20090331

Teach yourself «Drenagem» in 10 minutes - Parte 1/2

O «norteador» Ventanias comentava: «Diria que é chegado o tempo de começarmos a denunciar os erros de planeamento que justificam as opções do Governo, sem cairmos sempre na tentação de reduzir as questões ao eventual prejuízo do Porto e do Norte».
O problema, caro Ventanias, é que as decisões do governo passam sempre por prejudicar o Norte ou resto de Portugal. Não por causa de qualquer obsessão malévola dos lisboetas, administração central ou «máfias» que circulam o Terreiro do Paço. Eles nem se quer pensam nisso. A razão é muito prosaica. É que, no resto de Portugal e sobretudo na metade Norte, está o mercado/população/empresas/clientes que rentabilizam os projectos de natureza socialista (diria melhor, de natureza estalinista), que Lisboa permanentemente emite (Expos, CCBs, Benficas 6 milhões, NAL, «ligação à europa por TGV», concentração da administração pública central, privatização de serviços públicos, como por exemplo a ANA, etc).
Tudo isto tem a ver com o modelo de crescimento económico da região de Lisboa: Concepção e administração de Serviços não Transaccionáveis (SNT). Enquanto o Estado Central tiver funções ao nível da economia, houver impostos nacionais ou europeus para gastar e a actividade económica da região de Lisboa se concentrar no fornecimento de SNT (administração pública, comunicação social/cultura, sistema financeiro, gestão de energia, gestão de infra-estruturas, etc) o modelo desenvolvimento económico por Drenagem permanecerá. Os respectivos lideres empresariais estarão sempre a procurar novas modas/ideias/projectos para fornecer o Estado Central e para angriar clientes no resto de Portugal. Exemplos recentes são a centralização de serviços de assitência civil ou gestão do fornecimento água, como explica o 1º parágrafo da história da Águas de Portugal. (Continua amanhã)

20090330

Inovação «made in» Bragança: Finalmente um partido político defende a Regionalização por Fusão de Autarquias

MMS - Movimento Mérito e Sociedade - Bragança
Para o MMS-Bragança a regionalização é desejável. Contudo, não embarca na euforia e no desgoverno de adicionar novos níveis burocráticos, parlamentares, ou qualquer outra estrutura política entre as autarquias e o governo central. Se por um lado se pretende descentralizar, no sentido de transferência de competências do governo central para as regiões, por outro pretende-se centralizar as decisões políticas regionais, diminuindo a componente política das câmaras municipais para potenciar o governo regional. As benesses da regionalização diluir-se-ão se esta não for bem implementada e, se há algo que Portugal não necessita é do alargamento dos quadros (leia-se jobs) políticos. As câmaras municipais devem centrar-se nos serviços de qualidade que devem fornecer aos munícipes, reduzindo o excessiva politização que actualmente comportam. O modelo de regionalização preconizado pelo MMS-Bragança assenta, numa primeira fase, na fusão de administrações autárquicas em regiões intermunicipais com interesses comuns que poderiam elevar a sua escala, competitividade e acesso ao financiamento de projectos estruturantes em benefício da qualidade de vida das populações e das economias de escala com gestão mais proficiente. Será muito difícil passar de golpe, de 308 autarquias a menos de 10 regiões. O processo deve ser progressivo e, de alguma forma, evoluir naturalmente pelas associações espontâneas e consensuais, primeiro de regiões intermunicipais menores, para numa segunda fase se realizarem uniões de regiões intermunicipais em sub-regiões maiores, culminando numa terceira fase com a formação das regiões administrativas de dimensão adequada. O caminho que o MMS defende é a passagem de ~300 autarquias para ~100 regiões intermunicipais, mais tarde de ~100 para ~30 sub-regiões, e numa última fase as câmaras municipais e o governo central cederiam as definitivas competências para se formarem 8-10 regiões administrativas em Portugal Continental. Este processo poderá levar uma década a concretizar-se, afigurando-se-nos como o tempo adequado para minimizar os impactos da transformação da administração regional


20090329

Estação Parque da Maia

CCRDNorte entra no negócio da promoção imobiliária. Enfim.

Notícia - REGIÃO DO NORTE LANÇA AS BASES DE UMA REDE DE INFRA-ESTRUTURAS DE APOIO À INOVAÇÃO E COMPETITIVIDADE - A Comissão Directiva do ON.2 – O Novo Norte (Programa Operacional Regional do Norte 2007/2013), presidida por Carlos Lage, fez hoje o balanço dos concursos lançados com o objectivo de criar as bases para a criação de uma rede regional de Infra-estruturas de Apoio à Inovação e Competitividade e assegurou que, neste domínio, a Região Norte garante, durante 2009, a aplicação de 109 Milhões de Euros de fundos estruturais. O montante serve sobretudo o apoio à criação e dinamização de Parques de Ciência e Tecnologia, Incubadores de Empresas de Base Tecnológica e Áreas de Acolhimento Empresarial, numa rede regional que garante o investimento de 156 Milhões de Euros.

Na calha está o co-financiamento de projectos para a criação de, pelo menos, cinco novas grandes Áreas de Acolhimento Empresarial com lógica condominial, numa área de infra-estruturação de 300 a 600 hectares, para o apoio de 250 empresas de base tecnológica em Parques ou Incubadoras e criação de outras 280 unidades. Das projecções dos concursos lançados, é ainda possível estimar a ajuda comunitária para o desenvolvimento de 100 start-ups tecnológicas.



20090328

Gerês

Teach yourself about how «Máfias do Terreiro do Paço» work

Alívio: Mesmo usando as reservas o deficit externo mantem-se elevado face ao PIB


Fonte:
  • http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_foreign_exchange_reserves
  • http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_GDP_(nominal)
  • http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_current_account_balance

Ontem especulava se o facto de possuirmos resevas cambiais ao nível dos países orientais nos permitiria avançar para investimentos grandiosos (TTT, NAL, TGV). Efectivamente, não permite. No gráfico acima apresento (Reservas+Deficit)/PIB. Isto é, qual o peso no PIB do deficit da balança de pagamentos se usarmos as reservas cambiais para o pagar. Verifica-se que no caso nacional, continuamos em má companhia. Portanto o peso do deficit externo é tal que nem as reservas com padrão «asiático» nos acudem.

