Os resultados das eleições no PSD não podiam ser piores para a política, para o PS, para o Norte e para Portugal na generalidade.
Ganhou a candidata que tem a desfaçatez de se apresentar como anti-tecnocrática, humanista e mais preocupada com a questão social do que com o défice ou a consolidação orçamental, quando toda a gente sabe que o fantasma de Manuela Ferreira Leite, e das suas concepções salazarentas sobre as finanças públicas, tem dominado a política portuguesa, quase sem interrupções, nos últimos 7 anos, sempre com o sinal contrário ao que agora, demagogicamente, propala. Ferreira Leite é exactamente a mulher de que o défice é tudo em política, da consolidação orçamental, dos cortes desenfreados nos sectores sociais ou nos serviços públicos como mostrou quando foi ministra de Cavaco Silva em diversas pastas em particular na Educação. A sua influência, como mulher de mão do cavaquismo, fez-se ouvir tanto no poder como na oposição, acabando por triunfar em Portugal, provocando a estagnação económica em que praticamente vivemos, pela acatação servil do estúpido plano de estabilidade, pelas subidas dos impostos, em particular do IVA, pela retracção do consumo e, consequentemente pela crise social, tudo agora agravado pela conjuntura internacional. A sua política financeira não tem nada de novo em relação ao contabilismo primário do salazarismo, protagonizado por outros iguais delfins ideológicos, neste matéria, como, por exemplo Rui Rio: trata-se de reduzir as despesas sociais, cortar nos vencimentos dos funcionários públicos e aumentar os impostos sobre os que não podem fugir. É o que temos tido, seja com tons laranjas, seja com tons rosados. O que caracteriza ideologicamente Ferreira Leite é precisamente o seu economicismo estreito, o seu anti-humanismo total, a sua insensibilidade social completa. Vai ser de rir à gargalhada esta cambalhota com que se prepara para fazer oposição à política que influenciou com sucesso para que fosse seguida pelo PS, a não ser que, entretanto, dê outra cambalhota para trás. De rir, para não chorar: mais uma vez a política no grau zero da moralidade. A próxima campanha eleitoral será mais uma palhaçada a degradar moralmente ainda mais este país cuja política o transforma num circo: o palhaço rico fará o papel do pobre e vice-versa. Depois, no fim, quem se vai rir do público são eles: afinal ambos eram ricos e o público é que lhes pagou o bilhete para isso.
Terminaram assim as possibilidades de acordo de revisão constitucional em relação ao referendo da regionalização que poderia ter sido alcançado com Luís Filipe Meneses: Ferreira Leite é visceralmente anti-regionalização, é a expressão mais acabado do centralismo nos seus piores sentidos.
No entanto, não nos resignaremos. A luta pela regionalização Terá de avançar para novos patamares. Não pode ser uma bandeira para agitar na oposição e guardar no governo. Nem para adiar até quando já houver dinheiro para distribuir. Como não tem de ser partidarizada como continua a ser. Somos a favor de pactos regionais e defendemos uma plataforma inter-partidária, desde já, no Porto, nesse sentido.
Quanto às últimas prestações de Menezes, na véspera e no dia das eleições, desde a indicação para não votarem no pior, no centralismo, à referência ao canalha de barbas, independentemente de ter toda a razão sobre a classificação do pior do PSD e provavelmente sobre o caracter do barbudo, foram patéticas, na medida em que Menezes acaba por sair como o Cavaleiro da Triste Figura, entregando o oiro ao bandido depois de ter o poder, pelo qual tanto tempo lutou, na mão.
Vitória dos "bombistas", derrota de um homem que vergou e quebrou face à força dos "canalhas". Ora se há momentos em que é preciso resistir sempre, quando não contra-atacar entrando-lhes nos próprios covis, é exactamente nesses momentos. São os momentos de não deixar os "canalhas" triunfarem.
Por este blog perspassou alguma simpatia pelo combate que o Dr. Meneses travava contra a tropa centralista como todos puderam observar; por isso não nos solidarizamos com os ataques que eram contra ele lançados, mesmo quando vindos do próprio PS, sobretudo quando com as mesmas motivações que os que vinham do PSD. Mas, finalmente, o Dr. Meneses, falhou. Soçobrou, quando tinha de resistir. Quem não resiste perde. Quem sempre resiste, acaba por vencer.
O resto são desabafos. Compreendem-se, mas não é assim que se vence.
Por Pedro Baptista
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