manhã e a acordar no dia seguinte para desempenhar outra função, sabendo que à noite tinha que percorrer, a correr, mais uns quilómetros e a pegar numas toneladas de sacos do lixo.
Naturalmente que esta greve causa problemas à Cidade, à sua imagem, aos comerciantes (que aguardam o Natal para tentar minimizar os efeitos da crise que se arrasta há anos) e aos Munícipes. Mas já pensou o(a) leitor(a) que os Cantoneiros de Limpeza ao fazerem três dias de greve estão a perder uma parte significativa do seu salário (a somar à perda do prémio nocturno) e, depois da greve acabada, vão ser eles a ter que limpar as toneladas de lixo que ficaram acumuladas (ou seja, perdem salário e vão ver o seu trabalho redobrado…).
Por isso admiro este exemplo de dignidade que os Cantoneiros de Limpeza nos estão a dar. E sinto um comovedor orgulho por, ao longo de quatro anos, ter sido o “seu” Vereador. Por isso manifestei-lhes a minha solidariedade, conversando e cumprimentando pessoalmente cada um deles, sabendo, em muitos casos, pelo convívio estreito que com eles mantive, quais são os dramas exactos que se escondem por trás dos seus rostos
E sinto uma enorme tristeza por ver que o Presidente da Câmara e os actuais Vereadores com pelouros, que não tiveram a coragem de falar com estes trabalhadores para lhes explicar o que se passa e assumir as suas responsabilidades, não têm pejo nenhum em chamar a polícia de intervenção para reprimir um compreensível desespero de quem tão pouco leva para casa apesar do muito que dá à Cidade.

*Engenheiro e Vereador da CDU na Câmara Municipal do Porto

Jose Silva disse...

Pedro,

Rui Moreira ou candidata-se contra Rio ou desbarata o capital que tem vindo a criar nos últimos anos.

Luis Pereira,
Eu falei em modelo económico de Lisboa. Consiste na colectivização e posterior privatização de serviços públicos ou negócios abrigados da concorrência internacional, ambos de elevada margem. Chamo-lhe Marxismo-Yeltsinismo e explicarei melhor oportunamente. Esteja atento.

Obrigada António, pelos esclarecimentos sobre os Lixeiros.

Infelizmente, Portugal está sobro-povoado de Rios, Socrates e Luises Pereiras, isto é manipuladores e manipuláveis.

Jose Silva disse...

sobrepovoado

António Alves disse...

Só uma rectificação: no meu comentário escrevi que "isto não é Nápoles mas há candidatos a napolitanos". Peço desculpa a todos os napolitanos que possam ter lido este comentário (possibilidade altamente improvável). Devia ter escrito: isto não é Nápoles mas há candidatos a padrinhos da camorra.
Que como toda gente sabe abundam entre os políticos.

Para se ser digno e integro não basta haver muita gente a dizê-lo sempre que um jornal lhes dá essa oportunidade - é preciso prová-lo na prática e não cometer indignidades contra pessoas fragilizadas apenas para levar a cabo os seus (execráveis) objectivos políticos. Existem pessoas a quem eu nuca estenderei a minha mão. O actual presidente da câmara do Porto é um deles. E não é por causa das suas opções políticas e restantes actos de gestão camarária porque nesse campo ele é livre e eu como democrata devo aceitar os resultados eleitorais: é por causa deste ignóbil episódio com os cantoneiros de limpeza da CMP.

Unknown disse...

José Silva,
Quando os argumentos são fracos, parte-se para o insulto e o ataque pessoal...Lamento que tenha seguido por aí...

Adiante...

Se a sua teoria se referir ao BCP, estamos de acordo. Agora relativamente aos serviços de recolha e tratamento de lixos???!!!
Estamos a falar de um serviço que as Câmaras Municipais prestam aos seus municipes. Esse serviço custa dinheiro, quer seja feito internamente, quer seja em regime de concessão. Trata-se de uma escolha económica, com o objectivo de maximizar o bem-estar geral. Se estamos a condicionar o bem-estar e o beneficio da população em geral aos interesses de uma classe (seja ela qual for), aí é que de facto temos problemas (daí o meu exemplo e paralelismo com o caso dos médicos). Portanto se se verificar que é mais economicamente mais racional concessionar esse serviço a uma entidade externa (privado ou não), porque não fazê-ço? Se me justificar que é uma questão de escolha politico-ideológica, respeito, mas devo-lhe dizer que, como é óbvio, estou absolutamente em desacordo. Doutro modo, são simplesmente justificações desprovidas de substância e que visam apenas manter o status quo e os interesses instalados, sejam eles legitimos ou não, à custa do bem estar da população em geral.