20090327

Teach yourself «Máfias do Terreiro do Paço» in 4 steps

1. Aqui Rui Moreira diz que o grupo Mello é um dos principaos responsáveis pela economia de Bens e Serviços Não Transaccionáveis, sedeada em Lisboa e, desde antes do 25 de Abril, beneficiária de apoios e facilidades da Administração Central;
2. A Brisa, empresa do grupo Mello, tem vindo a perder tráfego nas suas auto-estradas;
3. No site da Brisa podemos ver que tem a consessão da A4 – Auto-estrada Porto/Amarante que liga Amarante a Marco de Canavezes;
4 Troço da Linha do Tâmega entre Amarante a Marco de Canavezes encerrado.
Coincidência ?

20090326

Metro do Porto: Still crazy after all these years

Metro do Porto em falência técnica - A Empresa do Metro fechou o ano passado em falência técnica. No Relatório e Contas de 2008, aprovado esta quarta-feira, reitera-se a manifesta insuficiência de apoio do Estado ao projecto, que só avança com empréstimos bancários.

Metro do Porto: Comissão de Acompanhamento prefere Linha do Campo Alegre totalmente enterrada - Porto, 25 Mar (Lusa) - A Comissão de Acompanhamento da Linha de Metro da Zona Ocidental do Porto vai sugerir o enterramento total da linha no interior do Concelho do Porto, disse hoje o presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira. Aquele responsável falava em conferência de imprensa convocada para dar conhecimento público dos trabalhos da Comissão, que também integra Lino Ferreira, vereador do Urbanismo da Câmara do Porto e o arquitecto José Carapeto, quadro técnico da autarquia.


É incompreensível como esta malta vive num mundo de ilusões.
- Ainda não deram conta que não há crédito para estes projectos ?
- Ainda não compreenderam que mesmo que houvesse, Lisboa iria sempre fechar a torneira o máximo possível ?
- Ainda não compreenderam que quem paga o Metro são os contribuintes e que as soluções encontradas não podem ser enterrar metros apenas por questões urbanísticas/paisagísticas, porque essa solução é mais cara ?



Banco Central da China propõe a reforma do sistema financeiro internacional, defendendo os DSE.

The People's Bank of China-Reform the International Monetary System -Zhou Xiaochuan. Obama já veio dizer que discorda. Nós, norteamos os leitores sobre importantes alterações na economia.

20090325

Comunicado do MCLT - As Linhas do Tua, Corgo e Tâmega

Esta noite foram encerradas as Linhas do Corgo e do Tâmega. Na calada da noite e sem aviso prévio, tal como aconteceu em 1992, com a Linha do Tua, quando o Governo de então era chefiado pelo actual Presidente da Republica, o Prof. Aníbal Cavaco Silva.
As razões, as mesmas de sempre, a segurança! Este Governo não investe em Trás-os-Montes: fecha por motivos de segurança ou de economias de facilitismo de curto prazo.
O Movimento Cívico pela Linha do Tua, não pode deixar de mostrar um profundo desprezo pelas iniciativas deste Governo no que toca às suas politicas para o caminho-de-ferro no Interior transmontano e à forma como atenta contra a dignidade das pessoas que teimam em viver na região. Viver no Interior profundo, viver em Trás-os-Montes, é uma prova de resistência e uma prova de amor à terra, no seu sentido mais profundo, que poucos parecem entender.
O Movimento Cívico pela Linha do Tua solidariza-se com as populações das zonas afectadas pelo encerramento das linhas do Corgo e do Tâmega, e espera que também os deputados eleitos pelos circulos de Vila Real, Bragança e Porto, se manifestem e defendam os interesses dos cidadãos que os elegeram; uma oportunidade e um privilégio de poucos e que até ao momento têm ignorado, de forma politicamente consciente e pouco digna, convém sublinhar.
Exigimos assim, à semelhança do que tem sido a nossa postura face à Linha do Tua, respeito pelos utentes e pelas populações locais. Uma vez que se o esforço de consolidação de segurança é louvável, já não o é o estado a que deixaram chegar a infra-estrutura para ser preciso encerrá-la na sua totalidade. Ou, de forma tão flagrante como aquando da Noite do Roubo em Bragança em 1992, não estão a ser honestos quanto à verdadeira intenção destes encerramentos, pelo que se exige um plano de modernização e o início da intervenção na via imediatamente, e não em datas que nem a própria tutela sabe adiantar porque nem sequer pensaram nestas.
O Tua, Corgo e o Tâmega são sustentáveis e só terão futuro com as populações e para as populações.
Pelo desenvolvimento sustentável de toda a região duriense e transmontana,
Movimento Cívico pela Linha do Tua, 25 de Março de 2009 
Contactos: 91 682 22 37 / linhadotua@gmail.com

Reservas cambiais nacionais seguem mais o padrão asiático do que o ocidental


Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_GDP_(nominal) e http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_foreign_exchange_reserves

Será que o facto de possuirmos reservas cambiais face ao PIB melhores do que importantes paises ocidentais, permitirá os mega investimentos em Lisboa (TTT, NAL, TGV) ? Resposta amanhã.

20090324

Exames nacionais

Alguns estudantes pedem o fim dos exames nacionais por serem uma barreira no acesso ao ensino superior. Estes estudantes estão iludidos. Os exames nacionais (salvo uma pequena e relevante excepção que referirei no final deste post) não são uma barreira. São uma garantia de equidade para os estudantes.
Há uma barreira no acesso ao ensino superior, mas não é o critério de acesso, é o facto do número de vagas ser inferior à procura. Mude-se o critério de acesso (por. ex. só as notas do secundário) e o número de vagas preenchidas será o mesmo. Há uma excepção, que se refere aos cursos que não preenchem as vagas todas, e que exigem uma nota mínima (9,5). Mas neste caso (que corresponde a um número reduzido de vagas) está-se apenas a recusar alunos que manifestamente não estão preparados para frequentar o ensino superior.
Assim, estes estudantes mostram uma total falta de inteligência. Se querem reduzir barreiras ao acesso podem pedir o aumento do número de vagas (e a eliminação das notas mínimas), mas não o fim dos exames nacionais. Os exames são a única garantia de equidade entre alunos, ao assegurar a comparabilidade de diferentes estabelecimentos de ensino, minimizando o efeito de escolas demasiado brandas ou exigentes, e das situações de "compras" de notas.
Estes estudantes propõem reduzir a meritocracia e aumentar o chico-espertismo. O chico-espertismo até pode ser útil para muitas situações. Mas raramente é útil para concluir um curso superior.

