O voluntarismo público da administração central no caso do Ikea foi uma má ideia. Os aspectos negativos suplantam os positivos:
Positivo:
- Nova unidade fabril em Paços de Ferreira deu emprego a 274 trabalhadores;
- Galegos deslocam-se a Matosinhos para comprarem no Ikea;
Negativo:
- Ikea abrirá mais lojas em Portugal, nomeadamente uma junto ao Gaiashopping, tirando mercado aos fabricantes nacionais concentrados no vale do Sousa;
- Houve denuncia de favores pessoais na instalação do Ikea como se pode ler no Norteamos ou aqui.
Como todos os sectores tradicionais, o mobiliário também precisa de apostar no design, marca, internacionalização (Mobiliário só tem futuro se apostar nos mercados externos) e distribuição. Os móveis são sobretudo peças de design e moda. Ninguem compra sapatos para durar 20 anos, tendo a industria do mobiliário que se adaptar a esta lógica, como explica este gráfico. Assim o maior problema do projecto IKEA é mesmo o facto de esta captação de investimento directo estrangeiro (e o respectivo custo sobre os impostados) não ter grande efeito no «upgrade» do valor acrescentado, margens, produtividade do sector do mobiliário. O caricato é que as medidas nesta direcção estão a ser tomadas pelas autoriadades locais conjuntamente com as respectivas associações empresariais (e não pelo QREN centralizado, governo do Pinho ou IAPMEI lisboeta, com era previsível):
- 1ª Capital do Móvel na Galiza;
- FAMO (Lourosa) em Madrid;
- CM Paredes assina protocolo com a Escola Superior de Tecnologia de Viseu (ESTV) com o objectivo de implementar um Curso de Especialização Tecnológica – “Técnico de Design de Mobiliário” a promover no concelho pela ESTV, em Paredes; Viseu !? Não deveria ser a Faculdade de Arquitectura da UP a entrar nestes projectos ?
- CM Paços de Ferreira cria Centro Avançado de Design de Mobiliário e trás sueco especialista em design mobiliário; Ler também este artigo de Alberto Castro;
- Centro Tecnológico do Mobiliário (re-)abre.
É o que dá voluntarismo público à distância. Este, a existir, por opção ideológica, que seja ao menos de iniciativa de governos regionais/locais.
Mais um argumento para Regionalizar por Fusão de Autarquias, herdando as competencias do MEI. Extinga-se o IAPMEI nacional e crie-se IAPMEIs associados a cada autarquia/região. Não se assuste com esta multiplicação. Os funcionários teriam que sair dos excedentários das autarquias fundidas... O AICEP continuaria central dado que está relacionado com a actividade fora de Portugal. Na prática os mini-IAPMEIs seriam o Ministério da Economia de cada região, constituidos por uma equipa destinada à prospectiva económica, difusão de tendências pertinentes para os «clusters» locais, gestão de capital de risco e incentivos, gestão descentralizada de QRENs, gestão dos actuais CFEs e interligação com associações empresariais locais/regionais. De outra meneira, imagine-se o florescimento económico regional, captação de quadros, fim da emigração para Lisboa e da sua drenagem de actividade económica !
PS1: Pela comodidade e relação design/preço, serei brevemente cliente IKEA.
PS2: Ler também este artigo no Bússola.
1 comentário:
A vantagem dos Galegos vir a Matosinhos é por pouco tempo. Já vão construir um Ikea em Vigo, a par da velha auto-estrada para Tui e Valença.
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