A Norte, quando há desemprego, «empreende-se», emigra-se para a Europa ou para Lisboa ou cria-se um pequeno negócio (por isso os nossos empresários tem de facto baixas qualificações). A Sul, quando há desemprego, arranja-se emprego ou fornecimento no/ao estado central.
A Norte criam-se empresas industriais que não vendem ao estado central ou local e ambicionam a exportação. A Sul, as empresas lá localizadas, de «Serviços», vivem de negócios com o Estado (finaciadores-betoneiros), ou já foram publicas (bancos) ou beneficiam do proteccionismo estatal (PT) ou são monopolios naturais (energia, media) ou resultam de privatizações mafiosas (Aquapor, EstradasPortugal) ou são delegações de multinacionais ou beneficiam da destabilização de serviços públicos, como por exemplo o que está a acontecer com o ensino superior.
A Norte cria-se por iniciativa privada o cluster da Saúde para exportar medicamentos, instrumentos/material médico e serviços de I&D nesta área; A Sul o «cluster da Saúde» consiste na sabotagem do SNS para libertar mercado para a BES Saúde, Mello Saúde e Hospitais Privados de Portugal (GCD);
A Norte há verdadeiro Capitalismo, quase libertário, povoado por dezenas de PMEs em concorrência quase perfeita; A sul há neo-liberalismo onde o Estado transfere serviços/actividades publicas lucrativas para oligarquias locais, como escreve hoje Mário Crespo. É triste os Blasfemos portuenses ainda não terem percebido isto... São liberais livrescos...
Há muito que lamento o conceito de ensino de Empreendedorismo por funcionários públicos universitários. Um verdadeiro paradoxo. Mas agora ultrapassou-se o limite, com a FEUP a organizar uma conferência em que se socorreu de lisboetas para debitarem as seguintes cretinices:
- «Segundo José Epifânio Franca, fundador da Chipidea e professor catedrático do Instituto Superior Técnico de Lisboa, o problema de Portugal é não acreditar nas suas capacidades para o empreendedorismo. Portugal não é ousado, empreendedor nem inovador, mas "o problema está na mentalidade das pessoas e a possível solução também", acrescenta o professor. "O nosso país vive preso no mundo da descrença", afirma.». O que este senhor diz, aplica-se à realidade que conhece, Lisboa. A prova disso é que os 4 milhões de emigrantes portugueses espalhados pelo mundo, escassas centenas são de naturais de Lisboa... Paris é a 1ª, 2ª ou 3ª cidade portuguesa, conforme os critérios usados...
- «Pedro Pinheiro, administrador da Hozar (Cascais), não é tão optimista relativamente à posição do país no empreendedorismo. "Portugal não é uma nação de empreendedores", afirma. Mas refere que isso se deve a um conjunto de factores que não favorecem o empreendedorismo em Portugal. Questões demográficas, existência de demasiadas zonas de conforto, subsídio de desemprego e demasiados funcionários públicos são algumas das causas apontadas por Pedro Pinheiro para o baixo nível de empreendedorismo.» Tenho pena dos pobres alunos que assitiram a estas conferência....
É o tal ditado inglês: Não deixem os engenheiros/cientistas ciências exactas sair da fábrica/laboratório, para não terem a oportunidade de fazerem/dizer asneiras. Mas como o evento, Semana de Promoção da Inovação e do Empreendedorismo da Universidade do Porto (SPIE UP), é da universidade, a responsabilidade reparte-se pelas Ciencias Sociais e Humanas que estariam na sesta... Se todos estes doutorados conhecessem o percurso de Filipe Vilanova (Salsa), todos eles se fechariam numa fábrica durante dezenas de anos !
1 comentário:
Caro José Silva,
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Leia por favor o comentário que fiz a seguir ao meu último postal no Norteamos
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