Moeda mundial a caminho: DSE - Direitos de Saque Especiais

Alguém explica à ERC o que é a livre iniciativa privada?

"Quanto à Telecinco, a entidade reguladora considerou que as estimativas para o plano de negócios eram “claramente irrealistas”, tendo em conta a actual situação do mercado publicitário em Portugal."
Eis o cúmulo dos entraves ao empreendedorismo: o Estado impedir a criação de uma empresa porque ela pode dar prejuízo.

Título alternativo: Porque não colocar a ERC a avaliar os projectos do Estado (TGV, Aeroportos, etc)?

Não lêem o Norteamos...

Jornal de Negócios Online
Aconteceu o inevitável. Com a paragem total da produção da fábrica alemã de Dresden, única cliente e fornecedora de matéria-prima da unidade portuguesa, a Qimonda de Vila do Conde vai estar parada entre a próxima sexta-feira e o dia 13 de Abril.


20090323

Margem esquerda ou direita, no TGV

Rui Moreira, no Público, recentemente acusou os que defendem a passagem do TGV pela margem esquerda do Tejo (i.e., pela margem sul), de quererem prejudicar o Norte.

Infelizmente, creio que Rui Moreira baralhou várias coisas importantes.

Primeiro. Lisboa será sempre uma cidade de destino final em qualquer linha de TGV. Portanto, discutir a passagem do TGV pela margem sul não tem a ver com o acesso a Lisboa, tem a ver com a ligação ao futuro aeroporto em Alcochete, que ainda tenho esperança que venha a ser cancelado, e à linha para Madrid.

Acontece que também é verdade que se se optar por fazer o TGV andar pela margem sul/esquerda, igualmente se pode fazer a ligação a Lisboa mais a Sul, em Alhandra seria provávelmente o melhor local; deste modo se pouparia muito dinheiro, que faz falta para outros projectos e, se não for para outros projectos, para outros pontos de uma rede ferroviária moderna. Com essa ligação, poderia poupar-se esse erro crasso que é a 3ª travessia do Tejo no Barreiro, ainda por cima ferro-rodoviária, e podia permitir-se a passagem do TGV de Madrid para Lisboa, pelo menos numa primeira fase, pela mesma ligação (Alhandra). Com pouca perda de tempo, segundo dizem os especialistas e com grande poupança de recursos financeiros para o Estado (que é como quem diz, para nós todos). Os erros, politicamente motivados, de quem nos tem andado a impingir essoutras soluções caríssimas, não merecem que se confundam desta forma simplista questões essenciais com questões secundárias... O TGV Porto Lisboa dificilmente será rentável; não é por se pretender que se faça com subordinação a Alcochete que se torna rentável, nem que se inviabiliza a ligação ao Norte. O problema está noutro lado; em primeiro lugar no transporte de mercadorias; em segundo, na ausência de ligação de Pedras Rubras à linha Porto (Braga)-Vigo; finalmente na asneirada da ligação proposta para o Barreiro.

Segundo, a ligação do aeroporto de Pedras Rubras à rede de TGV é uma urgência que devia mobilizar o Norte. Infelizmente, isso não está a acontecer. Do mesmo modo, e por razões inversas, não faz muita falta ligar a linha do norte de TGV a Alcochete. Mas se a linha passar por lá antes de se dirigir a Madrid, não se perde grande coisa...

O erro, o maior erro de toda esta discussão, continua a estar em centrar o debate no transporte de passageiros. Esse é um favor que se faz aos interesses de quem quer impor o TGV sem pensar em rentabilização de investimentos, em relações de custo-benefício e em escassez de recursos.

Do que Portugal precisa e o Norte por maioria de razão, é de uma rede de transporte de mercadorias em bitola europeia. É isso que a RAVE e outras autoridades competentes tem esquecido. É disso que os partidos não falam. Será essa a maior consequência, negativa, das redes que nos andam a impor. E que as nossas empresas exportadoras pagarão muito caro...

Assim como é um erro calamitoso não separar a Ana por aeroporto, antes de a privatizar. É por aqui que se movimentam os interesses dos futuros monopólios público-privados; é por aqui que tem se conduzir o ataque.

É possível um Portugal melhor. Basta querer.

Lisboa a regar-se de gasolina

O especulador sociológico portuense Pedro Arroja, à custa de tantas teses produzidas por dia, acaba por acertar algumas vezes. Já alguém fez uma experiência com macacos a lançar dados com decisões de compra e venda de acções, e acabaram por bater o DowJones...
Adiante.
Uma especulação recente de Pedro Arroja é que Portugal entrará em guerra civil. Penso que acerta.
O texto ontem publicado no Público por Rui Moreira (cada vez mais presidente da CM do Porto) é verdadeiramente incendiário. O desepero da «máfia» que circula o Terreiro do Paço por negociatas leva-os a ignorar o peso populacional a Norte e a subestimar o descontentamento. Estão a regar-se de gasolina. Na prática, MFLeite e assessores, estão a destruir a utilidade do PSD fora de Lisboa e a criar espaço para partidos regionalistas, o que vai ser positivo.
Muitos suspiram pelo fim do regime ou pela clarificação do panorama político nacional. Tão importante como isso é o fim dos desequilíbrios territoriais, ou no nosso caso, a permanente inovação nos investimentos decididos na capital/gestão da administração pública, que tem apenas como objectivo sabotar/drenar o desenvolvimento fora de Lisboa e beneficiar os traficantes de influências lá instalados.