António Alves disse...

e também não tenho nada contra a privatização da recolha de lixos na cidade. desde que todo o processo seja claro e correcto e que se tenha a coragem de dizer isso claramente aos munícipes. Recorrer a estratégias rasteiras e arranjar bodes espiatórios é que não aceito. A coragem é para exercer sempre, todos os dias e em todas as circunstâncias. Não apenas quando é fácil, dá jeito, rende politicamente, os jornais e as tv's estão a ver e temos as costas quentes.

Unknown disse...

Caro António Alves,

Concordo com o que diz.

António Alves disse...

"espiatórios" deveria ter sido escrito assim: expiatórios :-)

Jose Silva disse...

Luis,

Porque é que há uma empresa privada interessada em efectuar um serviço de limpeza ? Porque dá lucro, naturalmente.

Se a CM XPTO tiver um fornecedor mais barato, de facto, porque não outsourcizar ? Efectivamente o Estado Local ou Central compram produtos e serviços que não são capazes de fabricar internamente, com por exemplo PCs ou automóveis. Então qual o mal ?

O problema é que Rio não demonstrou que fosse esse o problema. Não veio para a praça pública dizer que o serviço prestado internamente era mais caro do que em outsourcing. Apenas criou conflitos com os Lixeiros, para mais tarde justificar a concessão.

Entretanto, Rui Sá, diz que isto é uma forma de financiamento partidário e que a poupança com o outsourcing está por provar: http://ww1.rtp.pt/noticias/index.php?article=288810&visual=26

Se tiver acesso a algum estudo, pf publique aqui. Se não publicar, saberemos efectivamente com que base você forma as suas opiniões.

Unknown disse...

José Silva,

Vamos lá por partes.
1) Não tenho nenhum estudo técnico que me comprove que, concretamente no caso da recolha de residuos urbanos, a hipótese de externalizar economicamente mais racional.
2) Como penso que será perfeitamente perceptível, tanto pelo que referi relativamente à questão da recolha de residuos urbanos, como em relação à área da saúde e à avaliação de desempenho dos médicos, a questão de fundo tem a ver com analisar estas questões numa perspectiva de racionalidade económica e social. Dos exemplos que lhe dei, é fácil de concluir (a não ser por manifesta má fé)que não estou preso a nenhuma "cartilha" (o caso dos médicos tem sido um cavalo de batalha do actual ministro da Saúde PS). Acrescento mais um exemplo: o Novo Aeroporto de Lisboa - defendo a opção Portela + 1(Alcochete).Também aqui há que analisar e discutir a questão de um ponto de vista de racionalidade economica e social.
3) Tanto quanto dá para perceber, o Rui Sá também não tem nenhum estudo que demonstre que manter aqueles serviços no seio da CMPorto seja economicamente mais racional.
4) O que o Rui Sá faz é um enumerar de argumentos politicos contra a privatização dos serviços públicos. Mas repare que isso faz parte da cartilha do PCP, desde sempre. E seguindo-a, neste momento continuariamos a ter o Estado (directamente) a produzir e distribuir electricidade; fornecer serviços de telecomunicação, etc,etc,etc.
5) Não fui eu que me socorri das afirmações do Rui Sá. Recuperando a afirmação final do seu post anterior, será que esta utilização do que o Rui Sá vem dizendo nos permitirá "saberemos efectivamente com que base você forma as suas opiniões."???
6) As concessões de serviços não podem servir para financiamento partidário. Se assim acontece, quem o faz deverá ser punido. Se Rui Sá sabe que isto se faz e tem provas, então que o denuncie. Desta forma prestaria um excelente serviço à cidade e (acima de tudo)ao País. Como cidadão contribuinte, acredite que lhe ficaria muito reconhecido.
6) Por fim, e tal como Rui Sá sugere (aqui de facto tenho de concordar com o Rui Sá e utilizar as suas ideias) no artigo que teve a amabilidade de disponibilizar o link, tudo se resume a uma questão de escolha politico-ideológica (chamo a atenção para que, no meu entender escolhas politico-ideológicas não são a mesma coisa do que escolhas político-partidárias!!!). Eu assumo a minha escolha politico-ideológica. A sua fica cada vez mais clara. Convém dizer que é uma opção tão respeitável como qualquer outra, mas obviamente que também criticável e passivel de discordância. Apenas é necessário que seja assumida frontalmente e que não se socorra de argumentos laterais para se fundamentar.

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