20081022

Opções

Toda a gente faz opções. Eu também faço as minhas. Na política, decidi que o meu inimigo principal é este regime pernicioso em que vivemos há séculos, que consiste em a elite governante viver em permanente divórcio com o País, segura da sua superioridade e das benesses que isso lhe justifica e indiferente à necessidade de estimular o Povo a alçar-se a padrões de modernidade adequados.

Não é minha, a crítica, é dos nossos maiores. E é de sempre.

Pois eu entendo que é minha responsabilidade lutar para que isto mude. Quero deixar aos meus filhos o legado de ter tentado. Não sinto obrigação de triunfar, mas sinto a Fé de acreditar que, se tiver uma oportunidade, muitos acreditarão comigo e de saber que, se esses muitos forem suficientes, então Portugal mudará.

Esta minha decisão implicava escolher adversários e objectivos. O adversário, para mim, é claro: a noção perversa de que "não vale a pena". É esta a arma principal de quem beneficia deste sistema, deste regime. Não precisam de fazer nada para o protegerem, para se protegerem; basta-lhes convencerem quem deseja que as coisas mudem que "não vale a pena". E nós, nos nossos brandos costumes, vamo-nos encolhendo, aceitando que "não vale a pena", assim confirmando que, de facto, não vai valendo a pena.

Pois eu quero morrer gritando que VALE A PENA. O que significa que acredito profundamente que é possível. Basta querer.

Do mesmo modo, para mim o objectivo é claro. Destruir o centralismo em que assenta este sistema, este regime. A centralização é, não tenho dúvidas, o instrumento principal de quem quer manter o actual, e persistente de há séculos, estado de coisas. É através dela que se mantém os privilégios, as benesses e as sinecuras de quem nos vai governando.

É, por conseguinte, contra a centralização que se pode modificar o "estado das coisas". Destruir a concentração do poder, dividi-lo pelos diversos níveis em que poderia, creio, ser melhor exercido, é uma outra forma de distribuir o poder das elites por outras tantas elites, desse modo forçadas a competirem entre si. Sem tabus e sem limites, o que significa, por exemplo, que a regionalização tem méritos, neste pressuposto, como nenhuma outra medida terá. Mas nada se esgota aí.

Acredito que a descentralização será o melhor método para se reconstruir um País mais humano, mais próximo das pessoas e dos seus problemas, mais possuído pelos seus destinatários, que somos todos nós.

Só por estas vias, estou convicto, será possível reconstruir o País num outro modelo, que beneficie um número muito maior de cidadãos, que finalmente coloque o cerne da cidadania nas mãos de uma maioria alargada de cidadãos, a tão propalada classe média, elemento essencial do triunfo dos modelos sociais europeus e conquista fundamental das democracias ocidentais. E, assim, alcandorá-la aos níveis e padrões de vida modernos, das sociedades ocidentais, a que queremos pertencer e de que nos reclamamos, também há séculos.

E que, no fundo, são "o outro" - neste sentido social - de que fala o cristianismo que me inspira; com principal acuidade para os mais desfavorecidos, como é dever de quem "pode".

Por tudo isto, há muito tempo que procuro a oportunidade de poder gritar bem alto que VALE A PENA. Sinto que o momento está a chegar. A oportunidade está à porta. Vem aí verdadeiras alternativas. Espero, e estou a esforçar-me por isso, contribuir para elas com as minhas convicções. Com responsabilidade. Porque,

É POSSÍVEL UM PORTUGAL MELHOR. BASTA QUERER.

PS. Post publicado originalmente no nortadas

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