Antigamente, os chefes de Estado e governantes estrangeiros visitavam Portugal. Agora só visitam Lisboa. Na verdade, era hábito do protocolo de Estado promover a sua vinda ao Porto, depois de passarem por Lisboa, onde faziam contactos com os órgãos de soberania. No último dia da visita, costumavam chegar ao Porto de manhã, geralmente na companhia dos embaixadores e de um membro do Governo. A comitiva dividia-se, então, em contactos de negócios, visitas culturais e passeios turísticos. Depois, os ilustres visitantes eram recebidos nos paços do concelho, onde lhes eram entregues as Chaves da Cidade, eram homenageados pela Confraria do Vinho do Porto e almoçavam no Salão Árabe com a sociedade civil e com as autoridades da cidade, antes de rumar ao aeroporto, de onde partiam, após as honras militares. Foi sempre assim, a exemplo do que acontece noutros países, como sucedeu com a visita do nosso Presidente à Alemanha, onde ele não ficou cativo de uma só cidade. Mas o que era hábito entre nós, e hábito salutar e de justiça, agora deixou de ser, como se viu recentemente com a visita do presidente de Angola e dos reis da Jordânia. Não me recordo de uma única visita de Estado ao Porto, em três anos desta presidência, para quem não há utilidade em mostrar mais do que Lisboa aos dignitários estrangeiros e aos empresários, artistas e jornalistas que sempre os acompanham. E nada disto acontece por acaso.
O presidente da CIP, baseando-se num estudo da ADFER (a "associação do desenvolvimento ferroviário" que conta, entre os seus associados, com todos os autores do desastre da modernização da Linha do Norte) defende que o TGV entre o Porto e Lisboa não deve entrar na capital pelo norte, como está projectado. Em vez disso, deveria antes flectir para sul, algures no Ribatejo, através de mais uma travessia do Tejo e depois parar em Alcochete, de forma a aproveitar a entrada em Lisboa pela terceira travessia, que também servirá a linha de TGV para Madrid. Ora, sendo conhecido o enlevo do presidente da CIP pelo aeroporto de Alcochete, e sabendo-se que este fica beneficiado se estiver mais acessível ao Norte de Portugal, e já tendo a Rave denunciado este estudo como incorrecto sob vários aspectos, tudo isto não seria mais do que um fait--divers feito de interesses, se não tivessem aparecido algumas vozes do PSD a aplaudir a CIP e a secundar a sua estranha tese.
É certo que a oposição tem todo o direito de contestar a política do Governo e de lhe complicar a vida. Mas não é recomendável nem oportuno que o faça à custa da nossa região. Depois da líder do PSD ter estado no Porto e ter afirmado que não tinha sequer opinião formada sobre o modelo de gestão do Aeroporto Sá Carneiro, o que diz bem da importância que atribui aos interesses e sensibilidades desta região, só nos faltava ouvir agora algumas das vozes fortes do partido, ainda por cima eleitos pelo Norte, a subalternizar os interesses estratégicos da região. Quando todos pensávamos que o PSD era liminarmente contra o TGV, e que manteria essa linha de rumo, aparece a defender para o projecto uma tese absurda e insultuosa. Absurda, porque se o TGV do Porto entrar pelo sul, demorando mais vinte minutos no trajecto pelo efeito combinado do aumento da distância e da paragem adicional no aeroporto de Alcochete, o custo por minuto poupado no trajecto Porto-Lisboa face ao pendular aumenta em flecha, o que prejudica a análise custo-benefício de um projecto que, para muitos, seria dispensável se a modernização da Linha do Norte fosse concluída. Insultuosa, porque subalterniza o Norte e, como me dizia José António Barros, o presidente da AEP com quem falei sobre a matéria, porque sacrifica a viabilidade do Aeroporto Sá Carneiro, que não está ligado à rede do TGV, que poderia aumentar a sua área de influência e, em vez disso, vê os seus clientes naturais serem conduzidos através dessa mesma rede ao aeroporto de Lisboa...
E, mais uma vez, nada acontece por acaso.

PS: Resposta à SSRU: A questão de mais ou menos reabilitação, não afecta a abrangência ou a credibilidade da candidatura de Rui Moreira à CMPorto. O que afectará a sua credibilidade é confundir economia de mercado com PPP/privatizações/tráficos de influências ou afins, praticado por Lisboa e por Rui Rio. Caso ele, como presidente da CMPorto, o confunda, não haverá sebastianismo que o salve e eu estarei ao lado do Teixeira Lopes do bloco histérico, que é perito em criar alarido com esse tipo de práticas. A simpatia demonstrada por Rui Moreira com um político nacional que tem uma sexualidade inpompatível com as posições políticas e ligado a suspeitas de tráfico de influências na aquisição de material militar, não é de facto nada auspicioso.

20090321

Régua

Sobre direitos de autor ler esta nota.

Jogos perigosos

Imprescendível a leitura no Semanário de «Jogos perigosos» de Paulo Gaião.
Soares e Alegre são alguns dos senadores completamente incoerentes, que defendem agora o que não praticaram antes.
António Alves dizia há tempos que Portugal só muda a força. A referência à causa corporativa militar na génese do 25 de Abril prova isso mesmo.




20090319

Alguem sabe como foi ontem os Olhares Cruzados ?

Há video offline ?
Terá havido algo mais do que um choradinho do BE e do bispo vermelho contra o «capitalismo selvagem» e contra os despedimentos efectuados por Américo Amorim ? Suspeito que não.
Será que abordaram as suas próprias responsabilidades na alienação das massas regionais (religião, «as causas fracturantes» do BE) ? É que se nãoo, deviam poupar-nos o moralismo.
Se ficaram pelo diagnóstico, tornam-se irrelevantes. A conferência também.

Inflacção

Quantitative easing explained

20090315

Linha do Tua

Economia do Norte a lisboatizar-se 2

Jornal de Negócios Online
Joaquim Oliveira, proprietário da Controlinveste, um dos maiores grupos de comunicação social do país, vai ter mais três anos de período de carência no empréstimo de cerca de 300 milhões de euros contraído junto do Banco Comercial Português (BCP), noticia hoje o "Público".


20090314

Economia do Norte a lisboatizar-se 1

Jornal de Negócios Online
O mercado organizado de resíduos (MOR) poderá estar operacional ainda este ano. Sete consórcios demonstraram interesse na gestão da futura bolsa de resíduos, na sequência do apelo do Ministério do Ambiente, tendo a proposta do consórcio constituído pela Associação Empresarial de Portugal (AEP), Efacec, Vortal e Suma (do grupo Mota-Engil) sido classificada como a mais vantajosa.


