Lisboa não tem dimensão para dois aeroportos. O Porto não tem capacidade para um aeroporto que seja rendível isoladamente. Ambas as conclusões constam de um estudo encomendado pela ANA.
Com apenas 14 milhões de passageiros/ano de origem, Lisboa não atinge a dimensão crítica para viabilizar dois aeroportos em operação simultânea. Quem o diz são os especialistas do Boston Consulting Group e da Universidade Católica, num estudo encomendado pela ANA.
Os casos de sucesso de cidades com dois aeroportos registam uma capacidade de atracção de cerca de 35 milhões de passageiros/ano, sintetizou o vice-presidente da ANA, Carlos Madeira, num encontro sobre o futuro da Portela, promovido pela Ordem dos Arquitectos.
Manter a Portela operacional depois da inauguração de Alcochete, prevista para 2017, como há quem defenda, está, por isso, fora de causa, no entender a ANA. Até porque, lembrou aquele responsável, “não se pode discriminar companhias”. Além do que as companhias e os passageiros preferem concentrar-se num único local. E o mercado nacional da carga aérea não justifica um aeroporto suplementar.
Em abono da tese, o vice-presidente da ANA lembrou o caso do aeroporto de Mirabel, no Canadá, previsto para ser o maior do mundo mas que fechou as portas 35 anos volvidos, porque o aeroporto que deveria substituir nunca chegou a encerrar.
O ideal será, pois, sustentou Carlos Madeira, em representação da ANA, fechar a Portela em 2017 e transferir de uma vez só, sem transição, todas as operações para Alcochete, garantindo ligações rápidas e cómodas ao NAL.
Para o aeroporto do Porto, o estudo do Boston Consulting Group e da Universidade Católica conclui que a operação independente será de muito difícil rendibilização.
Os autores sustentam que, fora da órbita da ANA, o eventual concessionário privado do aeroporto Francisco Sá Carneiro demoraria 20 anos até começar a ver o seu investimento dar frutos.
A Sonae e a Soares da Costa estão a estudar uma proposta de exploração do aeroporto nortenho para apresentarem ao Governo. Ao “DE”, o CEO da construtora garantiu que os “seus” números são diferentes e apontam para que a exploração da concessão remunere em tempo útil o concessionário. Isto assumindo, sublinhou, que o aeroporto atingirá, com a nova gestão, níveis de performance iguais aos dos melhores do mundo.
8 comentários:
é um estudo de uma das partes interessadas (ANA/Governo) a sustentar as próprias posições; eu prefiro ler os sinais: existem empresas privadas interessadas em gerir autonomamente o aeroporto do Porto; que eu saiba tanto a sonae como a soares da costa não são conhecidas por andarem a dar dinheiro de borla aos pobres.
Sim, eu não defendo o que diz no texto, apenas o vi e quis partilha-lho com os meus amigos norteadores =)
e claro que o encerramento da portela interessa muito....aos polvos imobiliarios..não é a toa que ainda insistem na linha vermelha até lá..
Não vou questionar o estudo, embora eu saiba muito que os processos de benchmarking nunca analisem o potencial concreto de cada aeroporto. Isto é, limitam-se a comparar médias entre grupos previamente tipificados.
Quanto ao estudo, a conclusão que se retira daqui é que o Aeroporto do Porto tem um Valor negativo para a ANA. Logo, se algum privado se oferecer para gerir o aeroporto por 0€, a ANA deve aceitar pois livra-se de um custo. E o governo deve aceitar desde que os níveis de crescimento de passageiros do aeroporto seja igual aos propostos pela ANA.
Por último, analisando o caso concreto do Aeroporto do Porto, não me parece líquido que não seja possível rentabilizá-lo (nem à SONAE + SCosta). Mas para isso o aeroporto tem de ser pensado numa lógica de cluster. É possível associar-lhe actividades ao longo das diversas cadeias de valor:
-logística (proximidade de leixões e TGV, transporte de mercadorias, instalação de indústria na proximidade, venda de combustível para aviões a preços reduzidos dada a proximidade da refinaria, centros / armazéns de exposições de empresas com clientes internacionais B2B, ...)
- turismo (hotelaria, centro congressos, shopping, ...)
- aeronautica (indústria de reparação aviões, equipamento aeronáutico, manutenção)
Por fim, quanto à Portela, o artigo parece-me acertado, mas com 2 excepções:
- voos internos (mas não todos)
- voos executivos (aviões privados e governamentais)
Também concluiram isto:
http://economia.publico.pt/noticia.aspx?id=1312091&showComment=1
A melhor localização também tinha que ser a Ota e Alcochete era um deserto... mas será que estes senhores ainda têm alguma credibilidade?
Alguém sabe onde é possivél obter este "estudo"?
O maior perigo à privatização não se chama ANA nem manel nem joaquim mas sim...Lino...Mário Lino - o agente "Jamé"...
Quando alguém afirma que: "A gestão privada seria a morte do aeroporto Sá Carneiro"...e quando sabemos que esta será uma decisão da sua competência...e quando sabemos o seu "peso" (literalmente) neste governo...
A conclusão que se pode tirar é que um dos maiores entraves à privatização do ASC será desta personagem que já provou que é orgulhoso e teimoso demais para admitir os seus erros...
Todos aqueles que têm algum poder e realmente pretendem conquistar o aeoroporto terão que se concentrar neste ministro para evitar burocracias e consequentemente perdas de tempo na tomada de decisões sobre este assunto...
Caros amigos,
Como explica o comentador «anti-comuna» do Blasfemias, parece que dentro em breve serão os bancos a deixarem de estar interessados nestas obras faraónicas.
http://blasfemias.net/2008/06/22/o-discurso-de-mfl/#comment-39822
Como já disse, a crise em que vamos entrar não tem paralelo e todos estes políticos, gestores privados para-estatais e massas alienadas vão aprender da forma mais difícil o que é a adequação de recursos escassos aos fins multiplos.
««Os autores sustentam que, fora da órbita da ANA, o eventual concessionário privado do aeroporto Francisco Sá Carneiro demoraria 20 anos até começar a ver o seu investimento dar frutos.»»
Isto é ridículo. O Sá Carneiro é um custo afundado. O que interessa depois de ele estar construído é maximizar a rentabilidade do que já existe e não recuperar investimento. Por outro lado, o estudo pelos vistos reconhece que ou a ANA tem prejuízo com o Sá Carneiro ou tem uma rentabilidade conseguida pela prática de preços de monopólio.
"Isto é ridículo. O Sá Carneiro é um custo afundado. O que interessa depois de ele estar construído é maximizar a rentabilidade do que já existe e não recuperar investimento."
Acrescente-se aqui que o Estudo da Católica do Porto concluiu que os modelos de gestão do aeroporto mais rentáveis (para a região) eram os que pressupunham gestão independente do aeroporto. Ou por privados, ou por estes em parceria com entidades públicas.
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