20080307

Regionalização: Sim ou não? Sim, Não ...

Depois de ouvir o Dr. Miguel Cadilhe, Sim.

Após escutar o Dr. Santos Silva, Não.

E estou a ser coerente. Porque confio muito nos dois. Então, o que está em causa? Não serão as pessoas mais importantes do que propriamente os sistemas organizativos? Sim.

Mas estes dois senhores não se podem desmultiplicar. Quanto muito podem, e têm-no feito, criar condições de formação e de motivação de outros na defesa das suas opiniões.

Dando um passo atrás:

Heidi e Alvin Tofler, no Jornal Público de 2008.02.28, referiram:

" Pessoalmente, não me interessa o que as religiões fazem.

Podem existir todos os grupos religiosos que quiserem, desde que não influenciem a política.

… Se as igrejas fundamentalistas, nos EUA, decidem quem é nomeado para o Supremo Tribunal, portanto, decidem as leis que influenciam a minha vida".

Tudo isto tem a ver com a nossa vida, com a qualidade da nossa vida.

E o poder político só interessa na medida em que possa influenciar essa qualidade de vida.

O poder político é o poder de fazer as leis que condicionam a nossa vida. E a questão está em termos boas leis, adequadas à realidade e às necessidades das sociedades. E em fazê-las cumprir. E as más leis,  pela sua desadequação às necessidades, prejudicam depois quem está no terreno.Sobretudo as entidades económicas e empresariais.

O Norte já teve poder económico. Penso que nunca teve poder político. Nunca olhou verdadeiramente para a possibilidade real de leis poderem ter eficácia na drenagem de recursos, humanos, intelectuais, financeiros, de umas zonas do país para outras. Tal como transvazes. Há um efeito de massa que multiplica depois esses primeiros efeitos. Claro que pode não existir uma intenção deliberada dos poderes eleitos em efectuar esta drenagem. Mas, tudo resulta de uma dificuldade organizativa em controlar os poderes não eleitos, e que gravitam à volta daqueles, e que acabam por ter um efeito real na vida das pessoas.

Que tanto podem surgir a nível nacional como regional. Por exemplo, se um Governo limita a 100 pessoas o tecto máximo de contratação no país para um dado Instituto Público, e depois, quem decide, conclui pela admissão dessas 100 pessoas na sede, que fica na capital, está a drenar recursos para essa localização.

Portanto, entendo, que é também de um problema de organização que se está a falar. E que precisamos de quem sabe montar e gerir organizações. E na montagem de sistemas que evitem uma perda de recursos pelas frestas. De um excesso de escala que tem levado ao desperdício.

Neste fim de semana, o Dr. Miguel Sousa Tavares agarrou num exemplo e ridicularizou-o. Mas também se pode pegar noutro exemplo passado na sessão dos Olhares cruzados sobre o Porto: o que dizer da pedido do Prof. Oliveira Marques em não querer gerir um valor muito elevado de investimento público, porque tem noção que a pouca eficiência desse processo iria levar a um desperdício? Afinal, parece que há quem não esteja necessariamente preocupado com os volumes de investimento público. Mas, sim, com a sua coerência, razoabilidade, integração com as reais necessidades da região e dos seus vários agentes.

Nem tudo é hardware. Pedem-se melhores conteúdos e uma mais adequada gestão.

Os projectos têm de nascer por iniciativa das pessoas, o que passa mais por fora do poder político. De acordo com uma visão liberal, as sociedades não precisam de intervenção política, e se calhar esta nem é desejável. Não será isto um pouco ingénuo?

Colocaria outra questão. Regionalização: é necessária ou tornou-se uma necessidade?

José Ferraz Alves

 

1 comentário:

josé manuel faria disse...

Regionalização é uma necessidade.

Ordenar;

Democratizar;

Distribuir;

Organizar;

Unir;

Crescer;

Desenvolver;

Inter - comunicar;

Intra - comunicar.

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