Estação Campanhã e VCI, Porto

20090313

Como é possível...

... um candidato a primeiro ministro vir ao Norte e não ter opinião sobre o tema mais importante para a região?

Os Ruis perdem oportunidades e fazem-nos perder tempo. Precisam-se de «maus hábitos»

1. A a crise actual não permitirá (e bem) os grandes investimentos públicos, mas também não permitirá a Regionalização idealizada há 40 anos .

2. A Regionalização também não avançará porque, quer se queira quer não, é interpretada por uma larga maioria de eleitores como «tachos» para a classe política, actualmente a mais desprestigiada em Portugal.

3. Por fim, a Regionalização, quer se queira quer não, significa retirar poder à administração pública sedeada em Lisboa e seus responsáveis pelas decisões de fornecimentos, actividade propícia ao tráfico de influências que reduz a qualidade da nossa democracia. O mesmo se passa em pequena escala ao nível das autarquias locais. Também estas receam a perda de poder e respectivas consequências no pequeno tráfico de influências.

4. Assim por muita razão que nos assista, não vele a pena continuar a insistir no diagnóstico da situação económica do Norte e gritar contra Lisboa e seus protagonistas em tom severo, delicado ou outro. Não resulta. Já se anda nesta ladainha há dezenas de anos. Portanto, caro Rui Moreira, porquê insistir com MFLeite no tema Regionalização desta forma cega ?

5. Na minha opinião a única forma de implementar a Regionalização é apresenta-la aos eleitores como uma reforma profunda da administração pública, para poupar impostos aos contribuintes sem reduzir as funções do Estado (nomeadamente as sociais). Nesta alternativa, a criação de regiões administrativas deverá ser compensada pela redução do peso da administração local e/ou central, incluindo na dose certa as seguintes componentes:
  • Redução do número de autarquias e freguesias;
  • Redução das competencias das autarquias (por exemplo, passar a definição de PDMs ou os pelouros de actividades económicas e educação para as regiões);
  • Passagem para a administração regional das competências de criação de políticas públicas do ministério da Economia, Ambiente, Agricultura, Obras Públicas, Segurança Social. A administração central ficaria apenas responsável pelas funções de Estado (Finanças, Segurança, Justiça, Defesa, Administração Interna, Defesa) e as funções de registo centralizado (identificação civil, fiscal, segurança scocial, cadastro de actividades económicas, etc);
  • Obrigatoriedade de cada ministério da Administração Central ter 50% dos funcionários fora de Lisboa;
O principal ponto é que esta reforma teria que contemplar a criação de Regiões e a redução líquida de despesas/funcionários/instalações/recursos/eleitos/peso do Estado.

6. A blogosfera já fez o trabalho de casa:

7. Não faltam economistas portuenses regionalistas (mas não de aviário) para estudarem mais aprofundadamente um reforma deste género:
Não dá para a ACPorto ou a CMPorto patrocinarem um estudo ou uma mera reunião de fim de semana onde em «brainstorming» se defina os traços fundamentais de uma alternativa realista adaptada à conjuntura e conjugação de forças actuais ?

8. Rui Rio anda a reboque dos acontecimentos. Hoje é Regionalista, amnhão não sabemos. Daqui por 1 ano, quando for ministro das finanças, vai esquecer, com o cinismo habitual, tudo o que agora anda a dizer . Não vale a pena criar qualquer expectativa. Porém Rui Moreira já defendeu (e bem) a fusão de autarquias Porto-Gaia-Matosinhos. Porque não voltar a insistir nesta tese ? Vamos precisar de outros 10 longos anos para se chegar à conclusão que a criação de Regiões Administrativas só é viável se implicar equivalente extinção de poder/gastos/despesa/funcionários/políticos na administração local e central ? Que tal frequentar umas noites de MausHabitos ou outros ambientes alternativos portuenses para se ganhar alguma imaginação?

PS: Rui Moreira afirmou em entrevista que o Porto
«tem uma visão sebastiânica», continua à espera de um líder
». Acho que não acerta na análise embora ande lá próximo. O correcto é que os lideres portuenses não podem é empatar o Porto e demorarem 10 anos a ajustarem-se às opiniões da maioria da população residente. Desde 1998 que o Porto, Gondomar, Matosinhos são maioritariamente favoráveis à Regionalização.

20090312

PSD a caminho do Regionalismo ? Se sim, óptimo !

O António Maria: Portugal 91
A hipótese de Manuel Alegre hibernar até que passe o ciclo eleitoral, com a eventual ilusão de poder então capitalizar os descontentes no interior do partido, e eleger um sucessor de Sócrates que ponha em causa a tríade Macau, é um passo muito arriscado. A verdade é que este PS se transformou num partido do BES, do BCP e da Mota-Engil, e nada fará mudar a sua nova natureza tão cedo. O PSD, por sua vez, está a redefinir-se como um partido das PMEs e das autarquias — caminho muito rentável, política e eleitoralmente, se o souber fazer com audácia e muita criatividade. A esquerda actual, no contexto da gravíssima crise em curso, não tem soluções.

O PCP não passa dum cadáver estalinista adiado, sem qualquer possibilidade de imaginar o futuro. Estão agarrados à burocracia que controlam, dependem do voto senil, e daí não saem.

O Bloco de Esquerda, depois das posições assumidas recentemente sobre a NATO e sobre Angola, confirma à saciedade a sua incorrigível imaturidade política e radicalismo saloio. Nada farão para além de se digladiarem por lugares e correr atrás do tumulto.


20090311

A causa da falta de Produtividade

Novamente um comentário dá origem a um novo postal. Concretamente, este do CCZ.
O problema é mesmo detenção de conhecimento. O cidadão médio europeu ou pelo menos o empresário/quadro médio europeu já percebeu a sua/nossa correcta visão da Produtividade. A prova é verificar que há 50 anos os europeus do Norte tinham industrias tradicionais e que quando estas começaram a chegar a Portugal eles trataram de migrar para novos sectores.
Repare na noção de Produtividade por Jorge Fiel. Revela um desconhecimento inaceitável para quem escreve num jornal económico. A falta de conhecimento sobre o funcionamento da sociedade ou ciência, fornecido pela escolaridade ou não, revela-se na incapacidade de tomar boas decisões pessoais e na existência de elites fracas. Tudo isto existe em Portugal e prova-se analisando as estatisticas nacionais e europeias de desenvolvimento económico e humano.
Reconheço que esta conclusão é bastante pseudo-científica como a do «sociológo» PA, mas efectivamente o nosso problema é ignorarmos ou possuirmos uma visão muito superficial de como funciona o mundo. Isto leva a que as explicações das causas e as decisões sejam sempre muito fracas.
E falo de alguma experiência. Levo 11 anos de trabalho em PMEs com algum sucesso e conheço o nível de raciocínio dos respectivos gerentes. Trabalhei também durante 6 anos num grande banco e não é muito diferente.
PS: A descida de salários tem várias nuances. Será inevitável ex-post na economia como um todo. Será a forma dela se adaptar a uma conjuntura recessiva. Como receita para os decisores empresariais, obviamente que é inaceitável. O caminho deverá ser procurar inovar na proposta de valor. Como receita para a administração pública é um caminho aceitável embora politicamente incorrecto. Uma alternativa mais realista é fazer uma reengenharia do Estado, criando o Regional através da subtração/extinção de competências à administração local e central. Patinha Antão disse num debate nas últimas eleições do PSD que a administação pública poderia poupar 27% dos recursos produzindo o mesmo nível de serviços. Acredito que sim. O site Transparência-PT prova-o.

20090310

É desta que transmitem via internet ?

PUBLICO.PT: A VI edição do ciclo Olhares Cruzados sobre o Porto, uma iniciativa do PÚBLICO e do Centro Regional do Porto da Universidade Católica, vai debater em quatro sessões a decorrer este mês e em Abril alguns dos desafios com os quais se confronta o futuro da cidade e da região. Mantendo o modelo que contempla uma apresentação por uma personalidade com pensamento reflectido sobre um tema e o seu debate através de dois oradores.
A primeira conferência tem como propósito a discussão sobre As dinâmicas da sociedade civil no Porto. A apresentação será do jornalista Germano Silva e o debate será animado por
D. Manuel Clemente, bispo do Porto, e por João Teixeira Lopes, dirigente do BE. Esta sessão está marcada para as 21h30 do próximo dia 16, na Universidade Católica, e será moderada pelo professor universitário Américo Carvalho Mendes.
O Porto e o Mundo é o lema da segunda sessão, a decorrer no dia 25 de Março. A apresentação estará a cargo de Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, e o debate será feito por Diogo Vasconcelos, director internacional da multinacional Cisco, e por João Fernandes, director artístico da Fundação de Serralves. A moderação será feita por Manuel Carvalho, director adjunto do PÚBLICO.
A 16 de Abril, serão discutidos os papéis e as dinâmicas das Novas elites nortenhas. A apresentação será feita por Gaspar Martins Pereira, catedrático de História Contemporânea da UP, e o debate caberá a Carlos Abreu Amorim e Francisco Assis. A sessão será moderada por Ferreira da Silva, administrador do BPI.
A última sessão desta edição dos Olhares Cruzados vai debater o tema da regionalização. O tema será apresentado por António Figueiredo. Nogueira Leite e Luís Valente de Oliveira serão os oradores. Ao contrário das anteriores, esta sessão ocorrerá no Palácio da Bolsa, a 23 de Abril.

Já várias vezes sugeri. Espero que seja desta que os organizadores usem o Ustream.tv ou o mogulus.com.


Petição pela gestão autónoma do Aeroporto do Norte

A petição já conta com 3650 assinaturas. Faltam 350 para que o tema tenha que ser discutido em plenário na Assembleia da República.

Se ainda não assinou, faça-o agora.

20090307

Campanhã, Porto

Sobre direitos de autor ler esta nota.

«Máfias» verdes

Mais um episódio de mistura entre negócios privados e agentes políticos localizados em Lisboa.

O António Maria: Portugal 89
(...)Enfim, chega desta prosa bocageana que, no caso em apreço, é muito mais do que um incidente linguístico ordinário. Na verdade, o que este incidente mostra é o estado de nervosismo crescente e o descontrolo iminente das elites corrompidas do Bloco Central. O modelo neoliberal que o PS, PSD e CDS comungaram em alegre promiscuidade ao longo dos últimos vinte anos entrou em colapso. A dimensão do mesmo, e sobretudo as consequências, são ainda imprevisíveis. Mas que os cacos começaram a cair, disso não há a menor dúvida.

O incidente foi rapidamente abafado pela turma de zombies que decora o nosso parlamento —quando seria de esperar que fosse imediatamente remetido para uma comissão de disciplina interna da Assembleia da República (ignoro se existe ou não), e o deputado insultante fortemente penalizado. Assim, como os colegas deputados vão certamente assobiar para o ar, eu faço a pergunta:

* senhor deputado José Eduardo Martins, porque se irritou tanto com a insinuação do seu adversário político Afonso Candal?
* Tem ou não interesses profissionais e/ou económicos no sector económico do ambiente?
* Está ou não ligado a empresa desta área?
* Aufere ou não vencimentos, comissões ou vantagens patrimonias ou de qulquer outro tipo de empresas ou fundações vinculadas explícita ou genericamente aos negócios do ambiente?

Eu ignoro o que se passa com o deputado laranja neste particular, como aliás desconheço completamente a história da sua vida pessoal, profissional e mesmo política. Tenho escutado as suas prestações no "Frente-a-Frente" que o Mário Crespo promove diariamente no Jornal das Nove, entre protagonistas da nomenclatura político-partidária que temos, e a impressão até era boa! Vivo, rápido nas respostas, embora invariavelmente elíptico como é a esmagadora maioria dos nossos políticos. Não estava, apesar de tudo, mal. Mas agora, depois deste incidente, a sua credibilidade caíu por terra. Ou esclarece rapidamente as dúvidas que pairam no ar sobre a sua independência política, ou vai para o rol dos socratintas sem apelo nem agravo.

O negócio do ambiente é provavelmente o mais escandaloso dossier da nossa democracia recente. Os casos da EDP, que tem um plano secreto para se apropriar do direito público da água —para isso servem as onze barragens que quer construir (1); da Mota-Engil/Martifer/Suma, que quer tudo, da construção de barragens, às auto-estradas, portos e aeroportos, do duopólio da microgeração solar ao biodiesel, da limpeza urbana ao tratamento de lixos e reciclagem; ou ainda das misteriosas fundações e empresas de consultoria onde os cozinhados do Bloco Central têm lugar —Fundação Ilídio Pinho/Fomentinvest, Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, Fundação Mário Soares, Banif - Banco de Investimento/Fundação Horácio Roque, Caixa Geral de Depósitos (2), são de pôr os cabelos em pé! Não há mesmo outra explicação para o arrastamento inconclusivo do escândalo de corrupção Freeport, e para o silêncio aterrador do Presidente da República. A economia neoliberal dos parvenues lusitanos do Bloco Central faliu, mas tirar as mãos da massa e desnovelar todo este antro de desperdício, mentira e negócios muito mal explicados, quando não ilegítimos e corruptos, vai ser uma dor de cabeça para a actual nomenclatura democrática, sem excepção.


20090306

Obrigado Caixa

Vivo numa região que nos últimos anos perdeu grande parte dos seus centros de decisão regional para a capital. Não poucas vezes ouvi que a culpa era nossa. Que o mundo era assim, que as empresas apenas iam para onde tinham melhores condições competitivas.

Fosse verdadeira a explicação, e eu a aceitaria. No entanto, as deslocações não se deveram à competitividade de Lisboa (basta comparar os salários de quadros qualificados para ver que isso é falso), mas a incentivos do governo ou aos benefícios do compadrio e corrupção que usufrui quem circunda o Terreiro do Paço. E que simetricamente são negados a quem não o circundar.

Pelos vistos a eficiência e competitividade (com os quais eu concordo) já não servem quando são os centros de decisão regional de Lisboa que estão em causa. Nem que para isso tenham que gastar dezenas de milhões de euros dos nossos impostos. Tenho sérias dúvidas que tal tenha valido a pena. Para ser sincero, o único resultado que vi na defesa dos centros de decisão nacional foi a criação de monopólios ou oligopólios, preços mais elevados para a indústria e consumidores portugueses, e perda global de competitividade.

Em todo o caso, agradeço em nome dos portugueses à Caixa. Em particular em nome daquela meia dúzia que faz parte do Conselho de Administração da Cimpor. Nestes tempos de crise, esses são os empregos prioritários a proteger.

Já vejo a próxima comunicação do Sócrates: salvaremos todos os milionários que pudermos.

Os economistas marxistas e austriacos tem razão no diagnóstico: A explicação recorrendo apenas a uma imagem

DJIA

Uniões de Facto passam a ter divórcio

Se bem entendo, a união de facto é uma relação caracterizada pelo livre contributo de cada um dos elementos para essa relação (enquanto no casamento esse contributo é previamente alvo de um compromisso) e pelo não desejo de formalização da relação.

Há uns meses o Governo aprovou um diploma que dispensa os casados de qualquer responsabilidade pelo cumprimento dos deveres assumidos aquando do casamento.

Agora, o Governo decidiu alterar o regime das uniões de facto. Com a nova lei, os unidos de facto poderão ter de indemnizar a outra parte em caso de separação e (...) os membros da união respondem pelas dívidas contraídas por qualquer um deles.

Efectivamente há muitas formas de família possíveis. Mas para esta esquerda a diferença está só na aparência, no nome adoptado para a relação (casamento ou união). Porque todas as famílias têm o mesmo valor, a esquerda pensa que todas devem ter os mesmos direitos e deveres. E para quem quiser "viver junto" sem assumir compromissos legais, a única solução é deixar de coabitar a cada dois anos. Caso contrário, o Estado "assina os papéis" por nós. Salazar agradece.

Norteamos apresenta alternativa ao financiamento das PMEs

Carlos Lage dirige ao Governo apelo para a aplicação urgente de medidas que evite perdas de negócios e paragens de produção

CCDR-N RECONHECE SITUAÇÃO DE EMERGÊNCIA NOS SECTORES EXPORTADORES NO ACESSO AOS SEGUROS DE CRÉDITO

Tendo auscultado nos últimos dias representantes dos sectores do Têxtil, do Vestuário e Calçado da Região do Norte, a Presidência da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) reconhece a situação de extrema gravidade e de emergência das empresas destes sectores no acesso ao crédito à exportação, com especial atenção nas Pequenas e Médias Empresas (PME).

Verificando-se, em muitas unidades exportadoras, a ameaça de perda de negócios ou mesmo de paragem de produção, em resultado da rejeição ou anulação de apólices de garantias por parte dos operadores de seguro de crédito, o Presidente da CCDR-N, Carlos Lage, apela ao Governo Português a aplicação urgente das medidas anunciadas para assegurar créditos à exportação, assim como a responsabilização das entidades seguradoras, se necessário através de iniciativas mais radicais, no sentido do cumprimento das suas obrigações, num quadro de razoabilidade.


O meu modesto contributo:
- www.lubbus.com
- www.smava.de
- www.prosper.com
- www.boober.nl
- www.zopa.co.uk




20090305

Uma Casa da Música no porto de Leixões

Esta reunido o cenário para mais um erro no investimento público, tal como foi a Casa da Música:
  • Ausência de análise custo-benefício;
  • Uso do dinheiro público;
  • Investimento no imobiliário;
  • Iniciativa de autarquia do PS (Matosinhos);
  • Crença piedosa na importancia das «industrias criativas» e nas «incubadoras tecnológicas»;
  • Aposta num sector de bens e serviços transaccionáveis (Tursimo) mas ignorando a procura e a conjuntura (Number of Britons taking holidays in Spain plummets by 20% as the pound tumbles)
No mesmo porto de Leixões, os comboios de mercadorias praticamente nada transportam de e para os barcos atracados. Mas o que interessa é que é «in», dá votos, negócios aos amigos dos decisores e ilusão de desnvolvimento ao povo. Enfim.

Adenda: PMS e José Modesto asseguram na caixa de comentários a necessidade de um terminal de cruzeiros. Não contesto. Mas também será necessário um edifício de autor tipo Casa da Música como a imagem documenta ? O edifício de recepção dos passageiros precisa de ter uma dimensão que rivalize com os próprios barcos e que até tenha espaço para albergar um Pólo do Mar da UP , incubadora de empresas e residência universitária ? Não havia mais metro2 disponível ?

20090304

Cavaco lê Norteamos

Jornal de Negócios Online -O Presidente da República mostrou-se hoje céptico em relação a uma solução para a Qimonda após o encontro, no âmbito da visita oficial à Alemanha, com a chanceler Angela Merkel.

Já escrevi várias vezes no Norteamos que não há futuro para a Qimonda de Vila do Conde.


Estamos entregues à bicharada !

Venha daí essa bicharada! - Bússola

Jorge Fiel anda a perder qualidades. As suas crónicas de defesa do Norte tem passado por crenças utópicas no potencial das «industrias criativas», Serralves e afins. Agora vem  com a ideia do maior e melhor jardim zoológico da Europa !!! Enfim.

PS: "Bicharada" no sentido de animais de jardim zoológico e mais nada.


Será isto «portocentrismo», caros bracarenses ?

Jornal de Negócios Online
O grupo bracarense DST vai investir 80 milhões de euros na criação de uma rede de fibra óptica na cidade do Porto. Com uma extensão superior a mil quilómetros, abrangendo mais de 360 mil utilizadores, o investimento deverá ficar concluído dentro de cinco anos.

Na minha opinião, não. Trata-se apenas de agentes privados e locais. Braga poderá fazer o mesmo.


20090303

Novo jornal vai falhar

TVI24: O novo jornal diário que será lançado pela Sojormedia até ao Verão vai chamar-se «i», avançou esta segunda-feira a administração e direcção durante uma apresentação feita a todos os trabalhadores, em que a agência Lusa esteve presente.
Na minha modesta opinião, avançar com um Jornal na actual conjuntura económica e tecnológica é irrealista. Se acrescermos o facto de ser um grupo de comunicação fora de Lisboa (neste caso da região Centro), o cenário fica pior.


Fará sentido manter expectativas relativamente ao uso das infraestruturas de transporte ?

Jornal de Negócios Online: Em 2008: Crise económica reduz transporte de mercadorias em Portugal. O transporte de mercadorias diminuiu, no ano passado, em todos os meios de transporte (marítimo, ferroviário e rodoviário) com a crise económica a afectar sobretudo os movimentos internacionais. Os aeroportos nacionais viram o movimento de passageiros desacelerar face a 2007, divulgou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE).

Dados interessantes:
- O descréscimo no transporte de marcadorias foi mais acentuado na forma rodoviária, seguindo-se a marítima a e ferroviária. O transporte de mercadorias por via aérea incrementou.
- Aeroporto do Porto aumenta trafego de passageiros mais do que o aeroporto de Lisboa;
- Metro de Lisboa reduziu procura face a 2007, enquanto que o Metro do Porto incrementou;

A estes dados deveremos juntar a persistente perda de utilizadores nas auto-estradas nacionais.

Conclusão: As justificações para investimentos públicos no sector de transportes (NAL, TTT, TGVs, Portugal logístico, expansão de redes de Metro, etc) tem que ser revistas à luz da conjuntura económica.


20090302

PP ganha na Galiza

La Voz de Galicia. Elecciones Gallegas 2009: El Partido Popular reconquista el voto urbano.


Marxistas «say it better»: A explicação da crise por um Sociólogo (não, não é o PA, «for god sake»!)

O leitor conhece a Sociologia à moda de Pedro Arroja ? Pois bem. O que trago hoje não tem nada a ver.
John Bellamy Foster (sociológo de um país protestante) explica a crise actual com fundamentação científica e pouco enviesamento ideológico. Sobretudo porque identifica padrões de longo prazo na história económica dos últimos 200 anos. O início da entrevista é mesmo arrbatador:
«I think it is true, as you say, that the American people have been misled by analyses of the crisis into focusing on mere symptoms, or on the straws that broke the camel's back, such as subprime loans. There is still a great deal of toxic financial waste out there in the financial superstructure of the economy, but the real problems go much deeper. One reason for this failure to account realistically for the crisis is that those at the top of the system have very little clue themselves, given the near bankruptcy of orthodox economics. A second reason is that the dominant ideology is designed to naturalize/externalize economic disaster, pretending it has nothing to do with the inner contradictions of the system but is simply the result of human psychology, mistakes of federal regulators, deregulation, corruption of a few individuals, etc. Under these circumstances, what you get from the elites and the media is mostly nonsense, though there are individuals in the financial community, in particular, that are now analyzing the problem at a deeper, more realistic level.
The first thing to recognize is that this is a very serious crisis, of an order of magnitude comparable to the Great Depression. It is not a regular business cycle downturn or credit crunch. This should suggest that there are long-term forces at work. These include, over the last third of a century, stagnation, or the slowing down of the economy, and the financialization, the shift in the center of gravity of the economy from production to finance. Financialization refers not to just one or two financial bubbles (such as the New Economy bubble and the housing bubble) but to the growing reliance on financial speculation, which can be treated as a whole series of bubbles one after the other, each new one bigger than the last. This has been the dominant economic development since the 1970s, and especially since the 1980s. This financialization was occurring on top of a "real economy" or productive economy that was more and more stagnant. Given the rot below, financial speculation thus became the only game in town, serving to lift the economy. More and more economic activity was geared not to production but to the pursuit of paper claims to wealth. The last bubble-bursting episode, associated with the housing or subprime bubble, was so severe that it brought financialization to an end, generating what we call in the title of our new book The Great Financial Crisis.»
Da leitura deste e outros artigos, vislumbro uma solução: Assim com a financiarização da economia foi uma tentativa de responder à estagnação económica das economias industrializadas, poderão surgir futuramente outros caminhos: Incluir na economia formal actividades que actualmente não contam para o PIB: protituição, tráfico de droga e até trabalho informal de serviços pessoais (limpeza doméstica, acompanhamento de crianças e idosos, etc). Preparem-se para alterações drásticas na sociedade. Como se referia na entrevista: «Very often between one historical period and another, ten years suddenly might be enough to reveal the contradictions of a whole century».
Quanto mais se perceber esta crise, melhor. Quer seja a nível pessoal, profissional, regional ou nacional.
Leituras recomendadas